sábado, 13 de outubro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Senhor, meu Deus, não vos aparteis de mim, meu Deus dignai-vos socorrer-me (Sl 70,13). 
 
Pois me invadem vários pensamentos, e grandes temores afligem minha alma. 
 
Como escaparei ileso, como poderei vencê-los? ( Das quatro coisas que produzem grande paz)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.

PENSAMENTO DO DIA



Quem fala mal dos outros perto de você, quando longe falará mal, também, de você.
 

MENSAGEM DO DIA



O amor muitas vezes nos confunde porque nos iludimos com coisas que, no ponto de vista de outras, são apenas AVENTURA.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

Capítulo 8

Rematara os apontamentos que me propunha alinhar e, reconhecendo que a paciente chorava, em prostração, visivelmente distanciada do exame que me fora permitido desenvolver, Neves perguntou se podíamos trocar entendimento rápido.
– Como não?
– André – inquiriu ele, sem ocultar a perplexidade –, que vem a ser isto, meu amigo? Você percebeu? Meu neto, o moço é meu neto!... Onde estamos?
Quatro criaturas enoveladas... 
Mulher entre pai e filho, um rapaz entre duas irmãs...
Ignorava o que vemos. 
Há dias, tento confortar minha pobre Beatriz, só isso. 
Não fazia a menor idéia das perturbações que a rodeiam... 
Ah! meu amigo, como pai, estaria agora mais consolado se a visse agonizando numa casa de loucos!...
E apontando Marita: – Esta moça disse a verdade toda?
– Neves – acentuei –, você não desconhece que determinado grupo familiar se define como sendo um engenho constituído de peças diferentes, embora ajustadas entre si para a função que lhe cabe. 
Cada um daqueles que o integram é parte das realidades que se entrosam no conjunto. 
Marita foi sincera. 
Expôs o que sabe.
Ela é um pedaço da verdade que procuramos. 
Para descobrir o que você conceitua por “verdade toda” é inevitável consultar as pessoas que ela hospeda no mundo íntimo.
O amigo debuxou o leve sorriso de quem reúne compreensão e conformidade.
Arrojando-se, porém, ao desconforto com que supunha reverenciar a justiça, lastimou-se, áspero: – Imagine você! Gilberto! Um menino... Se o pai auxiliasse!...
Mas Nemésio é um caso de manicômio. 
Não tem jeito...
Olhou, compadecido, para a moça em pranto e salientou:
– Veja esta menina. Correta, fiel... Submeteu-se, confiante.
Que culpa no vaso de porcelana, violentamente destampado por um animal? E esse animal é um garoto que eu amo tanto!... 
Ela poderia ser a esposa que idealiza, mãe digna, dona de casa para um homem de bem... No entanto, lá se vai Gilberto, embeiçado por uma pinóia. 
Marina e Marita... Incrível hajam crescido sob o mesmo teto! São irmãs adotivas, como acontece à serpente e à pomba...
Diante da pausa curta, não me fiz tardio nas ponderações. Investi-me, indebitamente, na posição de conselheiro fortuito e roguei ao companheiro asserenar-se.
Achávamo-nos ali para emendar, proteger, realizar o melhor.
Certo, o bem suscetível de ser plantado, naquele grupo, redundaria em socorro a Beatriz. Colocássemos nela o pensamento. A irritação lhe avinagraria o ânimo e ele, Neves, de sentimento azedado, lançaria sobre a filha ingredientes fluídicos de índole negativa, arruinando-lhe as forças. Paciência e atividade fraterna servir-nos-iam de apoio.
Além do mais, não conseguiríamos precisar até quando perdurariam os sofrimentos físicos da esposa de Nemésio. É justo prever, calcular. Entretanto, poderiam ocorrer determinações superiores, recomendando lhe fosse prolongado o prazo de estada na Terra. Nada impossível viesse a continuar adstrita ao corpo carnal, relativamente melhorada, por meses, anos talvez, conquanto os prognósticos enunciassem a desencarnação para breve. Mas, e se acontecesse o inverso? Exasperação ou desânimo, de nosso lado, marcariam o término das possibilidades de cooperação. 
Os supervisores que nos dirigiam, não obstante compassivos e prestimosos, remover-nos-iam da cabeceira da doente, sem a menor dificuldade. 
Contavam com recursos para localizar-nos em tarefas, até mesmo mais suaves e mais reconfortantes, em outra parte, como quem nos agaloava em serviço. Agiriam, assim, em proveito da própria doente, impedindo os prejuízos que lhe pudéssemos acarretar com qualquer carga de vibrações desconcertantes.
Neves tolerou o aviso com paciência.
Acabou rogando compreensão. Retirara-se do convívio familiar, por longo tempo – justificou-se –, a fim de adestrar-se em cordura e desprendimento. 
Regressando, no entanto, ao abrigo doméstico, topava, a cada instante, em si mesmo, o homem que
fora. Comodista, agarrado às raízes consangüíneas, absorvido no bem-estar dos que reputava como sendo flores no tronco do coração.
Sabia-se em prova árdua. Acusava-se analisado, esquadrinhado, sopesado, na própria assimilação dos princípios de caridade e indulgência que passara a ministrar, sob o influxo dos mentores sábios e amigos que lhe haviam descerrado a porta das escolas de aperfeiçoamento nas esferas superiores.
Ao jeito de qualquer pessoa terrestre, encerrando consigo méritos e falhas, declarou-se disposto a dominar-se e, impelindo-nos a recordar antigos condiscípulos da fase juvenil, quando encorajados
e vacilantes ao mesmo tempo na solução dos problemas de autocontrole, solicitou-nos colaboração a fim de que se mantivesse calado, tanto quanto possível, na presença dos instrutores.
A submissão do companheiro dava para comover.
Acreditava-se temporariamente perturbado, acentuou humilde.
Partilhava as agruras da filha. Voltara instintivamente à agressividade e à extroversão que lhe marcavam o temperamento no passado; entretanto, comprometia-se à revisão de atitudes. 
Apesar disso, que lhe relevássemos qualquer desabafo inconveniente, quando nos demorássemos a sós. Sempre chegava o momento em que ele, por mais aplicado ao burilamento íntimo, sentia que as

