sábado, 13 de agosto de 2011

PALESTRA ESPIRITA - MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA - 3ª PARTE


PENSAMENTO DO DIA


Por mais longa que seja a noite, o sol volta sempre a brilhar. Evitar a felicidade com medo que ela acabe, é o melhor meio de ser infeliz

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Existem as pessoas suaves, que sabem dosar a energia e tudo conseguem. São as criaturas que não falam muito, mas agem bastante. Enquanto muitos ainda se encontram à mesa das discussões para a tomada de decisões, elas já se encontram a postos, agindo..

Autor: Desconhecido

PALESTRAS ESPÍRITAS - MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA - PARTE 3


CONTINUAÇÃO

remédios para comprar, mas não a saúde. Indicou-lhe aspirinapara a nevralgia, que supunha em ação, e... repouso.
A jovem recolheu os medicamentos, fez o gesto de quem se inclinava a retirar-se, satisfeita, e voltou à carga, aparentando recordar uma providência esquecida. – Salomão – disse com decidida curiosidade a transparecerlhe da voz -, não sei se você está lembrado de “Jóia,” a minha velha cadelinha, que os meninos algumas vezes abraçaram na praia...
– Como não? Aquela inteligência de animal, brincando de esconder!...
Até hoje, os netos imitam o andar de gatinhas que ela inventou... – Pois é – prosseguiu Marita, afetando pena -, nossa pequena “Jóia” está no fim...
– Que foi?
– O veterinário explicou, mas não guardei o nome da moléstia, doença incurável. Grita sem pausa, um martírio.
Continuando, falou para Salomão que o bichinho se tornara problema no apartamento. O síndico reclamara várias vezes.
Vizinhos andavam contrafeitos. Os pais aguardavam que o veterinário amigo voltasse de São Paulo, a fim de que se aplicasse a eutanásia; entretanto, haviam autorizado tanto a ela, quanto à irmã, o emprego de algum remédio que pudesse trazer o descanso final. “Jóia” estava abatida, gasta. Lamentava perdê-la, fora-lhe companheira, no Flamengo, desde quando se ausentara da escola, simples menina. Ainda assim, aditava, era preciso enfrentar os fatos e poupar ao animalzinho maiores sofrimentos. Não teria o amigo algumas pílulas adequadas? Ouvira referências a comprimidos que, administrados em dose alta, propiciavam a morte, absolutamente sem dor; no entanto, não lhes conhecia o nome. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 162).
O farmacêutico, sem qualquer prevenção, confirmou. Sim, talvez tivesse no estoque alguns desses anestésicos de elevada potência e salientou que se a cadelinha fora condenada pelo veterinário não deveria ser conservada.
Convencido pelas informações reiteradas da moça, dirigiu-se a pequeno depósito, procurando, procurando... Nisso, Félix e eu abordamo-lo, mentalmente.
O paternal benfeitor rogou-lhe examinasse a situação. Fitasse aquela menina, assim fatigada e só, além das dez horas da noite, longe de casa. Despenteada, olheiras fundas, sem bolsa, sem agasalho. Ele também, Salomão, era pai e avô sensível. Não desse orientação em torno de venenos. Tivesse cuidado. Sossegasse aquela criança abatida com algum soporífero, fazendo-a admitir que levava o agente letal. Mentisse por piedade, mostrasse compaixão, adiando entendimento mais claro para depois.
Aquele homem, com toda a certeza, se agrisalhara em rudes experiências para adquirir a sensibilidade aguçada com que nos assimilou os apelos, porque, de imediato, se enterneceu. Voltouse, discretamente, para o balcão e mirou a freguesa, pela porta semicerrada, espantando-se ao vê-la, num instante como aquele em que não se supunha observada.
Marita afigurou-se-lhe uma peça do museu de cera, amarrotada, inerte. Somente os olhos, embora parados, se evidenciavam ativos, em razão das lágrimas copiosas.
“Oh! meu Deus” – refletiu ele, desconsolado –, “isso não é coriza, isso é dor moral, dor terrível!...”
Salomão renunciou à pesquisa iniciada e sacou de largo recipiente de vidro alguns sedativos comuns e tornou-lhe à presença.
Fingiu despreocupação e apresentou-lhe os comprimidos, asseverando: (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 163) – São estes. Para a cachorrinha, no estado de que você fala, basta um. – Tão violento assim? – perguntou a jovem, diligenciando reanimar-se.
– Isso é uma bomba de aplicação muito rara.
Aparentando-se embaído, para angariar-lhe a confiança, o boticário paternal alegou, porém, que só forneceria ante a receita médica. A responsabilidade pesava-lhe, muito grande.
Ela, contudo, insistiu. Que o farmacêutico não duvidasse. O veterinário assinaria o papel. Consultou se poderia adquirir dez unidades. Melhor agir na certa. Não agüentava mais os gemidos ao pé do leito.
Salomão refletiu, refletiu... Voltou ao depósito e escolheu dez comprimidos calmantes, de potencialidade suave. Se ingeridos por
ela, funcionariam beneficamente, prodigalizando-lhe sono reparador.
Marita agradeceu e despediu-se.
Salomão recomendou-lhe repouso, juízo.
Seguimo-la, de perto.
Vagarosa, atravessou dois quarteirões pela frente, ganhou a Avenida Atlântica e acolheu-se num bar.
Solicitou um copo de água simples, sem gás, em recipiente de plástico. Delicadamente atendida, transpôs o asfalto, pulou do calçamento de pedra no lençol argenteado de areia e acomodou-se
no lugar que lhe pareceu mais escuro...
Aspirava a morrer, ao pé do mar, daquele mar sereno e bom que nunca a enjeitara, refletia com lágrimas... Queria partir, contemplando aquele mar que a beijava sem malícia...
Antes do gesto que considerava supremo, recordou a mãezinha que não conhecera e supôs-se mais infeliz. A genitora, não (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 164) obstante desprezada pelo homem a quem se entregara, conseguira um teto para o momento do grande adeus. Ela não. Fora maltratada, espezinhada, escorraçada. Devia partir do mundo com um nome emprestado que detestava, agora... Classificava-se por lixo da terra, supunha desafogar a todos, renunciando à existência.
Rememorou as manhãs felizes em que desfrutara, ali mesmo, tantas vezes, o ar puro que vinha das águas e o agasalho do Sol.
Parecia rever a massa domingueira, fraternalmente confundida na carícia da espuma. Atenta, imaginava-se ouvindo, de novo, a algazarra das crianças, lançando a bola ou manejando a peteca...
Sim, não possuía um lar para morrer, mas dispunha da praia, hospitaleira e amiga, que reunia desconhecidos, aos milhares, sem
nunca fazer-lhes perguntas indiscretas, a todos abraçando por verdadeiros irmãos...
Lamentou-se e chorou, longo tempo, enquanto Félix e eu esperávamos que dormisse para enfrentarmos os problemas eventuais.
Marita despejou os dez comprimidos na boca e engoliu-os de um sorvo com água pura. Em seguida, arrimou-se no encosto do passeio de pedra, qual se se dispusesse a meditar... Dos olhos, penderam as lágrimas que ela acreditou fossem as últimas e deixou que a brisa lhe afagasse os cabelos.
Brando torpor anestesiou-a.
Consultamos o horário. Cinqüenta e cinco minutos depois da meia-noite.
Félix orou por instantes.
Não pude compreender, de imediato, se por obrigações de vigilância ou se correspondendo aos apelos do instrutor, dois rondantes desencarnados apareceram, ofertando serviço. Félix aceitou, reconhecido, e, enquanto os recém-chegados passaram a velar, ele e eu empreendemos a tarefa restaurativa. Providências

