sábado, 7 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Sábado, 07 de maio de 2011.

Quando produzirdes alguma coisa lembre-vos que não trabalhais para vosso proveito egoísta, mas que sois nesse momento representantes e embaixadores de Deus perante os homens vossos irmãos

Autor: Eliot

MENSAGEM DO DIA

Nossos desejos são como crianças pequenas: quanto mais cedemos a ele, mais exigentes se tornam

Autor: Desconhecido

AS VIDAS DE CHICO XAVIER - MORRE UM CAPIM NASCE OUTRO - 2ª PARTE

AS VIDAS DE CHICO XAVIER

MARCEL SOUTO MAIOR

"MORRE UM CAPIM, NASCE OUTRO"

CONTINUAÇÃO

Eu não sabia nem como nem por que, mas lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto sem que eu sentisse qualquer emoção especial. Desabavam à minha revelia, aos borbotões, sem nenhum controle.

No fim da sessão, eu me aproximei de Chico e fui direto ao assunto com a desinibição e arrogância típicas dos jovens jornalistas: - Chico, trabalho no Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, e vim pedir autorização para escrever sua biografia.

Chico recorreu a um de seus enigmas, tática usada por ele para evitar a indelicada palavra "não":

- Deus é quem autoriza.

Continuei no mesmo tom:

- E Deus autoriza?

Chico ficou em silêncio dois, três segundos e respondeu com um meio sorriso:

- Autoriza.

Era tudo o que eu precisava ouvir. Ou quase tudo. O acesso à casa de Chico, fundamental para a reportagem, foi negado por Eurípedes no dia seguinte. E o tempo começou a correr contra o projeto.

Era preciso voltar ao Rio em breve com o máximo de informações possível, e o jovem repórter entrou em ação novamente, com uma tática de emergência.

Liguei para o outro filho adotivo de Chico, Vivaldo, responsável pela catalogação da obra do líder espírita e me apresentei com uma meia verdade:

- Vivaldo, sou jornalista e estou escrevendo uma reportagem sobre o seu pai.

Você pode me ajudar?

Vivaldo convidou-me para uma visita e, simpático, ajudou-me, sem saber, a vencer o veto da véspera: ele morava em um anexo nos fundos da casa de Chico e foi lá que eu entrei na noite seguinte com gravador e bloco à mão para a primeira entrevista.

Vivaldo tratou de servir café enquanto eu despejava sobre ele as primeiras perguntas - as mais leves - sobre a obra de Chico Xavier e a responsabilidade dele, Vivaldo, de datilografar, classificar e arquivar os romances e poemas vindos do além.

Eram quase quatrocentos livros e mais de 20 milhões de exemplares vendidos de clássicos como Parnaso de Além-Túmulo (o livro de estréia) e best sellers como Nosso Lar (o campeão de vendas). Todos, sem exceção, segundo Chico, foram transmitidos a ele por espíritos.

A pauta da conversa estava prestes a entrar nas perguntas mais complicadas sobre a personalidade e a intimidade de Chico quando uma campainha soou na sala.

- É meu pai. Tá me chamando, Vivaldo pediu licença e se retirou.

Com dificuldades para andar, Chico tinha um interruptor ao lado da cama para acionar os filhos em caso de necessidade ou emergência.

Quando Vivaldo saiu, um calor insuportável tomou conta da minha mão direita: era como se ela estivesse pegando fogo. Uma sensação tão nítida que me fez largar a caneta, saltar do sofá, ir até a porta, girar a maçaneta e correr para o quintal.

Fiquei ali fora sacudindo a mão de um lado pro outro na noite fria até Vivaldo reaparecer.

- Meu pai disse que a sua biografia vai ser um sucesso. Parabéns.

Só deu tempo de eu buscar o gravador e o bloco na sala, me desculpar e desaparecer.

Foi assim, com lágrimas e calores inexplicáveis, que dei os primeiros passos no território de Chico Xavier.

Auto-sugestão? Fenômenos físicos provocados pela aura de um ser iluminado?

São muitas as perguntas sem resposta neste mundo onde vivos e mortos se misturam e espíritos enviam notícias do além por meio de médiuns em mensagens sempre intrigantes.

Trecho de uma delas: "Querida tia Isabel, se puder, não deixe a vovó chorar tanto nem a minha Mãezinha Gilda continuar tão aflita por minha causa. Estou vivo, mas preciso desem-baraçar-me das prisões de casa para conseguir melhorar."

A carta é assinada por Antônio Carlos Escobar, jovem de 22 anos, morto dias antes.

Ao longo de todo o texto, o "espírito" cita nomes e sobrenomes de família de vivos e de mortos:

"Estou aqui com o meu avô Primitivo Aymoré e com minha avó Isabel Rôa Escobar...".

A mensagem saiu das mãos de Chico Xavier, em sessão pública em Uberaba, arrancou lágrimas da mãe de Antônio Carlos, Gilda, e provocou o mesmo efeito nas pessoas reunidas no Grupo Espírita da Prece: o de reforçar a fé num dos dogmas do espiritismo: o de que existe, sim, vida depois da morte.

Como duvidar da autenticidade de um texto pontuado por tantos nomes e sobrenomes só conhecidos pela família do morto?

Como duvidar de Chico Xavier?

Fenômenos como estes se repetiram milhares de vezes ao longo dos 74 anos de atividade mediúnica do líder espírita.

Quando Chico completou 70 anos - no dia 2 de abril de 1980 - já eram 10 mil as cartas de mortos a suas famílias psicografadas por ele, segundo sua assessoria.

E já eram também 2 mil as instituições de caridade fundadas, ajudadas ou mantidas graças aos direitos autorais dos livros vendidos ou das campanhas beneficentes promovidas por Chico Xavier.

Porta-voz de Deus? "Uma besta encarregada de transportar documentos dos espíritos" Chico reagia.

Um iluminado? "Não. Uma tomada entre dois mundos" minimizava.

Chico Xavier, o apóstolo?

- "Nada disso. Cisco Xavier" - ele transformava o nome em trocadilho quando já era idolatrado por caravanas de fiéis e curiosos vindos de todo o Brasil e indicado ao Prêmio Nobel da Paz em campanha nacional embalada por mais de 2 milhões de assinaturas de adesão em 1981.

"Sou um nada. Menos do que um nada", repetia, para se defender de tanto assédio e evitar uma armadilha perigosa: a vaidade.

Com a bênção de Chico, os centros espíritas kardecistas se multiplicaram (hoje já são mais de 5 mil) e formaram uma rede de solidariedade ativa no Brasil. Por estatuto, cada centro deve divulgar o Evangelho, promover sessões públicas (sempre gratuitas) e, o mais importante, prestar serviços à comunidade.

"Ajudai-vos uns aos outros" era o remédio receitado por Chico para todos os males. "Ajude e será ajudado", ele aconselhava aos desesperados e seguia à risca a própria receita.

Ao longo dos 92 anos de vida - 74 deles dedicados a servir de ponte entre vivos e mortos -, Chico escreveu 412 livros, vendeu quase 25 milhões de exemplares e doou toda a renda, em cartório, a instituições de caridade:

- Os livros não me pertencem. Eu não escrevi livro nenhum. "Eles" escreveram.

Em fevereiro do ano 2000, Chico foi eleito o Mineiro do Século em votação que mobilizou a população de todo o estado de Minas Gerais e o consagrou, mais uma vez, como fenômeno popular. Couberam a ele exatos 704.030 votos o suficiente para derrotar concorrentes poderosos como Santos Dumont (segundo colocado), Pelé, Betinho, Carlos Drummond de Andrade e Juscelino Kubitschek (o sexto colocado).

Recluso, doente, afastado dos holofotes, Chico continuava vivo, firme e forte, na lembrança do público.

No ano seguinte, ele foi internado com pneumonia dupla, em estado grave, num hospital de Uberaba. Ao gravar imagens da fachada do prédio, um cinegrafista registrou uma aparição inusitada: um ponto luminoso vindo do céu se deslocou em alta velocidade na direção da janela do quarto onde Chico estava.

O médico Eurípedes Tahan Filho acompanhava o paciente e diagnosticou: logo depois desta aparição, o quadro clínico de Chico mudou. "A febre desapareceu, a respiração melhorou e ele ficou mais alerta." Dois dias depois, Chico teve alta.

As imagens foram exibidas no programa Fantástico, da Rede Globo, logo após a morte do médium. Reflexo na lente da câmera? Fraude? Ajuda espiritual?

Milagre? Engenheiros entrevistados descartaram a hipótese de fraude e não conseguiram explicar a origem da luz. Mais um mistério em torno de Chico.

Numa das poucas conversas que tive com ele, depois de vencer as resistências iniciais, toquei num tema delicado: sua sucessão. Haveria um novo Chico Xavier?

Chico encerrou o assunto: - "Morre um capim, nasce outro".

Ele falava sério.


CONTINUA AMANHÃ

A CARIDADE E O PERDÃO - JORGE JARDIM

sexta-feira, 6 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Sexta feira, 06 de maio de 2011.

Acreditarmos verdadeiramente naquilo que desejamos é o primeiro passo para que ele se torne realidade

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DO DIA

Tudo o que fizeres, faça com amor, com o coração aberto, e as coisas fluem naturalmente

Autor: Desconhecido

AS VIDAS DE CHICO XAVIER - MORRE UM CAPIM NASCE OUTRO - 1ª PARTE

AS VIDAS DE CHICO XAVIER

MARCEL SOUTO MAIOR


"MORRE UM CAPIM, NASCE OUTRO"

Eram pouco mais de 19h30 de domingo 30 de junho de 2002, quando o coração de Chico Xavier parou.

Chico tinha acabado de deitar-se na cama estreita de seu quarto acanhado para mais uma noite de sono. Pouco antes de dormir, ergueu as mãos para o alto, como sempre fazia, e rezou pela última vez.

Chico morreu em casa, como queria, sem dor nem sofrimento.

Poucas horas antes, ele chamou o enfermeiro que sempre o acompanhava.

Precisava de ajuda para fazer a barba, mas Sidnei tinha viajado. A reação de Chico, ao saber da viagem, foi rápida e intrigante:

- Não vai dar tempo.

Nos últimos dias, a cozinheira da casa, Josiane Alberto, estranhou o comportamento de Chico. Bastava ela trazer um copo de água para Chico agradecer:

- Jesus vai te abençoar. Muito obrigado.

Passou a semana agradecendo. Era como se estivesse se despedindo.

Foi esta a sensação que teve o médium César de Almeida Afonso ao visitá-lo na semana anterior.

Agora vieram todos - Chico disse ao vê-lo, depois de uma sucessão de visitas de outros médiuns.

O líder espírita morreu exatos oito dias antes da data em que seria alvo de uma série de homenagens e comemorações: os 75 anos de sua mediunidade.

