sábado, 9 de junho de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Quando falares tenha a plena certeza de que suas palavras serão melhores do que o silêncio. 

 Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente. 

Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUÇÃO 

CAPÍTULO 50 
A DESENCARNAÇÃO DE FERNANDO 

Quando Aniceto retirou a destra da minha fronte, perdi a possibilidade de prosseguir nas observações do infinitesimal. 
Minha visão abrangia minúcias muito importantes ao interesse comum; entretanto, estava longe daquele poder de apreensão que me transmitira o mentor amigo, ao contacto do seu elevado potencial magnético. 
Centralizando minhas energias visuais, analisava ainda o sistema ósseo, o sangue, os tecidos, os humores, mas aquelas batalhas microscópicas haviam desaparecido como por encanto. 
De qualquer modo, porém, minha surpresa era enorme, porque agora identificava, em mim mesmo, a potencialidade do “raio X.” 
Aniceto, depois de proporcionar a Vicente o mesmo estudo, movimentava providências novas. 
No aposento, conservava-se determinado número de parentes aflitos. 
Um médico encarnado examinava o moribundo, com atenção. 
Foi aí que as duas entidades que se mantinham no quarto, e que apenas nos haviam dispensado a usual saudação, se aproximaram do nosso instrutor, solicitando-lhe uma cooperação mais enérgica. – Por favor, nobre amigo – disse a irmã que havia sido genitora do moribundo –, ajude-nos a retirar meu pobre filho do corpo esgotado. Há muitas horas, estamos à espera de alguém que nos possa auxiliar neste transe. Tenho procurado confortá-lo, mas em vão! – acentuou a nobre senhora em tom lastimoso – ele continua num estado de incompreensão dolorosa e terrível. 
Está absolutamente preso às sensações de sofrimento físico, como esteve ligado, no curso da existência, às satisfações do corpo.  
Aniceto concordou, acrescentando: – Notam-se, de fato, grandes lacunas na expressão mental do moribundo. 
Vê-se que atravessou a vida humana obedecendo mais ao instinto que à razão. 
Observam-se-lhe no mundo celular gestos complexos de indisciplina. 
Poderemos, contudo, ajudá-lo a desvencilhar- se dos laços mais fortes, no que se refere ao círculo carnal. – Será um caridoso obséquio – redargüiu a genitora, aflita. – A irmã está incumbida de encaminhá-lo? – perguntou o instrutor, compreendendo a magnitude da tarefa. – Precisamos ponderar, quanto a isto, porque o desprendimento integral se verificará dentro de poucos minutos. 
Ela esboçou um gesto triste e respondeu: – Desejaria sacrificar-me ainda um pouco por meu desventurado Fernando, mas apenas obtive permissão para socorrê-lo nos seus últimos instantes. 
Meus superiores prometem ajudá-lo, mas aconselharam-me a deixá-lo entregue a si mesmo durante algum tempo. 
Fernando precisa reconsiderar o passado, identificar os valores que, infelizmente, desprezou. 
As lágrimas e os remorsos, na solidão do arrependimento, serão portadores de calma ao seu espírito irrefletido. Grande é o meu desejo de conchegá-lo ao coração, regressando aos dias que já se foram; todavia, não posso prejudicar, com a minha ternura materna, a marcha do serviço divino. Fernando, em verdade, é filho do meu afeto; contudo, tanto ele como eu, temos contas com a Justiça do Eterno e, no que respeita a mim, estou cansada de agravar os meus débitos. 
Não devo contrariar os desígnios de Deus. 
A essa altura do diálogo, interveio o clínico espiritual que nos encaminhara até ali, informando, atencioso: – Nossa amiga tem razão. 
Fernando não poderá acompanhála, mas tão nobre tem sido a intercessão materna que tenho instruções para conduzi-lo a lugar seguro, a uma casa de socorro, onde poderá colher o melhor proveito do sofrimento, porquanto será asilado em zona vibratória inacessível às influências inferiores e criminosas, embora situada em regiões baixas. – Já sei – murmurou Aniceto com grave entono –, trata-se de medida muito acertada. 
Em seguida, acentuou como quem não tinha tempo a perder: – A aflição dos familiares encarnados, aqui presentes, poderá dificultar-nos a ação. Observem como todos eles emitem recursos magnéticos em benefício do moribundo. 
De fato, uma rede de fios cinzentos e fracamente iluminados parecia ligar os parentes ao enfermo quase morto. – Tais socorros – tornou Aniceto – são agora inúteis para devolver- lhe o equilíbrio orgânico. 
Precisamos neutralizar essas forças, emitidas pela inquietação, proporcionando, antes de tudo, a possível serenidade à família. E, aproximando-se ainda mais do agonizante, tomou a atitude do magnetizador, exclamando: – Modifiquemos o quadro do coma. 
Após alguns minutos em que nosso mentor operava, secundado pelo nosso respeitoso silêncio, ouvimos o médico encarnado anunciar aos parentes do moribundo: – Melhoram os prognósticos. 
A pulsação, inexplicavelmente, está quase normal. 
A respiração tende a calmar-se. 
Três senhoras suspiraram aliviadas. – Dona Amanda – dirigiu-se o assistente à esposa do moribundo –, convém que vá repousar, levando as suas cunhadas. 
O senhor Fernando está muito tranqüilo e a situação é francamente favorável. Ficaremos velando, o senhor Januário e eu.  
As senhoras e mais dois cavalheiros, que se prontificavam a retirar, agradeceram satisfeitos e comovidos. 
Permaneceram no aposento somente o médico e um irmão do agonizante. 
A melhora súbita tranqüilizara a todos. 
E, aos poucos, os fios cinzentos que se ligavam ao enfermo desapareceram sem deixar vestígios. – Abramos a janela – disse o médico satisfeito –, o ar talvez acelere as melhoras do nosso amigo. O senhor Januário atendeu, abrindo a ampla vidraça. 
Fundamente espantado, reparei que três rostos horríveis pela expressão diabólica surgiram, de repente, no peitoril, e interrogaram em voz alta: – Como é? 
Fernando vem ou não vem? 
Ninguém respondeu. 
Notei, porém, que Aniceto lhes dirigiu significativo olhar, compelindo-os, tão só com essa medida, a desaparecer. 
Meia hora passou, dentro da qual o médico e o senhor Januário, quase despreocupados do agonizante, pelas melhoras havidas, encetaram uma conversação animada, relativamente a problemas do mundo. 
Aproveitou Aniceto a serenidade ambiente e começou a retirar o corpo espiritual de Fernando, desligando-o dos despojos, reparando eu que iniciara a operação pelos calcanhares, terminando na cabeça, à qual, por fim, parecia estar preso o moribundo por extenso cordão, tal como se dá com os nascituros terrenos. Aniceto cortou-o com esforço. 
O corpo de Fernando deu um estremeção, chamando o médico humano ao novo quadro. 
A operação não fora curta e fácil. 
Demorara-se longos minutos, durante os quais vi o nosso Instrutor empregar todo o cabedal de sua atenção e talvez de suas energias magnéticas. 
A família do morto, informada pelo senhor Januário, aflita penetrou no quarto, ruidosamente. 
A genitora do desencarnado,  porém, auxiliada por Aniceto e pelo facultativo espiritual que nos levara até ali, prestou ao filho os socorros necessários. 
Daí a instantes, enquanto a família terrena se debruçava em pranto sobre o cadáver, a pequena expedição constituída por três entidades, as duas senhoras e o clínico, saía conduzindo o desencarnado ao instituto de assistência, reparando eu, contudo, que não saíam utilizando a volitação, mas caminhando como simples mortais. 
Sentia-me fortemente impressionado. 
Intrigava-me, sobretudo, o aparecimento daqueles rostos satânicos quando se abrira a janela. 
Porque semelhante menosprezo a um agonizante? 
Retirando-nos da residência, o Instrutor me fitou atento e, antes que formulasse qualquer pergunta, esclareceu: – Não se preocupe tanto, André, com os vagabundos que esperavam nosso irmão infeliz – Só não penetraram na câmara de dor porque a nobre presença maternal impedia tal assédio. E, depois de calar-se por momentos, acrescentou: – Cada criatura, na vida, cultiva as afeições que prefere. 
Fernando estimava os companheiros desregrados. 
Não é, pois, estranhável, que tenham vindo esperá-lo na estação de volta à existência real. 
Paulo de Tarso, no capitulo 12 da Epístola aos Hebreus, afirma que o homem está cercado de uma grande “nuvem de testemunhas”. 
Ora, essa informação foi endereçada ao espírito humano há quase vinte séculos. 
Cada um, pois, tem o séquito invisível a que se devota na Terra. 
Mais tarde, quando a coletividade apreender a grandeza das lições evangélicas, todo homem terá cuidado na escolha de suas testemunhas. 

