sábado, 21 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Sábado, 21 de maio de 2011.

Sábio não é aquele que demonstra sabedoria em suas palavras, mas aquele que demonstra sabedoria em seus atos

Autor: São Gregório

MENSAGEM DIÁRIA

Sábado, 21 de maio de 2011.

Em nome da verdade, a raça humana cometeu seus piores crimes, e julgou impiedosamente o seu próximo. Não caia na tentação de impor seus conceitos - aceite que cada pessoa vê o Universo de maneira diferente

Autor: Paulo Coelho

AS VIDAS DE CHICO XAVIER- HUMBERTO DE CAMPOS - O ESCANDALO - PARTE 1


HUMBERTO DE CAMPOS, O ESCÂNDALO

No início do ano, Chico Xavier abriu um envelope enviado pela Oitava Vara Cível do Rio de Janeiro e levou um susto. A viúva e os três filhos de Humberto de Campos moviam um processo contra ele e a Federação Espírita Brasileira. Como titulares dos direitos autorais da obra do escritor, exigiam explicações. As livrarias espíritas expunham nas prateleiras cinco obras  "ditadas pelo espírito de Humberto de Campos a Francisco Cândido Xavier ", duas delas já em terceira edição sem que ninguém, até aquele momento, tivesse se dignado a conversar sobre dinheiro com eles.
A situação da viúva, Catarina Vergolino, era incômoda: não podia assistir quieta à publicação de livros assinados pelo marido, pois ainda mantinha contrato com a editora da obra produzida por ele em vida, a W. M. Jackson. Diante de seu silêncio, os editores poderiam até pensar que ela lucrasse com os títulos póstumos de Humberto de Campos. Após expor os motivos para o processo, a herdeira do escritor lançou ao tribunal uma questão delicada.
As cinco obras atribuídas ao espírito do escritor foram mesmo ditadas pelo morto?
Catarina era exigente. Pedia "todas as provas científicas possíveis ", exigia demonstrações mediúnicas para  "verificação da sobrevivência e operosidade do espírito de Humberto de Campos, propunha exames gráficos e estilísticos dos textos escritos por Chico Xavier e requisitava depoimentos dos envolvidos, além de provas testemunhais.
Chico ficou em pânico: não poderia convocar espíritos para depor.
A notícia do processo correu por Pedro Leopoldo e desandou em boato: Chico estaria prestes a ser preso. O rapaz teve vontade de correr para o mato e de se esconder atrás da primeira moita. Tremia só de imaginar a cadeia, a humilhação, o escândalo. Rezou, rezou e viu, mais uma vez, Emmanuel. Diante da aparição, iniciou o interrogatório.
Serei preso aqui, em Belo Horizonte ou no Rio? Se for aqui, talvez sofra menos, porque sou conhecido, mas se for no Rio...
O recém chegado não conseguiu disfarçar o riso nem evitar as velhas metáforas.
- Meu filho, você é planta muito fraca para suportar a força das ventanias. Tem ainda muito que lutar para um dia merecer ser preso e morrer pelo Cristo.
O processo prometia. Se o juiz renegasse a autenticidade dos textos, Chico e o presidente da Federação Espírita Brasileira estariam sujeitos a pagar indenização por perdas e danos e a ser presos por falsidade ideológica. Se o "meritíssim"o " reconhecesse os livros como obras do além, atestaria a existência de vida após a morte e teria de decidir se os direitos autorais deveriam, ou não, ser repassados aos herdeiros do morto vivo.
A Federação Espírita Brasileira pediu socorro ao advogado Miguel Timponi. A defesa contestou todos os pedidos da acusação. O argumento básico era simples: não era função do Poder Judiciário declarar, por sentença, se uma obra literária foi escrita ou não por um morto. Um veredicto, contra ou a favor do réu, iria ferir a liberdade religiosa garantida na Constituição.
Resumindo: "O petitório é ilícito e juridicamente impossível".
Apesar de negar a validade do processo, o advogado aproveitou a deixa de Catarina para defender espíritos e espíritas. Como testemunha em favor dos réus, ele "convocou" ninguém menos do que Humberto de Campos (espírito). O "ex-imortal" parecia ter previsto as futuras complicações jurídicas sete anos antes, quando ditou a Chico Xavier o prefácio de seu primeiro livro espírita, Crônicas de Além-Túmulo. No texto, ele comemorava o fato de estar livre dos contratos com sua editora e festejava os privilégios de escritor-fantasma: "Enquanto aí consumia o fosfato do cérebro para acudir aos imperativos do estômago, posso agora dar o volume sem retribuição monetária".
Até os réus Chico Xavier e Federação Espírita Brasileira mereceram elogios. Os dois, segundo Humberto, eram exemplos de honestidade, generosidade e dedicação à assistência social. O dinheiro arrecadado com o livro seria bem usado.
Timponi não só desencadeou este texto como colocou diante dos olhos do juiz um inédito escrito por Chico Xavier e assinado por Humberto de Campos em meio à pendenga judicial. O escritor dava mostras de cansaço no artigo de 15 de julho. Parecia magoado com os filhos:
- Eles não precisavam movimentar o exército dos parágrafos e atormentar o cérebro dos juízes. Que é semelhante reclamação para quem já lhes deu a vida da sua vida?
Que é um nome, simples ajuntamento de sílabas sem maior significação?
Em momento algum citava a viúva.
A imprensa abriu espaço para a polêmica. Chico Xavier voltou às páginas dos grandes jornais com estardalhaço ao lado de notícias sobre a Segunda Guerra Mundial.
As bombas caíam sobre a Europa e sua mediunidade era vasculhada mais uma vez pelos jornalistas.
O escritor Mário Donato assinou um texto nada imparcial em O Estado de S. Paulo, no dia 12 de agosto de 1944. Não tinha dúvidas: "Ou se aceita Humberto subsistindo no outro mundo ou se aceita Chico Xavier valendo por um Humberto e mais meia dúzia de cérebros arquiprivilegiados".
A mãe de Humberto de Campos, Anna Veras, tomou partido do réu em entrevista a O Globo:
- Li emocionada o livro Crônicas de Além-Túmulo e verifiquei que o estilo é o mesmo de Humberto. Se os juizes decidirem que a obra não é dele, mas de Chico, acho que os intelectuais patriotas fariam ato de justiça se aceitassem Francisco Xavier na Academia Brasileira de Letras.
Um acadêmico, o crítico Raimundo Magalhães Júnior, entrou na roda em A Noite.
De olho nos poemas de Parnaso de Além-Túmulo, deu o veredicto: "Se Chico Xavier é um embusteiro, é um embusteiro de talento. Para um homem que fez apenas o curso primário, sua riqueza vocabular é surpreendente".
O cronista Edmundo Lins também se debruçou sobre o livro de poemas para julgar a capacidade de Chico escrever ou não textos ditados pelo espírito de Humberto de Campos. Em artigo em O Globo, ele confessou-se impressionado com os poemas atribuídos a Belmiro Braga. O poeta de Juiz de Fora passou a vida escrevendo quadrinhas, trovas de sabor popular, e ressuscitou no Parnaso de Além-Túmulo como autor de sextilhas, sem perder o tom lírico e satírico, singelo e espontâneo. Se Chico quisesse imitá-lo, por que não adotou a forma habitual do poeta?
Foi necessário um escândalo jurídico para a crítica literária analisar com rigor a obra de Chico Xavier.
O escritor e historiador Garcia Júnior também arriscou palpites em artigo no jornal Correio da Noite. Após ler os vários livros assinados pelo datilógrafo de Pedro Leopoldo, garantiu que, se o rapaz fosse mesmo capaz de criar aqueles textos, não precisaria ser um modesto funcionário da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais:
- Bastaria que Chico Xavier viesse aqui para o Rio, mudasse o seu indumento de pobre para uns bons ternos de cavalheiro abastado e entrasse a freqüentar as rodas intelectuais. Com talento para produzir o que já lhe passou pelo lápis, psicograficamente, ele hoje poderia ufanar-se de ser um dos maiores escritores do Brasil...
Amigos de Chico se empolgaram. Alguns perguntavam ao datilógrafo da Fazenda Modelo se ele aceitaria uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Chico levava na brincadeira.
Já admitem cavalos por lá?
Estava bem mais descontraído. Nem desconfiava do próximo capítulo.
Os críticos esmiuçavam os poemas e as crônicas escritos por Chico Xavier, e o juiz estudava o processo Humberto de Campos, quando a dupla David Nasser-Jean Manzon desembarcou em Pedro Leopoldo. O repórter e o fotógrafo mais ousados e mais temidos da revista O Cruzeiro chegaram à cidade dispostos a   "desvendar o homem Chico Xavier". Missão quase impossível: a privacidade do autor do Parnaso de Além-Túmulo era preservada por um círculo fechado de amigos. Durante o processo na justiça, a vigilância tinha sido redobrada. Fotos, por exemplo, só eram permitidas em sessões públicas no centro espírita.
O desafio era um estímulo. Nasser e Manzon iriam romper o cerco. Mas começaram mal: foram direto para a Fazenda Modelo e deram de cara com Rômulo Joviano. O pedido da entrevista foi negado com um não inflexível.
Chico está exausto e precisa descansar.
Jean Manzon, sempre irônico, sugeriu ao patrão do rapaz umas férias para seu empregado. Como troco, recebeu mais uma resposta atravessada:
- O Chico funcionário nada tem a ver com o outro Chico.
Se quisessem mesmo fazer a entrevista, os jornalistas do Rio teriam de esperar até a sessão pública da sexta-feira seguinte. Era sábado. A dupla tinha mais o que fazer. Não podia ficar plantada na cidade mineira uma semana à espera do matuto. Aqueles caipiras não sabiam com quem estavam lidando.
Nasser e Manzon mereciam respeito. Saíram do Rio a bordo do avião do próprio Assis Chateaubriand, dono do império dos Diários Associados, foram recepcionados em Belo Horizonte por Juscelino Kubitschek e engoliram poeira uma hora e meia seguida na viagem de carro de Belo Horizonte até ali. Ou seja: a hipótese de voltar à redação da revista com as mãos abanando era inadmissível.
Para liquidar o assunto de vez, David Nasser, Jean Manzon e o piloto do avião de Chateaubriand, Henrique Natividade, bolaram um plano infalível. Nasser e Manzon se apresentariam como repórteres americanos e Natividade faria o papel de intérprete da dupla. Chico ficaria seduzido pela idéia de ser notícia internacional e se sentiria mais à vontade diante dos estrangeiros. Afinal de contas, a reportagem seria lida longe dali, longe do Rio.
Havia um porém: Rômulo Joviano. O engenheiro conhecia a identidade deles e podia desmascarar o trio a qualquer momento. Precisavam concluir o serviço antes da chegada do patrão de Chico. Mas, mesmo sendo rápidos, eles ainda corriam perigo. E se Rômulo telefonasse para alertar o empregado? Nasser, Manzon e Natividade tomaram a decisão: cortariam o fio do telefone do entrevistado. Dito e feito.
O truque deu certo. Chico escancarou as portas de casa para os "estrangeiros" e posou para fotos então inéditas na imprensa. Jean Manzon fez a festa. Uma das fotografias estampadas em O Cruzeiro, a revista de maior circulação no país da época, exibia o representante