Para os amigos mais íntimos, a morte, naquele momento, o poupou de novos desgastes com eventos e compromissos.

Chico planejou, com cuidado, a própria despedida.

Uma de suas principais preocupações era impedir que impostores divulgassem, após sua morte, supostas mensagens transmitidas por ele. Temia que, em busca de projeção, médiuns se apresentassem como porta-vozes de seu espírito.
Para evitar fraudes, Chico combinou um código secreto com três pessoas de sua confiança: o médico e amigo Eurípedes Tahan Vieira, o filho adotivo Eurípedes Higino dos Reis e Kátia Maria, sua acompanhante nos últimos anos de vida. Três informações deveriam constar da primeira mensagem enviada do além.

Na tarde anterior à própria morte, Chico confirmou o código com Eurípedes Tahan e avisou:

- Vocês saberão quem sou eu.

Traduzindo: depois de morto, Chico revelaria um dos seus segredos mais bem guardados: quem ele teria sido na última encarnação.

Ele pensou em cada detalhe. Seu corpo deveria ser velado no Grupo Espírita da Prece durante 48 horas, para que todos tivessem tempo de se despedir, sem confusão.

O enterro seria feito no cemitério São João Batista, em Uberaba, a cidade que o acolheu em janeiro de 1959, quando Chico deixou para trás a família e os amigos da cidade natal, a também mineira Pedro Leopoldo.

Foram feitas, é claro, as suas vontades.

Quando a notícia sobre a morte dele se espalhou, fogos de artifício ainda espocavam nos céus de Uberaba e do Brasil. O país festejava a conquista do pentacampeonato da Copa do Mundo de futebol. O jogo decisivo aconteceu na madrugada de sábado para domingo.

Mas a principal notícia em Uberaba logo se tornou Chico Xavier. Repórteres, fotógrafos e cinegrafistas correram para a casa dele. O corpo do médium saiu de casa por volta das 23h30 pelo portão dos fundos rumo ao Grupo Espírita da Prece, o centro fundado por ele em 1975. Aplausos o saudaram na saída de casa e na chegada ao Centro.

Uma fila de admiradores logo dobrou o quarteirão e se prolongou dia e noite, por dois dias. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram mobilizados e, de todo canto do país, chegaram os devotos de Chico Xavier.

Mães e pais que perderam filhos e foram consolados por ele; pobres que teriam morrido de fome ou de frio sem a ajuda dos mutirões que ele promovia; espíritas e não espíritas de todo o país, que aprenderam a ter fé com a ajuda de Chico.

Às 48 horas de velório foram suficientes para que as caravanas de ônibus chegassem em paz. A Polícia Militar fez as contas: 2.500 pessoas por hora, em média, se despediram de Chico no Grupo Espírita da Prece. Ao todo, 120 mil pessoas. A fila para ver o corpo atingiu quatro quilômetros e chegou a exigir uma espera de aproximadamente três horas.

Coroas de flores foram enviadas de todo o país por políticos, artistas, admiradores anônimos, enquanto o prefeito decretava feriado na cidade, o Governador anunciava luto oficial por três dias, e o Presidente Fernando Henrique Cardoso divulgava uma mensagem sobre a importância do líder espírita para o país e para os pobres.

Em frente ao cemitério, uma de suas admiradoras, a florista Isolina Aparecida Silva, atravessou a rua, foi até a cova onde Chico seria enterrado e jogou lá no fundo, sem que ninguém visse, uma carta de agradecimento por tudo o que o médium fez por ela e pelo Brasil.

Isolina, 56 anos, tornou-se devota de Chico aos catorze, quando ele curou a sua enxaqueca crônica apenas com o toque das mãos.

Isolinas de todo o Brasil rezaram para Chico Xavier naqueles dias de despedida e conversaram com ele, nas breves passagens pela beira do caixão, como se Chico estivesse ouvindo cada palavra de saudade e de gratidão.

Na terça-feira 48 horas depois da morte, um carro do Corpo de Bombeiros estacionou em frente ao Grupo Espírita da Prece para transportar o corpo de Chico até o cemitério. Os cinco quilômetros do trajeto demoraram uma hora e meia para serem percorridos.

Mais de 30 mil pessoas acompanharam o cortejo a pé. O trânsito parou e um clima de comoção tomou conta da multidão.

A pedido de Chico, as flores das coroas mais de cem, no total - foram distribuídas a quem acompanhava o corpo.

Na porta do cemitério, o caixão foi recebido com uma chuva de pétalas de 3 mil rosas lançadas de um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal, ao som de músicas como Nossa Senhora, o canto de fé de Roberto Carlos, e Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores, canção de protesto de Geraldo Vandré.

O corpo permaneceu na entrada do cemitério mais quarenta minutos antes de ser levado para a sepultura. Chico queria se despedir de todos. E se despediu como planejou.

Espíritas esperaram por notícias dele nos dias seguintes.

Mas semanas, meses se passaram... e nada. Nenhuma mensagem de Chico Xavier. O "código secreto" nem precisou ser usado.

Seis meses depois, um dos médiuns mais concorridos de Uberaba, Carlos A. Bacceli, fechou os olhos e pôs no papel um livro intitulado Na Próxima Dimensão.

O espírito do médico Inácio Ferreira, ex-diretor clínico do hospital psiquiátrico Sanatório Espírita de Uberaba teria ditado o texto a ele.

Inácio, segundo o livro, também esteve no enterro de Chico. Era um dos espectadores "invisíveis" da "passagem" do líder mais importante do país.

Durante todo o velório, Chico escreveu Bacceli teria descansado nos braços de Cidália, segunda mulher de seu pai, considerada sua segunda mãe.

"Chico guardava relativa consciência de tudo, descreve o texto.

Uma faixa de luz azul enfeitava o céu e foi se tornando cada vez mais intensa à medida que se aproximava a hora do enterro. Esta luz, segundo Inácio, envolveu Chico e partiu, levando o líder espírita para bem longe, no exato instante em que a multidão entoava a canção Nossa Senhora, em frente ao cemitério.

Uma revelação, publicada no livro, causou alvoroço nos meios espíritas: Chico seria a reencarnação de Allan Kardec. Ele teria vindo a Terra para pôr em prática e "sentir na própria pele" a doutrina desenvolvida e divulgada por ele, em livro, na existência anterior.

Com a publicação do livro, Chico teria cumprido a promessa de revelar quem ele era.

Para quem não acredita em vida depois da morte, os cinco parágrafos acima são mera ficção. Para quem acredita, tudo faz sentido.

Verdade irrefutável mesmo é que Chico, o menino pobre e mulato do interior de Minas, filho de pais analfabetos, se transformou em mito, venerado, idolatrado, atacado, perseguido, um ídolo popular.

Foi à história desta metamorfose que decidi contar há dez anos quando desembarquei em Uberaba com uma tarefa ambiciosa: receber um sinal verde do próprio Chico Xavier para escrever sua biografia.

Eu era repórter do Jornal do Brasil, tinha sérias dúvidas sobre questões como vida depois da morte e encarava o líder espírita com o habitual distanciamento jornalístico.

Chico era um mito nacional adorado por milhões de brasileiros e menosprezado por centenas de jornalistas como eu.

Chico Xavier? Não é o Chico Buarque, não? Chico Anysio? Chico Mendes? amigos de redação ironizavam ao saberem do meu projeto: lançar a primeira biografia jornalística de um dos personagens mais idolatrados e polêmicos do país.

Lá fui eu.

Aos 81 anos, atormentado por sucessivas crises de angina, abatido por duas pneumonias graves e castigado por uma catarata crônica, Chico Xavier vivia em repouso e por recomendação médica já não participava de sessões espíritas há quase nove meses.

Eu teria de contar com o apoio de seu filho adotivo, Eurípedes, para conseguir visitá-lo em casa nas reuniões para poucos amigos aos sábados à noite. Não consegui passar pelo portão. Eurípedes preferiu preservar o pai de qualquer desgaste, e eu decidi iniciar a reportagem sem autorização de ninguém nem do possível biografado.

O primeiro passo: acompanhar uma sessão espírita no Grupo Espírita da Prece, mais conhecido como "o Centro do Chico".

Era noite de sábado e fazia frio. Dava para contar nos dedos o número de participantes do culto reunidos na casa simples, com piso de cimento e telhas descascadas no teto. Éramos catorze todos sentados a dois metros de distância da mesa comprida onde, até o ano anterior, Chico Xavier causava comoção ao fechar os olhos e pôr no papel mensagens de mortos a suas famílias na Terra.

Com a ausência de Chico nas sessões dos últimos meses, as multidões do ano anterior reduziram-se até chegarem naquele punhado de gente disposta a acompanhar a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, e a análise de temas como compaixão e solidariedade.

Sentei no banco de madeira em frente à mesa ocupada pelos dirigentes da sessão e, minutos depois, levei um susto.

Contra todas as expectativas, Chico Xavier reapareceu no Grupo Espírita da Prece, o corpo franzino arqueado sob um terno mal ajambrado e o sorriso aberto de quem volta para casa depois de meses de internação.

Ele se sentou à cabeceira, ouviu em silêncio a leitura de textos de Kardec e, em seguida, rezou o pai nosso com um fio de voz.

CONTINUA AMANHÃ

QUEM SABE AMANHÃ - Música Espírita

quinta-feira, 5 de maio de 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO

NUNCA DEIXE DE SONHAR


Ao chegar a este mundo, trazemos os olhos cheios de simplicidade e de uma alegria ingênua, contagiante...

Nessa época de infância, despreocupada e leve, quantos sonhos carregamos! A imaginação corre livre. Não há limites para a mente fértil. Tudo é possível.


Mas crescemos. E a vida vai se encarregando de apagar um pouco do brilho dos nossos olhos.


Ouvimos tantas vezes a palavra "não" que, aos poucos, nos revestimos de uma cautela exagerada. Passamos a ter medo de ousar ir além, de transpor até mesmo pequeninos limites.


Devagar, muito lentamente, passamos a colocar cada vez mais freios na alma, a exercer autocensura, a matar a imaginação.


Antes de sonhar, repreendemos a nós mesmos: "Ah, isso não é possível!" Ou "Isso não vai dar certo." E nem nos permitimos imaginar algo novo e ousado.


Mas, pensemos, vale a pena viver de forma tão metódica? Com cada passo contado? Com os sonhos reprimidos?


A resposta é não. Não vale a pena sufocar os sonhos, que podem ser a ponte para uma vida mais feliz e plena.


Um sonhador é alguém que não se acomoda. Está sempre buscando algo de bom, de novo, de diferente. É um idealista, um lutador.


Observe que não estamos falando de pessoas rebeldes, daquelas que desejam apenas quebrar regras como forma de provocação.


