sábado, 16 de julho de 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO

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A AUSENTE
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Há várias espécies de dores capazes de atingir os corações humanos.
Qual a mais intensa?
Parece-nos ser aquela que estamos sentindo no momento.
Temos o costume de esquecer o passado e valorizar o sentimento presente como se nada de pior já tivesse acontecido, ou pudesse vir a acontecer.
Isso é uma tendência muito natural do ser humano. Mesmo assim, existem sofrimentos que se distinguem dos outros, e assumem perante a maioria das criaturas uma condição de maior gravidade.
A morte de um ser querido, por exemplo. Não há quem não se comova, sofra, sinta verdadeiramente quando um ser amado abandona o envoltório corporal e parte para outro plano da vida.
Pouco importa se a desencarnação foi repentina, ou não; se foi violenta, ou serena. Não interessa se aquele que partiu já contava com avançada idade, ou se ainda era jovem.
Não há como mensurar essa espécie de dor. E cada um a sente, e reage a ela, de forma diversa. Há aqueles que se entregam, blasfemam e se revoltam. Há outros que choram, mas que aceitam, envolvendo suas dores no bálsamo da prece e da fé.
Há, ainda, os que buscam modos nobres e belos para render novas homenagens àqueles que já se foram.
Assim parece-nos ter agido o poeta Augusto Frederico Schmidt, que toca nossos corações com os seguintes versos:
"Os que se vão, vão depressa,
Ontem, ainda, sorria na espreguiçadeira.
Ontem dizia adeus, ainda da janela.
Ontem vestia, ainda, o vestido tão leve cor-de-rosa.
Os que se vão, vão depressa.
Seus olhos grandes e pretos, há pouco, brilhavam.
Sua voz doce e firme faz pouco ainda falava. Suas mãos morenas tinham gestos de bênçãos.
No entanto hoje, na festa, ela não estava. Nem um vestígio dela, sequer.
Decerto sua lembrança nem chegou, como os convidados,
Alguns, quase todos, indiferentes e desconhecidos.
Os que se vão, vão depressa
Mais depressa que os pássaros que passam no céu,
Mais depressa que o próprio tempo,
Mais depressa que a bondade dos homens,
Mais depressa que os trens correndo, nas noites escuras,
Mais depressa que a estrela fugitiva que mal faz traço no céu.
Os que se vão, vão depressa.
Só no coração do poeta, que é diferente dos outros corações,
Só no coração sempre ferido do poeta
É que não vão depressa os que se vão.
Ontem ainda sorria na espreguiçadeira,
E seu coração era grande e infeliz.
Hoje, na festa ela não estava, nem sua lembrança.
Vão depressa, tão depressa os que se vão ..."
***
Não permita que sua dor, seja ela causada pelo motivo que for, o impeça de perceber a beleza de cada momento.
Não deixe que suas lágrimas, por mais sentidas e justas que sejam, turvem sua visão, impossibilitando que seus olhos vejam a vida com clareza e serenidade.
Dedique aos amores que partiram pensamentos otimistas e repletos de confiança no reencontro futuro, sem desespero nem revolta.
Se hoje, na sua rotina, pareceu-lhe que ninguém notou a dor que lhe invadia intensamente o peito, saiba que nada, nem mesmo nossas angústias, passam despercebidas ao pai.
Confie, persista e prossiga, sempre.

Equipe de Redação do Momento Espírita.

PENSAMENTO DO DIA


O tempo é a moeda da sua vida. É a única que você tem. Só você pode decidir como gastá-la. Mas tome cuidado para não deixar que outros a gastem por você

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um sim ou um não pode mudar toda a nossa existência