CONTINUA AMANHÃ

O ESPIRITISMO E SEUS PRINCIPIOS

sexta-feira, 20 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Sexta feira, 20 de maio de 2011.

É praticamente uma lei na vida que, quando uma porta se fecha para nós, outra se abre. A dificuldade está em que, frequentemente, ficamos olhando com tanto pensar a porta fechada, que não vemos aquela que abriu

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Sexta feira, 20 de maio de 2011.

Os nossos conhecidos podem encher as províncias, mas nossos verdadeiros amigos só podem ser poucos

Autor: Desconhecido

AS VIDAS DE CHICO XAVIER- O APRINDIZ DE CURANDEIRO - PARTE 5


CONTINUAÇÃO

só assim ele conseguiria passar para o papel, sem trair a "realidade ", o clima descrito pelo espírito.
O psiquiatra Alberto Lyra arriscou um diagnóstico para casos como esse narrados por Chico Xavier. Em depoimento à revista Realidade, afirmou, já em 1971: "Uma pessoa, contando repetidas vezes um episódio e obtendo para ele o consenso de seu meio, acaba acreditando que ele é de fato verdadeiro, e nunca mais duvidará de que assim seja  ".
Alguns parapsicólogos, como o padre Quevedo, defenderiam a tese de "autohipnose ", capaz de levar Chico ao próprio subconsciente. Diante dos céticos, o rapaz tentaria manter uma postura: a de respeito. "Ninguém é obrigado a acreditar nos fenômenos ", diria aos espíritas indignados com a descrença alheia.
No início, diante das primeiras críticas, ele ficava irritado.
Emmanuel deu um jeito nele com algumas frases contundentes:
- Seu ressentimento é pura vaidade. Você não pode exigir que os outros acreditem naquilo em que você acredita. Ninguém precisa seguir a sua cartilha.
Logo após escrever Nosso Lar, seu décimo nono livro, o próprio Chico quis estudar Psicografia. Pediu a opinião de Emmanuel e foi atendido com uma metáfora bucólica:
- Se a laranjeira quisesse estudar o que se passa com ela na produção das laranjas, com certeza não produziria fruto algum. Vamos trabalhar como se amanhã já não fosse possível fazer nada. Para nós, o que interessa agora é trabalhar.
Chico trabalhava como um louco. Se estivesse no tal Nosso Lar, teria acumulado bateladas de bônus. O trabalho, para ele, era uma obsessão e uma terapia.
Bastava acordar de suas três ou quatro horas de sono diário, quase sempre turbulento, para ser surpreendido por frases e mais frases. Era incontrolável, compulsivo.
Com a cabeça cheia, saltava até a escrivaninha, esparramava parágrafos às pressas no papel e corria para a Fazenda Modelo. À noite, ia para o Centro. Não podia perder tempo.
Depois do almoço, costumava passar vinte minutos à toa, à espera da charrete que o levaria de volta à Fazenda Modelo. O charreteiro sempre se atrasava. Numa tarde, ouviu a voz do poeta Casimiro Cunha, morto em 1914. Ele estava disposto a ditar um livro por dia ao datilógrafo nesses intervalos. Chico engolia a comida, corria para o quarto, se debruçava sobre as páginas em branco. Sua irmã fazia discursos sobre os malefícios de ler e escrever após comer e ele colocava no papel seu décimo oitavo livro.
Cabeça vazia, oficina do diabo. Ele apostava no ditado. E, muitas vezes, receitava o trabalho como cura para a ansiedade, anestesia para a solidão, antídoto contra os obsessores e até como forma de adiar a morte.
O trabalho engrossa o fio da vida repetiria, O trabalho em favor dos outros era um remédio quase milagroso.
Quem alivia é aliviado.
Ele estava sempre às voltas com metáforas ouvidas de Emmanuel. As frases de efeito estimulavam o rapaz a dispensar folgas e feriados. Uma delas comparava o médium a um campo de pouso, o espírito a um avião e ensinava:
- Se a pista não estiver cuidadosamente preparada, a máquina não consegue se ajustar ao pouso necessário.
De vez em quando, Chico ouvia o vozeirão de Emmanuel em seus ouvidos:
- Nada se pode fazer de nada.
Chico nunca usou relógio, para evitar o hábito de medir o tempo de trabalho, e sempre se sentiu culpado ao desperdiçar as horas.
Seu protetor fazia questão de repetir:
- Vamos trabalhar como se amanhã já não fosse possível fazer nada.
Emmanuel era implacável. Numa noite, ou melhor, já à 1h da madrugada, Chico voltava exausto de mais uma sessão no Centro Luiz Gonzaga quando abriu a porta de casa e deu de cara com uma cena nada agradável. Os dois gatos tinham sofrido uma indigestão. A sala parecia um chiqueiro. O mau cheiro estava insuportável. Chico sacudiu os ombros. Pediria a uma das irmãs que fizesse a limpeza na manhã seguinte.
Quando estava a caminho do quarto, escutou a voz do guia:
- Você, que vem de uma reunião espírita, está fugindo da sua obrigação? Está exigindo que uma pobre menina, cansada de trabalhar nas panelas e no tanque para que não lhe falte comida nem roupa lavada, limpe esta sujeira? Você vai pegar um pano, vai trazer água, sabão e vamos lavar.
Chico acatou. Só ele lavou. Emmanuel, de braços cruzados, se limitou a  "passar sabão " no coitado:
- No espiritismo, a pessoa tem que começar estudando nos grandes livros e também lavando as privadas, trabalhando, ajudando os que estão com fome, lavando as feridas de nossos irmãos. Se não tivermos coragem de ajudar na limpeza de um banheiro, de uma privada, nós estaremos estudando os grandes livros da nossa doutrina em vão.
Durante toda a sua vida, ele conservaria o hábito de varrer seu próprio quarto e limpar seu banheiro.
De vez em quando, Chico desanimava. Numa tarde, ele voltava da Fazenda Modelo, a pé e cabisbaixo, rumo a sua casa. Imaginava quando toda aquela trabalheira, cercada de desconfiança, iria terminar. Emmanuel apareceu com mais uma lição. Apontou um lavrador, que capinava, e usou uma metáfora:
- Reparou? A enxada, guiada pelo cultivador, apenas procura servir. Não pergunta se o terreno é seco ou pantanoso, se vai tocar o lodo ou ferir-se entre as pedras. Nós somos a enxada na mão de Jesus. E a enxada que foge ao trabalho cai na tragédia da ferrugem.