Falamos de pessoas que aspiram viver em um mundo mais justo, abençoado por gestos de fraternidade e cheio de ética, alegria e paz.


Você lembra quando John Lennon cantou que era um sonhador, mas que não era o único?


Na música "Imagine", ele imaginava um planeta livre de preconceitos religiosos, sem que as fronteiras dos países impedissem os homens de ser irmãos.


Pois é. O que Lennon queria mesmo era que mais sonhadores se juntassem a ele, para que o Mundo fosse um só, muito mais unido, mais solidário e amoroso.


Vamos atender a esse convite?


Sim, porque atender a esse chamado de irmandade é também aderir à mensagem de grandes líderes religiosos, de filósofos, de homens de bem.


Lembremos que a Humanidade caminha porque há quem sonhe. Inventores, cientistas, sacerdotes, pensadores em geral são grandes sonhadores.


Gandhi sonhou que a independência da Índia seria conquistada sem violência. E conseguiu dobrar o poderoso império britânico, sem pegar em armas. Apenas com gestos de amor, com seriedade e com uma vontade férrea.


São homens como esse os verdadeiros sonhadores. Não aguardam sentados. Não se deixam abater. Não permitem que o pessimismo alheio os contamine.


Sonhadores movem o Mundo, a partir de ideais que eles tornam realidade. Os seus são sonhos de bem-estar, de fraternidade, de gestos amorosos.


Permita-se, você também, sonhar coisas belas, buscar mudanças positivas. Toque as estrelas com as pontas dos dedos. Sonhe.


Sonhe, sim. Todos os dias, todas as horas. E tente fazer seus sonhos se materializarem, para mudar o Mundo para melhor.



PENSAMENTO DO DIA

Quinta feira, 05 de maio de 2011.

Não importa quantos passos você deu para trás. Importa quantos passos você vai dar para frente

Autor: Décio Melhem

MENSAGEM DO DIA

Você não é do tamanho da sua conta bancária, o bairro onde mora,a roupa que usa, ou o tipo de trabalho que faz. Você é como todo mundo, uma mistura extremamente completa de capacidades e limitações

Autor: Desconhecido

NOSSO LAR - 6ª REUNIÃO - 3ª PARTE

NOSSO LAR

ANDRÉ LUIZ (Espírito)

Obra psicografada por FRANCISCO CANDIDO XAVIER


6a REUNIÃO

APÊNDICE

NOTAS BIOGRÁFICAS SOBRE ANDRÉ LUIZ

1. Não se sabe no meio espírita quem foi efetivamente André Luiz em sua última existência corpórea, exceto que foi médico e que desencarnou relativamente cedo, deixando esposa – Zélia – e três filhos: um rapaz e duas jovens. André Luiz é um mero pseudônimo.

2. Tudo leva a crer que é infundada a informação, corrente entre os espíritas, de que ele teria sido Osvaldo Cruz, médico e sanitarista brasileiro nascido em São Luís do Paraitinga (SP) em 1872 e falecido em Petrópolis (RJ) em 1917, aos 45 anos de idade.

3. Osvaldo Cruz, como se sabe, foi um ilustre médico que se notabilizou por sua dedicação à saúde pública, não havendo registros de que tenha também clinicado, salvo a partir de 1909, quando deixou a direção da Saúde Pública, oito anos antes de desencarnar.

4. Duas circunstâncias devem ter contribuído para a crença de serem ambos uma única pessoa. A primeira: Osvaldo Cruz foi um autor de sucesso, qualidade inegável revelada pelo Espírito que escreveu “Nosso Lar”. A segunda: Existe uma incrível semelhança entre a fotografia de Osvaldo Cruz constante da enciclopédia Delta Larousse e o retrato de André Luiz feito por um médium e divulgado numa das edições do Anuário Espírita de Araras (SP).

5. Chico Xavier diz que desde fins de 1941 passou a ver ao lado de Emmanuel um “cavalheiro espiritual” que depois se revelou como André Luiz. Após algum tempo ele se familiarizou com o novo amigo, que participava de suas preces e lhe contava histórias interessantes, muitas delas relacionadas com o Segundo Império. Não se deve esquecer que Osvaldo Cruz contava 17 anos quando foi proclamada a República. Um jovem dessa idade não deve ter muito o que relatar com referência à era de D. Pedro II.

6. Naquela oportunidade, Emmanuel explicou ao médium que André estava treinando para se desincumbir de uma tarefa importante, que teria início com o livro “Nosso Lar” em 1943, ano em que se concluiu a psicografia da obra. O prefácio, assinado por Emmanuel, é de 3 de outubro de 1943, embora a primeira edição tenha circulado somente em 1944.

7. André Luiz – esclarece Chico Xavier – não agiu sozinho na produção de seus livros. Certamente – informa o médium –, ele representava, ao escrevê-los, um círculo vasto de entidades superiores, porquanto por mais de uma vez Emmanuel e Bezerra de Menezes foram vistos por Chico associados ao autor de “Nosso Lar”, fiscalizando e amparando o trabalho em curso.

8. Segundo palavras de André, ele não fora na última existência vinculado a qualquer denominação religiosa e seu objetivo na vida era a obtenção de uma situação estável e de tranqüilidade econômica, fato que, aliás, é típico da sociedade materialista em que vivemos. Sem o necessário autodomínio no trato com as pessoas e excedendo-se nas bebidas e na alimentação, foi isso que, acrescido de suas leviandades na área do comportamento sexual, o levou a desencarnar mais cedo.

9. Na vida espiritual descobriu que a mãe habitava esferas mais altas, enquanto o pai, Laerte, se encontrava no Umbral, onde também estavam as irmãs Priscila e Clara, tal como se dera com ele próprio. Apenas Luísa, desencarnada quando André era pequeno, e sua mãe reuniam condições de auxiliar os familiares.

10. O livro “Nosso Lar” surpreendeu o mundo espírita no Brasil e muitos combateram o médium com certo rigor, opondo-se às idéias contidas na obra, que consideravam absurdas. Depois de “Nosso Lar”, publicado em 1944, surgiram mais de vinte obras assinadas por André Luiz, das quais as principais, aqui listadas segundo a ordem de publicação, são: “Os Mensageiros”, “Missionários da Luz”, “Obreiros da Vida Eterna”, “No Mundo Maior”, “Agenda Cristã”, “Libertação”, “Entre a Terra e o Céu”, “Nos Domínios da Mediunidade”, “Ação e Reação”, “Evolução em Dois Mundos”, “Mecanismos da Mediunidade”, “Conduta Espírita”, “Sexo e Destino”, “Desobsessão”, “E a Vida Continua...”, “Sol nas Almas” e “Sinal Verde”.

11. Nada melhor que o tempo para derrubar as falsidades e confirmar as verdades perenes. Este ano, pesquisa realizada pelas Organizações Candeia sobre os melhores livros espíritas publicados neste século apontou “Nosso Lar” como o primeiro numa lista de dez. Os pesquisadores ouviram escritores, dirigentes e estudiosos espíritas brasileiros, incluindo os presidentes das Federativas que integram o Conselho Federativo Nacional. O médium Chico Xavier aparece sete vezes na lista e André Luiz, três vezes, ao lado de autores consagrados como Léon Denis, José Herculano Pires, Emmanuel e Camilo Castelo Branco. É preciso reconhecimento maior do que esse?


(CONTINUA AMANHÃ)

REFORMA ÍNTIMA - MÚSICA ESPÍRITA

quarta-feira, 4 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Quarta feira, 04 de maio de 2011.

Dificuldades reais podem ser resolvidas, apenas as imaginárias são insuperáveis

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DO DIA

O importante em mim não é o que parcialmente se vê, mas sim a dignidade que reveste a personalidade que espelha a alma

Autor: Desconhecido

NOSSO LAR - 6ª REUNIÃO - 2ª PARTE

NOSSO LAR

ANDRÉ LUIZ (Espírito)

Obra psicografada por FRANCISCO CANDIDO XAVIER


6a REUNIÃO

OBJETO DO ESTUDO: Capítulos 41 a 50, págs. 229 a 281.

FRASES E APONTAMENTOS IMPORTANTES

CXLIX. Será sempre possível atender aos loucos pacíficos, no lar; mas que remédio se reservará aos loucos furiosos, senão o hospício? (...) É razoável, portanto, que as missões de auxílio recolham apenas os predispostos a receber o socorro elevado. (Benevenuto, cap. 43, pág. 240)

CL. Não basta ao homem a inteligência apurada, lhe é necessário iluminar raciocínios para a vida eterna. As igrejas são sempre santas em seus fundamentos e o sacerdócio será sempre divino, quando cuide essencialmente da Verdade de Deus; mas o sacerdócio político jamais atenderá a sede espiritual da civilização. Sem o sopro divino, as personalidades religiosas poderão inspirar respeito e admiração, não, porém, a fé e a confiança. (Benevenuto, cap. 43, pág. 240)

CLI. O Espiritismo é a nossa grande esperança e, por todos os títulos, é o Consolador da humanidade encarnada; mas a nossa marcha é ainda muito lenta. Trata-se de uma dádiva sublime, para a qual a maioria dos homens ainda não possui "olhos de ver". Esmagadora porcentagem dos aprendizes novos aproxima-se dessa fonte divina a copiar antigos vícios religiosos. Querem receber proveitos, mas não se dispõem a dar coisa alguma de si mesmos. Invocam a verdade, mas não caminham ao encontro dela. (...) Enfim, procuram-se, por lá, os espíritos materializados para o fenomenismo passageiro, ao passo que nós outros vivemos à procura de homens espiritualizados para o trabalho sério. (Benevenuto, cap. 43, pág. 241)

CLII. Não esqueçamos que todo homem é semente da divindade. Ataquemos a execução de nossos deveres com esperança e otimismo, e estejamos sempre convictos de que, se bem fizermos a nossa parte, podemos permanecer em paz, porque o Senhor fará o resto. (Benevenuto, cap. 43, pág. 241)

CLIII. Quando nos reunimos àqueles a quem amamos, ocorre algo de confortador e construtivo em nosso íntimo. É o alimento do amor. Quando numerosas almas se congregam no círculo de tal ou qual atividade, seus pensamentos se entrelaçam, formando núcleos de força viva, através dos quais cada um recebe seu quinhão de alegria ou sofrimento, da vibração geral. (Lísias, cap. 44, pág. 242)

CLIV. No planeta, o problema do ambiente é sempre fator ponderável no caminho de cada homem. Cada criatura viverá daquilo que cultiva. Quem se oferece diariamente à tristeza, nela se movimentará. (...) Das Reuniões de fraternidade, de esperança, de amor e de alegria, sairemos com a fraternidade, a esperança, o amor e a alegria de todos; mas, de toda assembléia de tendências inferiores, em que predominam o egoísmo, a vaidade ou o crime, sairemos envenenados com as vibrações destrutivas desses sentimentos. (Lísias, cap. 44, pp. 242 e 243)