CONTINUA AMANHÃ

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Não se culpe pelos seus erros, mas sim se corrija com eles

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


É belo demais ver a vida nascer, sentir que a bondade existe e o amor ainda não perdeu o seu valor!!

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 40


CONTINUAÇÃO

Escutamos, transidos, o diálogo juvenil que nos ficaria, então, na memória, gravado frase a frase:
– Da residência dos Torres?
– Sim.
– Quem no aparelho? Gilberto?
– Sim, sim.
– Oh! meu bem, pois você não está conhecendo?
– Conhecendo quem?
– Eu, eu... Marina. Acabo de chegar...
– Ah! ah! Marina!... que surpresa boa!... por que essa demora?... Estamos todos em casa, esperando... Telefonar por quê?
– Quis saber, meu amor, se você está bem, se passou bem o dia...
– Saudades!
– Eu também... Muita saudade...
– Venha.
– E a mamãe? Melhor?
– Pouquinho.
– Escute...
– Para que conversar? Corra para cá, venha logo...
– Um momentinho só... Escute. Passei rapidamente em casa, no Flamengo, para conversar com mãezinha certas coisas... Estive com duas amigas em Teresópolis que me encheram a cabeça... Estou perturbada, ciumenta...
– Que é que há?
– Marita...
– Ora... Marita! Tenho nada com ela. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 158).
– Mas eu soube...
– Soube o quê?
– Que vocês dois estão em compromisso. Sei que vocês andavam juntos, mas tanto assim não sabia...
– Bobagem!
– É muita conversa que não pude desmentir...
– Perda de tempo. É muita gente biruta... Morou?7
– Estive com papai ainda agora...
Nesse ponto da conversação singular, a voz dela titubeou.
Ouvira o bastante para reconhecer-se desdenhada, batida. Entretanto, aspirava à lia do cálice. Necessário inteirar-se acerca de quanto Gilberto havia descido. Receava descobrir-se. Indispensável toda precaução, a fim de escalpelar o insulto de que fora vítima.
A pausa, no entanto, foi curta. Gilberto, no outro lado, pronunciou a deixa oportuna:
– Então...
– Explique-se.
– Bem, você naturalmente deve saber agora o que aconteceu. O velho me procurou... Ele mesmo telefonou, sabe? Conversamos pessoalmente, acertamos tudo.
– Quer dizer que Marita...
– Imagine! escreveu-me pedindo encontro. O velho soube de tudo antes e me pediu dizer que iria, mas que eu não fosse. Entende?
– No fim de contas, como é que você se arranjou?
7 Expressão de gíria. “Morar” significando compreender. (Nota do Autor espiritual.) (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 159).
– Escrevi um bilhete, prometendo vê-la, mas combinei com o velho para que ele mesmo fosse buscá-la. Ele mesmo é quem propôs a solução. Você sabe, não podia deixar de atendê-lo... Primeira vez.
– Estou perplexa, nervosa... Não compreendo...
– Ele me pediu escrever aceitando, para que Marita não ficasse chocada. Disse que ela tem estado borocoxô e prometeu que ele iria procurá-la, de modo a dar conselhos e a reanimá-la com uma boa notícia, uma excursão à Argentina...
– Como?
– Olhe lá, Argentina... Uma viagem para a Argentina... Uma risada seguiu-se e, depois dela, a consideração sarcástica:
– Sanatório, meu bem. Sanatório ou hospício. Para Marita, só
sanatório e, quanto mais longe, melhor!... Argentina para uma e Petrópolis para dois...
Nesse ponto da entrevista, a jovem baqueou.
Debruçou-se na cantoneira, inabilitada a retomar o fone, à vista dos soluços que lhe rebentavam do peito.
Escutávamos, nitidamente, a voz do rapaz, a distância, gritando:
– Marina! Marina! diga o que há, diga, diga!...
A pequenina mão encharcada de lágrimas, no entanto, repôs o fone no gancho, com a tristeza de quem cerrava, em definitivo, as portas do coração.
A moça dedicou alguns minutos ao refazimento, reconstituiu, quanto possível, a tranqüilidade fisionômica e tornou à sala.
Embaraçada, referiu-se ao dinheiro emprestado. Que Dona Cora lhe perdoasse o incômodo. Se não pudesse voltar em pessoa, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 160) no dia seguinte, a companheira de seção na loja, Neli, que lhes era também íntima, faria o pagamento, considerando-se a hipótese de ela, Marita, não se achar em serviço. Bastaria procurar.
Dona Cora riu-se, cordial. Não pensasse naquilo.
Prestimosa, estendeu-lhe o café que ela aceitou, constrangida.
Conversa vai, conversa vem, a amiga estranhou-lhe o abatimento, a palidez, os olhos que não cessavam de chorar. Marita explicouse, ensaiando um sorriso que não chegou a debuxar-se. Alegou-se gripada. Tinha coriza renitente, coriza brava. E, a propósito, indagou se ela julgava possível encontrar ainda o senhor Salomão, naquele instante, depois das dez, na farmácia vizinha. Gostaria de se aconselhar com ele sobre um antigripal. Trazia a cabeça pesada, os pulmões doloridos.
A delicada anfitriã pediu um momento e correu ao telefone para voltar, quase de imediato, dizendo que o farmacêutico a esperaria. Estava a sair do plantão, que ela não se delongasse.
Marita agradeceu, despediu-se e seguimo-la, passo a passo.
O senhor Salomão, velhinho calmo e complacente, em cujo olhar se adivinhava a brandura dos que se fazem servidores espontâneos
da Humanidade nos encargos que exercem, acolheu-a, solícito.
Ocultando os intentos recônditos, a recém-chegada falou-lhe do resfriado. Afirmou sentir dores, vertigens. O boticário, de modos antigos, habituado ao ofício a representar-se de médico para os amigos, nos casos sem maior importância, pediu-lhe mostrasse
a língua. Examinou-a com a prática de muitos anos, ao pé de enfermos, sem achar motivo de preocupação. Aplicou o termômetro.
Nenhuma febre.
Sorriu, paternal, e aconselhou-a a ir para a casa, descansar.
Não deveria aceitar serviço extra, até aquela hora da noite, comentou bonachão, e acrescentou que ela facilmente encontraria