CONTINUA AMANHÃ

MOISÉS E OS MÉDIUNS E PORQUE A REENCARNAÇÃO FOI RETIRADA DA BÍBLIA - PARTE 2

sexta-feira, 8 de junho de 2012

PENSAMENTO DO DIA


O pessimista senta-se e lastima-se, o otimista levanta-se e age. 

 Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Sorria para a vida! Ela também lhe sorrirá. 

Autor: Adágio Popular

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

 CAPÍTULO 49 
MÁQUINA DIVINA 

Não se passaram muitos minutos e estávamos ao lado do agonizante, cuja situação preocupava o clínico espiritual. 
Era um cavalheiro de sessenta anos presumíveis, que a leucemia aniquilava morosamente. – Há muitos dias se encontra em coma – explicou o facultativo –, mas temos necessidade de mais forte auxílio magnético, para facilitar o desprendimento. No aposento, além de duas senhoras desencarnadas – a mãe do agonizante e uma parenta próxima –, viam-se familiares encarnados, dando mostras de grande aflição. Nosso orientador examinou o enfermo detidamente e sentenciou: – Nada resta senão a necessidade de concurso para o desligamento final. Aniceto, a seguir, recomendou observássemos o moribundo com atenção. Concentrando todas as minhas possibilidades, fixei o enfermo prestes a desencarnar. 
Notei, com minúcias, que a alma se retirava lentamente através de pontos orgânicos insulados. 
Assombrado, verifiquei que, bem no centro do crânio, havia um foco de luz mortiça, candelabro aceso às ondulações brandas do vento. 
Enchia toda a região encefálica, despertando-me profunda admiração. – A luz que você observa – disse o instrutor amigo – é a mente, para cuja definição essencial não temos, por agora, conceituação humana.  
Notando minha estranheza, Aniceto colocou-me a destra na fronte, transmitindo-me vigoroso influxo magnético, e acentuou: – Repare a máquina divina do homem, o tabernáculo sagrado que o Senhor permitiu se formasse na Terra para sublime habitação temporária do espírito. 
Agora, André, não está você diante duma demonstração anatômica da ciência terrestre, examinando carne morta e músculos enrijecidos. 
Observe agora! 
O olho mortal não poderá contemplar o que se encontra à sua vista neste instante. 
O microscópio é ainda pobre, não obstante representar uma nobre conquista para a limitada visão humana. 
A cooperação magnética do querido mentor modificara a cena e fui compelido a concentrar todas as minhas energias, a fim de não inutilizar a observação pelo golpe do espanto. 
A luz mental, embora fosca, tornara-se mais nítida e o corpo do moribundo agigantou-se, oferecendo-me espetáculo surpreendente aos olhos ansiosos. 
Parecia-me o corpo, agora, maravilhosa usina nos mais íntimos detalhes. 
O quadro científico era simplesmente estupefativo. 
Identificava, em grandes proporções, os nove sistemas de órgãos da máquina humana; o arcabouço ósseo, a musculatura, a circulação sangüínea, o aparelho de purificação do sangue consubstanciado nos pulmões e nos rins, o sistema linfático, o maquinismo digestivo, o sistema nervoso, as glândulas hormonais e os órgãos dos sentidos. 
Tal revelação histológica era diferente de tudo que eu poderia sonhar nos meus trabalhos de medicina. 
A circulação do sangue semelhava-se a movimento de canais vitalizadores daquele pequeno mundo de ossos, carne, água e resíduos. 
Milhões de organismos microscópicos iam e vinham na corrente empobrecida de glóbulos vermelhos. 
Presenciava a passagem de formas esquisitas, à maneira de minúsculas embarcações carregadas de bactérias mortíferas. 
Elementos maiores da flora microbiana transformavam-se em pequeninos barcos hospedando feras minúsculas, às centenas. Invadiam todos os núcleos organizados. 
Os órgãos, como os pulmões, o fígado e os rins, estavam sendo assaltados, irremediável-mente, por incalculável quantidade de sabotadores infinitesimais. E à medida que se consolidavam os micróbios invasores, em determinadas regiões celulares, alguma coisa se destacava, lentamente, da zona atacada, como se um molde sempre novo fosse expulso da forma gasta e envelhecida, reconhecendo eu, desse modo, que a desencarnação se operava através de processo parcial, facultando-me ilações preciosas. Reparei que algumas glândulas faziam desesperado esforço para enviar aos centros invadidos determinadas porções de hormônios, que eram incontinenti absorvidos pelos elementos letais. 
O plasma sanguíneo figurava-se líquido estranho e gangrenoso. 
Pela excessiva movimentação da onda mental, observei que o moribundo tentava readquirir a direção dos fenômenos orgânicos, mas em vão. Todos os complexos celulares atritavam entre si e as bactérias pareciam gozar o direito de multiplicação crescente e festiva. – Está vendo a máquina divina, formada pelo molde espiritual preexistente? – perguntou Aniceto, compreendendo-me a profunda admiração. 
O corpo do homem encarnado é um tabernáculo e uma bênção. 
Nesta hecatombe angustiosa de uma existência, pode você reparar que todos os movimentos do corpo estão subordinados à administração da mente. 
O organismo vivo, André, representa uma conquista laboriosa da Humanidade terrestre, no quadro de concessões do Eterno Pai. 
Pode você, agora, identificar os movimentos da matéria viva. 
Cada órgão é um departamento autônomo na esfera celular, subordinado ao pensamento do homem. 
Cada glândula é um centro de serviços ativos. Há muita afinidade entre o corpo físico e a máquina moderna. 
São ambos impulsionados pela carga de combustível, com a diferença de que no homem a combustão química obedece ao senso espiritual que  dirige a vida organizada. 
É na mente que temos o governo dessa usina maravilhosa. 
Não possuímos, aí, tão somente o caráter, a razão, a memória, a direção, o equilíbrio, o entendimento; mas, também, o controle de todos os fenômenos da expressão corpórea. 
Na sede mental e, conseqüentemente, no cérebro, temos todos os registros de distribuição dos princípios vitais aos núcleos celulares, inclusive a água e o açúcar. 
Os centros metabólicos são grandes oficinas de trabalho incessante. 
A mente humana, ainda que indefinível pela conceituação científica limitada, na Terra, é o centro de toda manifestação vital no planeta. Cada órgão, cada glândula, meu amigo, integra o quadro de serviço da máquina sublime, construída no molde sutil do corpo espiritual preexistente e, por isso mesmo, chegará o tempo em que a ciência reconhecerá qualquer abuso do homem como ofensa causada a si mesmo. 
A usina humana é repositório de forças elétricas de alto teor construtivo ou destrutivo. 
Cada célula é minúsculo motor, trabalhando ao impulso mental. 
Aniceto calou-se por momentos e, enquanto eu via, aterrado, os mais estranhos fenômenos microbianos no corpo do moribundo, volveu ele à palavra educativa: – Vemos aqui um irmão no momento da retirada. 
Repare a incapacidade dele para governar as células em conflito. 
A corrente sangüínea transformou-se em veículo de invasores mortíferos, que não encontraram qualquer fortificação na defensiva. Observe e identificará milhões de unidades da tuberculose, da lepra, da difteria, do câncer, que até agora estavam contidos nos porões da atividade fisiológica, pela defesa organizada, e que se multiplicam assustadoramente, de par com outros micróbios tão prolíferos quão terríveis. 
A nutrição foi interrompida. Não há possibilidade de novos suprimentos hormonais. O agonizante retrai-se aos poucos e ainda não abandonou totalmente a carne, por falta de educação mental. 
Vê-se pelo excesso de intemperança das células,  sobre as quais não exerce nem mesmo um controle parcial, que este homem viveu bem distante da disciplina de si mesmo. 
Seus elementos fisiológicos são demasiadamente impulsivos, atendendo muito mais ao instinto que ao movimento da razão concentrada. 
A falar verdade, este nosso amigo não se está desencarnando, está sendo expulso da divina máquina, onde, pelo que vemos, não parece ter prezado bastante os sublimes dons de Deus. 

