sábado, 23 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Somos tão vaidosos que nos interessamos até pela opinião de quem não nos interessa

Autor: Marie Ebner von Eschenbach

MENSAGEM DIÁRIA

Desarme o coração para a diferença de idéias e deixe que a compreensão encontre naturalmente o lado da razão

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ


CONTINUAÇÃO

dela, a função de chefe, mas igualmente com Gilberto, o filho, em
posição comprometedora. Os desregramentos de Marina, desde muito, se haviam tornado para ele em calamidades inevitáveis. A princípio, atormentara-se. Pai contundido pela licenciosidade em família. Contudo, Márcia, a esposa, ditava os figurinos. Nos primeiros tempos do consórcio, emergira entre ambos a muralha da discórdia, da discórdia que lhes emanava do âmago, em ondas torvelinhantes de aversão instintiva, cuja existência não haviam sequer pressentido, de leve, antes do casamento.
De começo, rixas e discussões. Depois, a indiferença, o cansaço total um do outro. Aventuras unilaterais. Cada qual em seu caminho.
Marina, evidentemente, seguira a trilha materna. Desligara-se dele. Classificava a filha, em seu juízo de homem, por mulher livre; contudo, tolerável no lar, enquanto exercesse a profissão que lhe assegurava sustento às fantasias. Em casa, habitualmente reuniam-se à mesa, a esposa, Marina e ele, à feição de três animais inteligentes, dissimulando o desprezo recíproco, através da convenção ou do chiste.
No conceito dele, porém, Marita definia-se à parte. Flor no ramo espinhoso daqueles antagonismos flagelantes.
Afastara-a, intencionalmente, na direção do serviço. Inventara meios de obrigá-la a tomar refeições em Copacabana, para que as picuinhas do círculo doméstico, no Flamengo, não lhe torturassem o espírito.
Espiava-lhe os passos, ouvia-lhe os chefes.
Uma vez instalada no exercício da nova condição, ele mesmo, quanto possível, manter-lhe-ia a independência.
Amando-a com entranhado carinho mesclado de egoísmo tirânico, feriam-lhe as humilhações que a esposa e a filha não regateavam a ela, no trato mais íntimo. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 84).
Queria-a para ele, com a ternura de um pombo e com a brutalidade de um lobo. Não concordava lhe dessem a beber afronta ou sarcasmo. Tais atitudes acabaram revestindo-a de liberdade mais ampla, que Marita utilizava no culto afetivo a Gilberto, de vez que, por vocação, se distanciava de festas. Márcia e Marina, sempre mais absorvidas nas extravagâncias em que se inculcavam por duas irmãs doidivanas, nem deram por isso. A ausência dela como que as aliviava de um peso. Certificando-se de que não lhe dobrariam o caráter, acusavam-se felizes por não serem induzidas a suportar-lhe a fiscalização.
Embrenhado nos raciocínios que lhe derivavam, rápidos, do
ligeiro auto-exame, sob o controle do vampirizador que o influenciava,
recordava-se Cláudio de que há muitos dias concluíra que Gilberto não hesitava embair as duas moças e, depois de refletir maduramente, resolvera silenciar.
Não seria conveniente sopesar as próprias vantagens? Denunciar Marita por jovem ultrajada redundaria em arredar-lhe a confiança.
Apontar Marina no páreo significava insultar a filha adotiva, aplicando-lhe temíveis lesões de ordem moral. Ardiloso, deixava
o tempo correr, achando preferível, a seu ver, fosse Marita machucada pelas circunstâncias. Quando se voltasse para ele, fatigada e desiludida, convertê-la-ia, talvez sem dificuldade, na amante a que aspirava.
Engodado pelo interlocutor que lhe era invisível, enfileirou as reflexões apressadas que lhe vinham à mente; no entanto, assoprado agora por ele, deixava-se iludir por imaginosa expectativa, formulando-se outra espécie de inquirições. Envolvido nas sutilezas do obsessor, esmerilhava o próprio íntimo, tentando saber se estava sendo inspirado com segurança naquela hora. Andaria enganado? Acaso, Marita entregar-se-ia a Gilberto, pensando nele, Cláudio, de quem se afastava por escrúpulos de consciência? Semanas havia, fizera-se a jovem mais esquiva. Estranhara. Darse-ia (FranciscoCândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 85) o fato de recolher-lhe telepaticamente as apreensões ou deliberara fugir-lhe, de propósito, a fim de ocultar a simpatia amorosa que, possivelmente, lhe impelia o coração de mulher a querê-lo? Ele mesmo fornecia ao perseguidor a argumentação com que se lhe arruinava a resistência.
Até ali, trancara, bem ou mal, diante da jovem, os sentimentos que lhe transbordavam do peito. Não chegara, porém, aos limites do enigma? Caber-lhe-ia sofrear-se até à loucura? O hipnotizador, em cujo semblante se podia ler a desmesurada sede de volúpia, sorriu, satisfeito, e sussurrou, mentalmente, ganhando preponderância: – Cláudio, compreenda. Iniciativa, em assunto de amor, não é passo feminino. Velho rifão: “laranja à beira de estrada não tem preço”. Disse um filósofo: “prazer sem conquista é bife sem sal”. Adiante, adiante!
Esquadrinhando o imo do companheiro, à caça de recursos com que o próprio Cláudio lhe pudesse fortificar a posse magnética, o obsessor, por segundos, cravou nele o olhar penetrante. E, decerto, exumando-lhe as desrespeitosas ilusões em matéria de ligação afetiva, que ele, Cláudio, embutira na cabeça, desde menino, começou a martelar:
– Cigarro! Lembre-se do cigarro e da boca! Marita é mulher igual às outras... Cigarro, cigarro na vitrina... Cigarro, cigarreira, piteira e charuto não escolhem comprador... A carne é flor desabrochada na terra do espírito, só isso. O cultivador não sabe o que seja a formação essencial do canteiro, tanto quanto desconhece o que está no fundo da planta. Proclamava Salomão que “tudo é vaidade”; acrescentamos que tudo é ignorância. Entretanto, na superfície das situações e das coisas, é possível enxergar claramente.
Flor que ninguém colhe é perfume que se perde. Hora de (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 86) amor desaproveitada vem a ser pétala no estrume. Rosa murcha, adorno para o chão. Carne sem viço, adubo para a erva. Aproveite, aproveite...
Percebíamos que o desencarnado não era simples dipsomaníaco, que o álcool apenas lhe constituía porta de escape, de vez que as palavras que selecionava para aliciar influência e o jeito astucioso de sensibilizar o parceiro, antes de empalmar-lhe o raciocínio, demonstravam técnicas de exploradores consumados das paixões humanas.
Aquele perseguidor não era vagabundo acidental.
O anseio incontido com que impelia Cláudio para a jovem e a expressão com que a fitava, apaixonadamente, pareciam chegar de muito longe. Mas a ocasião não comportava investigações de retaguarda. O momento reclamava atenção. Necessário contornar obstáculos, improvisar medidas socorristas que protegessem a triste menina desarmada.
O excêntrico dueto prosseguiu entre os dois amigos que se entendiam, sem o concurso da boca.
O magnetizador pressionava, o magnetizado resistia.
Por fim, Cláudio avançou dois passos, quase vencido.
Idéias, contradições, estímulos e arrebatamentos abalroavamse-lhe, violentamente, no espaço estreito do crânio. A terrível batalha interior de alguns instantes esmorecia. A natureza animal ampliara domínio. O sedutor desencarnado rematava a obra.
Não mais a gritaria de Espírito. Não mais o entrechoque das mudas ponderações entrecortadas a esmo.
Sim – deduzia, transtornado –, ele era homem, homem... Marita, incontestavelmente mais jovem, não passava de mulher. Não lhe cabia, portanto, diminuir-se. Ela chorava, ele podia acalentála, aquecer-lhe o coração.