CONTINUA AMANHÃ

DEPRESSÃO - DIVALDO FRANCO

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Bem-aventurado aquele que compreende o que seja amar a Jesus e desprezar-se a si por amor de Jesus. 
 
Por esse amor deves deixar qualquer outro, pois Jesus quer ser amado acima de tudo. 
 
O amor da criatura é anganoso e inconstante; o amor de Jesus é fiel e inabalável. 
 
Apegado à criatura, cairás com ela, que é instável; abraçado com Jesus, estarás firme para sempre. 
 
A Ele ama e guarda como amigo que não te desamparará, quando todos te abandonarem, nem consentirá que pereças na hora suprema. 
 
De todos te hás de separar um dia, quer queiras, que não. ( Do amor de Jesus sobre todas as coisas)


Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.




PENSAMENTO DO DIA



Quem te irrita, te domina.
 

MENSAGEM DIÁRIA



Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria optar por outra coisa.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

tão baixo? não possuía acaso, mãe e irmãs, para as quais exigia valimento e respeito?
Lívido e atarantado, o colega escusou-se, asseverando, impudente, que não a supunha meninota antiquada.
Estava comprometido, noivo há meses, no entanto – sublinhou, cínico –, a seu modo de ver, era muito natural que ele e ela, Marita, ainda jovens, desfrutassem o tempo, acrescentando, ainda, em sua filosofia desabusada, que todo viajante consciente, embora conheça o caminho certo, é livre para saborear os frutos que pendam de plantas erguidas à margem.
Zombou-lhe das lágrimas e retirou-se, gargalhando, sarcástico, para depois hostilizá-la em serviço.
Ocorreram outros impedimentos e tentações.
O sobrinho do chefe, bonito rapagão recém-casado, insinuarase, começando por um presente de aniversário e terminando por solicitar-lhe colaboração no escritório, onde pretendeu arrancarlhe atitudes inconfessáveis. 
Angariara inimigo novo e amargara preterições.
Enquanto isso, observava que Marina se alterara, sensivelmente.
Favorecida pelo devotamento materno, alcançara diploma de contadora, situando-se com manifestas vantagens. 
E, decerto pelo motivo de ganhar expressivas somas na profissão, sustinha, desajuizadamente, prodigalidades e excessos. 
Figurinistas de prol, penteados extravagantes, bebedeiras e tafulices.
Nesse ponto das confidências mudas, o vulto de um jovem raiou, nítido. 
Ao estampá-lo na paisagem dos mais recônditos pensamentos, transfigurou-se a castigada criança.
Desanuviou-se-lhe o firmamento íntimo. 
Queixas arredadas, apreensões esquecidas.
Clareou-se a aura de tal modo, ao refletir o rapaz, que o fenômeno induzia às mais belas apreciações do entusiasmo poético.
Vaso pensante que incorpora o privilégio de esculpir-se e alindarse, à vontade, para encerrar a flor predileta. Lago consciente, mantendo a faculdade de esconder, de inopino, todos os detritos de suas águas, metamorfoseando-se em espelho suave e cristalino para retratar uma estrela.
Marita amava o escolhido com a firmeza da árvore que se levanta sobre a raiz principal de apoio, com a abnegação das mães, que preferem morrer, felizes no sacrifício extremo, se for essa a condição para que os filhos queridos logrem viver.
Enlevado com o painel, que se configurava qual retábulo vivo, incutindo respeito religioso, interroguei-me, quanto ao lugar onde teria visto quadro idêntico: jovem mulher plasmando aquele rosto no campo mental.
Vasculhei a memória e identifiquei-o. 
Era o adolescente cujo semblante repontava dos pensamentos de Marina, senhoreando-lhe o coração, de parceria com Nemésio.