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MOISÉ E OS MÉDIUNS E PORQUE A REENCARNAÇÃO FOI RETIRADA DA BIBLIA - PARTE 1

quinta-feira, 7 de junho de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Entre no desconhecido e em todos os momentos de sua vida, terá excitação, aventura e mistério. A incerteza é o caminho da liberdade. 

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Temos coisas na vida que esquecemos muito rapidamente, outras, que duram uma vida para esquecer.. 

Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO 

CAPÍTULO 48 
PAVOR DA MORTE 

Numerosas explicações do orientador atendiam-me às indagações naturais; no entanto, restava aprender alguma coisa. 
Por que motivo se reuniam ali tantos desencarnados? 
Já que recebiam assistência espiritual, não poderiam congregar-se em lugares igualmente espirituais? 
Respeitosamente, interroguei Aniceto nesse sentido. – De fato, André – respondeu o generoso mentor –, a maioria dos desencarnados recebe esclarecimentos justos em nossa esfera de ação. 
Você mesmo, nos primórdios da nova experiência espiritual, não foi conduzido ao ambiente de nossos amigos corporificados para o necessário encaminhamento. 
Grande número de criaturas, porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de “doentia saudade do agrupamento”, como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando sentem a mortal “saudade do rebanho”. 
Para fortalecer as possibilidades de adaptação dos desencarnados dessa ordem ao novo “habitat”, o serviço de socorro é mais eficiente, ao contacto das forças magnéticas dos irmãos que ainda se encontram envolvidos nos círculos carnais. 
Esta sala, em momentos como este, funciona como grande incubadora de energias psíquicas, para os serviços de aclimação de certas organizações espirituais à vida nova. 
E, designando a grande assembléia de necessitados, continuou: – Os irmãos, nas condições a que me refiro, ouvem-nos a voz, consolam-se com o nosso auxilio, mas o calor humano está cheio dum magnetismo de teor mais significativo, para eles. 
Com semelhante contacto, experimentam o despertar de forças novas. 
Por isso, o trabalho de cooperação, em templos desta espécie, oferece proporções que você, por agora, não conseguiria imaginar. 
Não observou os preguiçosos, os dorminhocos e invigilantes que vieram colher benefícios nesta casa? Pois eles também deram alguma coisa de si... Deram calor magnético, irradiações vitais proveitosas aos benfeitores deste santuário doméstico, que manipulam os elementos dessa natureza, distribuindo-os em valiosas combinações fluídicas às entidades combalidas e inadaptadas. 
E, sorrindo, concluiu, bondoso: – Tudo tem algum proveito, André. 
Nosso Pai nada cria em vão. 
Terminada a reunião com benefícios gerais, que não me cabe descrever pormenorizadamente, atendeu Aniceto ao facultativo desejoso de aproveitar-lhe o concurso nobre, junto aos clientes. – Grande número de vezes – exclamou o receitista do grupo de Dona Isabel, como a prestar informações a Vicente e a mim – não só ministramos medicação aos corpos doentes, mas também orientamos os desencarnados que, no curso da moléstia, se encontram sob nossa assistência. – E são sempre muitos? – indaguei. – Número crescente – elucidou, atencioso. 
Há ocasiões em que contamos com a cooperação de amigos ou parentes espirituais dos enfermos; mas, na maioria dos casos, somos forçados a agir por nós mesmos. 
Felizmente, quase nunca estamos sem auxiliares dedicados e ativos. Há companheiros que se consagram a cuidar de tuberculosos, cegos, aleijados, leprosos, perturbados e moribundos, isoladamente. 
São eles nossos devotados colaboradores em todas as situações. 
Puséramo-nos a caminho e, a breves minutos, estacionávamos diante dum edifício de vastas proporções. 
O colega, gentil, conduziu-nos ao interior de espaçoso necrotério, onde defrontamos um quadro interessante. 
O cadáver de uma jovem, de menos de trinta anos, ali jazia gelado e rígido, tendo a seu lado uma entidade masculina, em atitude de zelo. 
Com assombro, notei que a desencarnada estava unida aos despojos. 
Parecia recolhida a si mesma, sob forte impressão de terror. Cerrava as pálpebras, deliberadamente, receosa de olhar em torno. – Terminou o processo de desligamento dos laços fisiológicos – exclamou o facultativo atento –, mas a pobrezinha há seis horas que está dominada por terrível pavor. 
E apontando o cavalheiro desencarnado, que permanecia junto dela, cuidadoso, o receitista esclareceu: – Aquele é o noivo que a espera, há muito. Aproximamo-nos um tanto e ouvimo-lo exclamar carinhosamente: – Cremilda! Cremilda! vem! abandona as vestes rotas. 
Fiz tudo para que não sofresse mais... Nossa casinha te aguarda, cheia de amor e luz!... A jovem, todavia, cerrava os olhos, demonstrando não querer vê-lo. Notava-se, perfeitamente, que seu organismo espiritual permanecia totalmente desligado do vaso físico, mas a pobrezinha continuava estendida, copiando a posição cadavérica, tomada de infinito horror. Aniceto, que tudo pareceu compreender num abrir e fechar de olhos, fez leve sinal ao rapaz desencarnado, que se aproximou comovido. – É preciso atendê-la doutro modo – disse o nosso orientador, resoluto –, vejo que a pobrezinha não dormiu no desprendimento e mostra-se amedrontada por falta de preparação espiritual. Não convém que o amigo se apresente a ela já, já... 
Não obstante o amor que lhe consagra, ela não poderia revê-lo sem terrível comoção, neste instante em que a mente lhe flutua sem rumo...  Sim – considerou ele, tristemente –, há seis horas chamo-a sem cessar, identificando-lhe o terror. 
Redargüiu Aniceto, conselheiral: – Ausência de preparação religiosa, meu irmão. 
Ela dormirá, porém, e, tão logo consiga repouso, entregá-la-emos aos seus cuidados. 
Por enquanto, conserve-se a alguma distância. 
E fazendo-se acompanhar do facultativo, que assistira espiritualmente a jovem nos últimos dias, aproximou-se da recém desencarnada, falando com inflexão paternal: – Vamos, Cremilda, ao novo tratamento. 
Ouvindo-o, a moça abriu os olhos espantadiços e exclamou: – Ah, doutor, graças a Deus! que pesadelo horrível! Sentia-me no reino dos mortos, ouvindo meu noivo, falecido há anos, chamar-me para a Eternidade!... – Não há morte, minha filha! – objetou Aniceto, afetuoso – creia na vida, na vida eterna, profunda, vitoriosa! – É o senhor o novo médico? – indagou, confortada. – Sim, fui chamado para aplicar-lhe alguns recursos em bases magnéticas. 
Torna-se indispensável que durma e descanse. – É verdade... – tornou ela de modo comovente –, estou muito cansada, necessitando de repouso... Recomendou-nos o instrutor, em voz baixa, prestássemos auxílio, em atitude íntima de oração, e, depois de conservar-se em silêncio por instantes, ministrou-lhe o passe reconfortador. 
A jovem dormiu quase imediatamente. 
Deslocou-a Aniceto, afastando-a dos despojos, com o zelo amoroso dum pai, e, chamando o noivo reconhecido, entregou-a carinhosamente. – Agora, poderá encaminhá-la, meu irmão. rapaz agradeceu com lágrimas de júbilo e vi-o retirar-se de semblante iluminado, utilizando a volitação, a carregar consigo o fardo suave do seu amor. 
Nosso mentor fixou um gesto expressivo e falou: – Pela bondade natural do coração e pelo espontâneo cultivo da virtude, não precisará ela de provas purgatoriais. 
É de lamentar, contudo, não se tivesse preparado na educação religiosa dos pensamentos. 
Em breve, porém, ter-se-á adaptado à vida nova. 
Os bons não encontram obstáculos insuperáveis. E, desejoso talvez de consubstanciar a síntese da lição, rematou: – Como vêem, a idéia da morte não serve para aliviar, curar ou edificar verdadeiramente. 
É necessário difundir a idéia da vida vitoriosa. Aliás, o Evangelho já nos ensina, há muitos séculos, que Deus não é Deus de mortos e, sim, o Pai das criaturas que vivem para sempre. 