Emmanuel estalava o chicote. Rômulo Joviano fincava as esporas. A rotina de Chico era um massacre. Em dezembro, mês de escrever o balanço anual da Fazenda Modelo para enviar ao governo federal, Chico e seus colegas tinham que trabalhar até mesmo aos domingos. Ele ficava sempre com as prestações de contas mais difíceis. Era o melhor escrevente da repartição. Sabia gramática como ninguém e datilografava os textos em velocidade surpreendente, quase sem rasuras, direto no papel. Fazia apenas algumas anotações numa folha ao lado e seguia em frente. Dava aula aos colegas. Seus discípulos eram promovidos e o “mestre " continuava no mesmo lugar. Chico encarava a falta de promoção como uma lição de humildade, uma prova de sua insignificância.
Mas, num dos domingos de plantão, o jovem perdeu a paciência. A caminho do escritório, viu um grupo em torno de uma mesa de sinuca, cercado de garrafas de cerveja, feliz da vida. Como pode? Era muita falta do que fazer. Os marmanjos tentavam encaçapar bolas e ele trabalhava como um louco. A voz de Emmanuel chegou aos seus ouvidos, bem humorada:
- Meu filho, Deus colocou o bilhar no mundo para que certas pessoas não se ocupassem de tarefas piores.
Chico fechava os olhos para a diversão, algumas vezes à força. Numa tarde, ele teve sua conversa com amigos interrompida pelo vozeirão irritado de Emmanuel.
Já era mais do que hora de ele encerrar aquele bate papo, que atravessou a tarde inteira, e se trancar no quarto para escrever. Precisava colocar no papel páginas de um novo livro. Chico, animado, pediu mais alguns minutos. Emmanuel encerrou o assunto. Tinha de ser naquele momento, senão ele iria embora. Não podia perder tanto tempo com trivialidades.
Você fará tudo aproveitando os minutos.
Chico lia, escrevia, estudava, atendia aos doentes no Centro e, todos os sábados, ele e alguns amigos visitavam famílias que moravam embaixo de uma ponte em Pedro Leopoldo. Levavam roupa e comida, comentavam o Evangelho. Um dia, Chico ficou de mãos abanando. Sem donativos, só poderia levar água fluidificada. Os pobres esperavam o pão de toda semana. Chico já estava quase decidido a faltar ao compromisso, quando Emmanuel apareceu e recomendou que ele fosse de qualquer maneira. A ausência dele seria ainda mais frustrante. Enquanto pensava no assunto, indeciso, viu surgir, acima do portal de seu quarto, uma frase resplandecente: "Não vos deixarei órfãos..."
Tomou fôlego, caminhou até a ponte, com o grupo de companheiros, e, desconcertado, explicou aos pobres o problema: só tinham água. Os necessitados tentaram atenuar o constrangimento. Providenciaram uma toalha, estenderam o pano sobre uma laje de cimento e colocaram copos sobre ele. De repente, um senhor apareceu perguntando por Chico Xavier. Um casal de amigos ricos de Belo Horizonte havia mandado donativos. O caminhão estava parado na entrada.
- Onde devo descarregar? - perguntou o recém chegado. Foi uma festa. Sobrou comida até para os doentes da favela ao lado.
O trabalho de assistência social também dividia opiniões. Chico sofreria críticas durante toda a sua vida. Muita gente acusava o espírita de ser demagogo e de se aproveitar da miséria alheia para divulgar a doutrina. Além disso, as doações eram só um paliativo, apenas remediavam o problema. O governo, e não os espíritas, deveria cuidar dos pobres. Chico engolia em seco e investia na caridade. Só mais tarde, com o discurso mais afiado, ele enfrentaria os ataques com argumentos eficientes:
- Se uma casa está pegando fogo, devo enfrentar o incêndio com alguns baldes de água antes da chegada dos bombeiros ou devo cruzar os braços?
- O banho não resolve o problema da higiene no mundo, mas nem por isto vou deixar de me lavar...
Anos depois, ele reforçaria seu arsenal de argumentos com uma resposta emprestada de madre Teresa de Calcutá. Quando perguntaram a ela se não era melhor ensinar a pescar, em vez de dar o peixe, ela disse:
- Muita gente não tem nem força para segurar a vara.
Chico se sentia sob vigilância permanente. Emmanuel, Rômulo Joviano, os jornalistas acompanhavam seus passos a cada instante. Os espíritas estavam atentos a qualquer tropeço seu. Numa das visitas à cunhada, Geni Pena, no hospício em Belo Horizonte, ele foi visto de braços dados com uma mulher. O boato se espalhou. O autor do Parnaso de Além-Túmulo, porta-voz de Humberto de Campos na Terra, estaria perdendo tempo com um romance! Um médium chegou a divulgar longa carta ditada a ele por um espírito indignado com o namoro de Chico Xavier. O mineiro, então com 32 anos, tinha uma missão o espiritismo e deveria se dedicar a ela por inteiro. Uma comissão, formada por três amigos de Chico, foi a Pedro Leopoldo levar conselhos e voltou com uma explicação. A tal mulher, motivo de tanta polêmica, era sua irmã, Zina Xavier Pena. Ele se amparava nela para andar com mais segurança. Seu olho doía demais e ele enxergava cada vez menos.
Naquele tempo, Chico já tinha colocado uma frase atribuída a Emmanuel na cabeça:
- De que vale o perfume preso em um frasco?
Ou seja: de que valeria Chico Xavier preso a uma mulher? Ele deveria se dedicar a multidões. Devia estar à disposição de todos. Sua família era a humanidade.
Companheiros dele, bem casados, exigiam sua dedicação absoluta. Em 1940, nada menos que 500 mil pessoas se declararam "espíritas "  no censo demográfico. Muitas delas foram convertidas graças ao moço de Pedro Leopoldo. Sua responsabilidade era cada vez maior.
Chico sentia o peso. Queria atalhos ou, pelo menos, uma estrada menos acidentada, menos estreita. Emmanuel apareceu com nova lição:
- A estrada larga, pavimentada é mais suscetível a desastres, porque nela a velocidade é ameaçadora. A estrada estreita, entulhada, nos faz caminhar com mais cuidado.
Em 1944, Chico teria a impressão de estar capotando.