CONTINUA AMANHÃ

PALESTRAS ESPÍRITAS - MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA - PARTE 2


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Se a vida algum dia lhe negar um sonho mostre a ela que você é forte o suficiente para lhe negar uma lágrima

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


A felicidade existe... Não fora de nós, onde em geral a procuramos, mas, dentro de nós, onde raras vezes a encontramos

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ


CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 14

Adiantamo-nos, Félix e eu, ao encontro da jovem.
Marita estugava o passo, amarfanhada, aturdida.
Da Lapa, onde se localizava a habitação coletiva que vínhamos de deixar, até à Cinelândia, correra quase.
Sentia-se tangida por todos os ventos da adversidade, expulsa da Terra. Traída nos mais íntimos sentimentos de mulher, a injúria experimentada transcendia para ela toda a noção de sofrimento.
Teria agradecido ao homem que conhecera por pai o punhal ou o veneno, mas não dispunha de forças para perdoar-lhe aquela afronta. A revolta sacudia-lhe os membros. Tremia, desesperada.
Na cabeça, uma idéia só, ganhando extensão: o suicídio. Ansiava
atirar-se sob os carros que deslizavam à frente. Morrer... desaparecer... meditava, chorando. Entretanto, era preciso viver um tanto mais. Restava um enigma: Gilberto. Por que se esquivara, a substituir-se, cruel? Que trama teria havido entre eles? Lera-lhe a missiva, conhecera-lhe a letra. Escrevera, afirmando vir... Por que desistira? Como soubera Cláudio do encontro? Através de Crescina?
As interrogações sem resposta convulsionavam-na toda. Desvairava.
Rangia os dentes, querendo gemer.
A morte, a morte!... – pedia, mentalmente, tentando apertar os lábios que se abriam sem voz.
Ainda assim iria consultar Gilberto, sugeriam as últimas réstias do sonho desmantelado. Sim, aprovava no turbilhão dos pensamentos
em descontrole, era necessário ouvir Gilberto... Uma vez só que fosse. Imperioso conhecer a verdade, morrer com a verdade... (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 154).
Quem saberia? Talvez que o rapaz lhe estendesse um fio de luz, por onde se desvencilhasse da sombra... Se ele dissesse: “vive, vive para mim”, conseguiria esquecer o insulto daquela noite, continuando a viver... Ao contrário, tudo extinto...
Caminhando apressada e indiferente à aragem que lhe acarinhava
os cabelos, repelia-nos, em espírito, as maiores demonstrações de ternura e consolo.
Nenhuma idéia que se lhe não afinasse com a repulsão.
Decididamente, se Gilberto participara da armadilha a que se arrojara, inocente, estava tudo acabado. Tão-somente lhe restaria o desprezo final.
Alcançou o Largo do Passeio e parou um momento... Fitou,
angustiada, aquelas árvores frondejantes que tanto amava... Galharias balouçadas ao vento pareciam chamá-la para abraços de adeus... Marita soluçou, teve medo, mas seguiu adiante... Varou a massa risonha que deixava os cinemas, recordou Gilberto e a menina feliz que ela fora, vendo namorados saboreando pipocas; contudo, seguiu, seguiu sempre, vencendo encontrões. Atingindo a Praça Marechal Floriano, abancou-se, vasculhando o cérebro atormentado...
Sentia-se, enfim, absolutamente sozinha, completamente desamparada.
Comprimindo a cabeça entre as mãos, queria idéias, alguma idéia que lhe ofertasse saída do antro pungente da angústia.
Debalde, irmão Félix, ao enlaçá-la, lhe assoprava conceitos de paciência e cordura, inutilmente se referia à bondade e ao perdão. Aquele coração juvenil, conquanto bondoso, figurava-se, agora, um lago límpido que vulcão oculto, de inesperado, fazia referver. Todas as orlas abertas, em bocas de incêndio, pelas quais as ondas do pensamento fugiam, precipitadas. Nenhum lugar (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 155) exposto à receptividade, nenhum ponto marcado ao equilíbrio e ao
silêncio.
