sábado, 12 de maio de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Mude seus pensamentos e estará mudando o seu mundo. 

Autor: Norman Vincent Peale

MENSAGEM DO DIA


Sorria! Sempre! Mesmo que a vida lhe diga não. Você não faz parte dos problemas , você é a solução. 

Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

 CAPÍTULO 22

 OS HOMENS QUE DORMEM 

 Seguimos através de longas filas de arvoredo acolhedor, rumo às vastas edificações que obedeciam a linhas arquitetônicas singulares. Sem que eu pudesse explicar o fenômeno, as luzes diminuíam progressivamente. Que teria acontecido? Vicente e eu nos entreolhamos, assustados. 
Alfredo, Aniceto e os demais, todavia, caminhavam sem surpresa. 
A serenidade deles tranqüilizava-me o íntimo, embora o espanto insofreável. 
Mais alguns passos, atingimos os pavilhões diferentes, que se estendiam em área superior a três quilômetros, pelos meus cálculos. 
Lá dentro, contudo, as sombras se fizeram mais densas. 
Conseguia distinguir, vagamente, os quadros interiores, observando que se tratava, a meu ver, de espaçosas enfermarias com teto sólido, mas semi-abertas ao longo das paredes altas, dando livre passagem ao ar. 
Dezenas de operários, devotados e operosos, seguiam-nos em absoluto silêncio. 
Alfredo era o único a falar, notando-se, contudo, que se fizera extremamente discreto nas palavras. 
Tudo isso me dava a impressão de haver penetrado um cemitério escuro, onde os visitantes fossem obrigados a guardar todo o respeito aos mortos. 
Com estranheza, notei que um dos servidores entregara ao chefe do Posto pequenina máquina, que Alfredo nos deu a conhecer gentilmente, explicando: 
– Este é o nosso aparelho de sinalização luminosa. 
Estamos no centro dos pavilhões a que se recolhem irmãos ainda adormecidos. 
Temos aqui, presentemente, quase dois mil. 
Os numerosos cooperadores dirigiam-se em ordem para a zona de serviços que lhes competiam. 
Depois de pequena pausa, falou o administrador com firmeza: – Iniciemos o trabalho de assistência. 
Ao primeiro sinal luminoso de Alfredo, acenderam-se numerosas lâmpadas elétricas e, então, dominando, a custo, a primeira impressão de horror, vi extensas filas de leitos ao rés do chão, ocupados todos por pessoas mergulhadas em profundo sono. 
Muitos tinham o semblante horrendo. 
Eram muito poucos os que traziam as pálpebras cerradas, parecendo tranqüilos. 
Em quase todos, estampavam-se-lhes nos olhos, aparentemente vitrificados, o extremo pavor e o doloroso desespero da morte. 
Cadavérica palidez cobria-lhes a face. Recordando a literatura antiga, pensei nos velhos túmulos egípcios. 
Tínhamos, diante de nós, centenas de múmias perfeitas. 
Raríssimos pareciam dormir um sono natural. 
Aproximando-se de nós outros, Alfredo falou a Aniceto, em particular: 
– Infelizmente, não podemos atender a todos. – Porquê? – indagou nosso orientador, comovido. 
– Estamos aguardando pessoal adestrado. Tenho aqui a colaboração de oitenta auxiliares para este gênero de serviço; entretanto, não pode cada qual atender a mais de cinco doentes de uma só vez. 
A vista disso, dos nossos mil novecentos e oitenta abrigados, separei os quatrocentos mais suscetíveis de próximo despertar, a fim de submetê-los ao tratamento intensivo. – E os demais? 
– Recebem alimento e medicação mais densos uma vez por dia. 
Aniceto calou-se, pensativo. 
Profundamente tocado pelo que via, inclinei-me instintivamente para o abrigado mais próximo, tentando examinar-lhe o estado fisiológico. 
Identifiquei o calor orgânico, a pulsação regular e os movimentos respiratórios, embora verificasse a extrema rigidez dos membros, como que mergulhados em imobilidade cataléptica. 
Indescritível impressão apoderou-se de mim. 
Levantei-me assustado, dirigi-me a Aniceto com a máxima discrição, e interroguei: Explicai-me, por Deus! que vemos aqui? 
Estamos, acaso, na moradia da morte, depois da morte? 
O instrutor sorriu, complacente, e explicou em voz quase imperceptível: 
– Sim, André, este sono é, verdadeiramente, avançada imagem da morte. 
Aqui permanecem, com a bênção do abrigo, alguns milhões dos nossos irmãos que ainda dormem. 
São as criaturas que nunca se entregaram ao bem ativo e renovador, em torno de si, e mormente os que acreditaram convictamente na morte, como sendo o nada, o fim de tudo, o sono eterno. 
A crença na vida superior é atividade incessante da alma. 
A ferrugem ataca a enxada ociosa. O entorpecimento invade o Espírito vazio de ideal criador. 
Os que, nos círculos carnais, homens e mulheres, crêem na vida eterna, ainda que não sejam fundamentalmente cristãos, estão desenvolvendo faculdades de movimentação espiritual e podem penetrar as esferas extraterrenas em estado animador, pelo menos quanto à locomoção e juízo mais ou menos exato. 
No entanto, as criaturas que perseveram em negação deliberada e absoluta, não obstante, por vezes, filiadas a cultos externos de atividade religiosa, que nada vêem além da carne nem desejam qualquer conhecimento espiritual, são verdadeiramente infelizes. Muitos penetram nossas regiões de serviço, como embriões de vida, na câmara da Natureza sempre divina. 
Um amigo nosso costuma designá-los por fetos da espiritualidade; entretanto, a meu ver, seriam felizes se estivessem nessa condição inicial. 
Temos a certeza, porém, de que muitos se negaram ao contacto da fé, absolutamente por indiferença criminosa aos desígnios do Eterno Pai.
 Dormem, porque estão magnetizados pelas próprias concepções negativistas; permanecem paralíticos, porque preferiram a rigidez ao entendimento; mas dia virá em que deverão levantar-se e pagar os débitos contraídos. 
Eis porque os considero sofredores. 
Primeiramente, demoram no sono em que acreditaram, mais tarde acordam; porém, a maioria não pode fugir à enfermidade e à perturbação, como acontece aos irmãos dementados, que vimos inda há pouco. 
Grande o meu assombro. Como Vicente se aproximasse, também, para ouvi-lo, falou Aniceto, esclarecendo a nós ambos: 
– A fé sincera é ginástica do Espírito. Quem não a exercitar de algum modo, na Terra, preferindo deliberadamente a negação injustificável, encontrar-se-á mais tarde sem movimento. Semelhantes criaturas necessitam de sono, de profundo repouso, até que despertem para o exame das responsabilidades que a vida traduz. Observando que o nosso orientador se esquivava a comentários longos, para que pudéssemos seguir, de mais perto, os trabalhos de assistência, calei as muitas indagações que me escaldavam a mente. Com exceção de algumas senhoras que permaneciam junto de Ismália, todo. os servidores se mantinham em posição de vigilância, ao pé dos grupos mumificados. 
A luz artificial iluminava os leitos, que se perdiam de vista, mas observei que nenhum dos albergados reagia à intensa claridade que se fizera. 
Continuavam rígidos, cadavéricos, prostrados. Notei, então, que Alfredo começou a mover o aparelho de sinalização, para emitir as ordens de serviço. Cada sinal determinava operação diferente. 
Vi os servidores do Posto distribuírem pequenas porções de alimento líquido e medicação bucal, em profundo silêncio. 
Em seguida, forneceram reduzidas quantidades de água efluviada aos infelizes, com exceção, porém, de muitos que pareciam preparados a receber, tão somente, caldo e remédio. 
Dois terços dos quatrocentos abrigados em tratamento receberam passes magnéticos. 
Alguns poucos receberam aplicações do sopro curador. 
Todos os movimentos do trabalho eram transmitidos pela sinalização luminosa, partida das mãos do administrador, que parecia interessado na manutenção do máximo silêncio. 
Impressionado com o que via, perguntei ao orientador, em voz baixa, a razão de alguns enfermos não terem sido beneficiados com a água e com o socorro de forças novas, através do passe e do sopro vivificante. 
Aniceto, todo bondade, inclinou-se aos meus ouvidos, com a ternura de um pai ansioso por tranqüilizar o filhinho inquieto, e falou: 
– Cada um na vida, meu caro André, tem a necessidade que lhe é peculiar. Aqui, compreendemos com amplitude esse imperativo da Natureza. 