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 7

Entramos em aposento contíguo, onde encontramos jovem franzina, em dorida atitude. Sentada num dos leitos que se estiravam no quarto gracioso e limpo, refletia, torturada, permitindonos entrever-lhe o drama oculto.
O irmão Félix apresentou-a.
Tratava-se de Marita, que os donos da casa haviam perfilhado ao nascer, vinte anos antes.
Bastou uma vista de olhos para que me condoesse ao contemplá-la. Rosa humana, embora exalasse a fragrância da juventude, aquela moça, quase menina, de mãos enclavinhadas sob o queixo, matutando, parecia carregar o peso estafante de tribulações cronicificadas e dolorosas. Figurava-se-lhe a cabeleira ondeada lindo toucado de veludo castanho sobre a cabeça. O rosto esculpido em linhas raras, os olhos escuros contrastando com a brancura da tez, as mãos pequenas e as unhas róseas complementavam belo manequim de carne, apresentando por dentro uma criança assustada e ferida.
Tristeza maquilada. Aflição no disfarce de flor.
Obedecendo a instruções de Félix, abordei-a, enternecido, rogando-lhe, mentalmente, algo esclarecesse, em torno de si própria.
Desde o contacto com Nemésio, o benfeitor ensaiava-me, provavelmente sem querer, em novo gênero de anamnese: consultar o enfermo espiritual em pensamento, evidenciando a terna compreensão que um pai deve aos filhos, a fim de pesquisar conclusões para o trabalho assistencial.
Compelido a operar individualmente, recompus emoções. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 58).
Recobrei os sentimentos paternais que me haviam animado entre os homens e cravei o olhar indagador naquela criaturinha cismarenta, imaginando-a por filha de minha alma.
Solicitei-lhe, sem palavras, confiasse em nós, desoprimindose.
Relacionasse, por gentileza, as suas impressões mais recuadas no tempo. Desenovelasse o passado. Reconstituísse na lembrança tudo o que soubesse de si, nada escondesse.
Propúnhamo-nos auxiliá-la. Não conseguiríamos, porém, agir ao acaso. Era imprescindível que ela se nos revelasse, arrancando à câmara da memória as cenas arquivadas desde a infância, expondo-as na tela mental para que as analisássemos, imparcialmente, de maneira a conduzir as atividades socorristas que intentaríamos desenvolver.
Marita assimilou-nos o apelo, de imediato. Incapaz de explicar a si mesma a razão pela qual se via instintivamente constrangida a rememorar o pretérito, situou o impulso mental no pontoem que obtinha o fio inicial das suas recordações.
Os quadros da meninice se lhe estamparam na aura, movimentados como num filme.
Vimo-la pequenina, hesitante, nos passos primeiros.
E, enquanto desfilavam os painéis ingênuos do que lhe havia acontecido, logo após o soerguimento do berço, ela alinhavava elucidações inarticuladas, respondendo-nos às perguntas.
Sim – relembrava, supondo falar consigo –, não era filha dos Nogueiras. Dona Márcia, a esposa de Cláudio, adotara-a. Nascera de jovem suicida. Aracélia, a mãezinha que não conhecera, fora tomada a serviço do casal, por ocasião do matrimônio daqueles que o destino lhe impusera na condição de pais. Quando se entendera por gente grande, a genitora de Marina lhe dera a saber, através de informações pessoais, a breve história da mulher simples e pobre que a trouxera ao mundo. Recém-chegada do interior, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 59) procurando emprego humilde, Aracélia acolhera-se-lhe à moradia, encaminhada por senhora de suas relações. Era bonita, espontânea.