CONTINUA AMANHÃ

ALLAN KARDEC - BIOGRAFIA

quinta-feira, 19 de maio de 2011

LUZ DIVINA DE CURA

Saudações Amados Amigos,
Que a Luz do nosso senhor Jesus cristo esteja a brilhar em nossos corações neste momento tão esperado.

Nós aqui nos fizemos presentes com todo nosso coração, Alma, espírito, mente e poder para pedir a permissão da intervenção Divina, e uma dispensação Divina especial para atuarmos na causa dos irmãos enfermos que tanto necessitam de ajuda e cuidados, os quais muitas vezes não são possíveis somente através do tratamento médico material.

Devido a isto aqui estamos predispostos a seguir nesta grande missão de LUZ, com a ajuda de todos os amigos espirituais e materiais que se fazem presentes possibilitando esta nova etapa em nossa caminhada rumo a plena LUZ DIVINA DE CURA que trazemos em nossos corações a mais de milênios, pois esta missão decidimos seguir em um ponto de nossas vidas no qual fomos requisitados com muita gratidão a vós servir. E assim com a ajuda dos que se pré-dispuserem conosco a caminhar.
Em virtude disto oramos com todo nosso coração, Alma e poder, como o corpo de liderança coletiva da Nova Era de Trabalho da Legião Espiritual e Material do LEMA, para todos vocês, os poderes que virão, para ajudar todos os irmãos, que ainda o caminho da Luz estão a procurar. Aprendendo assim esta lição de cura dos sofrimentos e desarmonias materiais e espirituais, através da graça ao invés do karma, de modo que possam seguir nesta pátria com resignação, serenidade, paz e muita LUZ sem sofrer as conseqüências do mau comportamento, da falta de visão aos princípios e leis divinas.

As enfermidades representam uma das maiores forças para nossa evolução. É como se o combalimento do corpo permitisse crescer a luz interior, ou o medo da morte vós aproximasse mais de Deus.

Nos momentos de dor, ou sofrimento quando a doença castiga vossos corpos materiais, então como atitude normal de encarnados, costuma neste momento clamar a Deus, implorando o cessar do sofrimento, dizendo que tendes fé em Deus, que ele vai lhes curar. Mas se a cura não acontece, a fé se abala, porque colocam a cura como condição para a vossa fé, neste momento errôneo que seguem as sintonias contrarias, não possibilitando a LUZ chegar a vossos perispiritos e atuar em prol dos que tanto necessitam.

Ajudar a todos a acordar para a verdade do Espírito e para a compreensão de que todos são encarnações de Deus, nosso grande mestre e pai, pois filhos amados deste nós somos, que aqui estamos a atuar em prol evolução e verdade humana que tanto se faz necessária aos encarnados. Esta elevação conseguimos através da prece, dos sentimentos e atitudes de amor, de confiança, otimismo, fé e alegria, buscando sempre desenvolver os valores nobres do espírito.

Nós pedimos pela ajuda divina de todos aqueles que foram chamados para esta grande missão, para atuarem com todo seu amor, sua sabedoria e poder para abrir os olhos, ouvidos e consciência de forma a tomar uma atitude e assumir a responsabilidade da caridade, com muito amor ao próximo realizar.

Milagres, nem Jesus os fez. Ele usou seus próprios potenciais, sua energia, sua vibração de altíssima freqüência e seus conhecimentos para realizar as curas e demais atos incomuns. Então acredite que também podemos a ele ajudar, pois ele fez do homem sua imagem e semelhança, por esta razão somos onipotentes, oniscientes e onipresentes filhos de DEUS, portanto DEUSES FILHOS.

