sábado, 10 de novembro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
A alma: 
 
Ó minha alma, em tudo e acima de tudo descansa sempre no Senhor, porque ele é o eterno repouso dos santos. 
 
Dai-me, ó dulcíssimo e amantíssimo Jesus, que eu descanse em vós mais que em toda criatura; mais que na saúde e formosura; mais que na glória e honra, no poder e dignidade; mais que em toda ciência e sutileza; mais que em todas as riquezas e artes; mais que na alegria e no divertimento; mais que na fama e no louvor; mais que nas doçuras e consolações, esperanças e promessas, desejos e méritos; mais que em todos os dons e dádivas que me podeis dar e infundir; mais que em todo gozo e alegria que minha alma possa experimentar e sentir; finalmente, mais que nos anjos e arcanjos e todo o exército celeste; acima de todo o visível e invisível, acima, enfim, de tudo aquilo que vós, meu Deus, não sois. ( Como se deve descansar em Deus sobre todos os bens e dons)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.




PENSAMENTO DO DIA



Diz uma lenda chinesa que amizades verdadeiras são como árvores de raízes profundas: nenhuma tempestade consegue arrancar.
 

MENSAGEM DIÁRIA



Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

O farmacêutico, sem qualquer prevenção, confirmou. Sim, talvez tivesse no estoque alguns desses anestésicos de elevada potência e salientou que se a cadelinha fora condenada pelo veterinário não deveria ser conservada.
Convencido pelas informações reiteradas da moça, dirigiu-se a pequeno depósito, procurando, procurando...
Nisso, Félix e eu abordamo-lo, mentalmente.
O paternal benfeitor rogou-lhe examinasse a situação. Fitasse aquela menina, assim fatigada e só, além das dez horas da noite, longe de casa. Despenteada, olheiras fundas, sem bolsa, sem agasalho. Ele também, Salomão, era pai e avô sensível. Não desse orientação em torno de venenos. Tivesse cuidado. Sossegasse aquela criança abatida com algum soporífero, fazendo-a admitir que levava o agente letal. Mentisse por piedade, mostrasse compaixão, adiando entendimento mais claro para depois.
Aquele homem, com toda a certeza, se agrisalhara em rudes experiências para adquirir a sensibilidade aguçada com que nos assimilou os apelos, porque, de imediato, se enterneceu. Voltouse, discretamente, para o balcão e mirou a freguesa, pela porta semicerrada, espantando-se ao vê-la, num instante como aquele em que não se supunha observada.
Marita afigurou-se-lhe uma peça do museu de cera, amarrotada, inerte. Somente os olhos, embora parados, se evidenciavam ativos, em razão das lágrimas copiosas.
“Oh! meu Deus” – refletiu ele, desconsolado –, “isso não é coriza, isso é dor moral, dor terrível!...”
Salomão renunciou à pesquisa iniciada e sacou de largo recipiente de vidro alguns sedativos comuns e tornou-lhe à presença.
Fingiu despreocupação e apresentou-lhe os comprimidos, asseverando:

– São estes. Para a cachorrinha, no estado de que você fala, basta um.
– Tão violento assim? – perguntou a jovem, diligenciando reanimar-se.
– Isso é uma bomba de aplicação muito rara.
Aparentando-se embaído, para angariar-lhe a confiança, o boticário paternal alegou, porém, que só forneceria ante a receita médica. A responsabilidade pesava-lhe, muito grande.
Ela, contudo, insistiu. Que o farmacêutico não duvidasse. O veterinário assinaria o papel. Consultou se poderia adquirir dez unidades. Melhor agir na certa. Não agüentava mais os gemidos ao pé do leito.
Salomão refletiu, refletiu... Voltou ao depósito e escolheu dez comprimidos calmantes, de potencialidade suave. Se ingeridos por ela, funcionariam beneficamente, prodigalizando-lhe sono reparador.
Marita agradeceu e despediu-se.
Salomão recomendou-lhe repouso, juízo.
Seguimo-la, de perto.
Vagarosa, atravessou dois quarteirões pela frente, ganhou a Avenida Atlântica e acolheu-se num bar.
Solicitou um copo de água simples, sem gás, em recipiente de plástico. Delicadamente atendida, transpôs o asfalto, pulou do calçamento de pedra no lençol argenteado de areia e acomodou-se no lugar que lhe pareceu mais escuro...
Aspirava a morrer, ao pé do mar, daquele mar sereno e bom que nunca a enjeitara, refletia com lágrimas... Queria partir, contemplando aquele mar que a beijava sem malícia...
Antes do gesto que considerava supremo, recordou a mãezinha que não conhecera e supôs-se mais infeliz. A genitora, não obstante desprezada pelo homem a quem se entregara, conseguira um teto para o momento do grande adeus. Ela não. Fora maltratada, espezinhada, escorraçada. Devia partir do mundo com um nome emprestado que detestava, agora... Classificava-se por lixo da terra, supunha desafogar a todos, renunciando à existência.
Rememorou as manhãs felizes em que desfrutara, ali mesmo, tantas vezes, o ar puro que vinha das águas e o agasalho do Sol.
Parecia rever a massa domingueira, fraternalmente confundida na carícia da espuma. Atenta, imaginava-se ouvindo, de novo, a algazarra das crianças, lançando a bola ou manejando a peteca...
Sim, não possuía um lar para morrer, mas dispunha da praia, hospitaleira e amiga, que reunia desconhecidos, aos milhares, sem nunca fazer-lhes perguntas indiscretas, a todos abraçando por verdadeiros irmãos...
Lamentou-se e chorou, longo tempo, enquanto Félix e eu esperávamos que dormisse para enfrentarmos os problemas eventuais.
Marita despejou os dez comprimidos na boca e engoliu-os de um sorvo com água pura. Em seguida, arrimou-se no encosto do passeio de pedra, qual se se dispusesse a meditar... Dos olhos, penderam as lágrimas que ela acreditou fossem as últimas e deixou que a brisa lhe afagasse os cabelos.
Brando torpor anestesiou-a.
Consultamos o horário. Cinqüenta e cinco minutos depois da meia-noite.
Félix orou por instantes.
Não pude compreender, de imediato, se por obrigações de vigilância ou se correspondendo aos apelos do instrutor, dois rondantes desencarnados apareceram, ofertando serviço. Félix aceitou, reconhecido, e, enquanto os recém-chegados passaram a velar, ele e eu empreendemos a tarefa restaurativa. Providências

CONTINUA AMANHÃ

DIVALDO FRANCO BEZERRA DE MENEZES - PARTE 1

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Caridade se deve ter para com todos; mas não convém ter com todos a familiaridade. 
 
Sucede, freqüentemente, gozar de boa reputação pessoa desconhecida que, na sua presença, desagrada aos olhos dos que a vêem. 
 
Julgamos, às vezes, agradar aos outros com a nossa intimidade, mas antes os aborrecemos com os defeitos que em nós vão descobrindo. (Como se deve evitar a excessiva familiaridade)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.




PENSAMENTO DO DIA



Um ser sereno é aquele que trás em si a leveza e a grandeza de seu próprio ser. É aquele que luta pela paz interior, pelo controle de seus pensamentos, para que flua apenas o amor e a compreensão. Seja um ser sereno.
 

MENSAGEM DIÁRIA



Tudo estará pronto quando antes o espírito estiver pronto.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