CONTINUA AMANHÃ

HORA DE LUZ - CHICO XAVIER

sexta-feira, 22 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Um livro é um mundo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Quando os filhos se comportam mal, os pais costumam fazer duras críticas e até mesmo castigá-los. Mas raramente se lembram de elogiar seu bom comportamento. Uma conversa amiga, um abraço apertado, um beijo carinhoso ajudam a despertar os bons sentimentos e desenvolver suas boas qualidades

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

O verbo enrodilhar-se, na linguagem humana, figura-se o mais adequado à definição daquela ocorrência de possessão partilhada, que se nos apresentava ao exame, conquanto não exprima, com exatidão, todo o processo de enrolamento fluídico, em que se imantavam. E afirmamos “possessão partilhada”, porque, efetivamente, ali, um aspirava ardentemente aos objetivos desonestos do outro, completando-se, euforicamente, na divisão da responsabilidade em quotas iguais.
Qual acontecera, no instante em que bebiam juntos, forneciam a impressão de dois seres num corpo só.
Em determinados momentos, o obsessor afastava-se do companheiro, a distância de centímetros; contudo, sempre a enlaçá-lo, copiando gestos de felino, interessado em não perder o contacto da vítima. Achavam-se, entretanto, irrestritamente conjugados em vinculação recíproca.
Isso conferia ao semblante de Cláudio expressão diferente, O hipnotizador, cuja visão espiritual não nos atingia, senhoreava-lhe
sentimentos e idéias, enquanto ele se deixava prazerosamente senhorear. O olhar obediente adquirira a turvação característica dos alucinados. O recém-chegado transfigurara-se. Estranho sorriso franzia-lhe a boca. Diante das percepções limitadas de Marita, era ele um homem comum; no entanto, à nossa frente, valia por duas personalidades masculinas numa só representação.
Dois Espíritos exteriorizando impulsos aviltados, complementando
paixões idênticas na mesma tônica da afinidade total. Neves fitou-me, espantado. Mas, não era só ele, menos experiente, que jazia transido, amarrotado. Nós também, acostumados, no plano espiritual, aos embates do sentimento, alimentávamos aflitivas apreensões.
Aquele quarto, dantes povoado pelos devaneios doridos de uma criança, metamorfoseara-se em jaula, onde Cláudio e o vampirizador, singularmente brutalizados pelo desejo infeliz, constitu (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 80) íam juntos uma fera astuciosa, calculando o caminho mais fácil de alcançar a presa.
Um clarividente reencarnado que contemplasse o dono da casa, naquela hora, vê-lo-ia noutra máscara fisionômica.
A incorporação medianímica, espontânea e consciente, positivava-se em plenitude selvagem. O fenômeno da comunhão entre duas inteligências – uma delas encarnada e a outra desencarnada –, levantava-se, franco; ainda assim, desdobrava-se tão agreste quanto o furacão ou a maré, que se expressam por forças ainda desgovernadas da Natureza terrestre, não obstante a ocorrência, do ponto de vista humano, efetivar-se na suposta mudez do plano mental.
Para nós, porém, não se instituíam apenas as formaspensamentos, dando conta das intenções libertinas da dupla animalizada, com estruturas, cores, ruídos e movimentos correlatos; amedrontava-nos igualmente escutar as vozes de ambos, em diálogo, claramente perceptível.
As palavras escapavam do crânio de Cláudio, aparentemente silencioso para a filha adotiva, qual se a cabeça dele estivesse transfigurada numa caixa acústica de aparelho radiofônico.
Magnetizador e magnetizado denotavam sensualidade do mesmo nível.
Refletindo na corrida à garrafa, momentos antes, avaliávamos o perigo aberto à menina indefesa. A diferença, ali, é que Cláudio ainda encontrava recursos a fim de parlamentar, dentro da hipnose – hipnose que ele, aliás, amimalhava.
Discorria o obsessor, comovendo-o, no intuito patente de arruinar-lhe os restos do escrúpulo, através da emoção: – Agora, agora sim!... O amor, Cláudio, é isto... Esperar, por vezes, anos a fio, para dominar a felicidade num simples minuto.
Existem mulheres aos milhões; entretanto, esta é a única. A única (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 81) que nos poderá, enfim, aplacar a sede. Pontos de apoio alongamse em toda parte, mas o pássaro viaja, léguas e léguas, suspirando por descansar na penugem do próprio ninho... Na fome física, todo alimento serve, mas no amor... No amor, a felicidade é semelhante ao aro de que o homem possui a metade e a mulher detém a outra. Para que a euforia vibre perfeita no círculo, é imperioso que as metades sejam da mesma substância. Ninguém alcança a fusão de um pedaço de ouro com um pedaço de madeira. Paganini tocou numa corda só; entretanto, a corda se harmonizava com ele. Jamais arrancaria no mundo o menor sinal do próprio gênio, se apenas dispusesse para o violino das cordas de cânhamo, ainda mesmo que essas cordas o desafiassem a toneladas. Cada homem, Cláudio, para realizar-se nos domínios da vitalidade e da alegria, há de encontrar a mulher magnética que lhe corresponde, companheira na afinidade absoluta, capaz de lhe oferecer a plenitude interior, que transcenda convenções e formas ...3
Pausava-se a voz, por segundos, para continuar, suplicante, proclamando sofismas arguciosos: – Vamos! Marita é nossa, nossa!... Somos homens sequiosos, sofredores... Apiedamo-nos de enfermos abandonados, administrando-lhes remédio seguro; somos o apoio certo de mendigos que tropeçam às tontas... Acaso, mereceremos simpatia menor? Os que enlouquecem, esfaimados de ternura, serão piores do que os infelizes, a se estirarem na rua por falta de pão? Você, Cláudio, tem amargado angustiosa carência. Um pedinte na praça não tem 3 Compreendemos o caráter negativo da linguagem do Espírito desencarnado, quando em deploráveis condições de ignorância, mas acreditamos seja nossa obrigação consigná-la, nestas páginas, ainda mesmo esbatida qual se encontra, prevenindo criaturas sensíveis e afetuosas, que, às vezes, abdicam impensadamente do próprio raciocínio, arrojando-se em profundo sofrimento moral, em nome do coração. (Nota doAutor espiritual.) (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 82) leve pitada de suas aflições. De que valem vencimentos fartos e experiências de lupanar, quando o amor verdadeiro grita insatisfeito na carne? Você vive no lar, à moda de cão na sarjeta. Escoiceado, ferido... Marita é a compensação. O cultivador, porventura, não tem direito ao fruto que amadurece? Você abrigou esta menina nos braços, embalou-a no peito; viu-lhe o crescimento, como quem acompanha a evolução da flor que desabrocha, e acabou descobrindo nela o seu tipo. Não estará você cansado de vê-la e desejá-la, ardentemente, todos os dias, resignando-se ao suplício da distância, vivendo tão perto? – Criei-a, no entanto, como sendo minha própria filha... – suspirou Cláudio, crendo falar para si mesmo. – Filha? – insistiu o sedutor. – Mero artifício social. Apenas mulher. E quem assegurará que ela também não espera por seu beijo com a sede da corça, presa ao pé da fonte? Você não é nenhum neófito; sabe que toda mulher estima render-se, em trabalhosa porfia.
Conjeturando-se dividido mentalmente em duas personalidades distintas, a de pai e a de enamorado, Cláudio argumentou, desencorajando-se.
Não desconhecia que a moça já se revelara. Elegera Gilberto, o rapaz com quem se dava a passeios freqüentes. Era impossível que o amasse, a ele, Cláudio, em segredo. Não alentava dúvidas.
Ciumento, acompanhara-os, discretamente, em excursões domingueiras, sem que lhe desconfiassem da presença ou do zelo ofendido.
Nunca lhes ouvira as palavras; entretanto, apanhara-lhes, às ocultas, os gestos equívocos. Admitia-se com razão para convidar o estouvado a compromisso. Calculara, calculara. Todavia, quando se inclinava a pedir conselho de autoridades policiais, chocarase com o imprevisto. Homem de prolongada vida noturna, passou a esbarrar com a filha, em recantos de prazer, não apenas na companhia de Nemésio Torres, o cavalheiro que desempenhava, junto