No crânio tumultuado, uma idéia surdiu, ensejando-lhe tênue fio de esperança. Telefonar!... Poderia telefonar para a residência dos Torres. Gilberto, indubitavelmente, estaria ao pé da genitora enferma. Além disso, Marina viajara pela manhã. Uma razão a mais para que se não retirasse do carinho necessário à doente.
Ainda assim – refletiu –, seria muito provável que ele, a distância, lhe embaísse a boa-fé. Insopitável desconfiança amargava-lhe o coração qual raiz espinhosa. Não descortinava, contudo, saída melhor. Conversar! Ouvi-lo! Tinha sede da verdade, ansiava saber, saber!...
Raciocínios contundentes entrechocavam-se-lhe na cabeça atribulada...
Não, não retornaria ao lar do Flamengo... Entre voltar à casa dos Nogueiras e morrer, preferia morrer...
Perscrutou circunstâncias, analisou-se, meditou, meditou...
Pensamento estranho assomou-lhe, de súbito. Disfarçar-se, fingir. Para alcançar a verdade, mentiria.
Entraria, sim, no jogo com aquilo que se lhe apresentou à imaginação, como sendo a cartada final.
Marita concluía que ela e a irmã, pela intimidade e pela convivência, tinham vozes semelhantes, maneiras afins. Chamaria o rapaz como sendo Marina, imitar-lhe-ia, quanto possível, o tom de palestra, repetir-lhe-ia as palavras de uso mais freqüente no trato doméstico. Simularia estar voltando, inopinadamente, de Teresópolis.
O moço, assim abordado, confessaria, de modo inequívoco, tudo o que sentisse, com respeito a ela própria.
A sofredora criança consultou o relógio-pulseira. Dez minutos para as nove.
Desejava ambiente familiar para a ligação. Lembrou-se de Dona Cora, cliente da loja em Copacabana, que se lhe fizera (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 156) amiga íntima e em cujo apartamento costumava telefonar, quando
inevitável. Levantou-se, algo reanimada, para a busca de condução; entretanto, somente aí deu pela falta da bolsa que largara na fuga. Faltava o dinheiro, mas não desistiu. Acenou da calçada ao primeiro táxi disponível. Consultou o motorista se lhe podia fazer o favor de atender, com pagamento à porta de casa. Estava sozinha e esquecera-se do horário, O profissional correto notou-lhe a tristeza e o acanhamento. Compadeceu-se. Alegou que recusava, sistematicamente, conduzir pessoas que encomendavam serviço, criando problemas; entretanto, no caso, faria exceção e aquiesceu.
A breve trecho, seguíamos, junto dela, para Copacabana.
No endereço indicado, saltou, fez-se acompanhar pelo condutor ao apartamento da amiga, sendo recebida com a lhaneza que esperava. Segredou, envergonhada, para Dona Cora que se achava em apuros, se ela não dispunha, naquela hora, de algum dinheiro para emprestar. Pagaria no dia seguinte. A dona da casa, espontânea e bondosa, não titubeou... Abriu pequena gaveta e falou sorrindo: “só quatrocentos cruzeiros”. O marido não estava. Marita, reconhecida, explicou que a importância bastava. Depois da corrida paga, disse para a senhora que andara em serviço extra, fora em seguida ao Leblon visitar um doente, afetando que somente naquele instante conseguiria tomar o ônibus para casa. Antes disso, porém, tinha necessidade de um telefonema. Conversação com pessoa muito íntima. Dona Cora cedeu-lhe a peça inteira e acrescentou, gentil, que ia arranjar um cafezinho. Falasse à vontade, ninguém a interromperia. As duas filhinhas dormiam, há muito, e o esposo que substituía um colega, no trabalho, não regressaria tão cedo. A dona da casa afastou-se para a cozinha, isolando a sala.
E, ali, diante de nós, sem que nos percebesse, de leve, os corações
solidários, Marita discou, sofreando a emoção de modo a fantasiar a alegria da outra.

CONTINUA AMANHÃ

PALESTRAS ESPIRITAS - MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA - 1ª PARTE

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA



De que adianta pedir paz, se o ignorante apoia o rico e o rico tem mais poder que o justo
 

MENSAGEM DIÁRIA


Cuide de seus pensamentos. Tudo começa no pensamento, não se fixe em coisas negativas