Ambas as meninas jaziam espiritualmente imanadas a ele por laços idênticos. 
Cruzavam-se-lhes as preferências, sócias de análogo destino.
Relanceei o olhar sobre Neves, que me espreitava, atento, exercitando-se em serviço de análise psíquica, percebendo-lhe a face transida de mágoa.
Bastou recolher-me o sinal e aproximou-se, impulsivo, segredando-me, transtornado:
– Ainda não nos entendemos devidamente. 
Sabe você quem é este? É meu neto, Gilberto, filho de Beatriz...
Articulei breve aceno, rogando-lhe aguardar ensejo que fosse vantajoso à conversação, e graduei, dentro de mim, os efeitos do impacto emocional. Eu, que me abeirara daquela atormentada criança, imaginando-me na posição de um pai socorrendo uma filha, sopitei, a custo, o espanto que me assaltava, para não tresmalhar-me na inconveniência da compaixão destrutiva.
Não sabia de que modo o pesar me doía mais, se ao refletir em Marina, a dividir-se entre pai e filho, ou se ao concentrar a atenção naquela moça triste, profundamente lesada nos tesouros do sentimento.
Estanquei no íntimo as impressões que me sensibilizavam e prossegui, pesquisa adiante.
A muda confissão da jovem avançou em reminiscências vivas e francas.
Conhecera Gilberto, precisamente há seis meses, no gabinete do chefe. 
Ela prestava informações de serviço, ele representava os interesses do próprio pai, em negócios alusivos à venda de imóveis.
Com que deslumbramento lhe recebera os primeiros olhares afetuosos e indagadores! 
Elos de intensa afinidade passaram, desde então, a jungi-los um ao outro, sem que lhe fosse possível justificar a sede crescente de comunhão que a dominava.
Para surpresa maior, na excursão inicial que lhes precedera a série de passeios e entretenimentos felizes, soubera, satisfeita, que Marina, recentemente empregada, se fizera contadora da firma em que o genitor dele se destacava como sendo a figura mais importante.
Riram-se da coincidência com a ingenuidade de duas crianças. Marita confiara-se a ele, integralmente. Amava-o, sentia-se amada.
Desde que se lhe apoiara ao braço, pronto a enlaçá-la e protegê-la, mais vastos horizontes se lhe descerraram à alma. 
Tolerava as alfinetadas do cotidiano, transformando-as em notas de perdão e alegria. 
A Natureza desvendava-lhe encantos novos. 
Admitia que outra luz se lhe acendera nos olhos, permitindo-lhe descobrir a beleza do mar; detinha, sem explicá-la, certa música nos ouvidos para assinalar, contente e embevecida, as ternas arengas das
crianças e as vozes dos passarinhos. 
Desligara-se do calvário doméstico; o tempo voava, doce, ao coração. 
O amor correspondido anestesiara-lhe a sensibilidade. 
Nenhum peso a carregar, nenhuma noção de sacrifício.
Dera-se a Gilberto, copiando a passividade da planta que se rende ao cultivador, da fonte que se entrega ao sedento.
O filho de Nemésio Torres prometera-lhe casamento. 
Falava do futuro risonho, suscitava-lhe sonhos de maternidade e ventura.
Para fazê-la integralmente feliz, apenas aguardava a melhoria econômica que adivinhava perto.
Apesar de tudo, tinha agora o coração farpeado, abatido.
Convencia-se de que Gilberto se enfastiara, que ambos, precipitados à fome de prazer, haviam colhido, antes do tempo, a flor da felicidade que parecia frustra.
Marina adiantara-se. 
Sempre Marina...
Na véspera, surpreendera a irmã e Gilberto num colóquio, que não deixava dúvidas. 
Ouvira-lhes a conversação impregnada de ternura ardente, sem ser pressentida.
Nesse ponto das lembranças amargas, ao modo de ave repentinamente ferida, estirou o corpo desgovernado, abandonando-se a lágrimas convulsas.

CONTINUA AMANHÃ