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MISSÃO DOS ESPÍRITAS - ESPIRITISMO

quarta-feira, 6 de junho de 2012

PENSAMENTO DO DIA

Entre no desconhecido e em todos os momentos de sua vida, terá excitação, aventura e mistério. A incerteza é o caminho da liberdade. 

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Temos coisas na vida que esquecemos muito rapidamente, outras, que duram uma vida para esquecer.. 

Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

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CAPÍTULO 47 
NO TRABALHO ATIVO 

A interpretação de Bentes, obedecendo à inspiração de um emissário de nobre posição, presente à assembléia, era recebida com respeito geral, no circulo das entidades desencarnadas. 
Na esfera dos encarnados, porém, não se notava o mesmo traço de harmonia. 
Observava-se apreciável instabilidade de pensamento. 
A expectativa ansiosa dos presentes perturbava a corrente vibratória. 
De quando em quando, surpreendíamos determinados desequilíbrios, que afetavam, particularmente, a organização mediúnica de Dona Isabel e a posição receptiva do comentarista, que parecia perder “o fio das idéias”, tal qual se diria na linguagem comum. Colaboradores ativos restabeleciam o ritmo, quanto possível. 
Reparamos que alguns irmãos encarnados se mantinham irrequietos, em demasia. 
Mormente os mais novos em conhecimentos doutrinários exibiam enorme irresponsabilidade. 
A mente lhes vagava muito longe dos comentários edificantes. 
Viam-selhes, distintamente, as imagens mentais. 
Alguns se prendiam aos quefazeres domésticos, outros se impacientavam por não lograrem a realização imediata dos propósitos que os haviam levado até ali. 
Aniceto, que não perdia ocasião de prestar-nos esclarecimentos novos, considerou, discreto: – Muitos estudiosos do Espiritismo se preocupam com o problema da concentração, em trabalhos de natureza espiritual. 
Não são poucos os que estabelecem padrão ao aspecto exterior da pessoa concentrada, os que exigem determinada atitude corporal e os que esperam resultados rápidos nas atividades dessa ordem. Entretanto, quem diz concentrar, forçosamente se refere ao ato de congregar alguma coisa. Ora, se os amigos encarnados não tomam a sério as responsabilidades que lhes dizem respeito, fora dos recintos de prática espiritista, se, porventura, são cultores da leviandade, da indiferença, do erro deliberado e incessante, da teimosia, da inobservância interna dos conselhos de perfeição cedidos a outrem, que poderão concentrar nos momentos fugazes de serviço espiritual? 
Boa concentração exige vida reta. Para que os nossos pensamentos se congreguem uns aos outros, fornecendo o potencial de nobre união para o bem, é indispensável o trabalho preparatório de atividades mentais na meditação de ordem superior. 
A atitude íntima de relaxamento, ante as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente, ou ao cooperador, a concentração de forças espirituais no serviço de elevação, tão só porque estes se entreguem, apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos compulsórios de amor cristão. Como vêem, o assunto é complexo e demanda longas considerações e ensinamentos. 
Reparei com mais atenção os circunstantes encarnados. 
Não fosse o devotamento dos colaboradores do nosso plano, tornar-seia impossível qualquer proveito concreto. 
Isidoro e outros amigos devotados trabalhavam com ardor, despertando alguns dorminhocos e reajustando o pensamento dos invigilantes, para neutralizar determinadas influências nocivas. 
Eu reconhecia que os benefícios imediatos da doutrinação de Bentos eram muito mais visíveis entre os desencarnados. 
No grupo destes, não havia um só que não recebesse consolações diretas e sublime conforto. 
Finda a interpretação, pouco antes de se entregar Dona Isabel ao trabalho do receituário, observei que uma senhora desencarnada se aproximara de Isidoro, pedindo, emocionada: – Ser-lhe-á possível, meu irmão, entender-se por mim com os nossos orientadores quanto à possibilidade de me comunicar diretamente com a minha filha, presente à reunião? 
Estou certa de  que, com a permissão devida, nossa Isabel me atenderá a angústia materna. 
O interpelado mostrou sincero desejo de ser útil, mas, depois de trocar algumas palavras com o instrutor mais graduado da reunião, que se colocara entre a médium e o doutrinador, veio trazer a resposta, algo constrangido, com grande surpresa para mim: – Minha irmã – disse ele –, o nosso nobre Anselmo não julga viável o seu pedido. 
Asseverou que sua filhinha ainda não está em condições de receber essa bênção. 
Ela tem necessidade de testemunhar, agora, o que aprendeu do seu exemplo, no mundo, e precisa permanecer no campo da oportunidade, sem repousar indevidamente nos seus braços. E como a senhora. denotasse tristeza, Isidoro continuou em tom fraternal: – Não somente por isso, minha amiga, nosso instrutor se vê forçado a desatender. 
A medida traria inconveniente grave para o seu sentimento maternal. No estado evolutivo em que se encontra, e considerando o velho hábito adquirido, a filhinha se agarraria excessivamente ao seu auxílio. 
Prender-se-ia à mãezinha afetuosa e sensível, e talvez a irmã se visse perturbada em sua nova carreira espiritual. 
Ela precisa estar mais livre para testemunhar, enquanto o seu coração deve permanecer em liberdade, por nobre merecimento conquistado ao preço do seu suor e lágrimas, quando na Terra. Considerando, embora, o caráter sagrado do amor em sua feição maternal, nossos orientadores não podem conceder à sua filha o direito de perturbá-la. Compreende? 
Não se atormente com esta impossibilidade transitória. 
Lembre-se de que todos somos filhos de Deus. 
O Senhor terá recursos para atender à jovem, em seu lugar. 
Quanto ao mais, alegremo-nos em nossos serviços. 
Recorde que o auxílio não se verificará pelo processo direto, mas podemos recorrer ao método indireto. 
Quem sabe?  Amanhã, possivelmente, poderá encontrar-se com sua filha, em sonho. 
A interpelada sorriu, confortada, e obtemperou: – É verdade. Devo compreender a nova situação. Nesse instante, acercou-se de Isidoro uma entidade amiga, que solicitou: – Meu caro, estimaria suas providências junto dos receitistas, para que forneçam novas indicações ao Amaro. 
Meu sobrinho necessita de amparo à saúde física. 
O esposo espiritual de Isabel tomou uma expressão significativa e respondeu: – Não posso, meu amigo, não posso. 
Se Amaro pedir e os receitistas cederem, tudo estará muito bem; mas você não ignora que o nosso doente é muito rebelde. 
Já lhe providenciei a obtenção de conselhos médicos do nosso plano, por cinco vezes, sem que ele correspondesse aos nossos esforços. 
Não se resolve a adquirir os remédios indicados, e quando os obtém, por obséquio de amigos, despreza os horários e julga-se superior ao método. 
Critica mordazmente as indicações obtidas e serve-se delas com desprezo. 
Naturalmente não estou agastado com isso, como adulto que se não aborrece com as brincadeiras de uma criança; mas você compreende que estamos lidando com um material muito sagrado e não há tempo para conviver com os que estimam a brincadeira. Além disso, não será caridade o ato de dar aos que não querem receber. Isidoro falava com uma inflexão de bondade fraternal, que afastava todos os característicos da franqueza contundente. 
Compreendi que, para atender a tanta gente e movimentar-se entre tantos propósitos heterogêneos, não seria possível tratar os assuntos de outro modo.
O serviço prosseguia com enorme demonstração educativa para Vicente e para mim. 
O esforço dos clínicos espirituais, aliado à abnegação da intermediária, comovia-me o coração. 
Era necessário, de fato, grande renúncia para atender ao trabalho compacto e numeroso, no setor de assistência aos encarnados, porque poucos freqüentadores do grupo pareciam manter atitude correspondente à sublime dedicação fraternal em nome do Mestre. 
Aniceto, porém, adivinhando meus pensamentos, falou com bondade: – Um dia, André, você compreenderá, com Jesus, que melhor é servir que ser servido; mais belo é dar que receber. 