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ


CONTINUAÇÃO

Nas minhas frases curtas, o instrutor recolheu todoo material informativo.
Sem detença, rumamos para a vivenda coletiva, cujas lâmpadas esmoreceram, de chofre, quando lhe transpúnhamos a entrada.
Tive a idéia de que o acontecimento era comum, porquanto a escuridão não estabeleceu o menor alarme. Velas bruxuleantes piscavam, aqui e ali.
Tomamos a direção do aposento isolado.
Cláudio estacara à porta, enlaçado pelo vampirizador. Ambos justapostos um ao outro. Dupla de sentimentos e propósitos iguais.
Ambos emocionados, corações pulsando precipites, prelibavam a caça que não lhes escaparia. A distância reduzida, notei que os dois se postavam sob o halo das energias balsâmicas de Félix; entretanto, o admirável fenômeno para eles era como se não existisse.
Diante do quadro inquietante e enternecedor, imaginei comigo fitar dois lobos humanizados, aos quais piedoso emissário dos Céus tentasse, inutilmente, entregar a palavra e a inspiração de
Jesus-Cristo.
Enrodilhavam-se os dois num charco mental de lascívia, com tamanha sofreguidão, que não cabia ali, naquele vulcão de apetites sexuais, a menor frincha pela qual se pudesse arremessar alguma idéia de elevação.
Agressivo perfume de cravos me invadiu o olfato desprevenido.
Onde sentira, naquele dia, um cheiro igual? Recordei, espantado.
Aquele era o extrato usado por Gilberto. Conhecera-o, na palestra do Lido. Minudenciei observações e reconheci que Nogueira tivera igualmente o cuidado de usar indumentária, em tudo semelhante à do moço, inclusive a gravata, quanto ao nó e ao tamanho. Nenhuma particularidade fora esquecida. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 150)
Antes que Félix e eu pudéssemos estudar medidas de contenção, a dupla avançou quarto a dentro.
Nós, que podíamos enxergar na obscuridade, vimos a pobre menina levantar-se, sussurrando frases de arrebatadora paixão e de intensa saudade, abrindo, ansiosa, os braços, sem guardar para si o mínimo resquício de vigilância... Acreditava-se diante do amado... Era ele, não devia recear... Naquele instante, em todas as suas intenções e em todos os seus nervos, um pensamento só, um apelo só, entregar-se...
Cláudio e o outro, a fremirem de emoção, mantinham absoluto silêncio.
Nada que pudesse evitar a integração indesejável.
Nogueira, agindo por si e pelo acompanhante, atraiu-a, de encontro ao peito, e beijou-a, convulso.
A indefesa criança, hipnotizada pelos próprios reflexos, abandonou-se, vencida...
Irmão Félix, tangido por sentimentos que eu não poderia avaliar, deixou o recinto e acompanhei-o.
Atingindo o degrau externo da porta de entrada, vi que o benfeitor, transido, se deteve, de olhos fitos no céu... Quanto a mim, conturbado, não me sentia capaz de articular uma prece. Nada pude fazer senão calar-me, reverente, perante o agoniado coração paterno, que vinha das esferas superiores para desmanchar-se ali, em suplício indizível, velando, através da oração muda que lhe extravasava agora em grossas lágrimas!...
Homens, irmãos, ainda que não possais viver santamente, à face dos instintos inferiores que nos atenazam as almas, animalizadas ainda por duros gravames do passado culposo, reduzi, quanto puderdes, as quedas de consciências! Quando não seja por vós, fazei-o pelos mortos que vos amam de uma vida mais bela!...
Disciplinai-vos, em respeito a eles, guardiães invisíveis que vos (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 151) estendem as mãos!... Pais e mães, esposos e esposas, filhos e irmãos, amigos e companheiros, que supondes perdidos para sempre, em muitas ocasiões vos acompanham de perto, acrescentando-vos a alegria ou partilhando-vos a dor!... Quando estiverdes a ponto de resvalar, nos despenhadeiros da delinqüência, pensai neles! Ser-vos-ão generosos, indicando-vos o caminho, na noite das tentações, à feição das estrelas que removem as trevas! Vós que sabeis reverenciar as mães e os mestres encanecidos na abnegação, que ainda respiram no mundo, compadecei-vos também dos mortos, transfigurados em afetuosos cireneus, a nos compartirem as cruzes das provações merecidas, em dorido silêncio, quando, muitas vezes, não somos dignos de oscular-lhes os pés!...
Diante de Félix, em pranto amargo, meu coração, imperfeito e pobre, passou então a recorrer ao Evangelho e confortei-me ao lembrar que Jesus, o Divino Mestre, fora também o amigo sensível e carinhoso, ao chorar, um dia, na Terra, ante Lázaro, morto!...
Decorridos quase vinte minutos de expectação, a luz reapareceu e ouviu-se um grito agoniado, em que o espanto e a dor se mesclavam com terrível acento.
Marita, com a rapidez de uma corça dilacerada, saltou a janela, em sentido oposto, e disparou em desalinho...
Antes, porém, que nos fosse possível esboçar qualquer socorro, alguém chegou, apressadamente, e abordou a porta do solitário aposento, espancando-a com fúria. Esse alguém era Dona Márcia.
Nogueira, assistido pelo amigo desencarnado, recompôs-se num átimo e, ao esbarrar com a esposa, fez um risinho ridicularizador, exclamando, mordaz:
– Era só o que faltava!... Você também? Aqui?...
Dona Márcia, que costumava entreter-se no pôquer, junto de amigas, não longe da pensão de Crescina, com quem mantinha relações de amizade, fora imediatamente informada por ela quanto (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 152) à chegada do marido, com a observação de que ele talvez entrasse em rixa acirrada com os jovens.
O porteiro, receando complicações, aviara-se, diligente, comunicando à patroa quanto sabia, e a patroa, a seu turno, julgando que a moça e Gilberto estivessem reunidos, não hesitara invocar a presença da amiga, no intuito de conjurar possíveis desastres.
A senhora Nogueira, ao chegar, inquieta, vira a filha adotiva que debandava e, em topando o marido, desapontado, saindo a sós, entendeu, num relance, tudo o que se passara...
– Canalha! – bradou, indignada – eu não acreditei nessa menina infeliz! Eu que poderia ter evitado!...
E a voz da recém-chegada assumiu dolorosa inflexão:
– Como é que você não pensou? Tenho comigo todos os papéis de Aracélia, todos os seus bilhetes... Ela nunca esteve com outro homem, a não ser você mesmo!... Você nunca soube da
última carta, em que ela me entregava a menina, dizendo que preferia morrer para que eu fosse feliz!... A memória dessa moça pobre e leal é a única coisa boa que eu tenho no coração... O resto você destruiu... Ah! Cláudio, Cláudio!... a que baixezas descemos nós?... Louco! Você ultrajou sua própria filha!...
Ele apoiou-se, cambaleante, na porta, como que fulminado por um raio. Dona Márcia prorrompera em soluços; entretanto, de nossa parte, era forçoso sair.