Paz e Luz.
Juliana pelo Espírito de Alice em: 14/10/2007

PENSAMENTO DO DIA

O inimigo mais terrível é aquele que já foi nosso amigo, pois conhece as nossas fraquezas

Autor: Fernando Guimarães

MENSAGEM DIÁRIA



Ninguém é tão pequeno que não possa ensinar, nem tão grande ao ponto de não ter o que aprender
 

AS VIDAS DE CHICO XAVIER- O APRINDIZ DE CURANDEIRO - PARTE 4

CONTINUAÇÃO

Jesus atendeu ao pedido, curou a menina e convidou Publius a segui-lo. O pai de Flávia agradeceu o convite, virou as costas e saiu de fininho.
Anos depois, abandonou a esposa, Lívia, por suspeitar de sua infidelidade. Cristã, a mulher terminou devorada pelos leões no Circo Máximo, diante dos braços cruzados do ex marido. Resultado: Publius se deu mal cinqüenta anos mais tarde.
Voltou à Terra como o escravo Nestório e terminou seus dias entre os dentes e garras dos leões.
Chico Xavier só conheceria o capítulo mais edificante da biografia de seu mestre em 1949. Emmanuel exibia no currículo uma identidade bem mais honrosa: a do padre Manuel da Nóbrega. Ao lado de José de Anchieta, ele teria desembarcado no Brasil no século XVI para implantar o cristianismo no país. Com algum atraso, começou a pagar sua dívida com Jesus.
Poucos sabiam, mas Chico se sentia ainda mais endividado do que Emmanuel. Naquela história de dois mil anos atrás, ele teria sido Flávia, a leprosa curada por Cristo, a filha de Emmanuel.
O mundo das reencarnações não tem fim nem começo. Alguns espíritas insistem em descobrir quem teriam sido em séculos passados. Chico sempre tentou escapar das especulações com bom humor.
Uma vez, uma senhora chegou perto dele feliz da vida. Tinha feito uma descoberta.
- Fui mártir. Morri na arena devorada por um leão. E você Chico?
- Ah, eu fui a pulga do leão.
Ficava cansado daqueles tantos heróis à sua volta. De vez em quando, um amigo abria um sorriso e se apresentava a ele, orgulhoso, como um ex Napoleão, um ex rei, um ex apóstolo. Ninguém enchia a boca para dizer: "Fui um perdedo ". Todos tinham histórias edificantes para contar.
Chico ouvia as revelações grandiloqüentes e, às vezes, não resistia a uma ironia:
- Eu, aqui, no meio destas cabeças coroadas, com a cabeça decepada.
Ficou feliz da vida quando um vizinho comunicou:
Lá em casa há mais uma criadinha às ordens. Nasceu uma menina e dizem que é o espírito de uma índia que reencarnou. Chico quase bateu palmas:
- Graças a Deus. Até que enfim nasceu uma índia.
Só sentia vontade de vaiar quando alguém especulava sobre as vidas passadas dele. Certo, ele teria sido Flávia mesmo. E daí? Qual a importância disso? O tema, para ele, era pura perda de tempo. Cada um deveria se preocupar com esta vida.
Chico precisava trabalhar. E trabalhava muito para cumprir o combinado com Emmanuel. Em 1941, colocou no papel uma de suas obras preferidas, Paulo e Estevão, ditada por seu guia. Durante oito meses, ele se trancou no porão da casa do patrão Rômulo Joviano, na Fazenda Modelo, após o expediente. Todas as noites, das 17h15 à 1h, desfilaram, diante de seus olhos, numa tela imaginária, cenas de 2 mil anos atrás, seqüências da vida dos apóstolos de Cristo, imagens de Roma antiga.
O trabalho era pesado. Chico preenchia as páginas em branco com textos assinados por seu guia, passava a limpo os originais, datilografava tudo na máquina emprestada pelo patrão e apagava o que tinha escrito a lápis para reaproveitar o papel. O salário continuava curto.
A mulher de Rômulo, Wanda Joviano, mandava uma empregada lhe servir um lanche e escalava um funcionário para deixar o rapaz em casa de charrete. Havia apenas uma condição: ele deveria estar de volta, pontualmente, às 7h30 no dia seguinte.
Enquanto escrevia Paulo e Estevão, Chico teve um companheiro constante e compene-trado: um sapo enorme. No início, o rapaz olhou desconfiado para o bicho. Emmanuel acalmou o protegido. O animal também era filho de Deus, uma forma de transição. Chico se acostumou com o espectador, embora o achasse estranho.
Todas as tardes, o bicho o esperava na entrada do porão, acompanhava-o até a mesa e ficava quieto num canto. Quando o escritor saía, ele saía junto e sumia no mato.
No dia seguinte, estava lá, a postos, pronto para outra. Chico teve crises de choro durante os oito meses de trabalho. Quando pingou o ponto final na obra, viu um espírito desmontar uma espécie de painel, que transformava aquele cômodo numa cabine isolada do mundo. Começou a sentir saudades dos personagens do livro, saudades da viagem no tempo, gratidão a Emmanuel. Precisava agradecer.
Correu os olhos pelo quarto subterrâneo e deparou com o sapo. Tudo resolvido. Encarou o animal e garantiu:
- Irmão sapo, a graça divina há também de brilhar para você.
Daquele dia em diante o bicho sumiu. A Roma antiga também, mas outras imagens nítidas entraram em cartaz no cinema particular do ex matuto de Pedro Leopoldo. Algumas seqüências eram assustadoras. Assombrações o ameaçavam de morte, espíritos encapuzados invadiam seu quarto, visitas com pés caprinos chegavam à beira da cama dele.
Nem sempre seu guia estava por perto.
Numa das  "tardes de folga  " de Emmanuel, Chico escrevia um relatório na Fazenda Modelo quando, de repente, seu rosto ficou branco, quase transparente, e se contraiu.
O datilógrafo deixou escapar um gemido enquanto lançava a mão sobre o ombro.
Parecia infartado. O colega de repartição correu em busca de ajuda e, quando voltou, com um veterinário a tiracolo, encontrou a vítima já recuperada. Quis saber o que houve e escutou uma história mirabolante.
Há dias, dois espíritos ameaçavam matar o autor de Paulo e Estevão. Naquela tarde, eles apareceram de supetão. Um deles sacou um revólver e, sem dizer uma só palavra, apertou o gatilho. Ao ouvir o estampido, Chico saltou para o lado, mas não foi ágil o suficiente para impedir que a bala atingisse seu ombro de raspão. Ninguém viu nem ouviu nada e Chico ficou oito dias seguidos com o ombro dolorido.
De vez em quando, o espírita surpreendia os amigos mais íntimos com revelações espantosas. Numa noite, uma jovem aproximou-se dele no Centro Luiz Gonzaga e reclamou de uma dor de cabeça insuportável. Chico pediu para ela acompanhar a leitura do Evangelho. Foi tiro e queda. A moça ficou boa. A cura repentina recebeu uma explicação surpreendente. A tal mulher havia tido uma discussão violenta com o marido e quase foi agredida por ele com uma bofetada. O golpe foi evitado, mas o marido a atingiu "vibracionalmente ",  provocando uma concentração de fluidos negativos que invadiram seu aparelho auditivo, causando a enxaqueca. Logo que a reunião começou, Dr. Bezerra colocou a mão sobre a cabeça dela e Chico viu sair de dentro de seu ouvido um cordão fluídico escuro, negro, responsável pela dor.
O protegido de Emmanuel tinha os poderes cada vez mais afiados. Em 1943, começou a colocar no papel seu best seller, Nosso Lar, assinado por um tal de André Luiz.
O texto pegou o mineiro de surpresa. Era diferente de tudo o que ele já tinha escrito.
Descrevia o cotidiano numa cidade espiritual próxima à Terra, uma zona de transição fundada por portugueses em algum ponto do espaço, mais perto do Sol do que da Terra, no século XVI. Era para ali, ou para comunidades parecidas com aquela, que muita gente ia após a morte. Nada de céu, de inferno, de purgatório. A população, formada por cerca de 1 milhão de habitantes, vivia às voltas com uma burocracia tão intrincada quanto à terráquea. Os moradores do Nosso Lar se submetiam a regras ditadas por instâncias como a Governadoria Geral, o Ministério da Regeneração, o Ministério do Esclarecimento e o Ministério da Elevação. Mas nem tudo era tédio. O meio de transporte, por exemplo, era bem divertido: um aerobus carro comprido suspenso a cinco metros de altura que parecia ligado a fios invisíveis. Entre os animais à solta na cidade estavam as aves ibis viajores, capazes de devorar as formas mentais odiosas e perversas e de enfrentar, assim, as trevas do Umbral.
O moço de Pedro Leopoldo, acostumado com carroças, charretes e bois, parecia ter se transformado, de repente, em autor de ficção científica.
A trama renderia um bom videogame. Para vencer, basta seguir as instruções: o segredo de sucesso nesta zona de transição é faturar os  "bônus-trabalho ". Quem quiser alcançar níveis superiores de evolução ou se candidatar a uma nova encarnação deve superar os obstáculos. O principal deles é a preguiça. Uma dica é cumprir a cota mínima diária de oito horas de serviço útil. Os mais empenhados podem fazer quatro horas de serão, no máximo. O esforço vale a pena. Quem acumula tempo de trabalho dedicado à assistência aos outros recebe provisões extras de pão e de roupa e ganha certas prerrogativas, como visitas a amigos e parentes também mortos, acesso a locais de lazer e a palestras nas escolas dos ministérios. Mas todo cuidado é pouco.
O Nosso Lar está longe de ser o céu, e o governador geral, longe de ser um anjo.
A cidade já enfrentou conflitos nada celestiais. Um dia, habitantes recém-chegados da Terra se rebelaram contra a escassez de comida e começaram a exigir provisões mais fartas de pão e mais criatividade nas receitas. O clima ficou tenso, a população dividiu-se e abriu espaço para o assédio de multidões de regiões inferiores.
Legiões vindas do Umbral aproveitaram brechas nos serviços de Regeneração para invadir a cidade. Resultado: o governador mandou ligar as baterias elétricas das muralhas da cidade, destinadas à emissão de dardos magnéticos, isolou os rebeldes recalcitrantes em calabouços da Regeneração, fechou provisoriamente o Ministério da Comunicação e proibiu temporariamente os auxílios às regiões inferiores. Por mais de seis meses, os serviços de alimentação foram reduzidos à inalação de princípios vitais da atmosfera, através da respiração, e a água misturada a elementos solares, elétricos e magnéticos.
O livro foi um marco para o espiritismo. Ele convenceu muita gente da necessidade de trabalhar, e muito, em favor dos necessitados. Quem se dedicasse à caridade evoluiria mais depressa. Quem ajudasse o outro se ajudaria. A generosidade poderia soar, às vezes, como egoísmo. Mas o discurso deu bons resultados, estimulou o auxílio aos pobres.
Chico Xavier suou para traduzir aquelas lições do outro mundo. Escutava as frases e titubeava com o lápis na mão, perplexo diante do mundo novo. Numa das noites de trabalho, em julho, ele se sentiu fora do corpo e, durante duas horas, ao lado de André Luiz e de Emmanuel, visitou uma faixa suburbana da cidade descrita por ele. Para Chico, a tal viagem, uma das maiores surpresas de sua vida, não ocorreu por merecimento, mas por necessidade