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A LIÇÃO INESQUECÍVEL - CHICO XAVIER

quinta-feira, 21 de julho de 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO

O FILOSÓFO DA SELVA

Nascido na Alsácia em 1875, Albert Schweitzer foi uma criança doentia, que demorou muito para aprender a ler e a escrever.

Aluno medíocre em muitos aspectos, na música ele foi um autêntico prodígio: aos sete anos compôs um hino, aos oito, começou a tocar órgão e aos nove substituiu o organista em uma cerimônia.

Depois de crescido dispôs-se a dominar assuntos que lhe fossem particularmente difíceis.

Era perito como carpinteiro, pedreiro, veterinário, construtor de barcos, dentista, desenhista, mecânico, farmacêutico e jardineiro.

Escreveu livros eruditos sobre Bach, sobre Jesus e sobre a história da civilização.

Aos vinte e seis anos tinha diplomas de doutor em filosofia, teologia e música.

Aos trinta anos decidiu estudar medicina e partir para Lambaréné, na áfrica equatorial francesa, como um missionário-médico.

Por que medicina?

Porque estava cansado de palavras e queria ação.

Por que Lambaréné?

Porque era um dos lugares mais inacessíveis e primitivos de toda a áfrica, um dos mais perigosos, e porque lá não havia médicos.

Parentes e amigos tentaram dissuadi-lo, mas ele respondeu que se sentia obrigado a ‘dar algo em troca’ da felicidade de que gozava.

Em 1913, Albert Schweitzer e sua esposa - que havia estudado enfermagem para ajudá-lo chegaram a Lambaréné, encontrando condições muito pouco favoráveis.

O hospital foi construído praticamente do nada e pelas próprias mãos de Schweitzer.

Os pacientes vinham de grandes distâncias, muitas vezes com as famílias.

Não havia caminhos, nem calçadas.

Não havia água corrente, nem eletricidade, a não ser na sala de operações, e também não havia Raios X.

Não havia qualquer espécie de mecanismo para esterilização. Era preciso ferver água sobre fogueiras de lenha.

Durante anos houve falta de drogas e de ataduras.

Schweitzer não esmoreceu, não obstante todas as dificuldades que enfrentava para manter o hospital e atender a todos os doentes que o buscavam. Jamais negligenciou na grandiosa tarefa que assumiu voluntariamente.

Também nunca abandonou a música e o ensino.

Sempre que voltava para a civilização proferia conferências e palestras.

Além disso, sua constante produção literária e musical, mantida a custo de muitas madrugadas insones, alcançou e encantou todo o mundo.

Em 1952, recebeu o prêmio Nobel da paz.

Retornou à pátria espiritual em 1965, e seu nome até hoje é lembrado como exemplo de trabalho nobre, humanitário e incansável.

Pense nisso!

Nos caminhos do mundo, as vidas são livros abertos a quem queira e saiba lê-los, aprendendo o que se deve ou não fazer.

Toda vida traz em si a sua mensagem, seja desafortunada, seja luminosa e esplêndida.

Dê sentido a sua vida para que a mensagem que dela se desprende seja digna de ser vivida, sorvida e ensinada, porque há sempre alguém se espelhando em seus rumos, tomando-os como se fossem os seus próprios.

Pense nisso!

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Grandes vidas, grandes obras, ed. Ipyranga, 1968, e na introdução do livro Vida e mensagem, J. Raul Teixeira - pelo Espírito Francisco de Paula Vitor.

PENSAMENTO DO DIA

Sábio não é aquele que demonstra sabedoria em suas palavras, mas aquele que demonstra sabedoria em seus atos

Autor: São Gregório

MENSAGEM DIÁRIA

Tudo o que fizeres, faça com amor, com o coração aberto, e as coisas fluem naturalmente