 CONTINUA AMANHÃ

AJUDE SEMPRE - CHICO XAVIER

sexta-feira, 11 de maio de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Jamais desista de seus sonhos, por mais que pareçam difíceis de consegui-los. Se tiveres coragem, conseguirás forças para alcançá-los e não serás conhecido como covarde.

 Autor: Adriana

MENSAGEM DIÁRIA


A matéria mais complicada de se resolver é a vida, pois seus exercícios são longos e complicados de entender.

Autor: Rodrigo Ap.B.B.

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

 CAPÍTULO 21

     ESPÍRITOS DEMENTADOS 

 Inúmeros servidores acompanhavam-nos ao serviço. Movimentavam- se carregadores sem conta.
 Conduziam grandes botijas d'água, caldeirões de sopa, vasos de substância medicamentosa, em galeotas diversas.
 Mais alguns passos e notei que centenas de entidades se reuniam em vastos albergues, olhos vagueantes e rostos sombrios, parecendo uma assembléia de loucos em manicômio de amplas proporções.
 Alfredo aconselhou umas tantas providências de serviço à maioria dos técnicos do sopro curativo, os quais se desviaram de nós, rumo às edificações situadas em zona diferente.
 Gentilmente nos explicava que os benfeitores de “Campo da Paz” localizavam, ali, grande número de Espíritos enfermos, mais desequilibrados que propriamente perversos.
 Os doentes que tínhamos sob os olhos permaneciam em melhores condições.
 Já se locomoviam e muitos deles já conversavam, apesar do desequilíbrio que lhes assinalava as palavras e pensamentos. Esclarecia-nos sobre as múltiplas obrigações do trabalho de rotina, quando algumas entidades se acercaram, respeitosas: – Senhor Alfredo – disse um velho de barbas muito alvas –, estou aguardando o resultado da minha petição. Em que ficamos, quanto às minhas terras e os escravos? Paguei bom preço ao Carmo Garcia. Sabe o senhor que venho sendo perseguido durante muitos anos, e não posso perder mais tempo.
 Quando volto para casa? Creio esteja o senhor ciente da necessidade de eu voltar ao seio dos meus. Esperam-me a mulher e os filhos.
 Como excelente médico da alma, Alfredo prestou a maior atenção e respondeu, como se estivesse tratando com pessoa de bom senso: – Sim, Malaquias, você reclama com razão, mas sua saúde não permite o regresso apressado. Você sabe que sua esposa, Dona Sinhá, pediu fosse você aqui tratado convenientemente. Creio que ela deve estar muito tranqüila a seu respeito.
 Suas idéias, porém, meu amigo, não estão ainda bem coordenadas.
 Temos alguma coisa mais a fazer. Porque preocupar-se tanto, assim, com as terras e os escravos? Primeiramente a saúde, Malaquias; não esqueça a saúde! O velho sorriu, como o doente apoiado na firmeza e no otimismo do médico. – Reconheço que as suas observações são justas, mas meus filhos não se movem sem mim, são preguiçosos e necessitam da minha presença. Mas, doutrinando sutilmente o pobre velhinho, o administrador objetou: – Entretanto, donde vieram os filhos para os seus braços paternos? Não vieram das mãos de Deus? – Sim, sim... – afirmava o ancião, trêmulo e satisfeito. – Pois é isso, Malaquias, chegam instantes na vida, em que precisamos devolver a Deus o que a Ele pertence.
 Além do mais, seus filhos são também responsáveis e, se forem ociosos, responderão pelos males que criarem em torno de si mesmos.
 Por agora, é indispensável que você se refaça, aclare as idéias e sossegue o coração.
 O velho sorriu, confortado, mas, antes que pudesse falar de novo, um cavalheiro, denotando nobre aprumo, adiantou-se, exclamando: – E a solução do meu processo, senhor Alfredo?
 Sinto-me prejudicado pelos parentes de má fé. Minha parte na herança dos avós é cobiçada pelos primos.
 Segundo já lhe fiz ver, meu quinhão é superior aos demais. Soube, todavia, que o Visconde de Cairu interpôs toda a sua influência contra mim.
 Ninguém ignora tratar-se de um grande velhaco.
 Que não poderá ele fazer com as artimanhas políticas?
 Está mal informado a meu respeito.