Brincava, gostava de festas. Findos os compromissos caseiros, divertia-se. Pela ternura expansiva, granjeara amizades, passeava, dançava. Alegre e comunicativa, mas operosa e correta. Às vezes, regressava, tarde da noite, ao aposento que a família lhe destinara; de manhãzinha, porém, estava no posto. Nunca se queixava. Invariavelmente prestimosa, a desvelar-se do tanque à cozinha. À vista disso, embora os patrões não lhe estimassem as companhias pouco recomendáveis, não se sentiam com direito a lançar-lhe reproches. Dona Márcia era habitualmente precisa nas referências. Lembrava-se dela, enternecida. Por ocasião do nascimento de Marina, a filha única, fizeram-se mais amigas, mais íntimas. Aracélia desdobrara-se, junto dela, em carinho e dedicação.
Contudo, justamente nessa época, verificara-se a grande mudança. A doméstica devotada engravidara-se, com muito padecimento físico. Por mais se esforçassem os donos da casa, instando a que se manifestasse quanto ao responsável pela situação,
apenas chorava, abolindo qualquer possibilidade de se lhe tentar
casamento digno. Sabia-se que, freqüentando bailes a rodo, decerto se precipitara em aventuras diversas. Compadecidos, os patrões deram à jovem mãe solteira a mais ampla assistência, inclusive internando-a em estabelecimento adequado, para que a criança nascesse sob o amparo possível.
Nesse tópico das amargosas reminiscências, a menina estacou, mentalmente, qual se estivesse cansada de pensar no mesmo assunto. Fora assim que ela, Marita, chegara ao mundo.
Marejaram-se-lhe os olhos de lágrimas, estabelecendo confronto
entre as provações da mãezinha e as dela própria; no entanto, para não distrair a pesquisa em curso, sugeri-lhe continuasse.
Dona Márcia contara-lhe – prosseguiu no solilóquio – que, retornando a casa, mostrara-se Aracélia irremediavelmente abatida.
Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 60
Lágrimas incessantes, irritação, melancolia. Não valeram advertências, nem cuidados médicos. Na noite em que sorveu grande dose de formicida, conversara animadamente com a patroa, fornecendo a impressão de que se recuperava. Entretanto, pela manhã, foi achada morta, com uma das mãos agarrada ao seu berço, como se, na última hora, não lhe quisesse dizer adeus.
Fundamente comovida, a jovem procurou, em vão, revisar o começo, interessada em relatar-nos quanto conhecia de si mesma.
Certificava-se tão-somente de que despertara para a vida no colo de Dona Márcia, que considerara, a principio, sua mãe verdadeira, que se ligava a Marina como se lhe fosse irmã no sangue, apegando- se a ela em todos os brincos da infância. Juntas freqüentaram a escola, juntas comungaram a meninice. Partilhavam excursões e entretenimentos, alegrias e jogos. Manuseavam os mesmos livros, vestiam cores iguais.
Processava-se a análise, normalmente, mas, talvez porque o tempo avançasse, o irmão Félix se despediu, alegando obrigações urgentes. Serviços na instituição pela qual se responsabilizava não
lhe permitiam delongar a visita.
Asseverou, gentil, que nos hipotecava confiança. Observou, com a delicadeza do chefe que solicita, ao invés de mandar, que esperava por zelosa atenção de nossa parte, ao pé daquela menina inexperiente, enquanto a prestação de concurso fraterno se nos tornasse possível. Enunciando a petição, notava-se-lhe o embaraço.
Compreendi que ele, espírito superior, ali se achava por generosidade, à feição do professor destacado e enobrecido que desce de sua cátedra para alentar o ânimo de alunos detidos no alfabeto.
Ele sorriu com desapontamento, percebendo a interpretação que me assomara à cabeça, e esclareceu, discreto, que possuía fortes razões para consagrar-se à felicidade daquela casa, com entranhado afeto; entretanto, a família teimava em fugir de toda atividade religiosa ou beneficente. Ninguém, ali, se interessava