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 8

Rematara os apontamentos que me propunha alinhar e, reconhecendo que a paciente chorava, em prostração, visivelmente distanciada do exame que me fora permitido desenvolver, Neves perguntou se podíamos trocar entendimento rápido.
– Como não?
– André – inquiriu ele, sem ocultar a perplexidade –, que vem a ser isto, meu amigo? Você percebeu? Meu neto, o moço é meu neto!... Onde estamos? Quatro criaturas enoveladas... Mulher entre pai e filho, um rapaz entre duas irmãs... Ignorava o que vemos. Há dias, tento confortar minha pobre Beatriz, só isso. Não fazia a menor idéia das perturbações que a rodeiam... Ah! meu amigo, como pai, estaria agora mais consolado se a visse agonizando numa casa de loucos!...
E apontando Marita:
– Esta moça disse a verdade toda?
– Neves – acentuei –, você não desconhece que determinado grupo familiar se define como sendo um engenho constituído de peças diferentes, embora ajustadas entre si para a função que lhe cabe. Cada um daqueles que o integram é parte das realidades que
se entrosam no conjunto. Marita foi sincera. Expôs o que sabe.
Ela é um pedaço da verdade que procuramos. Para descobrir o que você conceitua por “verdade toda” é inevitável consultar as pessoas que ela hospeda no mundo íntimo.
O amigo debuxou o leve sorriso de quem reúne compreensão e conformidade.
Arrojando-se, porém, ao desconforto com que supunha reverenciar a justiça, lastimou-se, áspero: (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 76)
– Imagine você! Gilberto! Um menino... Se o pai auxiliasse!...
Mas Nemésio é um caso de manicômio. Não tem jeito...
Olhou, compadecido, para a moça em pranto e salientou:
– Veja esta menina. Correta, fiel... Submeteu-se, confiante.
Que culpa no vaso de porcelana, violentamente destampado por um animal? E esse animal é um garoto que eu amo tanto!... Ela poderia ser a esposa que idealiza, mãe digna, dona de casa para um homem de bem... No entanto, lá se vai Gilberto, embeiçado por uma pinóia. Marina e Marita... Incrível hajam crescido sob o mesmo teto! São irmãs adotivas, como acontece à serpente e à pomba...
Diante da pausa curta, não me fiz tardio nas ponderações.
Investi-me, indebitamente, na posição de conselheiro fortuito e roguei ao companheiro asserenar-se.
Achávamo-nos ali para emendar, proteger, realizar o melhor.
Certo, o bem suscetível de ser plantado, naquele grupo, redundaria em socorro a Beatriz. Colocássemos nela o pensamento. A irritação lhe avinagraria o ânimo e ele, Neves, de sentimento azedado, lançaria sobre a filha ingredientes fluídicos de índole negativa, arruinando-lhe as forças.
Paciência e atividade fraterna servir-nos-iam de apoio.
Além do mais, não conseguiríamos precisar até quando perdurariam os sofrimentos físicos da esposa de Nemésio. É justo prever, calcular. Entretanto, poderiam ocorrer determinações superiores, recomendando lhe fosse prolongado o prazo de estada na Terra. Nada impossível viesse a continuar adstrita ao corpo carnal, relativamente melhorada, por meses, anos talvez, conquanto os prognósticos enunciassem a desencarnação para breve. Mas, e se acontecesse o inverso? Exasperação ou desânimo, de nosso lado, marcariam o término das possibilidades de cooperação. Os supervisores que nos dirigiam, não obstante compassivos e pretimosos, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 77) remover-nos-iam da cabeceira da doente, sem a menor dificuldade. Contavam com recursos para localizar-nos em tarefas, até mesmo mais suaves e mais reconfortantes, em outra parte, como quem nos agaloava em serviço. Agiriam, assim, em proveito da própria doente, impedindo os prejuízos que lhe pudéssemos acarretar com qualquer carga de vibrações desconcertantes.
Neves tolerou o aviso com paciência.
Acabou rogando compreensão. Retirara-se do convívio familiar, por longo tempo – justificou-se –, a fim de adestrar-se em cordura e desprendimento. Regressando, no entanto, ao abrigo doméstico, topava, a cada instante, em si mesmo, o homem que fora. Comodista, agarrado às raízes consangüíneas, absorvido no bem-estar dos que reputava como sendo flores no tronco do coração.
Sabia-se em prova árdua. Acusava-se analisado, esquadrinhado, sopesado, na própria assimilação dos princípios de caridade e indulgência que passara a ministrar, sob o influxo dos mentores sábios e amigos que lhe haviam descerrado a porta das escolas de aperfeiçoamento nas esferas superiores.
Ao jeito de qualquer pessoa terrestre, encerrando consigo méritose falhas, declarou-se disposto a dominar-se e, impelindo-nos a recordar antigos condiscípulos da fase juvenil, quando encorajados e vacilantes ao mesmo tempo na solução dos problemas de autocontrole, solicitou-nos colaboração a fim de que se mantivesse calado, tanto quanto possível, na presença dos instrutores.
A submissão do companheiro dava para comover.
Acreditava-se temporariamente perturbado, acentuou humilde.
Partilhava as agruras da filha. Voltara instintivamente à agressividade e à extroversão que lhe marcavam o temperamento no passado; entretanto, comprometia-se à revisão de atitudes. Apesar disso, que lhe relevássemos qualquer desabafo inconveniente, quando nos demorássemos a sós. Sempre chegava o momento em que ele, por mais aplicado ao burilamento íntimo, sentia que as (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 78) excitações, longamente acumuladas, lhe pesavam no espírito, qual nuvem de gases comburentes. Desinibia-se ou dementava-se, ao modo de alguém que carregasse bombas estourando no próprio peito.
Fi-lo sossegar-se. Não precisava vexar-se daquela maneira.
Entendia tudo, perfeitamente. De nossa parte, não apresentávamos qualquer traço de superioridade. Também nós, criatura humana desencarnada, conhecíamos de sobra os lances da batalha interior, em que o adversário somos sempre nós mesmos, na arena das qualidades inferiores que nos tocam sublimar.
Desaconselhável, porém, prosseguir, conversando à margem do serviço.
A frágil menina desoprimia-se, em pranto. Choro vozeado, não obstante discreto. Soluços.
Dispúnhamo-nos a intervir, quando sucedeu o inesperado.
Cláudio batia, de leve, à porta, decerto incomodado pelo som lastimoso daqueles gemidos que Marita, em vão, buscava reprimir.
Respiramos confortados.
Indubitavelmente, o inquieto coração paternal vinha ao encontro da moça desfalecente, ansiando soerguer-lhe as energias, e, nós próprios, através de estímulos magnéticos, insistimos com ela para que atendesse.
Empregando vontade e forças para vencer a crise de lágrimas, a jovem anuiu aos nossos apelos e cambaleou, desaferrolhando a passagem.
Cláudio entrou, mas não vinha só. Um daqueles dois companheiros desencarnados que lhe alteraram a personalidade, justamente o que se abeirara dele, em primeiro lugar, para o trago de uísque, enrodilhava-se-lhe ao corpo.

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AMIZADE VERDADEIRA

quarta-feira, 20 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Nem sempre as palavras que dizemos ou os gestos que praticamos representam aquilo que sentimos

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


É melhor tentar e falhar, do que se preocupar e ver a vida passar, é melhor tentar ainda que em vão, do que se sentar fazendo nada até o final