 O senhor enviou meu pedido ao Imperador? – Já expedi a mensagem – esclareceu Alfredo com carinho fraternal –, o Imperador certamente levará em conta a solicitação. – Entretanto, a demora é muito grande!... – falou o cavalheiro, impaciente, como se estivesse diante de um subordinado vulgar. – Mas, meu caro Aristarco – respondeu o administrador, muito calmo –, acredito que você está sendo experimentado para conhecer a grandeza da herança divina. Que valem os patrimônios terrestres, ante os patrimônios imperecíveis?
 Não pense no que tem perdido; medite nos bens sublimes que poderá alcançar, diante da Vida Eterna.
 Esqueça os primos ambiciosos e o Visconde que não o compreendeu.
 Terão eles de deixar quanto possuem, no campo transitório, a fim de prestarem contas à Divindade.
 Nunca pensou nisto? Aristarco pareceu perder, por momentos, a inquietação, sorriu francamente e respondeu: – É verdade! Os tratantes morrerão... Uma senhora, mostrando-se aflita, pôs-se à nossa frente e interpelou, altiva: – Senhor Alfredo, peço-lhe não me retenha aqui.
 Meu marido é nosso próprio adversário.
 Prometeu perseguir as filhas, tão logo me ausentasse de casa.
 Aqui permanecendo, estou certa de que ele nos dissipará os bens, desmoralizar-nos-á o nome. Por favor, autorize o meu regresso.
 O coração me diz que as filhinhas estão desesperadas. Convenço-me, cada vez mais, de que minha moléstia teve origem neste estado de coisas... – Já sei, minha irmã – respondeu o nosso amigo com a mesma solicitude –; no entanto, que adiantaria regressar, tão fortemente atormentada?
 Não será melhor curar-se, tranqüilizar o espírito para ajudar as filhinhas com eficiência? – Mas, nem sequer sei onde estou – reclamou a pobre senhora, torcendo as mãos –, creio me tenham trazido ao fim do mundo, para tratamento de uma simples perda de sentidos! – Todavia, ninguém a maltrata – disse o interlocutor, bondosamente – e seu caso não é tão simples como parece.
 Tenha calma. 
 Os laços consangüíneos são edificantes, mas, acima deles, vibra a família universal.
 Há criaturas suportando fardos muito mais pesados que o seu.
 Aprenda, quanto esteja em suas possibilidades, a desfazer-se de aquisições passageiras, para ganhar os eternos bens.
 A infeliz não sorriu como os outros.
 Fechando-se em sombria catadura, afastou-se pesadamente, olhos fulgurantes de cólera, como se a mente estivesse cravada muito longe, incapaz de qualquer compreensão.
 Adiantaram-se outros enfermos, mas o administrador falou em voz alta: – Não posso atender a todos no momento.
 Depois de amanhã, serão recebidos para explicações.
 E, voltando-se para nós, esclareceu a sorrir: – No circulo carnal, seriam todos absolutamente normais; no entanto, aqui, são verdadeiros loucos.
 São desencarnados que, por muito tempo, se agarraram aos problemas inferiores
. Reclamam providências, sem falar no ensejo de iluminação que menosprezaram, acusam os outros, sem relacionarem os próprios erros.
 Procurei ouvi-los para lhes dar uma idéia do nosso trabalho, no setor dos que se desequilibram mentalmente por excesso de centralização em propósitos inferiores.
 Não é crime interessar-se alguém pelas atividades rurais, pela recepção de uma herança, pelo bemestar da família; mas, no fundo, o velhinho que reclama terras e escravos nunca pensou senão em tirania no campo; o cavalheiro, que aguarda a herança, deseja lesar os primos; e a senhora, que se revelou tão interessada pelo ambiente doméstico, desencarnou quando pretendia envenenar o marido, às ocultas.  Conheço-lhes os processos, um a um. Acordaram de longo sono, na inconsciência, e julgam-se ainda encarnados, supondo igualmente que podem dissimular as pretensões criminosas.
 Eu estava assombrado. 
 Expressando minha profunda admiração, perguntei: – Esses doentes demoram-se aqui? Como alcançaram o Posto? Gentil, como sempre, Alfredo respondeu: – Foram recolhidos em pior estado. Já estiveram em pesado sono durante muito tempo e vão readquirindo a memória, gradativamente, até que possam ser encaminhados aos Institutos Magnéticos de “Campo da Paz”, a fim de receberem maiores auxílios e necessários esclarecimentos. 