CLV. Quando há compreensão recíproca, vivemos na antecâmara da ventura celeste, e, se permanecemos em desentendimento e maldade, temos o inferno vivo. (André Luiz, cap. 44, pág. 243)

CLVI. Considere as criaturas como itinerantes da vida. Alguns poucos seguem resolutos, visando ao objetivo essencial da jornada. São os espíritos nobilíssimos, que descobriram a essência divina em si mesmos, marchando para o alvo sublime, sem vacilações. A maioria, no entanto, estaciona. (Lísias, cap. 44, pág. 244)

CLVII. Os primeiros seguem por linhas retas. Os segundos caminham descrevendo grandes curvas. (...) Repetindo marchas e refazendo velhos esforços, ficam à mercê de inúmeras vicissitudes. Assim é que muitos costumam perder-se em plena floresta da vida... Classificam-se aí os milhões de seres que perambulam no Umbral. (Lísias, cap. 44, pág. 244)

CLVIII. Outros, preferindo caminhar às escuras, pela preocupação egoística que os absorve, costumam cair em precipícios, estacionando no fundo do abismo por tempo indeterminado. É a essas regiões mais inferiores que chamamos Trevas. (Lísias, cap. 44, pág. 244)

CLIX. Em qualquer lugar, o espírito pode precipitar-se nas furnas do mal, salientando-se, porém, que nas esferas superiores as defesas são mais fortes, imprimindo-se, conseqüentemente, mais intensidade de culpa na falta cometida. (Lísias, cap. 44, pág. 244)

CLX.
A vida palpita nas profundezas dos mares e no âmago da terra. Além disso, há princípios de gravitação para o espírito, como se dá com os corpos materiais. (...) É claro que a alma esmagada de culpas não poderá subir à tona do lago maravilhoso da vida. (Lísias, cap. 44, pág. 246)

CLXI. Quem estime viver exclusivamente nas sombras, embotará o sentido divino da direção. Não será demais, portanto, que se precipite nas Trevas, porque o abismo atrai o abismo e cada um de nós chegará ao local para onde esteja dirigindo os próprios passos. (Lísias, cap. 44, pág. 246)

CLXII. O amor sublime vive no corpo mortal, ou na alma eterna? No círculo terrestre, o amor é uma espécie de ouro abafado nas pedras brutas. Tanto o misturam os homens com as necessidades, os desejos e estados inferiores, que raramente se diferenciará a ganga do precioso metal. (Lísias, cap. 45, pp. 248 e 249)

CLXIII. O noivado é muito mais belo na espiritualidade. Não existem véus de ilusão a obscurecer-nos o olhar. Somos o que somos. (Lísias, cap. 45, pág. 249)

CLXIV. Só é verdadeiramente livre quem aprende a obedecer. (Lísias, cap. 45, pág. 249)

CLXV. Os espíritos que amam, verdadeiramente, não se limitam a estender as mãos de longe. De que nos valeria toda a riqueza material, se não pudéssemos estendê-la aos entes amados? (Mãe de André Luiz, cap. 46, pág. 255)

CLXVI. Há reencarnações que funcionam como drásticos. Ainda que o doente não se sinta corajoso, existem amigos que o ajudam a sorver o remédio santo, embora muito amargo. Relativamente à liberdade irrestrita, a alma pode invocar esse direito somente quando compreenda o dever e o pratique. Quanto ao mais, é indispensável reconhecer que o devedor é escravo do compromisso assumido. Deus criou o livre-arbítrio, nós criamos a fatalidade. (Mãe de André Luiz, cap. 46, pág. 256)

CLXVII. Ninguém ajuda eficientemente, intensificando as forças contrárias, como não se pode apagar na Terra um incêndio com petróleo. É indispensável amar, André. Os que descrêem perdem o rumo verdadeiro, peregrinando pelo deserto; os que erram se desviam da estrada real, mergulhando no pântano. (Mãe de André Luiz, cap. 46, pág. 257)

CLXVIII. Precisamos confiar na Proteção Divina e em nós mesmos. O manancial da Providência é inesgotável. (...) O grande perigo, ainda e sempre, é a demora nas tentações complexas do egoísmo. (Genésio, cap. 47, pp. 260 e 261)

CLXIX. Toda luz que acendermos, de fato, na Terra, lá ficará para sempre, porque a ventania das paixões humanas jamais apagará uma só das luzes de Deus. (Genésio, cap. 47, pág. 262)

CLXX. Dentro do nosso mundo individual, cada idéia é como se fora uma entidade à parte... É necessário pensar nisso. Nutrindo os elementos do bem, progredirão eles para nossa felicidade, constituirão nossos exércitos de defesa; todavia, alimentar quaisquer elementos do mal é construir base segura para os nossos inimigos verdugos. (Genésio, cap. 47, pág. 262)

CLXXI. Nem todos os encarnados se agrilhoam ao solo da Terra. Como os pombos-correio que vivem, por vezes, longo tempo de serviço, entre duas regiões, espíritos há que vivem por lá entre dois mundos. (Nicolas, cap. 48, pág. 265)

CLXXII. Nossa emotividade emite forças suscetíveis de perturbar. Aquela pequena câmara cristalina é constituída de material isolante. Nossas energias mentais não poderão atravessá-la. (Nicolas, cap. 48, pág. 265)

CLXXIII. Ricardo, pai de Lísias, exclamou, quase à despedida: "Ah! filhos meus, alguma coisa tenho a pedir-lhes do fundo de minhalma! roguem ao Senhor para que eu nunca disponha de facilidades na Terra, a fim de que a luz da gratidão e do entendimento permaneça viva em meu espírito!..." (André Luiz, cap. 48, pág. 269)

CLXXIV. A recomendação de Jesus para que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e compreensão, em nossos caminhos. (Clarêncio, cap. 49, pág. 274)

CLXXV. Era preciso lutar contra o egoísmo feroz. Jesus conduzira-me a outras fontes. Não podia proceder como homem da Terra. Minha família não era, apenas, uma esposa e três filhos na Terra. (...) Dominado de novos pensamentos, senti que a linfa do verdadeiro amor começava a brotar das feridas benéficas que a realidade me abrira no coração. (André Luiz, cap. 49, pág. 275)

CLXXVI. Toda criatura, no testemunho, deve proceder como a abelha, acercando-se das flores da vida, que são as almas nobres, no campo das lembranças, extraindo de cada uma a substância dos bons exemplos, para adquirir o mel da sabedoria. (Laura, cap. 50, pág. 276)

CLXXVII. Nada existe de inútil na Casa de Nosso Pai. Em toda parte, se há quem necessite aprender, há quem ensine; e onde aparece a dificuldade, surge a Providência. O único desventurado, na obra divina, é o espírito imprevidente, que se condenou às trevas da maldade. (Narcisa, cap. 50, pág. 279)

CONTINUA AMANHÃ

CARIDADE - MÚSICA ESPÍRITA

terça-feira, 3 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Terça feira, 03 de maio de 2011.

Diz uma lenda chinesa que amizades verdadeiras são como árvores de raízes profundas: nenhuma tempestade consegue arrancar

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DO DIA

O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência

Autor: Henry Ford

NOSSO LAR - 6ª REUNIÃO - 1ª PARTE

NOSSO LAR

ANDRÉ LUIZ (Espírito)

Obra psicografada por FRANCISCO CANDIDO XAVIER


6a REUNIÃO

OBJETO DO ESTUDO: Capítulos 41 a 50, págs. 229 a 281.

QUESTÕES PARA DEBATE

A. Qual era o cenário invisível da guerra na Polônia? (Nosso Lar, págs. 238 a 241. Ver item 83 do texto abaixo.)

B. Em que consistem as Trevas? (Nosso Lar, págs. 244 a 246. Ver item 84 do texto abaixo.)

C. Há noivado no plano espiritual? (Nosso Lar, págs. 248 e 249. Ver item 85 do texto abaixo.)

D. Que música se podia ouvir no Campo da Música? (Nosso Lar, págs. 249 a 252. Ver item 86 do texto abaixo.)

E. Por que a mãe de André decidiu reencarnar tão cedo? (Nosso Lar, págs. 254 a 258. Ver item 88 do texto abaixo.)

F. Que objetivo teve a visita de Ricardo à casa de Laura e como o fato ocorreu? (Nosso Lar, págs. 259 a 269. Ver itens 89 e 90 do texto abaixo.)

G. Que é que André descobriu ao visitar seu lar terreno? (Nosso Lar, págs. 270 a 274. Ver itens 91 a 93 do texto abaixo.)

H. Qual foi sua conduta ante o sofrimento da ex-esposa? (Nosso Lar, págs. 274 a 280. Ver itens 94 e 95 do texto abaixo.)

TEXTO PARA CONSULTA

81. O receio de uma esposa insegura – O medo da guerra era generalizado, e uma jovem mulher estava preocupada com a possibilidade de seu marido Everardo desencarnar. Ela receava que ele a procurasse na qualidade de esposa, porque não mais poderia suportá-lo. Sendo muito ignorante, ele com certeza a submeteria a novas crueldades. (Cap. 41, pág. 229)

82. A palavra do Governador – Grande multidão reuniu-se no domingo de manhã para ouvir a palavra do Governador. O Grande Coro do Templo da Governadoria, aliando-se aos meninos cantores das escolas do Esclarecimento, iniciou a festividade com o hino "Sempre Contigo, Senhor Jesus", cantado por duas mil vozes ao mesmo tempo. Alto, magro, envergando uma túnica muito alva, cabelos de neve, olhos penetrantes e lúcidos, o Governador apoiava-se num bordão, embora caminhasse com aprumo juvenil. Ele abriu um livro luminoso, folheou-o atento e, depois, leu em voz pausada: "E ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim" (Mateus, 24:6). Suas palavras foram de encorajamento e de apelo para que trinta mil servidores se alistassem no trabalho de defesa da cidade, em face da guerra européia. (Cap. 42, pp. 232 a 235)

83. Dificuldades na Polônia – O Ministro Benevenuto, da Regeneração, que havia chegado dois dias antes da Polônia, descreveu o quadro doloroso que ele viu nos campos daquela nação, invadida pelos soldados alemães. Tudo obscuro, tudo difícil. As vítimas entregavam-se totalmente a pavorosas impressões e não ajudavam, apenas consumiam as forças dos diligentes assistentes espirituais que ali atuavam. Apesar disso, as tarefas de assistência imediata funcionavam perfeitamente, a despeito do ar asfixiante, saturado de vibrações destruidoras. O campo invisível da batalha era verdadeiro inferno de indescritíveis proporções, esclareceu o Ministro. Aos fluidos venenosos das metralha, casavam-se as emanações pestilentas do ódio, e isso tornava quase impossível qualquer auxílio. Quando algum militar agressor desencarnava, era logo dominado por forças tenebrosas e fugia dos Espíritos missionários. A falta de preparação religiosa constituía, no seu entendimento, a causa de semelhante calamidade. (Cap. 43, pp. 238 a 241)