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 16

 CONTINUAÇÃO

A princípio, a desilusão conturbara-lhe o ânimo, através deum colega que a obsequiava, repetidamente, com entradas decinema. Conhecia-lhe a noiva, professora jovem e distinta que selhe afeiçoara ao convívio.
Que mal em se verem juntos para uma fita simpática, de vezem vez? Iniciaram-se os momentinhos de encontro fraterno. Intimidade dos minutos propícios. Copacabana, aqui e ali. Um cafezinho de bar, nas horas de vento frio, um sorvete na praia, quando o calor vinha forte. Mera camaradagem. Amiguinho, fazendo o papel do irmão que não tivera.
Veio, porém, a noite em que ele se apresentou, transtornado.
Chegara sem a noiva, que se dirigira a Petrópolis. Acontecimento natural, conquanto raro. Nada prenunciava sucessos desagradáveis, nenhum motivo de inquietação.
Conversaram, pacificamente, nas areias do Leme. A Lua nascera, plena, inspirando-lhes pensamentos mansos e alegres, enquanto se expunham ao sopro refrigerante do mar.
O trabalho na loja fora banho de suor copioso, no dia cálido.
Falavam acerca de freguesas apressadas, mencionando clientes ásperos. Riam-se, despreocupados, ao jeito de colegiais, no intervalo das lições.
Ele, no entanto, começou o inesperado, reportando-se a medidas.
A fita métrica, a seu parecer, não satisfazia, de todo, em casos determinados de atendimento. Necessária a adoção de recursos
psicológicos para tranqüilizar compradores inquietos,
quando se interessassem simplesmente por fragmentos de rendas
ou passamanes.
Nisso, pediu-lhe a mão pequena para confrontá-la com a dele e, respondendo, espalmara a destra sem qualquer prevenção.
Assustou-se, ao sentir-lhe a mão hirsuta e máscula, comprimindo- lhe os dedos. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 70)
Intentou desvencilhar-se. O rapaz, contudo, fez-se claro nos propósitos infelizes. Puxou-a, num gesto brusco, de encontro ao peito, gaguejando declarações.
Na vertigem da pessoa atingida pelos efeitos de um raio, em  momento de céu aparentemente azul, quis gritar, reclamar socorro, mas o sangue turbilhonava-lhe na cabeça.
Impetuosamente submetida àqueles lábios que se colavam aos dela, desfaleceu por segundos.
O hálito sedutor do primeiro homem que a retinha, submissa,
destilava o magnetismo da serpente, quando hipnotiza o pássaro confiante.
O desmaio, no entanto, durara um instante só. A profunda e invencível reação da feminilidade unida à consciência surdiu, rápida. A noção de responsabilidade relampagueou-lhe no raciocínio.
Bastou isso e o impulso sexual esmoreceu, neutralizado.
Ideou a imagem da amiga ausente, compreendeu todo o perigo a que se expunha.
Aspirava, sim, a ser mulher de um homem, companheira de alguém que lhe fosse companheiro. Compenetrava-se, com humildade, da sua condição de criatura humana, moça sequiosa de afeto, prelibando emoções da maternidade, mas não concordaria com o próprio aviltamento em deslealdade ou devassidão.
Apelou para todas as energias de que se reconhecia capaz e, tocada de súbita resistência, arrojou longe o perseguidor que lhe pressionava o busto tremente.
Desembaraçada, o pranto explodiu-lhe quente e doloroso.
Interpelações da alma sincera estouraram, contundentes e francas.
Onde os compromissos do noivado? que fazia da jovem correta que lhe empenhara o destino? trazia, assim, o coração rolando (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 71) tão baixo? não possuía acaso, mãe e irmãs, para as quais exigia valimento e respeito?
Lívido e atarantado, o colega escusou-se, asseverando, impudente,
que não a supunha meninota antiquada.
Estava comprometido, noivo há meses, no entanto – sublinhou, cínico –, a seu modo de ver, era muito natural que ele e ela,
Marita, ainda jovens, desfrutassem o tempo, acrescentando, ainda,
em sua filosofia desabusada, que todo viajante consciente, embora
conheça o caminho certo, é livre para saborear os frutos que pendam de plantas erguidas à margem.
Zombou-lhe das lágrimas e retirou-se, gargalhando, sarcástico,
para depois hostilizá-la em serviço.
Ocorreram outros impedimentos e tentações.
O sobrinho do chefe, bonito rapagão recém-casado, insinuarase, começando por um presente de aniversário e terminando por solicitar-lhe colaboração no escritório, onde pretendeu arrancarlhe atitudes inconfessáveis. Angariara inimigo novo e amargara preterições.
Enquanto isso, observava que Marina se alterara, sensivelmente.
Favorecida pelo devotamento materno, alcançara diploma de contadora, situando-se com manifestas vantagens. E, decerto pelo motivo de ganhar expressivas somas na profissão, sustinha, desajuizadamente, prodigalidades e excessos. Figurinistas de prol,
penteados extravagantes, bebedeiras e tafulices.
Nesse ponto das confidências mudas, o vulto de um jovem raiou, nítido. Ao estampá-lo na paisagem dos mais recônditos pensamentos, transfigurou-se a castigada criança.
Desanuviou-se-lhe o firmamento íntimo. Queixas arredadas, apreensões esquecidas. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 72)
Clareou-se a aura de tal modo, ao refletir o rapaz, que o fenômeno
induzia às mais belas apreciações do entusiasmo poético.
Vaso pensante que incorpora o privilégio de esculpir-se e alindarse, à vontade, para encerrar a flor predileta. Lago consciente, mantendo a faculdade de esconder, de inopino, todos os detritos de suas águas, metamorfoseando-se em espelho suave e cristalino para retratar uma estrela.
Marita amava o escolhido com a firmeza da árvore que se levanta sobre a raiz principal de apoio, com a abnegação das mães, que preferem morrer, felizes no sacrifício extremo, se for essa a condição para que os filhos queridos logrem viver.
Enlevado com o painel, que se configurava qual retábulo vivo, incutindo respeito religioso, interroguei-me, quanto ao lugar onde teria visto quadro idêntico: jovem mulher plasmando aquele rosto no campo mental.
Vasculhei a memória e identifiquei-o. Era o adolescente cujo semblante repontava dos pensamentos de Marina, senhoreandolhe
o coração, de parceria com Nemésio.
Ambas as meninas jaziam espiritualmente imanadas a ele por laços idênticos. Cruzavam-se-lhes as preferências, sócias de análogo destino.
Relanceei o olhar sobre Neves, que me espreitava, atento, exercitando-se em serviço de análise psíquica, percebendo-lhe a
face transida de mágoa.
Bastou recolher-me o sinal e aproximou-se, impulsivo, segredando-me, transtornado:
– Ainda não nos entendemos devidamente. Sabe você quem é este? É meu neto, Gilberto, filho de Beatriz...
Articulei breve aceno, rogando-lhe aguardar ensejo que fosse vantajoso à conversação, e graduei, dentro de mim, os efeitos do impacto emocional. Eu, que me abeirara daquela atormentada (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 73) criança, imaginando-me na posição de um pai socorrendo uma filha, sopitei, a custo, o espanto que me assaltava, para não tresmalhar-me na inconveniência da compaixão destrutiva.
Não sabia de que modo o pesar me doía mais, se ao refletir em Marina, a dividir-se entre pai e filho, ou se ao concentrar a atenção naquela moça triste, profundamente lesada nos tesouros do sentimento.
Estanquei no íntimo as impressões que me sensibilizavam e prossegui, pesquisa adiante.
A muda confissão da jovem avançou em reminiscências vivas e francas.
Conhecera Gilberto, precisamente há seis meses, no gabinete do chefe. Ela prestava informações de serviço, ele representava os interesses do próprio pai, em negócios alusivos à venda de imóveis.
Com que deslumbramento lhe recebera os primeiros olhares afetuosos e indagadores! Elos de intensa afinidade passaram, desde então, a jungi-los um ao outro, sem que lhe fosse possível justificar a sede crescente de comunhão que a dominava.
Para surpresa maior, na excursão inicial que lhes precedera a série de passeios e entretenimentos felizes, soubera, satisfeita, que
Marina, recentemente empregada, se fizera contadora da firma em
que o genitor dele se destacava como sendo a figura mais importante.
Riram-se da coincidência com a ingenuidade de duas crianças.
Marita confiara-se a ele, integralmente. Amava-o, sentia-se amada.
Desde que se lhe apoiara ao braço, pronto a enlaçá-la e protegê-la, mais vastos horizontes se lhe descerraram à alma. Tolerava (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 74) as alfinetadas do cotidiano, transformando-as em notas de perdão e alegria. A Natureza desvendava-lhe encantos novos. Admitia que outra luz se lhe acendera nos olhos, permitindo-lhe descobrir a beleza do mar; detinha, sem explicá-la, certa música nos ouvidos para assinalar, contente e embevecida, as ternas arengas das crianças e as vozes dos passarinhos. Desligara-se do calvário doméstico; o tempo voava, doce, ao coração. O amor correspondido anestesiara-lhe a sensibilidade. Nenhum peso a carregar, nenhuma noção de sacrifício.
Dera-se a Gilberto, copiando a passividade da planta que se rende ao cultivador, da fonte que se entrega ao sedento.
O filho de Nemésio Torres prometera-lhe casamento. Falava do futuro risonho, suscitava-lhe sonhos de maternidade e ventura.
Para fazê-la integralmente feliz, apenas aguardava a melhoria econômica que adivinhava perto.
Apesar de tudo, tinha agora o coração farpeado, abatido.
Convencia-se de que Gilberto se enfastiara, que ambos, precipitados à fome de prazer, haviam colhido, antes do tempo, a flor da felicidade que parecia frustra.
Marina adiantara-se. Sempre Marina...
Na véspera, surpreendera a irmã e Gilberto num colóquio, que não deixava dúvidas. Ouvira-lhes a conversação impregnada de ternura ardente, sem ser pressentida.
Nesse ponto das lembranças amargas, ao modo de ave repentinamente ferida, estirou o corpo desgovernado, abandonando-se a lágrimas convulsas.

