CONTINUAÇÃO
150
Aguilhões
“Duro é para ti recalcitrar contra o aguilhão.” – Jesus.
(Atos, 9:5.)
O caminho evolutivo está sempre repleto de aguilhões.
De outro modo, não enxergaríamos a porta redentora.
Entrega-se Deus aos filhos da Criação inteira, reparte com
todos os tesouros de seu amor infinito, estimula-os a se elevarem, através de
mil modos diferentes; entretanto, existem círculos numerosos como a Terra, em
que as criaturas não se apercebem dessas realidades gloriosas e paralisam a
marcha, dormindo no leito da ilusão.
Perante tal inércia, os mensageiros da Providência, aos quais
se confiou a tarefa de iluminação dos que estacionam na sombra, promovem
recursos para que se verifique o despertar.
Cientes de que Deus dá tudo – a vida, os caminhos, os bens
infinitos, os gênios inspiradores – e só pede às criaturas se lhe dirijam aos
braços paternais, esses divinos emissários organizam os aguilhões, por amor aos
seus tutelados.
Nesse programa, criou Jesus os mais nobres incitamentos, para
a esfera terrestre. A riqueza e a pobreza, a fealdade e a formosura, o
sofrimento e a luta são aguilhões ou oportunidades instituídos pelo Cristo, a
benefício dos homens.
Cada existência e cada pessoa tem a sua dificuldade
particular, simbolizando ensejo bendito.
Analisa a tua vida, situa teus aguilhões e não te voltes contra
eles.
Se um espírito da grandeza de Paulo de Tarso não podia
recalcitrar, imagina o que se pedirá do nosso esforço.
151
Mocidade
“Foge também dos desejos da mocidade; e segue a
justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” –
Paulo. (2ª Epístola a Timóteo, 2:22.)
Quase sempre os que se dirigem à mocidade lhe atribuem
tamanhos poderes que os jovens terminam em franca desorientação, enganados e
distraídos. Costuma-se esperar deles a salvaguarda de tudo.
Concordamos com as suas vastas possibilidades, mas não
podemos esquecer que essa fase da existência terrestre é a que apresenta maior
número de necessidades no capítulo da direção.
O moço poderá e fará muito se o espírito envelhecido na experiência
não o desamparar no trabalho. Nada de novo conseguirá erigir, caso não se valha
dos esforços que lhe precederam as atividades. Em tudo, dependerá de seus
antecessores.
A juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um
barco para viagem importante. A infância foi a preparação, a velhice será a
chegada ao porto. Todas as fases requisitam as lições dos marinheiros
experientes, aprendendo-se a organizar e a terminar a viagem com o êxito
desejável.
É indispensável amparar convenientemente a mentalidade juvenil
e que ninguém lhe ofereça perspectivas de domínio ilusório.
Nem sempre os desejos dos mais moços constituem o índice da
segurança no futuro.
A mocidade poderá fazer muito, mas que siga, em tudo, “a
justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”.
152
Ciência e amor
“A ciência incha, mas o amor edifica.” – Paulo. (1ª
Epístola aos Coríntios, 8:1.)
A ciência pode estar cheia de poder, mas só o amor beneficia.
A ciência, em todas as épocas, conseguiu inúmeras expressões evolutivas.
Vemo-la no mundo, exibindo realizações que pareciam quase inatingíveis. Máquinas
enormes cruzam os ares e o fundo dos oceanos. A palavra é transmitida, sem
fios, a longas distâncias. A imprensa difunde raciocínios mundiais. Mas, para
essa mesma ciência pouco importa que o homem lhe use os frutos para o bem ou
para o mal. Não compreende o desinteresse, nem as finalidades santas.
O amor, porém, aproxima-se de seus labores e retifica-os,
conferindo-lhe a consciência do bem. Ensina que cada máquina deve servir como
utilidade divina, no caminho dos homens para Deus, que somente se deveria
transmitir a palavra edificante como dádiva do Altíssimo, que apenas seria
justa a publicação dos raciocínios elevados para o esforço redentor das
criaturas.
Se a ciência descobre explosivos, esclarece o amor quanto à
utilização deles na abertura de estradas que liguem os povos; se a primeira
confecciona um livro, ensina o segundo como gravar a verdade consoladora. A
ciência pode concretizar muitas obras úteis, mas só o amor institui as obras mais
altas. Não duvidamos de que a primeira, bem interpretada, possa dotar o homem
de um coração corajoso; entretanto, somente o segundo pode dar um coração
iluminado.
O mundo permanece em obscuridade e sofrimento, porque a
ciência foi assalariada pelo ódio, que aniquila e perverte, e só alcançará o
porto de segurança quando se render plenamente ao amor de Jesus-Cristo.
CONTINÚA AMANHÃ