 CONTINUA AMANHÃ

ALEGRIA - MENSAGENS ESPÍRITAS

quinta-feira, 10 de maio de 2012

PENSAMENTO DO DIA


A renúncia é o heroísmo do medíocre. 

 Autor: Natalie Clifford Barney

MENSAGEM DIÁRIA


As coisas mais simples da vida são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem vê-las. 

 Autor: Paulo Coelho

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUÇÃO

CAPÍTULO 20
DEFESAS CONTRA O MAL

 Descemos as escadarias e, em frente dos muros altos, pude observar a extensão das defesas do soberbo edifício. 
Aquela construção grandiosa era muito mais importante que a de qualquer castelo antigo, transformado em fortaleza. Novamente no exterior, podia detalhar a visão panorâmica com mais exatidão. 
Reconhecia, agora, que entráramos por um baluarte avançado, identificando a imponência da construção majestosa. 
Apresentavam-se-me as linhas gerais com nitidez. Impressionavam-me, sobretudo, as fortificações. 
Via a torre de mensagem, consagrada, por certo, ao serviço de resistência; o baluarte agudo, elevando-se acima dos fossos que deixavam transbordar a água corrente; a torre de vigia, esbelta e alterosa. 
Observei o caminho da ronda, a cisterna, as seteiras e, em seguida, as paliçadas e barbacãs, refletindo na complexidade de todo aquele aparelhamento defensivo. 
E as armas? Identificava-lhes a presença na maquinaria instalada ao longo dos muros, copiando os pequenos canhões conhecidos na Terra. Entretanto, vi com emoção, no cume da torre de vigia, a enorme bandeira de paz, muito alva, tremulando ao vento como largo penacho de neve... 
O administrador percebeu a estranheza que se apossara de Vicente e de mim. – Já sei a impressão que a nossa defesa lhes causa – disse Alfredo, detendo-se para explicar. Fixando-nos com o olhar muito lúcido, continuou: – Naturalmente, não imaginavam necessárias tantas fortificações. 
Conforme vêem, nossa bandeira é de concórdia e harmonia; no entanto, é imprescindível considerar que estamos em serviço que precisaremos defender, em qualquer circunstância. 
Enquanto não imperar a lei universal do amor, é indispensável persevere o reinado da justiça. 
Nosso Posto está colocado, aqui, igualmente, como “ovelha em meio de lobos” e, embora não nos caiba efetuar o extermínio das feras, necessitamos defender a obra do bem contra os assaltos indébitos. As organizações dos nossos irmãos consagrados ao mal são vastíssimas. 
Não admitam a hipótese de serem, todos eles, ignorantes ou inconscientes. A maioria se constitui de perversos e criminosos. 
São entidades verdadeiramente diabólicas. 
Não tenham disso qualquer dúvida. – Deus meu! – exclamou Vicente, admirado – mas porque se organizam deliberadamente para o mal? Não sabem, porventura, que todos os patrimônios universais pertencem à Majestade Divina? Não reconhecem o Soberano Poder? – Ah! meu amigo – falou Alfredo em tom grave –, fiz as mesmas perguntas quando aqui cheguei pela primeira vez. As respostas que tive foram incisivas e concludentes. 
Poderíamos, Vicente, formular na Crosta as mesmas interrogações. 
Os criminosos que fazem as vítimas da guerra, os exploradores da economia popular, os avarentos misérrimos, os sedentos de injustificado predomínio e os vaidosos cheios de fatuidade sabem, tão bem quanto os nossos adversários daqui, que tudo pertence a Deus, que o homem é simples usufrutuário dos divinos bens. 
Não ignoram que os antepassados foram chamados à verdade e a contas pela morte, e que eles seguirão os mesmos caminhos; entretanto, atormentam- se na Crosta como verdadeiros loucos, amontoando possibilidades para a ruína e abusando das oportunidades mais santas. 
Aqui se verifica a mesma coisa. Querem dominar antes de se dominarem, exigem antes de dar e entram em perene conflito com o espírito divino da lei. Estabelecido o duelo entre a fantasia deles e a verdade do Pai, resistem às corrigendas do Senhor e transformam-se, esses desventurados, em verdadeiros gênios da sombra, até que, um dia, se decidam a novos rumos. 
Intrigado com as profundas observações, perguntei: – Mas, como explicar as bases de semelhante atitude? Na Terra, compreendemos certos enganos, mas aqui... 
O generoso interlocutor não me deixou terminar e prosseguiu: – Na Crosta, nossos irmãos menos felizes lutam pela dominação econômica, pelas paixões desordenadas, pela hegemonia de falsos princípios. 
Nestas zonas imediatas à mente terrestre, temos tudo isso em identidade de condições. 