84. As Trevas – "Chamamos Trevas às regiões mais inferiores que conhecemos", explicou Lísias. Há espíritos que, preferindo caminhar às escuras, pela excessiva preocupação egoística que os absorve, costumam cair em precipícios. Há também princípios de gravitação para os espíritos, como ocorre com os corpos materiais. A alma esmagada de culpas não pode subir à tona do lago maravilhoso da vida. As aves livres ascendem às alturas; as que se embaraçam no cipoal sentem-se tolhidas no vôo, e as que se prendem a peso considerável são meras escravas do desconhecido. O abismo atrai o abismo e cada um de nós chegará ao local para onde esteja dirigindo os próprios passos. (Cap. 44, pp. 244 a 246)

85. Noivado espiritual – André ficou sabendo que existe noivado nos círculos espirituais e ele é muito mais belo do que na Terra, onde os desejos e os estados inferiores abafam as belezas do amor puro. Lísias e Lascínia estavam noivos e pretendiam, em breve, unir-se em matrimônio. O casal já experimentara muitos fracassos nas experiências materiais, mas Lísias esclareceu que todos os desastres do passado tiveram origem na sua imprevidência e absoluta falta de autodomínio. (Cap. 45, pp. 248 e 249)

86. Campo da Música – Luzes de indescritível beleza banhavam extenso parque, onde se ostentavam encantamentos de verdadeiro conto de fadas. Era o Campo da Música, cujo ingresso foi pago por Lísias. Grande número de passeantes, em torno de gracioso coreto, ouvia uma orquestra de reduzidas figuras executar música ligeira. Nas extremidades do Campo havia músicas para todos os gostos. Imperava, porém, no centro a música universal e divina, a arte santificada por excelência, que atrai multidões de espíritos, ao contrário do que se verifica na Terra. O elemento feminino aparecia na paisagem revelando extremo apuro de gosto individual, sem desperdício de adornos. Grandes árvores, diferentes das que se conhecem na Terra, guarneciam belos recintos, iluminados e acolhedores. Nas palestras, nada de malícia ou de acusações. Discutia-se o amor, a cultura intelectual, a pesquisa científica, a filosofia edificante, mas todos os comentários tendiam à esfera elevada do auxílio mútuo, sem qualquer atrito de opinião. Em palestras numerosas, viam-se referências a Jesus e ao Evangelho. Aquela sociedade otimista encantou André Luiz. Lísias explicou, então, que os orientadores em harmonia da colônia absorviam raios de inspiração nos planos mais altos e os grandes compositores terrestres são, por vezes, levados a esferas como "Nosso Lar", onde recebem algumas expressões melódicas, para depois transmiti-las, por sua vez, aos ouvidos humanos. (Cap. 45, pp. 249 a 252)

87. Saudades do lar terreno – Um ano havia-se passado em trabalhos construtivos. André aprendera a ser útil, encontrara o prazer do serviço, experimentara crescente júbilo e confiança, mas ainda não voltara ao lar terrestre. A saudade, evidentemente, doía-lhe muito. Por isso, à medida que se consolidava seu equilíbrio emocional, intensificava-se nele a ansiedade de rever os seus. (Cap. 46, pp. 253 e 254)

88. A volta da mãe de André – Em setembro de 1940, sua mãe – que vez por outra o visitava – comunicou-lhe o propósito de voltar à Terra. André protestou. Não entendia por que sua mãe voltaria à carne agora, sem necessidade imediata. Ela lhe explicou então que Laerte, seu ex-esposo, transformara-se num cético de coração envenenado e que todos os esforços que ela fez para reerguê-lo haviam sido improfícuos. Ora, Laerte não poderia persistir em semelhante posição, sob pena de mergulhar em abismos mais profundos. E ela não podia ficar a distância. Depois de estudar detidamente o assunto, concluiu que, se ela não podia trazer o inferior para o superior, poderia fazer o contrário: Laerte seria de novo seu marido, e as entidades que o obsidiavam seriam suas filhas. Ele, por sinal, já havia sido encaminhado à reencarnação na semana anterior. Revelando o desejo de fugir das mulheres que ainda o subjugavam, essa disposição foi aproveitada para jungi-lo à nova situação. Se não fosse a Proteção Divina por intermédio de guardas espirituais, talvez as infelizes irmãs lhe subtraíssem a oportunidade da nova encarnação. André estranhou o fato e perguntou se somos simples joguetes em mãos inimigas. Sua mãe respondeu-lhe: "Essas interrogações, meu filho, devem pairar em nossos corações e em nossos lábios, antes de contrairmos qualquer débito, e antes de transformarmos irmãos em adversários para o caminho. Não tomes empréstimos à maldade..." (Cap. 46, pp. 254 a 258)

89. A volta de Laura – A mãe de Lísias também se preparava para retornar à Terra. Uma homenagem afetuosa lhe foi feita na noite em que o Departamento de Contas lhe entregou a notificação do tempo global de serviço na colônia. Numerosas famílias foram saudar a companheira prestes a regressar. A encarnação teria início daí a dois dias. Haviam terminado as aplicações do Serviço de Preparação, do Ministério do Esclarecimento, mas Laura estava triste e apreensiva. O Ministro Genésio a estimulou a não pensar em fracassos e a confiar na Providência Divina e nos amigos que ficariam à retaguarda. Laura expressou seus receios pelo esquecimento temporário em que todos se precipitam ao reencarnar. Ela entendia que na Terra nossa boa intenção é como luz bruxuleante num mar imenso de forças agressivas. Genésio pediu-lhe que repelisse tal pensamento. Não se pode dar tamanha importância às influências inferiores. Com as palavras do Ministro, Laura ficou mais confiante. Lísias acrescentou que ele e as irmãs não ficariam inativos em "Nosso Lar". O otimismo voltou, assim, a reinar na casa e todos lembraram que a volta à Terra é uma bendita oportunidade de recapitular e aprender, para o bem. (Cap. 47, pp. 259 a 263)

90. Visita de Ricardo – Convidado por Laura, André compareceu à reunião em que a família receberia a visita de Ricardo, pai de Lísias. Na sala de jantar, pouco mais de trinta pessoas se faziam presentes quando Clarêncio deu início aos trabalhos. A uma distância de quatro metros, mais ou menos, havia um globo cristalino de dois metros de altura, envolvido na parte inferior em longa série de fios que se ligavam a pequeno aparelho, idêntico aos nossos alto-falantes. Ricardo encontrava-se então na fase de infância terrestre e viria falar aos familiares naquela noite. O globo cristalino, constituído de material isolante, tinha a função de protegê-lo das emoções emitidas pelos familiares. Em dado momento Lísias foi chamado ao telefone por funcionários do Ministério da Comunicação: chegara o momento culminante. O relógio da parede marcava 0h40. Na Terra, os pais de Ricardo dormiam... Clarêncio pediu a todos homogeneidade de pensamentos e fusão de sentimentos; depois, orou. Lísias executou na cítara uma canção harmoniosa. Em seguida, a um sinal de Clarêncio, Judite, Iolanda e Lísias, com o auxílio do piano, da harpa e da cítara, tendo ao lado Teresa e Eloísa, cantaram uma melodia maravilhosa, composta por eles mesmos. Quando a música chegou ao fim, o globo se cobriu, interiormente, de substância leitoso acinzentada, apresentando, em seguida, a figura simpática de um homem na idade madura. Era Ricardo. A emoção foi geral quando o visitante, dirigindo-se a Laura e aos filhos, pediu que repetissem a suave canção filial, que ele ouviu banhado em lágrimas. Depois, quando o esposo fazia sua saudação, Laura chorava discretamente e os filhos tinham os olhos marejados de pranto. Ricardo informou que Laura iria ter com ele em breve, e que mais tarde todos eles também iriam. A essa altura, o choro era geral. Quase à despedida, Ricardo deixou bem claro que não desejava dispor de facilidades na Terra. Finda a comunicação, sua imagem se desfez no globo e Clarêncio, com uma oração, encerrou a reunião. (Cap. 48, pp. 264 a 269).

91. A volta ao lar – No mesmo dia em que Laura partiu para reencarnar, André Luiz teve permissão para visitar, pela primeira vez, sua casa terrestre. Laura denotava extrema preocupação. André estava embriagado de alegria. Clarêncio abraçou-o e disse que ele teria uma semana livre. O coração de André batia descompassado à medida que se aproximava do grande portão de entrada. Em frente à casa, ostentava-se, garbosa, a palmeira que ele e Zélia plantaram no primeiro aniversário de casamento. A mudança dos móveis e a ausência do retrato de família, tudo o oprimia ansiosamente. Na sala de jantar, a filha mais nova já estava em idade casadoura. Ele viu, então, Zélia saindo de um quarto, acompanhado de um médico. André gritou sua alegria, mas as palavras não atingiam os ouvidos dos circunstantes. Abraçou-se à companheira, com o carinho de uma saudade imensa, mas Zélia parecia insensível àquele gesto de amor. Percebeu, então, que ela havia casado outra vez e que seu esposo atual, Dr. Ernesto, encontrava-se gravemente enfermo. "Um corisco não me fulminaria com tamanha violência", registrou André Luiz. (Cap. 49, pp. 270 a 272)

92. Difícil testemunho – André se assentou decepcionado e acabrunhado, vendo Zélia entrar no quarto e dele sair várias vezes, acariciando o enfermo com a ternura que lhe coubera noutros tempos, e, depois de algumas horas de amarga observação e meditação, voltou, cambaleante, à sala de jantar, onde encontrou as filhas conversando. A mais velha se casara e tinha um filhinho ao colo. Ela viera ter notícias do Dr. Ernesto, mas dizia que, naquele dia, tivera singulares saudades de seu pai. Não chegou a terminar. Lágrimas abundantes encheram seus olhos. Zélia a repreendeu bruscamente. A filha mais jovem também interveio: "Desde que a pobre mana começou a se interessar pelo maldito Espiritismo, vive com essas tolices na cachola. Onde já se viu tal disparate? Essa história dos mortos voltarem é o cúmulo dos absurdos". (Cap. 49, pp. 272 e 273)