CONTINUA AMANHà  

CHICO XAIER - 2ª PARTE

terça-feira, 19 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

A melhor maneira de mudar o padrão de vida é melhorar o padrão de pensamento. É lutando que se consegue o que se quer. Lute pelos bens que deseja

Autor: ndressen (U.S)

MENSAGEM DIÁRIA

Fixe na mente os seus objetivos, seus desejos. Mantenha-se ligado naquilo que você quer em sua vida e não naquilo que você não quer

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 15

CONTINUAÇÃO

Era sozinha em assuntos de seu sexo.
Mãe e filha empenhavam-se, deliberadamente, na abstenção de qualquer parecer, quando se tratasse das incertezas dela na escolha de figurinos. Deixavam-na à revelia de qualquer assistência nos cuidados que uma jovem deve a si mesma, embora Dona Márcia, de quando em quando, a escutasse com ternura maternal, em tudo o que se referia às suas indagações de menina e mulher, necessitada de instrução para a vida íntima.
Quando sobrevinha a possibilidade do intercâmbio afetuoso, certificava-se de que a esposa de Cláudio possuía vasto patrimônio de compreensão e carinho, abafado sob o peso de conveniências e convenções, semelhando tesouro enterrado nas raízes de sólido espinheiro.
Aproveitava-se dessas horas de efusão entre ambas, exibindolhe todas as dúvidas e perplexidades que se lhe estacavam na imaginação, aguardando a brecha propícia.
Dona Márcia afigurava-se largar distâncias e respondia-lhe entre beijos, demonstrando vivamente que o lume da dedicação e da confiança de outros tempos não se lhe arrefecera no coração.
Sorria, encantava-se. Expandia-se-lhe a meiguice maternal, em apontamentos sábios e doces. Suprimia-lhe a insipiência no trato com os problemas começantes da vida feminina, dando-lhe a impressão de haver reencontrado a mãezinha, que acreditara possuir ao pé do berço, quando aquelas mãos belas e finas, agora distanciadas, lhe afagavam a cabeleira.
Entretanto, o momento luminoso escoava-se, rápido.
Marina chegava e turvava-se o ambiente.
Assistia, espantada, à transformação que se operava de improviso.
A interlocutora comprazia-se num espetáculo de personalidade dúplice. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 66)
Ocultava-se a mãezinha espiritual, afável e acolhedora, e aparecia
Dona Márcia, avalentoada e cortês, na atmosfera psíquica.
Inventava, de repente, alguma atividade em aposento vizinho, dava-lhe incumbências a distância, a fim de apartá-la. Assumia ares diferentes. Queixava-se subitamente de dores que, até então, jaziam ignoradas.
Ante a reviravolta, analisava o reverso do quadro.
Ambas, unidas, completavam-se em pequeninas torpezas para deprimi-la, humilhá-la. Diminuta mancha no vestuário constituía razão para sarcasmo; ligeira indisposição orgânica atraía-lhe complicada série de admoestações jocosas e indiscretas. Concediam- lhe, raramente, a honra da companhia para compras no centro.
E se as casas comerciais visitadas não dispunham, eventualmente,
de recursos mobilizáveis na entrega de encomendas, não se pejavam, mãe e filha, de carregá-la com pacotes diversos, exercitando crueldade risonha nos pejorativos com que lhe agravavam o constrangimento e a subalternidade.
Dona Márcia e Marina, juntas, à frente dela, significavam provação inqualificável que lhe competia agüentar em silêncio.
Nesses instantes, sentia o coração descompassado, em desconforto indizível, como se estivesse encantoada num teste de tolerância e paciência, perante examinadores que lhe avaliavam as reações, entre o chiste e a impiedade.
Cedo percebeu que a irmã, filha única, não abriria mão de ínfima
parcela dos mimos caseiros, de que se supunha senhora.
Dominado o segredo de sua origem, modificara a conduta para com ela. Tramava motivos para biografá-la, nas conversações com as amigas, suprimindo, previamente, quaisquer dúvidas, suscetíveis de ocorrer, com relação às duas, no meio social. Criticava-lhe os gostos, as atitudes. E a genitora não fazia mistério na tomada de posição. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 67)
Em separado, não vacilava ceder-lhe a ternura que vinha do passado, enriquecida talvez pela compaixão que ela, moça pobre, inspirava no presente. Isso, porém, exacerbava-lhe a secura. Ansiava repouso em dedicações estáveis. Pesava-lhe a solidão, sem qualquer parente consangüíneo que lhe disputasse os vínculos da amizade. Mensagens aos familiares de Aracélia nunca mereceram resposta. Informações procedentes da remota cidade em que sua mãe nascera inteiraram-na, por fim, de que todos eles haviam demandado outras regiões do país, apetecendo melhor sorte.
Retinha suficiente autocrítica e discernia a situação. Estava só.
Marita, que conjeturava reaver lembranças por impulso deliberado, franqueou o propósito de recrear-se para dar conta de si, como quem se propõe alijar, por momentos, a carga que transporta, a fim de interrogar-se, quanto aos empeços do caminho.
Afrouxamos, com naturalidade, a observação aguda com que lhe acompanhávamos a exposição silenciosa.
Aliviada, indagou de si mesma se não fora o insulamento a causa de exagerar tão cedo a necessidade de companhias diferentes das que lhe traçavam no lar o estreito círculo de provas.
Encerrada nos pensamentos que lhe armavam as fantasias e receando exteriorizá-los, pelo temor do ridículo, recorrera à evasão.
Ave cansada pelo exercício prematuro das próprias asas, inquiria
por que se lhe recusara alimento afetivo no ninho, onde conseguira distendê-las.
Antes, porém, que se acomodasse em algum esconderijo da mente, para fixar-se em contristações inúteis, solicitamo-la a que viesse, por gentileza, em apoio da análise que empreendíamos, no intuito de auxiliá-la e protegê-la. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 68)
Docilmente, retomou as elucidações interrompidas, relacionando os primeiros dias de atividade na profissão de comerciária a que se afizera.
As rememorações externaram-se em jorro.
Entremostrou-nos o movimentado estabelecimento comercial em que Cláudio lhe obtivera a função de balconista. Pequeno mundo da preferência feminina. Bijuterias, perfumes, tecidos leves, roupas feitas.
No dia imediato àquele em que o pai adotivo lhe trouxera da rua um bolo enfeitado com dezessete rosas pequenas, para comemorar-lhe o aniversário, entrara em serviço.
De começo, tudo hesitação e novidade.
Vira-se, depois, atirada aos embates do sentimento. Ligações novas, idéias renovadas.
Aliciara relações confortadoras, expandiram-se-lhe os interesses, permutava confidências, conquistava simpatias.
A imaginação agora se lhe excitava em descontrole, sugerindo-lhe adornar-se com esmero, de modo a se destacar diante do herói que lhe viria, decerto, governar o império emotivo, oferecendo-lhe um lar, pedaço de paraíso em que pudesse anestesiar o coração, desoprimir-se e achar a felicidade.
Menina bisonha, circunscrevia, até então, todos os conhecimentos, em matéria de amor, aos romances em que cinderelas anônimas acabavam em deslumbramento, nos braços de príncipes que as arrancavam da obscuridade para a glória. Entusiasmava-se com novelas e filmes que terminassem pelo altruísmo coroado ou pelas supremas aspirações humanas, convenientemente atendidas.
O destino, entretanto, escarnecera-lhe da inocência.
Comparava o contacto da vida prática a podão implacável que lhe talara todas as flores do jardim de sonhos juvenis.