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FRASES DE ALLAN KARDEC - EXCELENTE

terça-feira, 5 de junho de 2012

PENSAMENTO DO DIA


A saudade é a maior prova do que o passado valeu a pena. 

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Aquele que não sabe e não sabe que não sabe, é tolo. 

Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO 

CAPÍTULO 46 
APRENDENDO SEMPRE 

Segundo informações de Aniceto, faltava mais de uma hora para o início da preleção evangélica, sob a responsabilidade do senhor Bentes, na esfera dos freqüentadores encarnados, mas o movimento de serviço espiritual tornara-se intensíssimo. 
Reuniam-se ali, para olhos humanos, trinta e cinco individualidades terrestres e, no entanto, em nosso círculo, o número de necessitados excedia de duas centenas, porquanto, agora, a assembléia estava acrescida de muitas entidades que formavam o séquito perturbador da maioria dos aprendizes ali congregados. Para elas, organizou-se uma divisão especial, que me pareceu constituída por elementos de maior vigilância, visto chegarem, quase obrigatoriamente, acompanhando os que buscavam o socorro espiritual, sem a indicação dos orientadores em serviço nas vias públicas. 
A movimentação era enorme e o tempo era escasso para qualquer observação, sem movimento ativo. 
Todos os servidores da casa se mantinham a postos, desenvolvendo a melhor atenção. 
Reparei que num ângulo da grande mesa havia numerosas indicações de receituário e assistência. 
Os mais variados nomes ali se enfileiravam. Muitas pessoas pediam conselhos médicos, orientação, assistência e passes. 
Quatro facultativos espirituais se moviam diligentes e, secundando-lhes o esforço humanitário, quarenta cooperadores diretos iam e vinham, recolhendo informações e enriquecendo pormenores. 
Aproximamo-nos do grande número de papéis nominados e, enquanto curiosamente buscava examiná-los, Aniceto explicou:  
Os  Temos aqui a indicação das pessoas que se afirmam necessitadas de amparo e socorro imediato. – Mas recebem elas tudo quanto pedem? – indagou Vicente, curioso. 
Nosso mentor sorriu e respondeu: – Recebem o que precisam. 
Muitos solicitam a cura do corpo, mas somos forçados a estudar até que ponto lhes podemos ser úteis, no particularismo dos seus desejos; outros reclamam orientações várias, obrigando-nos a equilibrar nossa cooperação, de modo a lhes não tolher a liberdade individual. 
A existência terrestre é um curso ativo de preparação espiritual e, quase sempre, não faltam na escola os alunos ociosos, que perdem o tempo ao invés de aproveitá-lo, ansiosos pelas realizações mentirosas do menor esforço. 
Desse modo, no capítulo das orientações, a maior parte dos pedidos são desassisados. 
A solicitação de terapêutica para a manutenção da saúde física, pelos que de fato se interessem pelo concurso espiritual, é sempre justa; todavia, no que concerne a conselhos para a vida normal, é imprescindível muita cautela de nossa parte, diante das requisições daqueles que se negam voluntariamente aos testemunhos de conduta cristã. 
O Evangelho está cheio de sagrados roteiros espirituais e o discípulo, pelo menos diante da própria consciência, deve considerar-se obrigado a conhecê-los. 
O instrutor amigo fez pequena pausa, mudou a inflexão de voz, como para acentuar fortemente as palavras, e considerou: – Possivelmente, vocês objetarão que toda pergunta exige resposta e todo pedido merece solução; entretanto, nesse caso de esclarecer determinadas solicitações dos companheiros encarnados, devemos recorrer, muitas vezes, ao silêncio. 
Como recomendar humildade àqueles que a pregam para os outros; como ensinar a paciência aos que a aconselham aos semelhantes, e como indicar o bálsamo do trabalho aos que já sabem condenar a ociosidade alheia? Não seria contra-senso? Ler os regulamentos da vida para os cegos e para os ignorantes é obra meritória, mas, repeti-los aos que já se encontram plenamente informados, não será menosprezo ao valor do tempo? Alma alguma, nas diversas confissões religiosas do Cristianismo, recebe noticias de Jesus, sem razão de ser. 
Ora, se toda condição de trabalho edificante traduz compromisso da criatura, todo conhecimento do Cristo traduz responsabilidade. 
Cada aprendiz do Mestre, portanto, está no dever de observar a consciência, conferindo-lhe os alvitres profundos com as disposições evangélicas. Vicente, que escutava com grande interesse, aventou: – No entanto, ousaria lembrar os que formulam semelhantes pedidos levianamente... – Sim – elucidou Aniceto, sorrindo –, mas nós não poderemos copiar-lhes o impulso. 
Os desencarnados e os encarnados, que ainda abusam das possibilidades do intercâmbio entre as esferas visíveis e invisíveis ao homem comum, pagarão alto preço pela invigilância. – Neste caso – perguntei, respeitoso –, como corresponder aos pedidos de orientação? – Alguns, raros – esclareceu nosso orientador –, merecem o concurso da nossa elucidação verbal, na hipótese de se referirem aos interesses eternos do espírito, quando isso nos seja possível; entretanto, quase sempre é indispensável nada responder de maneira direta, auxiliando os interessados na pauta de nossos recursos, em silêncio, mesmo porque, não temos grande tempo para relembrar a irmãos encarnados certas obrigações que lhes não deviam escapar da memória, para felicidade de si mesmos. 
Calou-se por momentos o bondoso instrutor, considerando em seguida, interessado em nos subtrair quaisquer dúvidas:  
Muitas entidades desencarnadas estimam o fornecimento de palpites para as diversas situações e dificuldades terrestres, mas esses pobres amigos estacionam desastradamente em questões subalternas, incapazes de uma visão mais alta, em face dos horizontes infinitos da vida eterna, convertendo-se em meros escravos de mentalidades inferiores, encarnadas na Terra. 
Esquecem que o nosso interesse imediato, agora, deve ser, acima de todos, aquele que se refira à espiritualidade superior. Nossos irmãos inquietos, que forneçam palpites a preguiçosas mentes encarnadas, sobre assuntos referentes à responsabilidade justa e necessária do homem, devem fazê-lo de própria conta. – Que acontece, então? – perguntou Vicente, curioso. 
Nosso mentor, contudo, respondeu com outra pergunta: – Que acontece ao homem de responsabilidade que se põe a brincar? Nesse instante, um dos clínicos espirituais, aproximando-se, foi gentilmente saudado por Aniceto, que lhe disse, depois de apresentar-nos: – Disponha da nossa colaboração humilde. 
Aqui estamos na qualidade de médicos itinerantes, prontos ao concurso ativo. – Vêm de “Nosso Lar”? – indagou o novo companheiro, respeitosamente. – Sim – respondeu Aniceto, prestativo. – Pois bem – considerou ele – se possível, estimarei receberlhes o auxílio, após a reunião, para dois casos urgentes. 
Trata-se de uma jovem desencarnada hoje e de um agonizante, meu amigo. – Sem dúvida – acentuou nosso orientador, solícito –, aguardaremos suas indicações. 

CONTINUA AMANHÃ

A VIDA APÓS A MORTE OU A VIDA APÓS A VIDA

segunda-feira, 4 de junho de 2012

PENSAMENTO DO DIA

Tentar e falhar é, pelo menos, aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do que poderia ter sido 

 Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Quando tentamos ser melhores do que somos, tudo em volta se torna melhor também 