Entre as entidades perversas e ignorantes, há cooperativas para o mal, sistemas econômicos de natureza feudalista, baixa exploração de certas forças da Natureza, vaidades tirânicas, difusão de mentiras, escravização dos que se enfraquecem pela invigilância, doloroso cativeiro dos Espíritos falidos e imprevidentes, paixões talvez mais desordenadas que as da Terra, inquietações sentimentais, terríveis desequilíbrios da mente, angustiosos desvios do sentimento. 
Em todo o lugar, meu amigo, as quedas espirituais, perante o Senhor, são sempre as mesmas, embora variem de intensidade e coloração. – Mas... e as armas? – perguntei – acaso são utilizadas? – Como não? – disse Alfredo, pressuroso – não temos balas de aço, mas temos projéteis elétricos. 
Naturalmente, a ninguém atacaremos. 
Nossa tarefa é de socorro e não de extermínio. – No entanto – aduzi, sob forte impressão –, qual o efeito desses projéteis? – Assustam terrivelmente – respondeu ele, sorrindo – e, sobretudo, demonstram as possibilidades de uma defesa que ultrapassa a ofensiva. 
Mas apenas assustam? – tornei a interrogar. 
Alfredo sorriu mais significativamente e acrescentou: – Poderiam causar a impressão de morte. – Que diz! – exclamei com insofreável espanto. 
O administrador meditou alguns instantes e, ponderando, talvez, a gravidade dos esclarecimentos, obtemperou: – Meu amigo! meu amigo! se já não estamos na carne, busquemos desencarnar também os nossos pensamentos. 
As criaturas que se agarram, aqui, às impressões físicas, estão sempre criando densidade para os seus veículos de manifestação, da mesma forma que os Espíritos dedicados à região superior estão sempre purificando e elevando esses mesmos veículos. Nossos projéteis, portanto, expulsam os inimigos do bem através de vibrações do medo, mas poderiam causar a ilusão da morte, atuando sobre o corpo denso dos nossos semelhantes menos adiantados no caminho da vida. 
A morte física, na Terra, não é igualmente pura impressão? 
Ninguém desaparece. 
O fenômeno é apenas de invisibilidade ou, por vezes, de ausência. 
Quanto à responsabilidade dos que matam, isto é outra coisa. 
E além desta observação, que é da alçada da Justiça Divina, temos a considerar, igualmente. que, nesta esfera, o corpo denso modificado pode ressurgir todos os dias, pela matéria mental destinada à produção dele, enquanto que, para obter o corpo físico, almas há que trabalham, por vezes, durante séculos... 
Vicente e eu caláramos, estupefatos. 
Alfredo sorriu serenamente e perguntou, bem humorado: – Vocês conhecem a lenda hindu da serpente e do santo? Ante a nossa expressão negativa, o administrador continuou: – Contam as tradições populares da Índia que existia uma serpente venenosa em certo campo. 
Ninguém se aventurava a passar por lá, receando-lhe o assalto. 
Mas um santo homem, a serviço de Deus, buscou a região, mais confiado no Senhor que em si mesmo. 
A serpente o atacou, desrespeitosa. 
Ele dominou-a, porém, com o olhar sereno, e falou: – Minha irmã, é da lei que não façamos mal a ninguém. 
A víbora recolheu-se, envergonhada. Continuou o sábio o seu caminho e a serpente modificou-se completamente. 
Procurou os lugares habitados pelo homem, como desejosa de reparar os antigos crimes. 
Mostrou-se integralmente pacífica, mas, desde então, começaram a abusar dela. 
Quando lhe identificaram a submissão absoluta, homens, mulheres e crianças davam-lhe pedradas. 
A infeliz recolheu-se à toca, desalentada. Vivia aflita, medrosa, desanimada. 
Eis, porém, que o santo voltou pelo mesmo caminho e deliberou visitá-la. 
Espantou-se, observando tamanha ruína. A serpente contou-lhe, então, a história amargurada. 
Desejava ser boa, afável e carinhosa, mas as criaturas perseguiam-na e apedrejavam-na. 
O sábio pensou, pensou e respondeu após ouvi-la: – Mas, minha irmã, houve engano de tua parte. 
Aconselhei-te a não morderes ninguém, a não praticares o assassínio e a perseguição, mas não te disse que evitasses de assustar os maus. 
Não ataques as criaturas de Deus, nossas irmãs no mesmo caminho da vida, mas defende a tua cooperação na obra do Senhor. 
Não mordas, nem firas, mas é preciso manter o perverso a distância, mostrando-lhe os teus dentes e emitindo os teus silvos. 
Nesse momento, Aniceto sorriu de maneira expressiva. 
O administrador fez longa pausa e concluiu: – Creio que a fábula dispensa comentário. 

CONTINUA AMANHÃ

UM MOMENTO DE CHICO XAVIER

quarta-feira, 9 de maio de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Não importa quantos passos você deu para trás. Importa quantos passos você vai dar para frente.

 Autor: Décio Melhem

MENSAGEM DO DIA


A sinceridade é a corda que puxa a confiança.

 Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO 

CAPÍTULO 19

O SOPRO 

 Depois de interessantes considerações relativamente à situação dos círculos carnais, Aniceto voltou a examinar nossas necessidades de serviço. 
Muito amável, Alfredo ponderou: – Em virtude da tormenta iminente, poderiam demorar conosco algumas horas, seguindo amanhã, ao alvorecer. 
E, com profunda surpresa, ouvi-o afirmar: – Poderão utilizar meu carro, até à zona em que se torne possível. Fornecerei condutor adestrado e ganharão muito tempo com a medida. 
Não podia caber em meu espanto. Embora conhecendo as operações dos Samaritanos em “Nosso Lar”, que empregavam grandes veículos de tração animal, em trabalhos de salvamento nas regiões inferiores e considerando as dificuldades de vulto que defrontáramos na caminhada longa, rumo ao Posto de Socorro, não supunha possível semelhante condução naquele instituto de auxilio. 
Soube, mais tarde, que os sistemas de transporte, nas zonas mais próximas da Crosta, são muito mais numerosos do que se poderia imaginar, em bases transcendentes do eletromagnetismo. 
Nosso orientador, que parecia meditar gravemente a situação, observou preocupado: – Entretanto, temos serviços urgentes nos círculos carnais. Vicente e André precisam iniciar aprendizado ativo. Alfredo sorriu, bondoso, asseverando: – Quanto a isso, não necessitaremos de maiores cuidados. Há sempre quefazeres em toda a parte. 
Onde houver espírito de cooperação da criatura, existe igualmente o serviço de Deus. 
Nossos amigos poderiam colaborar conosco, ainda hoje, nas atividades de assistência. 
Acompanhar-nos-iam, por exemplo, nos trabalhos da prece, nos quais há sempre muita coisa a fazer e muita lição a aprender. – Excelente sugestão! – exclamou nosso instrutor. – A oração individual, ou coletiva, é sempre vasto reservatório de ensinos edificantes. – Aliás – falou Ismália, afetuosa –, não devemos demorar. 
Estamos quase na hora. 
Nesse momento, como se fora chamado, de súbito, à lembrança de grave compromisso de trabalho, falou o administrador, dirigindo-se à companheira: – É preciso prevenir Olívia e Madalena das providências que se fazem imperiosas para a noite. 
Necessitaremos a colaboração de mais alguns técnicos do sopro. 
Temos alguns irmãos em estado grave, tomados de impressões físicas mais fortes. – Técnicos do sopro? – indaguei, assombrado, antes que Ismália pudesse fazer qualquer observação referente aos serviços. – Sim, meu amigo – respondeu Alfredo, atenciosamente –, o sopro curador, mesmo na Terra, é sublime privilégio do homem. No entanto, quando encarnados, demoramo-nos muitíssimo a tomar posse dos grandes tesouros que nos pertencem. 
Comumente, vivemos por lá, perdendo tempo com a fantasia, acreditando em futilidades ou alimentando desconfianças. 
Quem pudesse compreender, entre as formas terrestres, toda a extensão deste assunto, poderia criar no mundo os mais eficientes processos soproterápicos. – Mas, semelhante patrimônio está à disposição de qualquer Espírito encarnado? – perguntou Vicente, compartilhando minha surpresa. 
Nosso interlocutor pensou alguns instantes e respondeu, atencioso: – Como o passe, que pode ser movimentado pelo maior número de pessoas, com benefícios apreciáveis, também o sopro curativo poderia ser utilizado pela maioria das criaturas, com vantagens prodigiosas. Entretanto, precisamos acrescentar que, em qualquer tempo e situação, o esforço individual é imprescindível. 
Toda realização nobre requer apoio sério. 
O bem divino, para manifestar-se em ação, exige a boa vontade humana. 
Nossos técnicos do assunto não se formaram de pronto. 
Exercitaram-se longamente, adquiriram experiências a preço alto. 
Em tudo há uma ciência de começar. 
São servidores respeitáveis pelas realizações que atingiram, ganham remunerações de vulto e gozam enorme acatamento, mas, para isso, precisam conservar a pureza da boca e a santidade das intenções. 
Compreendendo o interesse que suas palavras despertavam, continuou o administrador, depois de pequena pausa: – Nos círculos carnais, para que o sopro se afirme suficientemente, é imprescindível que o homem tenha o estômago sadio, a boca habituada a falar o bem, com abstenção do mal, e a mente reta, interessada em auxiliar. 
Obedecendo a esses requisitos, teremos o sopro calmante e revigorador, estimulante e curativo. 
Através dele, poder-se-á transmitir, também na Crosta, a saúde, o conforto e a vida. 
E, como Vicente e eu não pudéssemos ocultar a perplexidade, Alfredo considerou: – Isto não é novo. 
Jesus, além de tocar naqueles a quem curava, concedia-lhes, por vezes, o sopro divino. O sopro da vida percorre a Criação inteira. 
Toda página sagrada, comentando o principio da existência, refere-se a isso.
Nunca pensaram no vento, como sopro criador da Natureza? 
Quanto a mim, desde o ingresso em Campo da Paz, quando fui ali recolhido em péssimas condições espirituais, tenho aprendido maravilhosas lições nesse particular. 
Tanto assim que, chefiando este Posto, tenho incentivado, com as possibilidades ao meu alcance, a formação de novos cooperadores nesse sentido, oferecendo compensações aos que se decidam iniciar a tarefa de especialização, nem sempre fácil para todos. 
A esse tempo, Ismália recebia algumas colaboradoras de importância, que se preparavam para a tarefa. Impressionado com o que ouvira, acompanhei de perto as providências que se organizavam. Encontrando-me, porém, mais a sós com Aniceto, transmitilhe minha enorme surpresa, respondendo-me ele em tom confidencial: – Esquecem-se vocês de que a própria Bíblia, aludindo aos primórdios do homem, narra que o Criador assoprou na forma criada, comunicando-lhe o fôlego da vida. Referindo-nos aos nossos irmãos encarnados, faz-se preciso reconhecer, André, que, mesmo partindo de homens imperfeitos, mas de boa vontade, todo sopro com intenção de aliviar ou curar tem relevante significação entre as criaturas, porque todos nós somos herdeiros diretos do Divino Poder. 
Aliás, é necessário observar também que não estamos diante de uma exclusividade. 
Você, por certo, passou muito ligeiramente pelo nosso Ministério do Auxílio. 
Temos, ali, grande instituto especializado nesse sentido, onde nobres colegas se votam a essa modalidade de cooperação. 
No plano carnal, toda boca, santamente intencionada, pode prestar apreciáveis auxílios, notando-se, porém, que as bocas generosas e puras poderão distribuir auxílios divinos, transmitindo fluidos vitais de saúde e reconforto. 
Esperava que Aniceto prosseguisse, mostrando-me as qualidades magnéticas do sopro, mas Alfredo acercara-se de nós, operoso e solícito, exclamando: – Estamos no momento destinado aos trabalhos de assistência e oração. – Segui-lo-emos com prazer – respondeu nosso instrutor, sorrindo. Era necessário interromper a lição, atendendo a deveres 