CONTINUA  AMANHÃ

CHICO XAVIER

segunda-feira, 18 de julho de 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO


ATITUDE NO LAR
________________________________________
Certa vez uma criança de sete anos perguntou à sua mãe, que era famosa apresentadora de programa de TV:
- Mãe, por que na tela da televisão você sempre aparece sorrindo e feliz e em casa está sempre séria e nervosa?
A mãe, pega de surpresa, respondeu:
- É porque na televisão eu sou paga para sorrir.
E a filha, mais que depressa, tornou a perguntar:
- Mãe, quanto você quer ganhar para sorrir também em nossa casa?
A pergunta da garotinha nos oferece motivos de reflexão.
Por que não sorrir no melhor lugar do mundo, que é o nosso lar? Por que não dar para os nossos tesouros mais preciosos, o melhor?
Você já parou para observar um irrigador de grama em funcionamento?
Girando, ele irriga toda a grama à sua volta. Mas quando chegamos mais perto, observamos que a grama que está próxima do irrigador, está seca.
O irrigador molha a grama que está distante de si, mas não consegue molhar a grama que está mais próxima.
Será que em nossa família estamos agindo à semelhança do irrigador de grama?
Se estamos, é hora de mudar com urgência. Verifiquemos que quando um amigo vem à nossa casa, colocamos um sorriso no rosto.
Procuramos ser prestativos, companheiros, perguntamos como ele está, o que tem feito.
Somos extremamente simpáticos. Nosso rosto é a própria expressão da alegria e da camaradagem. Batemos carinhosamente em suas costas. Olhamos com respeito e amizade nos seus olhos. Sorrimos e sorrimos muito.
Toda nossa atenção, durante o tempo em que ele está conosco, é para ele. Deixamos as nossas atividades habituais, largamos o jornal, deixamos de assistir o programa de tv que tanto gostamos. Termina a conversa, o amigo precisa ir embora e despedimo-nos. Acompanhamo-lo até à porta, ficamos acenando até ele desaparecer na rua.
Agora, voltamos para o interior da nossa casa e para nossa família.
Como que num passe de mágica, nosso rosto se fecha, ficamos carrancudos.
Vamos ler nosso jornal em silêncio, e que ninguém nos perturbe. Passamos a ser outra pessoa. Junto ao amigo somos pessoas simpáticas e sorridentes. Junto à nossa família somos antipáticos e exigentes. Por que?
Será que os nossos amores não merecem a nossa atenção e o nosso carinho?
Pense nisso!
Se você se deu conta que está agindo mais ou menos como um irrigador de grama, reverta logo a situação.
Ainda hoje, enquanto você está com seus filhos, sua esposa, seus pais, seja alegre.
Converse. Interesse-se pela vida deles. O que eles fazem enquanto você está na escola, no trabalho, na rua?
Eles estão com algum problema? Gostariam de contar?
Sorria.
Conte histórias de bom conteúdo. Relate fatos de sua experiência. E sorria.
Sobretudo, abrace com carinho, beije com amor.
Agindo assim, nossa casa se transformará em um lar.
E ainda hoje seremos mais felizes.
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na Revista Espírita Allan Kardec ano XII nº 44, pág. 11, O próximo mais próximo, de Alkindar de Oliveira.

PENSAMENTO DO DIA


O segredo da vida não é fazer o que se gosta, mas sim gostar do que se faz

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Se alguém possui mais que você, alegre-se pela felicidade dele. Abra os olhos para as coisas que você possui e valorize-as de todo coração.
Por mais humildes que sejam seus pertences, estes terão imenso valor, se conseguidos com seu trabalho, esforço e amor.
Toda vez que um irmão obter sucesso na vida, parabenize-o e fique feliz por ele, empenhando-se ao máximo para obter o mesmo sucesso.
A inveja gera intrigas e desentendimentos. Livre-se disso.
Um dia, sua recompensa espiritual excederá o valor de todos os bens materiais.