93. Lágrimas amargas – André confortou a filha chorosa, murmurando palavras de coragem e consolo, que ela não registrou auditivamente, mas subjetivamente, sob a feição de pensamentos confortadores. Ele compreendia agora por que seus verdadeiros amigos haviam procrastinado tanto o seu retorno ao lar terreno. As decepções e angústias ali sucediam-se de tropel. Sua casa pareceu-lhe um patrimônio que os ladrões e os vermes haviam transformado. Nem haveres, nem títulos, nem afetos. Somente uma filha permanecia de sentinela ao seu velho e sincero amor. Nem os longos anos de sofrimento, nos primeiros dias de além-túmulo, lhe haviam proporcionado lágrimas tão amargas. (Cap. 49, pp. 273 e 274)

94. O lembrete de Clarêncio – No dia seguinte André estava ainda perplexo com aquela situação. De tarde, Clarêncio foi visitá-lo e percebeu o abatimento do pupilo. "Compreendo suas mágoas e rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho", disse-lhe o Ministro, que, abstendo-se de dar conselhos, lembrou apenas que a recomendação de Jesus para que amemos a Deus e ao próximo opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e compreensão, em nossos caminhos. André passou a refletir com mais serenidade. Afinal de contas, por que condenar Zélia? Se fosse ele o viúvo na Terra, teria por acaso suportado a solidão? Dominado por novos sentimentos, sentia que a linfa do amor começava a brotar das feridas benéficas que a realidade lhe abrira no coração. (Cap. 49, pp. 274 e 275)



95. O amor vence o egoísmo – André lembrou-se dos conselhos de Laura e dos exemplos que sua mãe e tantos amigos em "Nosso Lar" lhe proporcionaram, como Veneranda, Narcisa e Hilda. Procurou abstrair-se do que ouvia em seu lar, colocando acima de tudo o amor divino, e foi à luta, para auxiliar o restabelecimento do Dr. Ernesto. Zélia e o novo esposo se amavam inten-samente e ele não tinha o direito de interferir, a não ser para auxiliar. Sentia-se porém sem condições de afastar, sozinho, os espíritos infelizes que se mantinham em estreita ligação com o enfermo. Estava muito abatido. Pediu então a ajuda de Narcisa: concentrou-se em fervorosa oração ao Pai e, nas vibrações da prece, dirigiu-se a Narcisa, encarecendo socorro. Passados vinte minutos, mais ou menos, alguém o tocou no ombro. Era Narcisa. Antes de tudo, ela aplicou passes de reconforto no doente, isolando-o das formas escuras, que se afastaram como por encanto. Depois manipulou certa substância com as emanações do eucalipto e da mangueira e, durante toda a noite, aplicaram o remédio ao enfermo, através da respiração comum e da absorção pelos poros. Ernesto melhorou sensivelmente. O médico que o assistia disse: "Verificou-se esta noite extraordinária reação! Verdadeiro milagre da Natureza!" Zélia estava radiante. E André reconheceu que vigorosos laços de inferioridade se haviam rompido dentro de si, para sempre. (Cap. 50, pp. 276 a 280)

96. Cidadão de "Nosso Lar" – André voltou a "Nosso Lar" em companhia de Narcisa, experi-mentando pela primeira vez a capacidade de volitação, fato que possibilitava ganhar grandes distâncias em poucos minutos. Narcisa esclareceu, então, que em "Nosso Lar" grande parte dos companheiros poderia dispensar o aeróbus e transportar-se, à vontade, nas áreas de seu domínio vibratório, mas, visto a maioria não ter adquirido essa faculdade, eles se abstinham de exercê-la nas vias públicas da colônia. Nos dias seguintes, ele passou a ir de “Nosso Lar” à sua casa na Crosta, e vice-versa, sem dificuldade de vulto, intensificando o tratamento de Ernesto, cujas melhoras se firmaram, francas e rápidas. Clarêncio o visitava diariamente, mostrando-se satisfeito com o seu trabalho. A alegria tornara aos cônjuges, que André passou a estimar como irmãos. Naqueles sete dias, ele aprendera preciosas lições práticas no culto vivo da compreensão e da fraternidade. Uma surpresa, porém, o aguardava. Quando retornou a “Nosso Lar”, findos os sete dias da licença, mais de duzentos companheiros vieram ao seu encontro e todos o saudaram, generosos e acolhedores. Lísias, Lascínia, Narcisa, Silveira, Tobias, Salústio e numerosos companheiros das Câmaras ali estavam. Foi então que Clarêncio, surgido à frente de todos, estendeu-lhe a destra e informou: "Até hoje, André, você era meu pupilo na cidade; mas, doravante, em nome da Governadoria, declaro-o cidadão de `Nosso Lar’". André Luiz atirou-se aos braços paternais do venerável amigo e, chorando de gratidão e alegria, abraçou-o calorosamente. (Cap. 50, pp. 280 e 281)

CONTINUA AMANHÃ

A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS

segunda-feira, 2 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Segunda feira, 02 de maio de 2011.

Quanto mais beleza descubro na vida, nos homens e nas crianças, no mundo exterior e interior, tanto mais vejo Deus em todas as coisas e em todas as obras

Autor: Freeman Claim Clark

MENSAGEM DO DIA

Há momentos em que as tribulações acontecem em nossas vidas, e não podemos evitá-las. Mas estão ali por algum motivo. Só quando ultrapassamos, entendemos porque estavam ali

Autor: Paulo Coelho

NOSSO LAR - 5ª REUNIÃO - 2ª PARTE

NOSSO LAR

ANDRÉ LUIZ (Espírito)

Obra psicografada por FRANCISCO CANDIDO XAVIER

5a REUNIÃO

OBJETO DO ESTUDO: Capítulos 31 a 41, págs. 168 a 228.

FRASES E APONTAMENTOS IMPORTANTES

CXIX. Tabelas, quadros, pagamentos são modalidades de experimentação dos administradores, a que o Senhor concedeu a oportunidade de cooperar nas Obras Divinas da Vida, assim como concede à criatura o privilégio de ser pai ou mãe, por algum tempo, na Terra e noutros mundos. (Mãe de André Luiz, cap. 36, pág. 199)

CXX. Toda compensação exterior afeta a personalidade em experiência; mas todo valor de tempo interessa à personalidade eterna, aquela que permanecerá sempre em nossos círculos de vida, em marcha para a glória de Deus. É por essa razão que o Altíssimo concede sabedoria ao que gasta tempo em aprender e dá mais vida e mais alegria aos que sabem renunciar!... (Mãe de André Luiz, cap. 36, pág. 199)

CXXI. Essas aulas (referia-se à conferência de Veneranda) são ouvidas somente pelos espíritos sinceramente interessados. Os instrutores, aqui, não podem perder tempo. (Tobias, cap. 37, pág. 200)

CXXII. Aos administradores em geral incumbe a obrigação de contar o tempo de serviços, mas, quanto ao valor essencial do aproveitamento justo, só mesmo as Forças Divinas podem determinar com exatidão. Há servidores que, depois de quarenta anos de atividade especial, dela se retiram com a mesma incipiência da primeira hora, provando que gastaram tempo sem empregar dedicação espiritual. (Tobias, cap. 37, pág. 201)

CXXIII. Cada filho acerta contas com o Pai, conforme o emprego da oportunidade, ou segundo suas obras. (Tobias, cap. 37, pág. 201)

CXXIV. O pensamento é a base das relações espirituais dos seres entre si, mas não olvidemos que somos milhões de almas dentro do Universo, algo insubmissas ainda às leis universais. (Veneranda, cap. 37, pág. 203)

CXXV. Uma existência secular, na carne terrestre, representa período demasiadamente curto para aspirarmos à posição de cooperadores essencialmente divinos. (Veneranda, cap. 37, pp. 203 e 204)

CXXVI. Somos admitidos aos cursos de espiritualização nas diversas escolas religiosas do mundo, mas com freqüência agimos exclusivamente no terreno das afirmativas verbais. Ninguém, todavia, atenderá ao dever apenas com palavras. (Veneranda, cap. 37, pág. 204)

CXXVII. Uma idéia criminosa produzirá gerações mentais da mesma natureza; um princípio elevado obedecerá à mesma lei. Recorramos a símbolo mais simples. Após elevar-se às alturas, a água volta purificada, veiculando vigorosos fluidos vitais, no orvalho protetor ou na chuva benéfica; conservemo-la com os detritos da terra e fálaremos habitação de micróbios destruidores. O pensamento é força viva, em toda parte; é atmosfera criadora que envolve o Pai e os filhos, a Causa e os Efeitos, no Lar Universal. (Veneranda, cap. 37, pág. 204)

CXXVIII. Nas mentes evolvidas, entre os desencarnados e encarnados, basta o intercâmbio mental sem necessidade das formas, e é justo destacar que o pensamento em si é a base de todas as mensagens silenciosas da idéia, nos maravilhosos planos da intuição, entre os seres de toda espécie. Dentro desse princípio, o espírito que haja vivido exclusivamente em França poderá comunicar-se no Brasil, pensamento a pensamento, prescindindo de forma verbalista especial, que, nesse caso, será sempre a do receptor; mas isso também exige a afinidade pura. Não estamos, porém, nas esferas de absoluta pureza mental, onde todas as criaturas têm afinidades entre si. (Veneranda, cap. 37, pág. 205)

CXXIX. Veneranda costuma afirmar que as preleções evangélicas começaram com Jesus, mas ninguém pode saber quando e como terminarão. (Narcisa, cap. 37, pág. 206)

CXXX. Entre o irracional e o homem há enorme série gradativa de posições. Assim, também, entre nós outros, o caminho até o anjo representa imensa distância a percorrer. Ora, como podemos aspirar à companhia de seres angélicos, se ainda não somos nem mesmo fraternos uns com os outros? (Tobias, cap. 38, pág. 209)

CXXXI. Graças a Jesus e a Hilda, aprendi que há casamento de amor, de fraternidade, de provação, de dever... O matrimônio espiritual realiza-se alma com alma, representando os demais simples conciliações indispensáveis à solução de necessidades ou processos retificadores, embora todos sejam sagrados. (Luciana, cap. 38, pág. 212)

CXXXII. O casamento, aqui, se processa pela combinação vibratória, ou, para ser mais explícito, pela afinidade máxima ou completa. (Tobias, cap. 38, pág. 212)

CXXXIII. Se os consortes padecem inquietação, desentendimento, tristeza, estão unidos fisica-mente, mas não integrados no matrimônio espiritual. (Luciana, cap. 38, pp. 212 e 213)

CXXXIV. Precisamos compreender o espírito de seqüência que rege os quadros evolutivos da vida. Se atravessamos longa escala de animalidade, é justo que essa animalidade não desapareça de um dia para outro. (Laura, cap. 39, pág. 215)

CXXXV. O problema do perdão, com Jesus, é problema sério. Não se resolve em conversas. Perdoar verbalmente é questão de palavras; mas aquele que perdoa realmente precisa mover e remover pesados fardos de outras eras, dentro de si mesmo. (Laura, cap. 39, pág. 217)