 CONTINUA AMANHÃ

O AMOR ONIPOTENTE - VOZ DE CHICO XAVIER

terça-feira, 8 de maio de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Quando há novos desafios, já não há lugar para principiantes.

 Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA



O rio somente alcança seus objetivos porque aprendeu a superar os obstáculos, seja como ele.
 
Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER -

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 18

INFORMAÇÕES E ESCLARECIMENTOS

A volta de Ismália ao circulo da conversação impediu o prosseguimento do assunto. Aproveitando, talvez, a oportunidade, Aniceto perguntou ao administrador: – Que me diz da continuação de nossa viagem? 
Estimaríamos alcançar, ainda hoje, as esferas da Crosta. Dirigiu-nos Alfredo significativo olhar e falou: – Não me sinto com o direito de alterar-lhes o plano de serviço, mas seria conveniente pernoitarem aqui. 
Nossos aparelhos assinalam aproximação de grande tempestade magnética, ainda para hoje. Sangrentas batalhas estão sendo travadas na superfície do globo. 
Os que não se encontram nas linhas de fogo permanecem nas linhas da palavra e do pensamento. 
Quem não luta nas ações bélicas está no combate das idéias, comentando a situação. Reduzido número de homens e mulheres continuam cultivando a espiritualidade superior. 
É natural, portanto, que se intensifiquem, ao longo da Crosta, espessas nuvens de resíduos mentais dos encarnados invigilantes, multiplicando as tormentas destruidoras. 
Aniceto escutava com atenção. – Não me preocupo com sua pessoa – continuou Alfredo, dirigindo- se de maneira particular ao nosso instrutor –, mas estes dois amigos, penso, seriam desagradavelmente surpreendidos. – Tem razão – concordou Aniceto. E, esboçando significativa expressão fisionômica, prosseguiu: – Avalio o sacrifício dos nossos companheiros espirituais, nos trabalhos de preservação da saúde humana. – São grandes servidores – disse o senhor do castelo. – De quando em quando, observo-lhes, pessoalmente, os núcleos de atividade santa. A Humanidade parece preferir a condição de eterna criança. 
Faz e desfaz os patrimônios da civilização, como se brincasse com bonecas. 
Nossos amigos suportam pesados fardos de serviço para que as tormentas magnéticas, invisíveis ao olhar humano, não disseminem vibrações mortíferas, a se traduzirem pela dilatação de penúrias da guerra e por epidemias sem conta. 
As colônias espirituais da Europa, mormente as de nosso nível, estão sofrendo amargamente para atenderem às necessidades gerais. 
Já começamos a receber grandes massas de desencarnados, em conseqüência dos bombardeios. “Nosso Lar”, pela missão que lhe cabe, ainda não pode imaginar todo o esforço que o conflito mundial vem exigindo da nossa colaboração nas esferas mais baixas. 
Os Postos de Socorro de várias colônias, ligadas a nós, estão superlotados de europeus desencarnados violentamente. 
Fomos notificados de que as súplicas da Europa dilaceram o coração angélico dos mais altos cooperadores de Nosso Senhor Jesus-Cristo. Aos terríveis bombardeios na Inglaterra, na Holanda, Bélgica e França, sucedem-se outros de não menor extensão. 
Depois de reiteradas assembléias dos nossos mentores espirituais, resolveu-se providenciar a remoção de, pelo menos, cinqüenta por cento dos desencarnados na guerra em curso, para os nossos núcleos americanos. 
Temos aqui o nosso campo de concentração com mais de quatrocentos. – Mas não há dificuldade no socorro a essa gente? – indagou Aniceto em tom grave. – E a questão da linguagem? – Os serviços de socorro, apesar de intensos na Europa, têm sido muito bem organizados, explicou Alfredo –; para cada grupo de cinqüenta infelizes, as colônias, do Velho Mundo fornecem um enfermeiro-instrutor, com quem nos possamos entender, de modo direto. Desse modo, o problema não pesa tanto, porque nossa parte de colaboração consta de fornecimento de pessoal de serviço e de material de assistência. – Não seria, porém, mais justo – indagou Vicente – que os desencarnados dessa espécie fossem mantidos nas próprias regiões do conflito? Alfredo sorriu e explicou: – Nossos instrutores mais elevados são de parecer que essas aglomerações seriam fatais à coletividade dos Espíritos encarnados. Determinariam focos pestilenciais de origem transcendente, com resultados imprevisíveis. Inúmeros de nossos irmãos que perdem o corpo nas zonas assoladas não conseguem subtrair-se ao campo da angústia; mas, quantos ofereçam possibilidades de transferência para cá, dentro das nossas cotas de alojamento, são retirados dali, sem perda de tempo, para que seus pensamentos atormentados não pesem em demasia nas fontes vitais das regiões sacrificadas. 