CONTINUA AMANHÃ

AKKAN KARDEC - SURGIMENTO DO ESPIRITISMO - PARTE 6

quarta-feira, 18 de maio de 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO

                                       Serena confiança

A história é narrada pelo filósofo Huberto Rohden. Ele viajava em um navio rumo à Europa.

A travessia era serena e festiva, marcada pelo conforto e pelo luxo do moderno transatlântico, sobre águas calmas e sob um céu límpido e azul.

De repente, porém, tudo mudou. O que era serenidade e calma se transformou em um violento temporal. Desses que assustam desde os marinheiros de primeira viagem até os mais experimentados.

Com medo, os passageiros se recolheram aos camarotes. O filósofo, porém, preferiu contemplar o espetáculo da natureza.

Em meio a toda aquela confusão a bordo, ele notou uma criança, cuja idade andava entre os seis e os sete anos. A criança estava totalmente despreocupada. Brincava, cantarolava, indiferente ao que acontecia.

Impressionado com a tranqüilidade da criança, o filósofo se aproximou e perguntou: Você não está com medo?

A resposta veio rápida, inocente, e ao mesmo tempo profunda: Não, eu não tenho medo. Papai está no leme.

Quando o temporal passou, a viagem prosseguiu serena para todos. Menos para o filósofo, que não conseguia esquecer a resposta da criança.

Que imensa confiança! Se papai está no leme, nenhum mal pode acontecer.

Papai é mais forte que os ventos, mais forte que as ondas! Não há o que temer!

* * *

A confiança é própria das crianças. Elas se entregam sem temor àqueles em quem confiam. E, pai e mãe representam para elas a maior segurança.

Se todos os homens confiassem em Deus como as crianças confiam em seus pais, mais amena seria a vida, porque essa confiança significa ter fé.

A fé é essa chama divina que aquece o Espírito e lhe dá forças para tudo superar: mágoas, revoltas, traições.

Com fé, o homem sobrevive ao clima de aflição, não se deixando jamais desesperar.

Enquanto outros param à borda do abismo, acreditando que ele seja intransponível, o homem de fé procura passagens diversas para alcançar o outro lado em segurança.

O homem de fé é o que não se inquieta com as notícias que falam de crises e de tempos difíceis. Prossegue trabalhando sem cansaço porque está seguro de que terá forças para vencer.

E para que a fé não esmoreça, ele a sustenta com os valores da reflexão e da prece, porque nenhuma chama prossegue ardendo sem combustível para sustentá-la.

* * *

Jesus usou a figura do grão de mostarda para falar a respeito da fé, afirmando que quem a possuísse daquele tamanho, poderia remover montanhas.

E a mulher, portadora de hemorragia há vários anos, provou ser verdade. Bastou-lhe tocar a barra do manto de Jesus para ficar curada da sua problemática.

Assim como deram prova de fé Jairo, que veio rogar a Jesus pela cura de sua filha e o soldado que Lhe veio pedir por seu servidor de muitos anos.