Autor: Paulo Coelho

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO 

CAPÍTULO 45 
MENTE ENFERMA 

Observando e trabalhando sempre, Aniceto considerou: – Aqui não comparecem apenas os desencarnados enfermos. 
Reparem os encarnados, igualmente. 
Entre o nosso círculo e a assembléia dos irmãos corporificados, a percentagem de trabalhadores em relação ao número de doentes e necessitados é quase a mesma. 
Designando um cavalheiro aprumado e bem posto, que se mantinha em palestra com o senhor Bentes, doutrinador naquele grupo, acrescentou: – Vejam este amigo rodeado de sombra, em conversação com o colaborador de nossa irmã Isabel. 
Ouçam-lhe a palavra e, depois, ajuízem. 
Com efeito, o cavalheiro indicado rodeava-se de pequenas nuvens, mormente ao longo do cérebro. 
Fixando nele a atenção, eu o ouvia distintamente: – Há muito – asseverava com ênfase – freqüento as reuniões espiritistas, à procura de alguma coisa que me satisfaça; no entanto – e sorriu irônico –, ou a minha infelicidade é maior que a dos outros ou estamos diante de mistificação mundial. 
Atento à respeitosa atitude do orientador encarnado, prosseguia, orgulhoso: – Tenho estudado muitíssimo, não me furtando ao crivo da razão rigorosa. 
Já devorei extensa literatura relativa à sobrevivência humana e, todavia, nunca obtive uma prova. 
O Espiritismo está cheio de teses sedutoras, mas o terreno se mostra cheio de dúvidas. 
A obra de Kardec, inegavelmente, representa extraordinária afirmação filosófica; entretanto, encontramos com Richet  um acervo de perspectivas novas. 
A metapsíquica corrigiu muitos vôos da imaginação, trazendo à análise pública observações mais profundas sobre os desconhecidos poderes do homem. 
No exame dessas verdades científicas, o mediunismo foi reduzido em suas proporções. 
Precisamos dum movimento de racionalização, ajustando os fenômenos a critério adequado. Todavia, meu caro Bentes, vivemos em paisagem de mistificações sutis, distantes das demonstrações exatas. 
A essa altura, o interlocutor, muito calmo e seguro na fé, interveio, considerando: – Concordo, Dr. Fidélis, em que o Espiritismo não deva fugir a toda espécie de considerações sérias; contudo, creio que a doutrina é um conjunto de verdades sublimes, que se dirigem, de preferência, ao coração humano. 
É impossível auscultar-lhe a grandeza divina com a nossa imperfeita faculdade de observação, ou recolher-lhe as águas puras com o vaso sujo dos nossos raciocínios viciados nos erros de muitos milênios. 
Ao demais, temos aprendido que a revelação de ordem divina não é trabalho mecânico em leis de menor esforço. 
Lembremos que a missão do Evangelho, com o Mestre, foi precedida por um esforço humano de muitos séculos. 
Antes de morrerem os cristãos nos circos do martírio, quantos precursores de Jesus foram sacrificados? 
Primeiramente, devemos construir o receptáculo; em seguida, alcançaremos a bênção. 
A Bíblia, sagrado livro dos cristãos, é o encontro da experiência humana, cheia de suor e lágrimas, consubstanciada no Velho Testamento, com a resposta celestial, sublime e pura, no Evangelho de Nosso Senhor. 
O cavalheiro, que respondia pelo nome de Dr. Fidélis, sorria de modo vago, entre a ironia e a vaidade ofendida. 
Bentes, contudo, não perdeu a oportunidade e continuou: – Se todo serviço sério da existência humana é alguma coisa de sagrado aos nossos olhos, que dizer da expressão divina no  trabalho planetário? 
E considerando a essência do serviço na organização do mundo, que seria de nós se um punhado de espíritos amigos e sábios nos arrebatassem à visão ampla de orbes superiores, impelindo-nos para eles, precipitadamente, tão só pelo fato de nos dispensarem, como indivíduos; uma estima santa? Estaríamos preparados para a mudança radical? Saberemos o que venha a ser a vida num orbe superior? 
Teremos trabalhado bastante para entender os. divinos desígnios? E a Terra? 
E as nossas milenárias dívidas para com o planeta que nos tem suportado as imperfeições? Como residir nos andares mais altos, sem drenar os pântanos que jazem em baixo? 
Estas considerações tomam-se imprescindíveis no exame de argumentação como a sua, porquanto não poderemos ajuizar, com precisão, as correntes generosas de um rio caudaloso, observando tão somente as gotas recolhidas no dedal das nossas limitações. 
O pesquisador renitente acentuou a expressão irônica do rosto e revidou: – Você fala como homem de fé, esquecendo que meu esforço se dirige à razão e à ciência. 
Quero referir-me às ilações inevitáveis da consulta livre, às farsas mediúnicas de todos os tempos. 
Você está informado de que cientistas inúmeros examinaram as fraudes dos mais célebres aparelhos do mediunismo, na Europa e na América. 