Nesse ínterim, Aniceto interveio, esclarecendo: – Embalde voltarão os países do mundo aos massacres recíprocos. 
O erro de uma nação influirá em todas, como o gemido de um homem perturbaria o contentamento de milhões. 
A neutralidade é um mito, o insulamento uma ficção do orgulho político. 
A Humanidade terrestre é uma família de Deus, como bilhões de outras famílias planetárias no Universo Infinito. 
Em vão a guerra desfechará desencarnações em massa. 
Esses mesmos mortos pesarão na economia espiritual da Terra. 
Enquanto houver discórdia entre nós, pagaremos doloroso preço em suor e lágrimas. A guerra fascina a mentalidade de todos os povos, inclusive de grande número de núcleos das esferas invisíveis. 
Quem não empunha as armas destruidoras, dificilmente se afastará do verbo destruidor, no campo da palavra ou da idéia. 
Mas, todos nós pagaremos tributo. É da lei divina, que nos entendamos e nos amemos uns aos outros. 
Todos sofreremos os resultados do esquecimento da lei, mas cada um será responsabilizado, de perto, pela cota de discórdia que haja trazido à família mundial. Alfredo, que parecia ponderar seriamente os conceitos ouvidos, observou: – É justo. Aniceto voltou a considerar, após silêncio mais longo: – Estive pessoalmente, a semana passada, em “Alvorada Nova”, que fica em zonas mais altas, e vim a saber que avançados núcleos de espiritualidade superior, dos planetas vizinhos, desde as primeiras declarações desta guerra, determinaram providências de máxima vigilância, nas fronteiras vibratórias mantidas conosco. 
Ensinam-nos os vizinhos beneméritos que devemos suportar, nos próprios ombros, toda a produção de mal que levarmos a efeito. 
Somos, finalmente, a casa grande, obrigada a lavar a roupa suja nas próprias dependências. 
Sorrimos todos, com essa comparação. 
Ismália, que permanecia em silêncio, não obstante a funda impressão que se lhe estampara no rosto, considerou com delicadeza: – Infelizmente, na feição coletiva, somos ainda aquela Jerusalém escravizada ao erro. 
Todos os dias somos curados por Jesus e todos os dias conduzimo-lo ao madeiro. 
Nossas obras estão reduzidas quase a simples recapitulações que fracassam sempre. 
Não saímos do estágio da experiência. E, dolorosamente para nós, estamos sempre a ensaiar, no mundo, a política com os Césares, a justiça com os Pilatos, a fé religiosa com os Fariseus, o sacerdócio com os rabinos do Sinédrio, a crença com os Jairos que acreditam e duvidam ao mesmo tempo, os negócios com os Anases e Caifases. Neste passo, não podemos prever a extensão dos acontecimentos cruciais. Encantado com as definições ouvidas, aventurei-me a dizer: – Como é angustiosa, porém, a destruição pela guerra! – Nestes tempos, contudo – observou Alfredo, bondosamente –, a prece é uma luz mais intensa no coração dos homens. Bem se diz que a estrela brilha mais fortemente nas noites sem luz. 
Imaginem que, para iniciar providências de recepção aos desencarnados em desespero, já fui, mais de uma vez, aos serviços de assistência na Europa. Há dias, em missão dessa natureza, fomos, eu e alguns companheiros, aos céus de Bristol. 
A nobre cidade inglesa estava sendo sobrevoada por alguns aviões pesados de bombardeio. 
As perspectivas de destruição eram assustadoras. 
No seio da noite, porém, destacava-se, à nossa visão espiritual, um farol de intensa luz. 
Seus raios faiscavam no firmamento, enquanto as bombas eram arremessadas ao solo. 
A chefia da expedição recomendou nossa descida no ponto luminoso. 
Com surpresa, verifiquei que estávamos numa igreja, cujo recinto devia ser quase sombrio para o olhar humano, mas altamente luminoso para nossos olhos. 
Notei, então, que alguns cristãos corajosos reuniam-se ali e cantavam hinos. 
O Ministro do Culto lera a passagem dos Atos, em que Paulo e Silas cantavam à meia-noite, na prisão, e as vozes cristalinas elevavam-se ao Céu, em notas de fervorosa confiança. 
Enquanto rebentavam estilhaços lá fora, os discípulos do Evangelho cantavam, unidos, em celestial vibração de fé viva. 
Nosso chefe mandou que nos conservássemos de pé, diante daquelas almas heróicas, que recordavam os primeiros cristãos perseguidos, em sinal de respeito e reconhecimento. 
Ele também acompanhou os hinos e depois nos disse que os políticos construiriam os abrigos antiaéreos, mas que os cristãos edificariam na Terra os abrigos antitrevosos. – Às vezes – concluiu o senhor do castelo, em tom significativo – é preciso sofrer para compreender as bênçãos divinas. 

CONTINUA AMANHÃ