Todos, por terem fé, movimentaram forças interiores que atraíram as energias curativas de Jesus, atingindo os objetivos que buscavam: a saúde daqueles a quem amavam.

PENSAMENTO DO DIA

Quarta feira, 18 de maio de 2011.

A mais alta vingança de uma injúria é o esquecimento

Autor: Francis Bacon

MENSAGEM DIÁRIA

Quarta feira, 18 de maio de 2011.

Isto é a liberdade: sentir o que o seu coração deseja, independente da opinião dos outros

Autor: Paulo Coelho

AS VIDAS DE CHICO XAVIER- O APRINDIZ DE CURANDEIRO - PARTE 3

CONTINUAÇÃO

Numa noite, Chico foi chamado às pressas pela família. José tinha desmaiado e estava mal. Quando chegou à casa do irmão, o médico lhe deu uma esperança:
- José vai voltar.
A alegria durou segundos. Logo, ele ouviu um desconsolo de Emmanuel:
- Ele vai voltar, mas não vai reconhecer ninguém. Consta de suas provas cármicas que ele deve ficar onze anos num hospício.
Algumas horas se passaram e Chico viu, em volta da cama do irmão, um círculo de espíritos. Era uma assembléia. A explicação veio do amigo invisível:
- José conversou com tantos obsediados estes anos todos... Vamos pedir ao Senhor que sua dedicação seja levada em consideração e, em vez de ficar todos esses anos alienado, ele desencarne já.
Minutos depois, Chico foi surpreendido por outra visão:
- José se desprendeu do próprio corpo e, como uma cópia de si mesmo, se levantou e sumiu.
O velório foi constrangedor. João Cândido Xavier estava inconformado. Encarava as pessoas, muitas delas em busca das receitas de Chico, e gritava:
- Vieram aqui para se curar? Vocês não enxergam? Ele não cura ninguém. Não curou nem o próprio irmão. Voltem para casa. Deixem de ser idiotas.
José Cândido não entendia, por exemplo, por que o tal Dr. Bezerra de Menezes não curava de uma vez a catarata no olho esquerdo do filho. As dores aumentavam, Chico sofria, corria o risco de ficar cego. Onde estavam os milagres? Por que os espíritos viravam as costas para quem os ajudava todos os dias? Era ingratidão demais.
Numa noite, se contorcendo de dor, o próprio Chico tomou coragem e pediu socorro a Emmanuel. Não agüentava mais aquela agonia na vista. Se fosse saudável, poderia aumentar a produção de livros. Ouviu mais uma resposta dura.
- Sua condição não exonera você da necessidade de lutar e sofrer, em seu próprio benefício, como acontece às outras criaturas. Se nem Cristo teve privilégios, por que você os teria?
Chico devia carregar suas cruzes sem resmungos, como um dublê de Jesus.
Seu olho às vezes sangrava. Durante uma das crises, ele ficou dois dias em casa deitado no fim de semana. Teve o repouso interrompido pela aparição de Emmanuel.
- Por que você está aí parado?
- O senhor não vê que meu olho está doente?
- E o que o outro está fazendo? Ter dois olhos é um luxo.
Em pouco tempo, Chico definiria a "enfermidade " como a  "melhor enfermeira ", agradeceria a Deus por suas dores e abençoaria o sofrimento como forma de evolução, uma maneira de resgatar dívidas de encarnações anteriores e de compensar escorregões da temporada atual. Difícil era se conformar com a falta de apoio de Emmanuel em momentos críticos. Em 1940, ele enfrentou outra prova médica. De repente, deixou de urinar. A bexiga inchou e o doente, como simples mortal, procurou um médico em vez de recorrer aos céus. O diagnóstico não foi nada animador. Se a retenção urinária se prolongasse por mais 24 horas, o ataque de uremia seria inevitável e fatal.
Diante da perspectiva da morte, Chico pediu ajuda a Emmanuel. Desta vez, nem insinuou um pedido de cura. Queria apenas ser recebido por ele no  "outro mund ".
Nada feito. Emmanuel tinha mais o que fazer.
Estarei ocupado. Mas se você sentir que a hora chegou, recorra aos amigos do Luiz Gonzaga e, depois, não se descuide das sessões de quarta-feira [dedicadas aos espíritos sofredores]. Espere pacientemente a sua vez de ser atendido. Você não é melhor do que os outros.
Chico se livrou da retenção urinária e, aliviado, se animou até a criar uma letra para a marcha composta por seu companheiro de trabalho, Oswaldo Gonçalo do Carmo, autor do hino de Pedro Leopoldo. Escreveu Nossa Festa e, para evitar o assédio da crítica, atribuiu os versos a uma amiga dos dois, Maria Geralda Carrusca, a Zinha, que tinha ajudado em algumas rimas. Nem sinal de Augusto dos Anjos no poema.
Muita música, maestro
No programa colossal
Todo Sete de Setembro
É nossa data ideal
Cantemos a nossa festa
que alegria não faz mal
Pandeiros e tamborins
Cantemos de coração
É mais um ano que passa
De harmonia e vibração
Marchas, sambas, rumbas, foxes
Nossa gente é do barulho
Cantemos a noite inteira
Nosso jazz é nosso orgulho.
Chico tinha pouco tempo para estripulias profanas. Carregava um vulcão na cabeça. As erupções, incessantes, geravam bateladas de livros. Em 1940, ele lançou três novos títulos ainda faltavam dezenove para ele atingir a cota de trinta combinada com Emmanuel. Mas os romances e poemas do além causavam menos impacto do que os textos que ele começava a escrever em sessões realizadas entre amigos espíritas: os recados enviados do céu por parentes mortos a suas famílias.
Naquele ano, Chico colocou no papel uma carta assinada por um garoto de onze anos, Sílvio Lessa, destinada a seu pai, Amaro. O menino tinha morrido e mandava lembranças do outro mundo. Estava feliz. Sua morte foi útil.
Graças ao sofrimento provocado por ela, seu pai se aproximou do espiritismo e passou a ajudar crianças pobres. Sílvio estimulava a caridade paterna no texto escrito por Chico:  "Quando for em auxílio dos pequeninos desfavorecidos pelo mundo, o seu coração há de me ver no sorriso de todas as crianças a quem estimar como seus próprios filhos..."
Para os críticos distanciados, o texto pecava por pieguice.
Para a família, as frases provavam a sobrevivência do morto e davam novo sentido à vida.
O pai apostou em cada palavra da carta:
- Ela é absolutamente autêntica. Sílvio tocou em pontos absolutamente desconhecidos, mesmo de muitas pessoas de nossa família, cuja realidade é indiscutível.
Em sua carta, o garoto contava uma parábola indiana ouvida no colégio. A história era exemplar: um camponês tentava atravessar um rio com uma vaca e um bezerrinho.
Mas a vaca se recusava a fazer a travessia. Ele empurrava, puxava, chicoteava o animal, mas nada. Exausto, após várias tentativas frustradas de mover o bicho, ele segurou o bezerro nos braços e atravessou o ribeirão. Para alcançar o filhote, a vaca finalmente se mexeu e passou de uma margem à outra.