Ora, que esperar de uma doutrina confiada a mistificadores continentais? Bentes respondeu, muito sereno e ponderado: 
– Está enganado, meu amigo. 
Estaríamos laborando em erro grave, se colocássemos toda a responsabilidade doutrinária nas organizações mediúnicas. 
Os médiuns são simples colaboradores do trabalho de espiritualização. 
Cada um responderá pelo que fez das possibilidades recebidas, como também nós seremos compelidos a contas necessárias, algum dia. Não poderíamos cometer o absurdo de atribuir a concentração de todas as verdades divinas  somente na cabeça de alguns homens, candidatos a novos cultos de adoração. A doutrina, Dr. Fidélis, é uma fonte sublime e pura, inacessível aos pruridos individualistas de qualquer de nós, fonte na qual cada companheiro deve beber a água da renovação própria. 
Quanto às fraudes mediúnicas a que se refere, é forçoso reconhecer que a pretensa infalibilidade científica tem procurado converter os mais nobres colaboradores dos desencarnados em grandes nervosos ou em simples cobaias de laboratório. 
Os pesquisadores, atualmente batizados como metapsiquistas, são estranhos lavradores que enxameiam no campo de serviço sem nada produzirem de fundamentalmente útil. Inclinam-se para a terra, contam os grãos de areia e os vermes invasores, determinam o grau de calor e estudam a longitude, observam as disposições climáticas e anotam as variações atmosféricas, mas, com grande surpresa para os trabalhadores sinceros, desprezam a semente. 
O interlocutor deixou de sorrir e observou: – Vamos ver, vamos ver... Espero a mensagem dos meus com os sinais iniludíveis da sobrevivência, após a morte... 
Aniceto nos tocou de leve, e falou: – Repararam como este homem traz a mente enfermiça? 
É um dos curiosos doentes, encarnados. 
Tem vasta cultura e, todavia, como traz o sentimento envenenado, tudo quanto lhe cai nos raciocínios participa da geral intoxicação. 
É pesquisador de superfície, como ocorre a muita gente. 
Tudo espera dos outros, examina seu semelhante, mas não ausculta a si mesmo. 
Quer a realização divina sem o esforço humano; reclama a graça, formulando a exigência; quer o trigo da verdade, sem participar da semeadura; espera a tranqüilidade pela fé, sem dar-se ao trabalho das obras; estima a ciência, sem consultar a consciência; prefere a facilidade, sem filiar-se à responsabilidade, e, vivendo no torvelinho de continuadas libações, agarrado aos interesses inferiores e à satisfação dos sentidos físicos, em caráter absoluto, está aguardando mensagens espirituais... 
Estávamos admirados, ante as conclusões interessantes do instrutor amigo. 
Vicente, que se mantinha sob forte impressão, perguntou: – Afinal de contas, que deseja este homem? Aniceto sorriu e respondeu: – Também ele teria imensas dificuldades para responder. 
Para nós outros, Vicente, o Dr. Fidélis é um desses enfermos que ainda não se dispuseram a procurar o alivio, pelo demasiado apego à sensação. 

CONTINUA AMANHÃ

A REECARNAÇÃO DE EMMANUEL EM SÃO PAULO

domingo, 3 de junho de 2012

PEDIDO DE CARIDADE

Visitamos o LAR FREI LUCAS, localizado no Largo do Papagaio – Ribeira – e ficamos impressionados com o tratamento exemplar dado aos l5 idosos ali abrigados. 

São idosos, abandonados pelos seus familiares, na sua maioria acamados, que necessitam de tudo, inclusive de visitas. 

Pedimos a vocês que, dentro de suas possibilidades, ajudem o frei Florisvaldo em sua missão caridosa para com esses idosos abandonados.

O Lar necessita de:

ALIMENTOS – MATERIAL DE LIMPEZA – FRALDAS GERIÁTRICAS (TAMANHO M E G) – ROUPAS (FEMININA E MASCULINA) – LENÇÓIS – INGREDIENTE PARA MINGAU. 

CONTATO:- FREI FLORISVALDO 
TEL. 71 – 3207-7033 
E-MAIL – contato@larfreilucas.org.br SITE – 
www.larfreilucas.org.br

CONSELHO DO DIA

Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje: 

 O que, porém, recebeu menos não deve afligir-se, nem queixar-se, nem ter inveja do mais rico; olhará, ao contrário, para vós, e louvará vossa bondade, que tão copiosa e liberalmente prodigalizais vossas dádivas, sem acepção de pessoas. 
De vós nos vêm todas as coisas; por todas, pois, deveis ser louvado. 
Vós sabeis o que é conveniente dar a cada um, e não nos pertence indagar por que este tem menos, aquele mais; só vós podeis avaliar os merecimentos de cada um. 

(Da recordação dos inumeráveis benefícios de Deus)

PENSAMENTO DO DIA


Às vezes um acontecimento sem importância é capaz de transformar toda a beleza em um momento de angústia. Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras. 

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DO DIA


Escute seu coração. Ele conhece todas as coisas, porque veio da alma do mundo, e um dia retornará para ela. 