CXXXVI. É por isso que o entendimento fraterno precede a qualquer trabalho verdadeiramente salvacionista. Toda caridade, para ser divina, precisa apoiar-se na fraternidade. (Laura, cap. 39, pág. 218)

CXXXVII. Quando o Pai nos convoca a determinado lugar, é que lá nos aguarda alguma tarefa. Cada situação, na vida, tem finalidade definida... Não deixe de observar este princípio em suas visitas aparentemente casuais. Desde que nossos pensamentos visem à prática do bem, não será difícil identificar as sugestões divinas. (Narcisa, cap. 40, pág. 219)

CXXXVIII. Todos nós encontramos no caminho os frutos do bem ou do mal que semeamos. Esta afirmativa não é frase doutrinária, é realidade universal. Bem-aventurados os devedores em condições de pagar. (Narcisa, cap. 40, pág. 222)

CXXXIX.
Quando um país toma a iniciativa da guerra, encabeça a desordem da Casa do Pai, e pagará um preço terrível. (Salústio, cap. 41, pág. 226)

CXL. Se devemos lastimar a criatura em oposição à lei do bem, com mais propriedade devemos lamentar o povo que olvidou a justiça. (André Luiz, cap. 41, pág. 226)

CXLI. A doença é mestra da saúde, o desastre dá ponderação. (...) Helvécio, Helvécio, esqueçamos o "meu programa" para pensar em "nossos programas". (Um Espírito, cap. 41, pp. 228 e 229)

CXLII. Irmãos de "Nosso Lar", não vos entregueis a distúrbios do pensamento ou da palavra. A aflição não constrói, a ansiedade não edifica. Saibamos ser dignos do clarim do Senhor, atendendo-lhe a Vontade Divina no trabalho silencioso, em nossos postos. (Governador, cap. 41, pág. 230)

CXLIII. É elevada a porcentagem de existências humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, que é tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. O medo é um dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas. (Narcisa, cap. 42, pág. 231)

CXLIV. A Governadoria coloca o treinamento contra o medo muito acima das próprias lições de enfermagem. A calma é garantia do êxito. (Narcisa, cap. 42, pág. 232)

CXLV. O Governador sempre estimou as atitudes patriarcais, considerando que se deve administrar com amor paterno. (Salústio, cap. 42, pág. 233)

CXLVI. Elevemos ao máximo nosso padrão de coragem e de espírito de serviço. Quando as forças da sombra agravam as dificuldades das esferas inferiores, é imprescindível acender novas luzes que dissipem, na Terra, as trevas densas. (Governador, cap. 42, pág. 234)

CXLVII. Nas organizações coletivas, é forçoso considerar a medicina preventiva como medida primordial na preservação da paz interna. (...) Não podemos hesitar no que se refere à defesa do bem. (Governador, cap. 42, pág. 235)

CXLVIII. Nossa tarefa essencial é de confraternização e paz, de amor e alívio aos que sofrem. (...) Interpretaremos todo mal como desperdício de energia e todo crime como enfermidade d'alma. "Nosso Lar" é um patrimônio divino, que precisamos defender com todas as energias do coração. Quem não sabe preservar, não é digno de usufruir. (Governador, cap. 42, pág. 235)

CONTINUA AMANHÃ

PRECE ESPÍRITA - ALLAN KARDEC

domingo, 1 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Domingo, 01 de maio de 2011.

Se você olhar para cima verá o céu, se olhar para baixo verá a terra e se você olhar para frente verá o sucesso

Autor: Fernando Lapolli

MENSAGEM DO DIA

Correndo o risco do fracasso, das decepções, das desilusões, mas nunca deixando de buscar o amor. Quem não desistir da busca, vencerá

Autor: Paulo Coelho

NOSSO LAR - 5ª REUNIÃO - 1ª PARTE

NOSSO LAR

ANDRÉ LUIZ (Espírito)

Obra psicografada por FRANCISCO CANDIDO XAVIER

5a REUNIÃO


OBJETO DO ESTUDO: Capítulos 31 a 41, págs. 168 a 228.

QUESTÕES PARA DEBATE

A. Como a justiça divina encara o infanticídio? (Nosso Lar, págs. 170 a 173. Ver item 66 do texto abaixo.)

B. Qual a finalidade dos salões verdes existentes em “Nosso Lar”? (Nosso Lar, págs. 175 a 178. Ver item 67 do texto.)

C. Quem é Veneranda? (Nosso Lar, págs. 178 e 179, 200 a 205. Ver itens 68 e 75 do texto abaixo.)

D. Existem fantasmas em “Nosso Lar”? (Nosso Lar, págs. 180 a 183. Ver item 69 do texto abaixo.)

E. Que atividade desenvolvem no Umbral os Samaritanos? (Nosso Lar, págs. 183 e 184. Ver itens 70 e 71 do texto.)

F. Como podemos explicar o sonho que André teve com sua mãe? (Nosso Lar, págs. 195 a 199. Ver item 74 do texto.)

G. Quem é Tobias e que pessoas moravam com ele? (Nosso Lar, págs. 207 a 213, 215 a 217. Ver itens 76 e 77 do texto.)

H. A 2a Guerra Mundial criou dificuldades para “Nosso Lar”? (Nosso Lar, págs. 225 a 228. Ver itens 79 e 80 do texto.)

TEXTO PARA CONSULTA

65. Desequilibrados do sexo – Quando ia atender a dois enfermos no Pavilhão 11, André escutou gritaria próxima. Fez então instintivo movimento de aproximação, mas Narcisa o deteve dizendo: "Não prossiga; localizam-se ali os desequilibrados do sexo. O quadro seria extremamente doloroso para seus olhos. Guarde essa emoção para mais tarde". (Cap. 31, pág. 168)

66. A profissional do infanticídio – Uma mulher pedia insistentemente socorro, no grande portão que dá acesso aos campos de cultura. Coberta de andrajos, rosto horrendo, pernas em chaga viva, a infeliz denotava necessidades extremas de ser amparada. Narcisa rogou o auxílio de Irmão Paulo, orientador dos vigilantes, que informou que a mulher não poderia, por enquanto, receber socorro. "Trata-se de um dos mais fortes vampiros que tenho visto até hoje. É preciso entregá-la à própria sorte", acrescentou o orientador, esclarecendo que estavam "numa casa de trabalho, onde os doentes reconhecem o seu mal e tentam curar-se". Explicou-se então o significado das 58 manchas escuras no corpo da infeliz. Os pontos escuros representavam crianças assassinadas ao nascerem, umas por golpes esmagadores, outras por asfixia. A mulher fora uma profissional de ginecologia, a serviço do infanticídio. A situação dela é pior que a dos suicidas e homicidas. Nem mesmo remorso ela apresentava e, ao ver que não seria admitida em "Nosso Lar", começou a imprecar, a blasfemar e a ofender os atendentes. Quando seu olhar passou a destilar ódio e cólera, perdeu o aspecto de enferma ambulante, retirando-se a passo firme como quem permanece absolutamente senhor de si. (Cap. 31, pp. 170 a 173)

67. Os salões verdes – Por iniciativa de Veneranda, foram criados em "Nosso Lar" os salões verdes, a serviço da educação. Entre fileiras de árvores, bancos naturais cobertos de relva formavam salas de aula ao ar livre. Havia 40 anos que o projeto fora iniciado e surgiram recintos de igual natureza em todos os Ministérios, inclusive no da União Divina. No Esclarecimento, Veneranda instalou um verdadeiro castelo de vegetação em forma de estrela, dentro do qual se abrigavam cinco numerosas classes de aula e cinco instrutores diferentes. No centro, um enorme aparelho, que lembra o cinema da Terra, permitia fazer cinco projeções variadas, simultaneamente. O maior e o mais belo recinto do Ministério da Regeneração é o destinado às palestras do Governador, construído à maneira do gosto helênico e coberto de flores que se revezam de trinta em trinta dias. Nele cabem confortavelmente mais de trinta mil pessoas. (Cap. 32, pp. 175 a 178)

68. Veneranda – Veneranda é a entidade com maior número de horas de serviço em "Nosso Lar", onde se encontra em tarefa ativa há mais de duzentos anos. É também a figura mais antiga do Governo e do Ministério em geral. Os Ministros da Regeneração sempre a ouvem antes de tomar qualquer providência de vulto. Em numerosos processos, a Governadoria também se socorre de seus pareceres. Veneranda e o Governador são as duas únicas entidades, em "Nosso Lar", que já viram Jesus nas Esferas Superiores. Há quatro anos, a colônia amanheceu em festa, porque as Fraternidades da Luz, que regem os destinos cristãos da América, a homenagearam conferindo-lhe a medalha do Mérito de Serviço, por haver completado um milhão de horas de trabalho útil, sem interromper, sem reclamar e sem esmorecer. Sua permanência em "Nosso Lar" se dá por espírito de amor e sacrifício. Veneranda vinha trabalhando, havia mais de mil anos, pelo grupo de corações bem amados que ainda demoravam na Terra, e os esperava com paciência. (Cap. 32, pp. 178 e 179)

69. Fantasmas em “Nosso Lar” – André observava com surpresa as árvores frondosas e acolhedoras que cercavam o caminho que leva ao grande portão das Câmaras de Retificação. De repente, viu dois vultos estranhos que pareciam autênticos fantasmas. Cabelos eriçados, ele voltou correndo ao recinto e expôs a ocorrência a Narcisa, que mal conteve o riso. André tinha visto dois companheiros encarnados. O longo fio que se escapava da cabeça, nos dois vultos, era o que os diferencia dos desencarnados. Narcisa aproveitou para dizer que os encarnados que conseguem atingir aquelas paragens são criaturas extraordinariamente espiritualizadas, apesar de, às vezes, obscuras ou humildes na Terra. Os companheiros estavam envolvidos em claridade azul e isso, para Narcisa, significava sinal de elevação. (Cap. 33, pp. 180 a 183)

70. A caravana socorrista – A caravana socorrista constituída pelos Samaritanos possuía seis grandes carros, formato diligência, que, precedidos de matilhas de cães alegres e bulhentos, eram conduzidos por animais semelhantes aos muares terrestres. Bandos de aves de corpo volumoso voavam a curta distância, acima dos carros. Eram chamadas íbis viajores, excelentes auxiliares dos Samaritanos, por devorarem as formas mentais odiosas e perversas emanadas das regiões umbralinas. Narcisa explicou que no Ministério do Esclarecimento se localizam parques de estudo e experimentação, onde poderiam ser colhidos maiores esclarecimentos sobre os animais existentes em “Nosso Lar”. (Cap. 33, pp. 183 e 184)