CONTINUA AMANHÃ

A CURA PELA FÉ - DR. MARIO TODA JR.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Existe muita diferença entre uma tarefa ser difícil ou ela ser trabalhosa

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Quantas preocupações desaparecem quando preocupamo-nos não, em ser alguma coisa, mas em ser alguém

Autor: Desconhecido

FÉ COMO ELEMENTO DE CURA DAS DOENÇAS - PROF. MAGALDI

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 35


CONTINUAÇÃO


A conversa entre os cônjuges deslizava, banal, mas, consultando o cérebro de Nogueira, convencemo-nos para logo de que o tema do dia circulava, ativamente, no sistema de conjugação mental que prevalecia entre ele e o acompanhante. Registrava-selhes o anseio por notícias que lhes facultassem conexões para o objetivo inconfessável, que começavam a entremostrar em espírito.
Agora, à mesa, a dupla exteriorizava os intentos escusos, nas formas-pensamentos em que as duas mentes enfermiças se revelavam.
Tudo se aclarava, de súbito. Digeriam o plano em silêncio.
Abordariam Marita, à feição de dois caçadores colhendo uma lebre. Antegozavam o assalto, articulavam-se-lhes os pensamentos em lances dissolutos. Determinavam-se a surpreendê-la, em
casa de Crescina, como se apanha um fruto resguardado na árvore.
Perplexo, decifrei a trama inteira.
Cláudio ergueu a voz e, fingindo ignorar a viagem da filha, perguntou à mulher por Marina, de vez que, no fundo, queria notícias da outra.
Dona Márcia caiu, de imediato, na indução. Respondeu que ele, provavelmente, se havia esquecido de que a moça avisara, na véspera, que iria a Teresópolis, a serviço da imobiliária. O chefe, impedido, indicara-a para representá-lo em algumas transações importantes. Voltaria, sem dúvida, na manhã seguinte. Quanto a Marita, horas antes telefonara de Copacabana, solicitando para que não a esperassem ao jantar. Talvez demorasse em serviço extra, na contabilidade da loja, até mais tarde.
O marido pigarreou, mudou de assunto, comentou alguns sucessos
políticos e a refeição terminou sem maiores delongas.
No intuito de colaborar com eficiência, na preservação da harmonia geral, demandei a habitação de Crescina, onde não tive (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 146) qualquer dificuldade para identificar o apartamento número quatro.
Recanto isolado para casal, completamente desligado da comprida construção de um pavimento só.
A vivenda, pela extensão enorme, aparentava profunda calma; entretanto, pela ruidosa conversação dos desencarnados menos felizes, que aí bulhavam, desocupados, era possível imaginar as agitações da noite.
Depois de atenciosas idas e vindas pelo terreno, examinando situações, vi a dona da casa tomar o fone. Aproximei-me. Crescina
perguntava por Gilberto, no escritório dos Torres.
Atendida, combinou visitá-lo às duas, daí precisamente a meia hora.
O programa foi cumprido em todas as seqüências previstas.
De retorno, Crescina chamou para a loja e comunicou à jovem que o rapaz escrevera. Tudo certo. Leu o bilhete, em que lhe participava a resolução de estar firme, no lugar indicado, às oito.
Que ela aguardasse, confiasse.
A pobre menina exultou e as minhas inquietações doíam agigantadas.
Necessitava desdobrar medidas de proteção; entender-me com algum amigo encarnado, em ligação com o grupo; sugerir providências que evitassem a consumação do projeto; criar circunstâncias em que o socorro chegasse em nome do acaso, entretanto...
Debalde, girei da pensão alegre ao escritório, do escritório à loja, da loja ao banco, do banco ao apartamento no Flamengo...
Ninguém estendendo antenas espirituais, com possibilidades de auxílio, ninguém orando, ninguém refletindo... Em todos os lugares, pensamentos entouçados sobre raízes de sexo e finança, configurando cenas de prazeres e lucros, com receptividade frustrada para qualquer interesse de outro tipo. Até mesmo um dos chefes
de Marita, do qual me acerquei, tentando insuflar-lhe a idéia (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 147) reter a jovem, no serviço, até altas horas da noite, ao sentir-lhe a imagem, na tela mental, transmitida por mim, para inicio de entendimento, acreditou estar pensando consigo mesmo, inclinando o assunto para questões salariais; concentrou-se, de pronto, nas vantagens econômicas, agarrou-se a cifras, encheu a cabeça com parágrafos da legislação trabalhista e expulsou-me a influência, sumariamente, monologando no íntimo: “essa moça já percebe o suficiente, não lhe darei nem mais um centavo.” Nenhum outro recurso senão permanecer no casarão, de sentinela.
Inúteis as diligências.
Às sete e trinta da noite, Cláudio apresentou-se com esmero, sem mesmo esquecer-se de uma peruca leve que lhe remoçava as
linhas fisionômicas.
Solerte, espiou a vivenda de Crescina, a pequena distância.
Ele e o outro. Moreira não parecia menos interessado.
Acompanhei-os.
O marido de Dona Márcia, aperaltado, buscava um telefone, que não teve dificuldade para encontrar. Café vizinho facilitava.
Discou, chamando Fafá, o porteiro da pensão, que ficáramos conhecendo em nossas investigações cordiais, durante o dia.
Atendido, rogou-lhe que fosse encontrá-lo, confidencialmente.
Questão de negócio. Não se arrependeria do segredo. Riram-se
pelo fio.
O empregado, velho bonachão que o álcool já começava a excitar
naquelas horas verdes da noite, veio à pressa. Atencioso e sabido, conquanto guardasse um sorriso de bondade, parado no rosto, que tanto podia ser para o bem como para o mal, inclinou o ouvido para a boca de Cláudio, a fim de escutar melhor. Nogueira cochichou, solene. Solicitava-lhe concurso urgente. Precisava esclarecer-se quanto aos jovens que se reuniriam no “quatro”. A moça era sua filha. Não faria barulho, não escandalizaria a (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 148) ninguém, mas desejava certificar-se. Nada de complicações. Necessário reconhecer o desencaminhador, de maneira a solucionar o problema de família, sem alarde. Recorria aos préstimos dele, companheiro dedicado. Não lhe dispensaria a colaboração.
Fafá disse compreendê-lo e participou que a menina esperada já se instalara. Vira-a sozinha, através da porta semicerrada. Estava sentada no leito, folheando revistas. E, ante as perguntas que se acumulavam, confirmou que era a jovem, vista por ele, cedinho, em conversação com a mundana. Sim, guardara-lhe o nome. Era Marita, sim.
Fez-se Cláudio mais reservado e pediu-lhe “blecaute”. Que o porteiro lhe fizesse o favor de desajustar o fusível, na instalação elétrica, O conserto exigiria uns quinze minutos de sombra. Isso bastava para que se inteirasse de tudo, sem que a patroa e os hóspedes lhe percebessem a presença. Colocar-se-ia no escuro, em ângulo oposto à iluminação pública, e, assim, facilmente identificaria o rapaz.
O serventuário, não obstante semi-embriagado, fixou expressão matreira e salientou que era problema sério, aquele. Satisfaria ao chefe, mas bico calado. Nada de envolver-se com os tiras.
Cláudio deixou escorregar para a mão dele duas cédulas de quinhentos cruzeiros, e Fafá, menos inquieto, indagou pelo horário exato, ao que Nogueira aclarou, afirmando faltar unicamente dez minutos, de vez que aguardaria a luz apagada, as oito em ponto.
Separaram-se os dois e, quando me perdia em dolorosas conjeturas, revigoradora surpresa me visitou o espírito. Dera apenas alguns passos na rua e fui agradavelmente defrontado pelo irmão Félix, que me abraçava.
Comovi-me. Revê-lo e confiar-lhe todas as inquietações foi trabalho de segundos.