Autor: Paulo Coelho

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

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CAPÍTULO 44 
ASSISTÊNCIA 

A paisagem de sofrimento, desdobrada aos nossos olhos, lembrava-me o ambiente das Câmaras de Retificação. 
Entendeu-se Aniceto com Isidoro e falou, resoluto: – Mãos à obra! Distribuamos alguns passes de reconforto! – Mas – objetei – estarei preparado para trabalho dessa natureza? – Porque não? – indagou o instrutor em voz firme – toda competência e especialização no mundo, nos setores de serviço, constituem o desenvolvimento da boa vontade. 
Bastam o sincero propósito de cooperação e a noção de responsabilidade para que sejamos iniciados, com êxito, em qualquer trabalho novo. 
Semelhantes afirmativas estimularam-me o coração. 
Recordei Narcisa, a dedicada irmã dos infortunados, que permanecia, em “Nosso Lar”, quase sempre sem repouso, como prisioneira do sacrifício. Pareceu-me, ainda, ouvir-lhe a voz fraterna e carinhosa – “André, meu amigo, nunca te negues, quanto possível, a auxiliar os que sofrem. 
Ao pé dos enfermos, não olvides que o melhor remédio é a renovação da esperança; se encontrares os falidos e os derrotados da sorte, fala-lhes do divino ensejo do futuro; se fores procurado, algum dia, pelos espíritos desviados e criminosos, não profiras palavras de maldição. Anima, eleva, educa, desperta, sem ferir os que ainda dormem. 
Deus opera maravilhas por intermédio do trabalho de boa vontade!” Sem mais hesitação, dispus-me ao serviço. 
Aniceto designou-me um grupo de seis enfermos espirituais, acentuando:  Aplique seus recursos, André. Com a nossa colaboração, os amigos em tarefa nesta casa poderão atender a responsabilidades diferentes e também imperiosas. 
Os mais apagados trabalhadores do bem rejubilem-se pela exemplificação nas lutas comuns e edifiquem-se no Senhor Jesus, porque nenhuma de suas manifestações fica perdida no espaço e no tempo. 
Naquele instante em que fora chamado a prestar auxílios reais, eu não recorria aos meus cabedais científicos, não me reportava tão somente à técnica da medicina oficial, a que me filiara no mundo, mas recordava aquela Narcisa humilde e simples, das Câmaras de Retificação, enfermeira devotada e carinhosa, que conseguia muito mais com amor do que com medicações. Aproximei-me duma senhora profundamente abatida, lembrando o exemplo da generosa amiga de “Nosso Lar”, entendendo que não deveria socorrer utilizando apenas a firmeza e a energia, mas também a ternura e a compreensão. – Minha irmã – disse, procurando captar-lhe a confiança –, vamos ao passe reconfortador. – 
Ai! ai! – respondeu a interpelada – nada vejo, nada vejo! Ah! o tracoma! Infeliz que sou! E me falam em morte, em vida diferente... Como recuperar a vista?! Quero ver, quero ver!... – 
Calma – respondi, encorajado –, não confia no Poder de Jesus? Ele continua curando cegos, iluminando-nos o caminho, guiando-nos os passos! Somente mais tarde lembrei que, naquele instante, olvidara a curiosidade doentia, não pensei na impressão deixada pelo tracoma naquele organismo espiritual, nem me preocupei com a expressão propriamente científica do fenômeno, vendo, apenas, à minha frente, uma irmã sofredora e necessitada. 
E, à medida que me dispunha a observar a prática do amor fraternal, uma claridade diferente começou a iluminar e a aquecer-me a fronte. 
Lembrando a influência divina de Jesus, iniciei o passe de alivio sobre os olhos da pobre mulher, reparando que enorme placa de sombra lhe pesava na fronte. 
Pronunciando palavras de animação, às quais ligava a melhor essência de minhas intenções, concentrei minhas possibilidades magnéticas de auxílio nessa zona perturbada. 
Dentro de alguns instantes, a desencarnada desferiu um grito de espanto. – Vejo! Vejo! – exclamou, entre o assombro e a alegria – grande Deus! grande Deus! 
E ajoelhando-se, num movimento instintivo para render graças, dirigia-me a palavra, comovidamente: – Quem sois vós, emissário do bem? Dominava-me profunda emoção, que não conseguia sofrear. 
Confundia-me a bondade do Eterno. 
Quem era eu para curar alguém? 
Mas a alegria daquela entidade, libertada das trevas, afirmava a ocorrência, na qual não queria acreditar. 
A luz daquela dádiva como que mostrava mais fortemente o fundo escuro de minhas imperfeições individuais e o pranto inundou-me as faces, sem que pudesse retê-lo nos recônditos mananciais do coração. 
Enquanto a enferma espiritual se desfazia em lágrimas de louvor, também eu me absorvia numa onda de pensamentos novos. 
O acontecimento surpreendia-me. 
Desejava socorrer o doente próximo e, contudo, estava enlaçado em singular deslumbramento intimo. Aniceto, porém, aproximou-se delicadamente e falou em voz baixa: – André, a excessiva contemplação dos resultados pode prejudicar o trabalhador. 
Em ocasiões como esta, a vaidade costuma acordar dentro de nós, fazendo-nos esquecer o Senhor. 
Não olvides que todo o bem procede d'Ele, que é a luz de nossos corações. 
Somos seus instrumentos nas tarefas de amor. 
O servo fiel não é aquele que se inquieta pelos resultados, nem o que permanece  enlevado na contemplação deles, mas justamente o que cumpre a vontade divina do Senhor e passa adiante. 
Aquelas palavras não poderiam ser mais significativas, O generoso mentor voltou ao serviço a que se entregara, junto de outros irmãos, e, valendo-me do amoroso aviso, dirigi-me à reconhecida senhora, acentuando: – Minha amiga, agradeça a Jesus e não a mim, que sou apenas obscuro servidor. 
Quanto ao mais, não se impressione em demasia com a visão dos aspectos exteriores; volte o poder visual para dentro de si mesma, para que possa consagrar ao Senhor da Vida os sublimes dons da visão. 
Notei que a ouvinte se surpreendia com as minhas palavras, que lhe pareceram, talvez, inoportunas e transcendentes, mas, novamente firme na compreensão do dever, acerquei-me do enfermo próximo. 
Tratava-se dum infeliz irmão que falecera na Gamboa, vitimado pelo, câncer. 
Toda a região facial apresentavase com horrífico aspecto. 
Apliquei os passes dê reconforto, ministrando pensamentos e palavras de bom ânimo, e reparei que o pobrezinho se sentia tomado de considerável melhora. Prometilhe interesse amigo, a fim de internar-se em alguma casa espiritual de tratamento, recomendando que preparasse a vida mental para colher semelhante benefício, oportunamente. 
Em seguida, atendi a dois ex-tuberculosos do Encantado, a uma senhora que desencarnara em Piedade, em conseqüência de um tumor maligno, e a um rapaz de Olaria, que se desprendera num choque operatório. 
Nenhum destes quatro últimos, contudo, manifestou qualquer alivio. 
Persistiam as mesmas indisposições orgânicas, os mesmos fenômenos psíquicos de sofrimento. Terminada a tarefa que me fora cometida, reuni-me ao nosso instrutor e Vicente, que me esperavam a um canto da sala. – As atividades de assistência – exclamou Aniceto, cuidadoso – se processam conforme observam aqui. 
Alguns se sentem cura dos, outros acusam melhoras e a maioria parece continuar impermeável ao serviço de auxílio. 
O que nos deve interessar, todavia, é a semeadura do bem. 
A germinação, o desenvolvimento, a flor e o fruto pertencem ao Senhor. 
Vicente, que se mostrava fortemente impressionado, observou:
O número de entidades perturbadas espanta. Vemo-las, em diversos graus de desequilíbrio, desde “Nosso Lar” até a Crosta. 
Aniceto sorriu e falou em tom grave: 
Devemos esmagadora percentagem desses padecimentos à falta de educação religiosa. 
Não me refiro, porém, àquela que vem do sacerdócio ou que parte da boca de uma criatura para os ouvidos de outra. Refiro-me à educação religiosa, íntima e profunda, que o homem nega sistematicamente a si mesmo.

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