71. Aeróbus no Umbral – André Luiz perguntou-lhe por que o aeróbus não era utilizado pela caravana socorrista e Narcisa explicou que o motivo é a densidade da matéria presente no Umbral. "O avião que fende a atmosfera do planeta não pode fazer o mesmo na massa equórea", comparou a enfermeira. (Cap. 33, pág. 184)

72. O caso da senhora de escravos – Uma senhora já idosa tentava descer do carro com muita dificuldade. André a ajudou e ela começou a falar, imaginando que acabava de sair do purgatório graças às missas que mandou fazer antes da morte. Fora proprietária rural e relatou alguns fatos ocorridos por sua ordem, relativamente ao trato com seus escravos. Muitos negros morreram no tronco, para servir de exemplo aos demais. Mães cativas eram separadas de seus filhos. A consciência lhe pesava, mas a periódica absolvição concedida por padre Amâncio a acalmava. O padre lhe dizia que os africanos são os piores entes do mundo, nascidos para servir a Deus no cativeiro. Dito isto, ela informou ter desencarnado em maio de 1888, desconsolada ao saber através do padre que a Princesa Isabel havia abolido a escravatura. Sua passagem pelo Umbral durara, portanto, mais de cinqüenta anos. (Cap. 34, pp. 185 a 188)

73. O caso Silveira – Um dos socorristas reconheceu André e o cumprimentou carinhosamente. Era Silveira, pessoa que André conhecera na Terra e a quem seu pai, como negociante inflexível, despojara um dia de todos os bens. Envergonhado com a situação, André lembrava-se perfeitamente do dia em que a mulher de Silveira foi à sua casa pedir moratória para a dívida do marido. Silveira estava acamado havia muito tempo e dois filhos encontravam-se doentes. Apesar da intercessão de sua mãe, o pai de André fora inflexível. Levados à penúria, os Silveiras procuraram recanto humilde do interior e nunca mais se ouviu falar deles. Silveira mostrava-se, porém, simpático e sem rancor e abraçou André, antes de voltar ao trabalho. André pediu-lhe perdão pelos erros que o pai e ele haviam cometido, mas Silveira explicou, com humildade, que a perda das possibilidades materiais fora útil no tocante ao progresso espiritual de sua família. Com os novos conhecimentos obtidos na colônia espiritual, ele não mais encarava os adversários como inimigos, mas sim como benfeitores. Por fim, ciente do estado em que se encontrava Laerte, disse a André que gostaria de visitá-lo brevemente, juntamente com ele. (Cap. 35, pp. 190 a 194)

74. O sonho – Naquela noite André Luiz já estava integrado no mecanismo dos passes e os aplicava aos necessitados de toda sorte. Todos estavam felizes com o seu progresso. Laura e Lísias foram então visitá-lo e Clarêncio lhe enviou seus cumprimentos. Tobias lhe pôs, então, à disposição um apartamento de repouso, ao lado das Câmaras de Retificação e sugeriu-lhe algum descanso. André estava muito feliz e pôde, assim, descansar satisfeito. Ao adormecer, teve a impressão de ser arrebatado em pequenino barco rumando para regiões desconhecidas. Começou então um sonho maravilhoso com sua mãe, no qual esta lhe passou informações e esclarecimentos valiosos. Tratava-se, no entanto, de um sonho diferente, em que André tinha perfeita consciência de que conversava com a mãe e de que deixara o veículo inferior – o corpo espiritual – no apartamento. (N.R.: Como pode o Espírito emancipar-se do próprio perispírito, deixando-o no leito? A explicação se encontra no estudo acerca do corpo mental, o envoltório sutil da mente, que André Luiz desenvolve no livro “Evolução em dois Mundos”, primeira parte, cap. II, pp. 25 e 26.) (Cap. 36, pp. 195 a 199)

75. A preleção de Veneranda – Autorizado a assistir à preleção de Veneranda, que se realizou após a oração vespertina, André notou que vinte entidades se assentavam em local destacado entre a platéia e a instrutora. Mais de mil pessoas ali se reuniam para ouvir a palestrante. Narcisa explicou que aqueles irmãos situados em lugar de realce eram os mais adiantados na matéria do dia, autorizados, pois, a interpelar a Ministra. Esse direito fora adquirido por sua aplicação ao assunto, condição que todos podem alcançar, graças a seus esforços. A medida fora implantada pelo Governador nas aulas e palestras de todos os Ministros, para que os trabalhos não se convertessem em desregramento de opiniões pessoais, sem base justa, com grave perda de tempo para o conjunto. Veneranda espalhou, com sua simples presença, enorme alegria em todos. Seu semblante era de nobre senhora em idade madura, cheia de simplicidade, sem afetação. O tema da preleção foi o pensamento. Lembrou que "Nosso Lar" é cidade espiritual de transição, uma bênção que Deus lhes concedeu por "acréscimo de misericórdia", para que alguns poucos se preparem à ascensão e para que a maioria volte à Terra em serviços redentores. Quando terminou, uma suave música encheu o recinto de cariciosas melodias. (Cap. 37, pp. 200 a 205)

76. O caso Tobias – Tobias convidou André para conhecer sua casa, onde moravam com ele Hilda e Luciana. A biblioteca da casa possuía volumes maravilhosos na encadernação e no conteúdo espiritual. No jardim, lindos caramanchões, hortênsias e violetas alegravam o ambiente. Tobias disse então a André que ele fora, na última passagem pelo planeta, casado duas vezes. Hilda, a primeira esposa, faleceu quando nascera o segundo filho. Um ano depois, desposou Luciana. Ao saber do fato, Hilda parecia uma loba ferida, inconformada com a situação, pois amava o marido e não queria perdê-lo. Foi quando uma avó materna se aproximou dela e lhe deu conselhos importantes, lembrando que Luciana não era adversária, mas uma amiga que servia de mãe para seus filhos, que cuidava de sua casa, de seu jardim e ainda suportava a bílis do marido. A partir daí, Hilda mudou inteiramente o comportamento e passou a trabalhar pelo bem estar de todos. Anos depois, ali estavam os três, debaixo do mesmo teto, unidos pela fraternidade real. Aliás, Luciana estava em pleno noivado espiritual e no próximo ano deveria reencarnar para reencontrar um nobre companheiro de muitas etapas terrenas, que a havia precedido no retorno às lutas terrestres. (Cap. 38, pp. 207 a 213)

77. Explicações de Laura – O caso Tobias causou viva impressão em André Luiz, que pediu explicações complementares a Laura. O caso Tobias – disse-lhe Laura – constituía um exemplo da vitória da fraternidade real, por parte das três almas interessadas na aquisição de justo entendimento. Quem não se adapta à lei de fraternidade e compreensão não atravessa essas fronteiras. As regiões umbralinas estão cheias de entidades que não resistiram a semelhantes provas. Enquanto odeiam, assemelham-se a agulhas magnéticas sob os mais antagônicos influxos. Enquanto não entendem a verdade, sofrem o império da mentira e, por isso, não podem penetrar as zonas de atividade superior. Incontáveis são as criaturas que padecem por longos anos, sem qualquer alívio espiritual, simplesmente porque se esquivam à fraternidade legítima. O que então lhes acontece? Depois dos padecimentos na esfera espiritual, elas vão fazer na experiência carnal o que não conseguiram em ambiente estranho à carne. Esquecidas do passado, vão receber, nos laços da consangüinidade, aqueles de quem se afastaram deliberadamente pelo veneno do ódio ou da incompreensão. Daí a importância da reconciliação com os adversários, proposta expressamente por Jesus. (Cap. 39, pp. 215 a 217)

78. O caso Elisa – André visitou com Narcisa o departamento feminino das Câmaras de Retifi-cação. No Pavilhão 7, uma surpresa o aguardava. Uma mulher amargurada, envelhecida prematuramente, olhos embaciados e tristes, um misto de ironia e resignação nos lábios, chamou-lhe a atenção. Era Elisa, a mesma Elisa que ele conhecera nos tempos de rapaz. Humilde, ela entrara em sua casa para os serviços domésticos. A intimidade entre os dois logo descambou para o abuso e, sob enorme angústia moral, Elisa deixou aquele lar, sem coragem de lhe lançar em rosto qualquer acusação. O episódio ainda estava vivo na memória dele. Narcisa, entendendo a situação, o reanimou e estimulou a ajudar a pobre mulher, que relatou, em poucas palavras, o seu drama. Ela largara o trabalho pela ilusão e entregara-se a experiências dolorosas. No início, o prazer, o luxo, o conforto material; em seguida, o horror de si mesma, a sífilis, o hospital, o abandono de todos, a cegueira e a morte. Por algum tempo, odiara aquele rapaz que a desviou do caminho do trabalho e da seriedade. Depois, aprendeu que a culpa deveria ser repartida e que não devia recriminar ninguém. André ficou sensibilizado com a humildade de Elisa. Uma lágrima de arrependimento e remorso rolou de seus olhos e, sem que ela soubesse de quem se tratava, prometeu-lhe a sua amizade. Ambos choraram e Narcisa, tomando as mãos de André, lhe disse: "Que Jesus o abençoe". (Cap. 40, pp. 219 a 224)

79. A guerra européia – Nos primeiros dias de setembro de 1939, "Nosso Lar" sofreu o mesmo choque que abalou outras colônias espirituais ligadas à civilização americana. Era a guerra européia. Muitas entidades não conseguiam disfarçar o imenso terror de que estavam possuídas. O Governador determinou cuidado na esfera do pensamento. As nações agressoras não são consideradas inimigas pelos Espíritos superiores, mas como nações desordeiras cuja atividade criminosa é preciso reprimir. Evidentemente, todas elas pagarão por isso um preço terrível. Tais países convertem-se em núcleos poderosos de centralização das forças do mal. Seus povos embriagam-se ao contato dos elementos de perversão, que invocam das camadas sombrias, e legiões infernais precipitam-se sobre as grandes oficinas de trabalho, transformando-as em campos de perversidade e horror. (Cap. 41, pp. 225 e 226)

80. O clarim dos Espíritos vigilantes – Instalada a guerra na Polônia, um inesquecível clarim se fez ouvir por mais de 15 minutos. Era a convocação superior aos serviços de socorro à Terra. Cessado o som, inúmeros pontos luminosos, parecendo pequenos focos resplandecentes e longínquos, apareceram no firmamento. O clarim é utilizado por Espíritos vigilantes de elevada expressão hierárquica, explicou Tobias, e só vem até nós em circunstâncias muito graves. O movimento de súplicas aumentara muito, nos últimos meses, no Ministério do Auxílio. E, na Regeneração, a vigilância contra as vibrações umbralinas fora redobrada. (Cap. 41, pp. 227 e 228)

CONTINUA AMANHÃ