CONTINUA AMANHÃ

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Meus olhos me direcionam a vários ângulos da vida, mas meu ser me direciona onde posso ir, e me alerta onde não posso pisar

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Os dias prósperos não vêm por acaso, nascem de muita fadiga e persistência

Autor: Henry Ford

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ


CONTINUAÇÃO

Cláudio escutava, boquiaberto, admirando-lhe a delicada frieza das justificações e indagando a si mesmo qual deles dois seria
maior na arte de fingir.
Francamente encorajado, Gilberto declarou que lhe compreendia as apreensões, quanto lhe aceitava conselhos e bons ofícios.
Escreveria, obrigando-se a comparecer, mas não arredaria pé de casa, mesmo porque Marina fora a Teresópolis, pela manhã, a serviço da companhia, e talvez só regressasse no dia seguinte. O senhor Nogueira, qual o chamava, em buscando a menina, às oito, estaria autorizado a comunicar-lhe, da parte dele, o agravamento da saúde materna. Não seria falso, ajuntou, porquanto a genitora extinguia-se, lentamente. Cláudio, obtendo o que desejava, refletia no rosto a satisfação que, somada ao voluptuoso prazer do obsessor que o assessorava, parecia interesse afetivo, devotamento. Finalizando, asseverou-se notificado quanto à viagem da filha, e reportou-se, em termos carinhosos, à situação de Dona Beatriz, que ele e Márcia visitariam.
Destacou as acerbidades dos impedimentos em família, durante as moléstias longas, apelou para o otimismo necessário e, ateu confesso, chegou até mesmo a exalçar a confiança que se deve ter em Deus, no decorrer de tais circunstâncias.
Montada a obrigação que os jungia, separaram-se com abraço efusivo, enquanto, de nossa parte, rumamos do Lido para o Flamengo, penosamente intrigados, conjeturando sobre o que estaria
por suceder. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 141)