– Escrevi um bilhete, prometendo vê-la, mas combinei com o velho para que ele mesmo fosse buscá-la. Ele mesmo é quem propôs a solução. Você sabe, não podia deixar de atendê-lo... Primeira vez.
– Estou perplexa, nervosa... Não compreendo...
– Ele me pediu escrever aceitando, para que Marita não ficasse chocada. Disse que ela tem estado borocoxô e prometeu que ele iria procurá-la, de modo a dar conselhos e a reanimá-la com uma boa notícia, uma excursão à Argentina...
– Como?
– Olhe lá, Argentina... Uma viagem para a Argentina...
Uma risada seguiu-se e, depois dela, a consideração sarcástica:
– Sanatório, meu bem. Sanatório ou hospício. Para Marita, só
sanatório e, quanto mais longe, melhor!... Argentina para uma e Petrópolis para dois...
Nesse ponto da entrevista, a jovem baqueou.
Debruçou-se na cantoneira, inabilitada a retomar o fone, à vista dos soluços que lhe rebentavam do peito.
Escutávamos, nitidamente, a voz do rapaz, a distância, gritando:
– Marina! Marina! diga o que há, diga, diga!...
A pequenina mão encharcada de lágrimas, no entanto, repôs o fone no gancho, com a tristeza de quem cerrava, em definitivo, as portas do coração.
A moça dedicou alguns minutos ao refazimento, reconstituiu, quanto possível, a tranqüilidade fisionômica e tornou à sala.
Embaraçada, referiu-se ao dinheiro emprestado. Que Dona Cora lhe perdoasse o incômodo. Se não pudesse voltar em pessoa, no dia seguinte, a companheira de seção na loja, Neli, que lhes era também íntima, faria o pagamento, considerando-se a hipótese de ela, Marita, não se achar em serviço. Bastaria procurar.
Dona Cora riu-se, cordial. Não pensasse naquilo.
Prestimosa, estendeu-lhe o café que ela aceitou, constrangida.
Conversa vai, conversa vem, a amiga estranhou-lhe o abatimento, a palidez, os olhos que não cessavam de chorar. Marita explicouse, ensaiando um sorriso que não chegou a debuxar-se. Alegou-se gripada. Tinha coriza renitente, coriza brava. E, a propósito, indagou se ela julgava possível encontrar ainda o senhor Salomão, naquele instante, depois das dez, na farmácia vizinha. Gostaria de se aconselhar com ele sobre um antigripal. Trazia a cabeça pesada, os pulmões doloridos.
A delicada anfitriã pediu um momento e correu ao telefone para voltar, quase de imediato, dizendo que o farmacêutico a esperaria. Estava a sair do plantão, que ela não se delongasse.
Marita agradeceu, despediu-se e seguimo-la, passo a passo.
O senhor Salomão, velhinho calmo e complacente, em cujo olhar se adivinhava a brandura dos que se fazem servidores espontâneos da Humanidade nos encargos que exercem, acolheu-a, solícito.
Ocultando os intentos recônditos, a recém-chegada falou-lhe do resfriado. Afirmou sentir dores, vertigens. O boticário, de modos antigos, habituado ao ofício a representar-se de médico para os amigos, nos casos sem maior importância, pediu-lhe mostrasse a língua. Examinou-a com a prática de muitos anos, ao pé de enfermos, sem achar motivo de preocupação. Aplicou o termômetro.
Nenhuma febre.
Sorriu, paternal, e aconselhou-a a ir para a casa, descansar.
Não deveria aceitar serviço extra, até aquela hora da noite, comentou bonachão, e acrescentou que ela facilmente encontraria remédios para comprar, mas não a saúde. Indicou-lhe aspirina para a nevralgia, que supunha em ação, e... repouso.
A jovem recolheu os medicamentos, fez o gesto de quem se inclinava a retirar-se, satisfeita, e voltou à carga, aparentando recordar uma providência esquecida.
– Salomão – disse com decidida curiosidade a transparecerlhe da voz -, não sei se você está lembrado de “Jóia,” a minha velha cadelinha, que os meninos algumas vezes abraçaram na praia...
– Como não? Aquela inteligência de animal, brincando de esconder!...
Até hoje, os netos imitam o andar de gatinhas que ela
inventou...
– Pois é – prosseguiu Marita, afetando pena -, nossa pequena
“Jóia” está no fim...
– Que foi?
– O veterinário explicou, mas não guardei o nome da moléstia, doença incurável. Grita sem pausa, um martírio.
Continuando, falou para Salomão que o bichinho se tornara problema no apartamento. O síndico reclamara várias vezes.
Vizinhos andavam contrafeitos. Os pais aguardavam que o veterinário amigo voltasse de São Paulo, a fim de que se aplicasse a eutanásia; entretanto, haviam autorizado tanto a ela, quanto à irmã, o emprego de algum remédio que pudesse trazer o descanso final. “Jóia” estava abatida, gasta. Lamentava perdê-la, fora-lhe companheira, no Flamengo, desde quando se ausentara da escola, simples menina. Ainda assim, aditava, era preciso enfrentar os fatos e poupar ao animalzinho maiores sofrimentos. Não teria o amigo algumas pílulas adequadas? Ouvira referências a comprimidos que, administrados em dose alta, propiciavam a morte, absolutamente sem dor; no entanto, não lhes conhecia o nome.

CONTINUA AMANHÃ

DIVALDO FRANCO - ALMA GEMEA, CARMA, SOFRIMENTO - PARTE 3/3


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Ó meu Jesus, esposo diletíssimo, amante puríssimo, senhor absoluto de toda a criação, quem me dera às asas da verdadeira liberdade para voar e repousar em vós! 
 
Oh! Quando me será concedido ocupar-me totalmente de vós e experimentar vossa doçura, Senhor meu Deus! 
 
Quando estarei tão perfeitamente recolhido em vós, que não me sinta a mim mesmo por vosso amor, mas só a vós, acima de toda sensação e medida, que nem todos conhecem! 
 
Agora, porém, não cesso de gemer, e levo, cheio de dor, o peso de minha infelicidade; pois neste vale de lágrimas sucedem tantos males, que muitas vezes me perturbam, entristecem e anuviam a alma; outras vezes me embaraçam, distraem, atraem e emaranham, para me impossibilitar vosso acesso e me privar das doces carícias, que gozam sempre os espíritos bemaventurados! 
 
Deixai-vos enternecer por meus suspiros e tantas amarguras que padeço nesta terra. ( Como se deve descansar em Deus sobre todos os bens e dons)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.