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

Era sozinha em assuntos de seu sexo.
Mãe e filha empenhavam-se, deliberadamente, na abstenção de qualquer parecer, quando se tratasse das incertezas dela na escolha de figurinos. Deixavam-na à revelia de qualquer assistência nos cuidados que uma jovem deve a si mesma, embora Dona Márcia, de quando em quando, a escutasse com ternura maternal, em tudo o que se referia às suas indagações de menina e mulher, necessitada de instrução para a vida íntima.
Quando sobrevinha a possibilidade do intercâmbio afetuoso, certificava-se de que a esposa de Cláudio possuía vasto patrimônio de compreensão e carinho, abafado sob o peso de conveniências e convenções, semelhando tesouro enterrado nas raízes de sólido espinheiro.
Aproveitava-se dessas horas de efusão entre ambas, exibindolhe todas as dúvidas e perplexidades que se lhe estacavam na imaginação, aguardando a brecha propícia.
Dona Márcia afigurava-se largar distâncias e respondia-lhe entre beijos, demonstrando vivamente que o lume da dedicação e da confiança de outros tempos não se lhe arrefecera no coração.
Sorria, encantava-se. Expandia-se-lhe a meiguice maternal, em apontamentos sábios e doces. Suprimia-lhe a insipiência no trato com os problemas começantes da vida feminina, dando-lhe a impressão de haver reencontrado a mãezinha, que acreditara possuir ao pé do berço, quando aquelas mãos belas e finas, agora distanciadas, lhe afagavam a cabeleira.
Entretanto, o momento luminoso escoava-se, rápido.
Marina chegava e turvava-se o ambiente.
Assistia, espantada, à transformação que se operava de improviso.
A interlocutora comprazia-se num espetáculo de personalidade
dúplice. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 66).
Ocultava-se a mãezinha espiritual, afável e acolhedora, e aparecia
Dona Márcia, avalentoada e cortês, na atmosfera psíquica.
Inventava, de repente, alguma atividade em aposento vizinho, dava-lhe incumbências a distância, a fim de apartá-la. Assumia ares diferentes. Queixava-se subitamente de dores que, até então, jaziam ignoradas.
Ante a reviravolta, analisava o reverso do quadro.
Ambas, unidas, completavam-se em pequeninas torpezas para deprimi-la, humilhá-la. Diminuta mancha no vestuário constituía razão para sarcasmo; ligeira indisposição orgânica atraía-lhe complicada série de admoestações jocosas e indiscretas. Concediam-lhe, raramente, a honra da companhia para compras no centro.
E se as casas comerciais visitadas não dispunham, eventualmente,
de recursos mobilizáveis na entrega de encomendas, não se pejavam, mãe e filha, de carregá-la com pacotes diversos, exercitando crueldade risonha nos pejorativos com que lhe agravavam o constrangimento e a subalternidade.
Dona Márcia e Marina, juntas, à frente dela, significavam provação inqualificável que lhe competia agüentar em silêncio.
Nesses instantes, sentia o coração descompassado, em desconforto
indizível, como se estivesse encantoada num teste de tolerância e paciência, perante examinadores que lhe avaliavam as reações, entre o chiste e a impiedade.
Cedo percebeu que a irmã, filha única, não abriria mão de ínfima
parcela dos mimos caseiros, de que se supunha senhora.
Dominado o segredo de sua origem, modificara a conduta para com ela. Tramava motivos para biografá-la, nas conversações com as amigas, suprimindo, previamente, quaisquer dúvidas, suscetíveis de ocorrer, com relação às duas, no meio social. Criticava-lhe os gostos, as atitudes. E a genitora não fazia mistério na tomada de posição. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 67)
Em separado, não vacilava ceder-lhe a ternura que vinha do passado, enriquecida talvez pela compaixão que ela, moça pobre, inspirava no presente. Isso, porém, exacerbava-lhe a secura. Ansiava repouso em dedicações estáveis. Pesava-lhe a solidão, sem qualquer parente consangüíneo que lhe disputasse os vínculos da amizade. Mensagens aos familiares de Aracélia nunca mereceram resposta. Informações procedentes da remota cidade em que sua mãe nascera inteiraram-na, por fim, de que todos eles haviamdemandado outras regiões do país, apetecendo melhor sorte.
Retinha suficiente autocrítica e discernia a situação. Estava só.
Marita, que conjeturava reaver lembranças por impulso deliberado, franqueou o propósito de recrear-se para dar conta de si, como quem se propõe alijar, por momentos, a carga que transporta, a fim de interrogar-se, quanto aos empeços do caminho.
Afrouxamos, com naturalidade, a observação aguda com que lhe acompanhávamos a exposição silenciosa.
Aliviada, indagou de si mesma se não fora o insulamento a causa de exagerar tão cedo a necessidade de companhias diferentes das que lhe traçavam no lar o estreito círculo de provas.
Encerrada nos pensamentos que lhe armavam as fantasias e receando exteriorizá-los, pelo temor do ridículo, recorrera à evasão.
Ave cansada pelo exercício prematuro das próprias asas, inquiria por que se lhe recusara alimento afetivo no ninho, onde conseguira distendê-las.
Antes, porém, que se acomodasse em algum esconderijo da mente, para fixar-se em contristações inúteis, solicitamo-la a que viesse, por gentileza, em apoio da análise que empreendíamos, no intuito de auxiliá-la e protegê-la. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 68).
Docilmente, retomou as elucidações interrompidas, relacionando os primeiros dias de atividade na profissão de comerciária aque se afizera.
As rememorações externaram-se em jorro.
Entremostrou-nos o movimentado estabelecimento comercial em que Cláudio lhe obtivera a função de balconista. Pequeno mundo da preferência feminina. Bijuterias, perfumes, tecidos leves, roupas feitas.
No dia imediato àquele em que o pai adotivo lhe trouxera da
rua um bolo enfeitado com dezessete rosas pequenas, para comemorar-lhe o aniversário, entrara em serviço.
De começo, tudo hesitação e novidade.
Vira-se, depois, atirada aos embates do sentimento. Ligações novas, idéias renovadas.
Aliciara relações confortadoras, expandiram-se-lhe os interesses, permutava confidências, conquistava simpatias.
A imaginação agora se lhe excitava em descontrole, sugerindo-lhe adornar-se com esmero, de modo a se destacar diante do herói que lhe viria, decerto, governar o império emotivo, oferecendo-lhe um lar, pedaço de paraíso em que pudesse anestesiar o coração, desoprimir-se e achar a felicidade.
Menina bisonha, circunscrevia, até então, todos os conhecimentos, em matéria de amor, aos romances em que cinderelas anônimas acabavam em deslumbramento, nos braços de príncipes que as arrancavam da obscuridade para a glória. Entusiasmava-se com novelas e filmes que terminassem pelo altruísmo coroado ou pelas supremas aspirações humanas, convenientemente atendidas.
O destino, entretanto, escarnecera-lhe da inocência.
Comparava o contacto da vida prática a podão implacável que lhe talara todas as flores do jardim de sonhos juvenis.

CONTINUA AMANHÃ

LINHA DO TEMPO - CHICO XAVIER

domingo, 17 de julho de 2011

MENSAGEM SEMANAL

A ESCOLHA DAS PROVAS

Emmanuel

Estudando o problema da escolha de provações da Esfera Espiritual para o círculo das experiências humanas, imaginemos um campo de serviço terrestre em que cada trabalhador é chamado à execução de tarefa específica.
Decerto que, aí dentro, vige a liberdade na razão direta do dever bem cumprido.
O servidor que haja inutilizado deliberadamente as peças do arado que lhe requer devoção e suor gastará tempo em adquirir instrumento análogo com que possa atender à orientação que o dirige.
O lavrador invigilante que tenha permitido por desleixo a incursão de vermes destruidores na plantação que lho define o trabalho, não pode esperar a colheita nobre antes que se consagre à limpeza e preservação da leira que a administração lhe confia.
O cooperador que tenha a infelicidade de envolver-se no crime terá cerceada a sua independência de ação, de vez que será necessário circunscrever-lhe a influência em processo adequado de reajuste.
Entretanto, se o operário fiel da lavoura satisfaz agora todos os requisitos das justas obrigações a que, se vê convocado, sem dúvida, plasma, em seu próprio favor, o direito de indicar por si mesmo o novo passo de serviço na direção do futuro, com pleno assentimento da autoridade superior que lhe traça o roteiro de lutas edificantes.
Assim, pois, além do sepulcro, nem todos desfrutam de improviso a faculdade de escolher o lugar ou a situação em que deva prosseguir no esforço de evolução, porquanto, quase sempre, é imperioso o regresso às sombras da retaguarda para refazer com sofrimento e lágrimas, amargura e aflição o ensejo sublime de acesso à luz.
Se desejas, assim, a marcha vitoriosa para lá dos portais de cinza em que o túmulo se te expressa à visão, afeiçoa-te, com perseverança e lealdade, ao próprio dever, dele fazendo o teu pão espiritual, cada dia, por que para alcançar o triunfo e a elevação de amanhã é indispensável saibamos consagrar-lhes a nossa atenção desde hoje.
Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier
Revista O Semeador – Abril de 1981