CAPÍTULO 13

Tornei ao Flamengo, apreensivo.
Não conseguira auscultar as minudências do plano obscuro que se formava. Os pensamentos de Cláudio e do vampirizador entrelaçavam-se em estranhos propósitos imprecisos.
Expedi comunicação, em despacho rápido para o irmão Félix, salientando a necessidade de nosso encontro, recolhendo-lhe a resposta, que não me alentava5. Viria à noitinha, não mais cedo, à
vista de inadiáveis obrigações.
Seria desaconselhável qualquer recurso a Neves, que sabia ocupado e, talvez, providencialmente ocupado, já que as dificuldades morais se esboçavam em labirinto e alguma ameaça de irritação nos frustraria objetivos e movimentos. Amigos outros, de cujos préstimos seria licito dispor, jaziam longe do assunto.
Era forçoso agir só, trabalhar por mim mesmo.
O momento não comportava aflições inúteis. Necessário manejar os recursos em mão.
Para intervir sem vacilações, julguei prudente ouvir o acompanhante desencarnado, de Cláudio, que eu desconhecia de todo.
A princípio, encontráramos dois. Entretanto, apenas um deles se mantinha constante, aquele cuja inteligência aguçada me ferira a atenção.
Não seria justo investigá-lo, perquirir-lhe os anseios?
5 Diante dos microaparelhos existentes no Plano Físico para emissão e recepção de mensagens, a longas distâncias, é desnecessário comentar as facilidades de intercâmbio no Plano Espiritual. (Nota do Autor espiritual.) (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 142).
Rememorei experiências anteriores, em que juntamente de outros amigos desencarnados modificara a apresentação externa, através de profundo esforço mental.
Aspirava a fazer-me visível à frente daquele amigo enigmático que claramente habitava o lar dos Nogueiras.
Poderia transfigurar-me, adensando a forma, como alguém que enverga roupa diversa.
Recolhi-me em ângulo tranqüilo, à frente do mar. Orei, buscando forças.
Meditei, fundo, compondo cada particularidade de minha configuração exterior, espessando traços e mudando o tom de minha apresentação habitual.
Quase uma hora de elaboração difícil esgotou-se, até que me percebi em condições de empreender a conversação cobiçada.
Não me autorizava a perder um minuto.
Avancei, prédio acima, batendo à porta, cerimonioso.
Aconteceu como previa, porque o parceiro invariável de Cláudio veio atender.
Olhou-me, desconfiado, de alto a baixo, esquadrinhou-me os intuitos.
Humilhei-me, vulgarizei a linguagem quanto pude.
Semelhante atitude era indispensável pela minha necessidade de informações. Atento a isso, afetei absoluto desinteresse pelos moradores do apartamento, centralizando nele o núcleo natural de
minha atenção.
Expliquei andar procurando um amigo e perguntei pelo outro
camarada que vira, ali, dias antes. Vira-os, juntos, precisamente naquele local, quando transitava no corredor; entretanto, passava, apressado, a peso de obrigações. Guardara, porém, a impressão de que o companheiro cujo encontro ambicionava era ele. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 143).
Esse o expediente mais simples que me ocorreu para cativálo, conversando com espírito de submissão e fraternidade naturais, de modo a ganhar-lhe alguma confiança e carinho.
Ele pareceu sensibilizar-se, tratou-me com a generosidade acidental de um fidalgo que não se desmerecia por dar migalha de
consideração a um mendigo.
Compleição robusta e enorme, tocou-me o ombro com a destra, ensaiando o gesto de quem se prepara a despachar, polidamente, uma pessoa importuna, e catou minudências. Analisou-me, perscrutou-me, repisando inquirições.
Inteirando-se do exato momento em que os vira reunidos e reconhecendo os detalhes que conseguira, de minha parte, mencionar, esclareceu tratar-se de um amigo, que costumava hospedar, de vez em vez, para o reconforto de uns “drinques”. Naquele momento, contudo, não estava. Ao que sabia, recreava-se numa casa, em Braz de Pina, cujo endereço indicou.
Lamentei. Solicitei-lhe o nome, estava reconhecido à gentileza do acolhimento e tornaria ao Flamengo em outra oportunidade.
Estimaria nomeá-lo com a possível intimidade quando voltasse, na hipótese de ser constrangido a perguntar por ele a desconhecidos.
Ele não se fez de rogado. Respondeu, cortês.
Chamava-se Ricardo Moreira. Em alguma necessidade, porém, bastaria que o designasse tão-só por Moreira. Era estimado, possuía numerosas relações, contava com muitas afeições no prédio. Se chegasse a vê-lo, de novo, em companhia do colega ao qual me reportava, que o sacudisse, despertando-lhe a atenção.
Até ali, tudo bem. Era necessário, entretanto, que eu lhe examinasse as mais íntimas reações. Imprescindível conhecê-lo,
sopesá-lo. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 144).
Acusei-me cansado, deprimido. Se ele era ali o mordomo, que me permitisse entrar, por gentileza, ainda que por instantes breves, a fim de que me fosse possível refazer as forças. Ato de bondade fraterna. Nada além de alguns minutos. Carecia de ambiente humano, amigo.
Operou-se, entretanto, a reviravolta.
Vi perdida a posição que granjeara.
Moreira arremessou-me olhar terrível, que funcionou sobre mim qual punhalada vibratória. Ajuntou frases irônicas e gritouM que a casa tinha dono; que, diante dos “descascados”6, quem mandava ali era ele; que, para atravessar a porta, seria preciso removê-lo; que eu dispunha da rua larga para dormir; e finalizou, agressivo:
– Que tem você aqui? Dê o fora, que não vou com sua lata!
Vá se catar, vá se catar!...
Nenhuma outra alternativa senão descer escadas, desabaladamente, porque avançou em minha direção, arregaçando punhos decididos.
Regressei ao aconchego do mar, entrando em prece.
Reavendo a condição que me é peculiar, voltei ao mesmo
ponto.
No interior da peça, o casal acomodara-se para o almoço, com as atenções de Dona Justa, em serviço.
Moreira, que não mais me assinalava a presença, instalara-se na cadeira de Cláudio e com Cláudio, de tal modo, que, certo, se alimentava tão claramente quanto ele, através de um dos numerosos processos em que se catalogam as ações da osmose fluídica.
6 Um dos pejorativos pelos quais a gíria dos planos inferiores designa os Espíritos desencarnados. (Nota do Autor espiritual.)

CONTINUA AMANHÃ

CURA DE DOENÇAS

domingo, 7 de agosto de 2011

CRÔNICA SEMANAL


INEXORAVELMENTE


É da lei o axioma que “cada um evolui com o esforço próprio” e que “a colheita é a resposta da sementeira”. Fadado à perfeição, o Espírito adquire sabedoria mediante as experiências que vive, conquistando, palmo a palmo, os espaços da evolução. Quando erra, repete o tentame até acertá-lo. Quando prejudica, volve a reparar, auxiliando a quem afligiu. Desse modo, o trabalho é pessoal e intransferível. Embora receba ajuda, orientação e estímulo, a ação é de cada um. Semeando sempre, porque a cada ação corresponde uma equivalente reação, seguirás adiante conforme te proponhas e te empenhes por executá-lo. Ocorrendo injunções afligentes que te levem à dor, conscientiza-te de que são necessárias para mais valiosas conquistas morais, e esparze bondade, embora as circunstâncias dolorosas. O que hoje te chega, foi arrojado ontem. Da mesma forma, o que ora aciones, reencontrarás mais tarde. Não desperdices este momento recorrendo a queixas e a lamentações que somente perturbam e geram mal-estar. Uma atitude otimista e uma realização fecunda fomentam resultados positivos que se transformam em conquistas libertadoras.

Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Episódios Diários / 05//08/2011

PENSAMENTO DO DIA

O importante não é o momento em que conhecemos as pessoas, e sim, o momento em que elas passam a ser importantes para nós

Autor: Desconhecido