A parábola guardava uma lição dolorosa: o afastamento, ou melhor, a morte de um filho, serviria, muitas vezes, para levar a pessoa ao outro lado da vida. Ao espiritismo, por exemplo. As chamadas "mensagens particulares "  ainda eram raras. Só a partir de 1967, após completar quarenta anos de contatos com o além, Chico receberia em sessões públicas, todas as semanas e em série, os recados de mortos para a família. Muitos céticos seriam convertidos.
As sessões com a presença do Dr. Bezerra de Menezes e os recados do outro mundo serviam à divulgação do espiritismo. As pessoas chegavam em Pedro Leopoldo em busca de ajuda médica, de conselhos espirituais ou de textos do além e voltavam para casa com livros embaixo do braço. De autógrafo em autógrafo, Chico difundia as lições de Allan Kardec, defendia a vida após a morte, consolava. Mas às vezes ficava inconsolável.
Em 1941, a viúva de José Cândido Xavier, Geni Pena, enlouqueceu. As rezas, os passes, as sessões de leitura do Evangelho no Centro Luiz Gonzaga foram inúteis. Chico teve de internar a cunhada num hospício em Belo Horizonte. Arrasado, ele acompanhou a doente até o quarto, ficou ao seu lado algumas horas e voltou para casa à noite.
Estava arrasado. O filho caçula da moça, paralítico, chorava na cama, sozinho.
Chico se ajoelhou e começou a rezar. As lágrimas corriam, ele se lembrava do irmão, se sentia culpado, impotente.
De repente, Emmanuel entrou em cena, incomodado com a choradeira:
- Por que você chora?
Chico contou o drama da cunhada, lamentou a situação do sobrinho e foi interrompido por um sermão do recém-chegado:
- Não. Você está chorando por seu orgulho ferido. Você aqui tem sido instrumento para cura de alguns casos de obsessão, para a melhoria de muitos desequilibrados.
Quando aprouve ao Senhor que a provação viesse para debaixo de seu teto, você está com o coração ferido, porque foi obrigado a recorrer à assistência médica, o que, aliás, é muito natural. Uma casa de saúde mental, um hospício, é uma casa de Deus.
Chico ouviu as críticas em silêncio, mas, entre um soluço e outro, pediu a recuperação da cunhada o mais rápido possível. O discurso se estendeu:
- Imaginemos a Terra como sendo o Palácio da Justiça, e a mulher de José como sendo uma pessoa incursa em determinada sentença da justiça. Eu sou o advogado dela e você é serventuário do Palácio da Justiça. Nós estamos aqui para rasgar ou para cumprir o processo?
Para cumprir respondeu Chico e, ainda aos prantos, insistiu: O senhor tem que saber que ela é minha irmã também.
Emmanuel perdeu a paciência de vez:
- Eu me admiro muito, porque, antes dela, você tinha lá dentro, naquela casa de saúde, trezentas irmãs e nunca vi você ir lá chorar por nenhuma. A dor Xavier não é maior do que a dor Almeida, do que a dor Pires, do que a dor Soares, a dor de toda a família que tem um doente. Se você quer mesmo seguir a doutrina que professa, em vez de chorar por sua cunhada, tome o seu lugar ao lado da criança que está doente, precisando de calor humano. Substitua nossa irmã e exerça, assim, a fraternidade.
Chico engoliu o choro, enxugou o rosto e abraçou o sobrinho.
Com os braços e pernas atrofiados, a expressão atormentada, o filho de Geni Pena, Emmanuel Luiz, era o retrato do sofrimento. Revirava-se na cama, contorcia-se em convulsões, sacudia-se em crises de choro. Um amigo de Chico ficou impressionado com o estado da criança. Como Deus, tão onipotente, admitia tanta dor?
A resposta veio de acordo com a lógica espírita: você colhe o que planta. Cada um volta à Terra com as seqüelas provocadas por si mesmo em vidas anteriores.
Deus não tinha nada a ver com as tragédias alheias. Cada um é responsável pelo próprio céu ou inferno. Emmanuel repetiria a Chico várias vezes:
- O ontem fala mais alto do que podemos admitir no tempo que chamamos hoje.
Na roda viva das reencarnações, tragédias se sucediam. Chico fazia incursões pelo mundo cão. De vez em quando, visitava um jovem deformado num barraco à beira de um matagal. Paralítico, ausente, ele vegetava sobre a cama. Sua mãe, doente, já não tinha forças para cuidar dele. O protegido de Emmanuel arregaçava as mangas, ajudava a dar banho no rapaz e a alimentá-lo. Um médico, diante de quadro tão desolador, chegou a sugerir a eutanásia.
Chico mudou de assunto e deu uma explicação estranha para tanto sofrimento.
Em sua última temporada no planeta, o infeliz tinha sido responsável pela tortura e morte de uma multidão de inocentes. Sua herança: uma legião de inimigos raivosos, loucos por vingança. Quando ele morreu, suas vítimas o agarraram e o torturaram de todas as maneiras durante vários anos. O corpo disforme e mutilado representava um abrigo contra os inimigos do outro mundo.
Enquanto ele dormia, seu espírito se desprendia do corpo, saía mundo afora e era atacado pelos adversários. Aterrorizado, em pânico, ele voltava para a tranqüilidade de seu organismo destroçado e se refugiava ali, entre os próprios escombros. A deformidade funcionava como esconderijo. A debilidade servia como fortaleza.
Chico deixava os amigos boquiabertos com histórias como esta. Para muitos, o autor do Parnaso de Além Túmulo tinha acesso a dados privilegiados sobre as vidas passadas de cada um. Mas o vidente evitava desperdiçar revelações. Só abria exceções em casos críticos. Como o da mãe desesperada no Centro Luiz Gonzaga, com restos do filho no colo:
- Meu filho nasceu surdo, mudo, cego e sem os dois braços. Agora está com uma doença nas pernas e os médicos querem amputar as duas para salvar a vida dele.
Chico pensava numa resposta, quando ouviu o vozeirão de Emmanuel:
- Explique à nossa irmã que este nosso irmão em seus braços suicidou-se nas dez últimas encarnações e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente. Agora que está aproximadamente com cinco anos, procura um rio, um precipício para se atirar. Avise que os médicos estão com a razão. As duas pernas dele serão amputadas, em seu próprio benefício.
A lei de causa e efeito é implacável no espiritismo.
Que o diga Emmanuel. Quem leu o livro Há Dois Mil Anos ditado a Chico por seu tutor invisível oito anos após o primeiro encontro dos dois levou um susto. O conselheiro do rapaz estava longe de ser santo. Na pele do prepotente senador Publius Lentulus, ele teve um único contato com Jesus. Numa noite, protegido pela escuridão, abriu mão de seu orgulho e correu até as margens do lago Tiberíades para pedir socorro a Cristo. Sua filha, Flávia, sofria com lepra e corria risco de vida.

CONTINUA AMANHÃ