CONTINUA AMANHÃ

MENSAGEM DE REFLEXÃO - O AMIGO

sexta-feira, 15 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Antes de reclamar das coisas que você está perdendo, verifique o que vai ocupar o lugar que elas deixaram vago. Pode ser algo muito mais importante e enriquecedor

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Faça do sofrimento um motivo a mais para sair caminhando. Faça das tristezas, das agruras do dia-a-dia, aquela alavanca que faltava para o impulso que leva à felicidade. Faça do desânimo um motivo a mais para encontrar a vontade escondida, deixada num canto, esquecida

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 11

CONTINUAÇÃO

Mas, irmão Félix, é importante convir que Cláudio, liberto, poderia ser mais digno...
– Isso é perfeitamente lógico – confirmou. Ninguém nega.
– E por que não dissipar de vez os laços que o prendem aos malandros que o exploram?
O alto raciocínio da Espiritualidade superior jorrou, pronto:
– Cláudio certamente não lhes empresta o conceito de vagabundos.
Para ele, são sócios estimáveis, amigos caros. Por outro lado, ainda não investigamos a causa da ligação entre eles para cunhar opiniões extremadas. As circunstâncias podem ser saudáveis ou enfermiças como as pessoas e, para tratarmos um doente com segurança, há que analisar as raízes do mal e confirmar os sintomas, aplicar medicação e estudar efeitos. Aqui, vemos um problema pela rama. Quando terá nascido a comunhão do trio? Os
vínculos serão de agora ou de existências passadas? Nada legitimaria um ato de violência da nossa parte, com o intuito de separálos, a titulo de socorro. Isso seria o mesmo que apartar os pais generosos dos filhos ingratos ou os cônjuges nobres dos esposos ou das esposas de condição inferior, sob o pretexto de assegurar limpeza e bondade nos processos da evolução. A responsabilidade tem o tamanho do conhecimento. Não dispomos de meios precisos para impedir que um amigo se onere em dívidas escabrosas ou se despenque em desatinos deploráveis, conquanto nos seja lícito dispensar-lhe o auxílio possível, a fim de que se acautele contra o perigo no tempo viável, sendo de notar-se que as autoridades superiores da Espiritualidade chegam a suscitar medidas especiais que impõem aflições e dores de importância aparente a determinadas pessoas, com o objetivo de livrá-las da queda em desastres morais iminentes, quando mereçam esse amparo de exceção. Na Terra, a exata justiça apenas cerceia as manifestações de alguém, quando esse alguém compromete o equilíbrio e a segurança dos outros, na área de responsabilidade que a vida lhe demarca, deixando (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 55)  a cada um a regalia de agir como melhor lhe pareça. Adotaremos princípios que valham menos, perante as normas que afiançam a harmonia entre os homens?
Rematando as elucidações lapidares que entretecia, o irmão Félix revestira-se de um halo brilhante.
Enlevados, não encontrávamos em nós senão silêncio para significar-lhe admiração ante a sabedoria e a simplicidade.
O instrutor fitava Cláudio com simpatia, dando a entender que se dispunha a abraçá-lo paternalmente, e, receando talvez que a oportunidade escapasse, Neves, humilde e respeitoso, pediu se lhe relevasse a insistência; entretanto, solicitava fosse aclarado, ainda, um ponto dos esclarecimentos em vista.
Diante do mentor paciente, perguntou pelos promotores de
guerra, entre os homens. Declarara Félix que a justiça tacitamente cerceia as ações dos que ameaçam a estabilidade coletiva. Como entender a existência de governantes transitórios, erigindo-se na Terra em verdugos de nações?
Félix sintetizou, reempregando algumas das palavras de que se utilizara:
– Dissemos “cercear” no sentido de “corrigir”, “restringir”.
Assinalamos igualmente que toda criatura vive na área de responsabilidade que a lei lhe delimita. Compreendendo-se que a responsabilidade de alguém se enquadra ao tamanho do conhecimento superior que esse alguém já adquiriu, é fácil admitir que os compromissos da consciência assumem as dimensões da autoridade que lhe foi atribuída. Uma pessoa com grandes cabedais de autoridade pode elevar extensas comunidades às culminâncias do progresso e do aprimoramento ou afundá-las em estagnação e decadência. Isso na medida exata das atitudes que tome para o bem ou para o mal. Naturalmente, governantes e administradores, em qualquer tempo, respondem pelo que fazem. Cada qual dá (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 56) conta dos recursos que lhe foram confiados e da região de influência que recebeu, passando a colher, de modo automático, osbens ou os males que haja semeado.
Víamos, porém, que Félix não desejava estender-se em mais amplas considerações filosóficas.
Assentando no rosto a expressão de quem nos pedia transferir para depois qualquer nova interrogação, acercou-se de Cláudio, a
envolvê-lo nas suaves irradiações do olhar brando e percuciente.
Estabeleceu-se ligeira e doce expectativa.
O benfeitor acusava-se emocionado. Parecia agora mentalmente distanciado no tempo. Acariciou a cabeleira daquele homem, com quem Neves e eu, no fundo, não nos afináramos assim tanto, semelhando-se médico piedoso, encorajando um doente menos simpático.
Aquele momento de comoção, entretanto, foi rápido, quase imperceptível, porque o irmão Félix retomou-nos a intimidade e comentou, despretensioso:
– Quem afirmará que Cláudio amanhã não será um homem renovado para o bem, passando a educar os companheiros que o deprimem? Por que atrair contra nós a repulsão dos três, simplesmente porque se mostrem ignorantes e infelizes? E admitir-se-á, porventura, que não venhamos a necessitar uns dos outros? Existem adubos que lançam emanações extremamente desagradáveis; no entanto, asseguram a fertilidade do solo, auxiliando a planta que, a seu turno, se dispõe a auxiliar-nos.
O benfeitor esboçou o gesto de quem encerrava a conversação e lembrou-nos, gentil, o trabalho em andamento.

CONTINUA AMANHÃ

A PONTE DE LUZ - MARIA DOLORES - CHICO XAVIER

quinta-feira, 14 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Nada reflete melhor a imagem de um homem do que suas próprias palavras

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Procure ser um homem de valor em vez de procurar ser um homem de sucesso

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

Em várias ocasiões, estudara a passagem do Espírito exonerado do envoltório carnal pela matéria espessa. Eu mesmo, quando me afazia, de novo, ao clima da Espiritualidade, após a desencarnação última, analisava impressões ao transpor, maquinalmente, obstáculos e barreiras terrestres, recolhendo, nos exercícios feitos, a sensação de quem rompe nuvens de gases condensados.
Ali, no entanto, produzia-se algo semelhante ao encaixe perfeito. Cláudio-homem absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que se ajusta ao pé. Fundiram-se os dois, como se morassem eventualmente num só corpo. Altura idêntica. Volume igual.
Movimentos sincrônicos. Identificação positiva.
Levantaram-se a um tempo e giraram integralmente incorporados um ao outro, na área estreita, arrebatando o delgado frasco.
Não conseguiria especificar, de minha parte, a quem atribuir o impulso inicial de semelhante gesto, se a Cláudio que admitia a instigação ou se ao obsessor que a propunha.
A talagada rolou através da garganta, que se exprimia por dualidade singular. Ambos os dipsômanos estalaram a língua de prazer, em ação simultânea.
Desmanchou-se a parelha e Cláudio, desembaraçado, se dispunha a sentar, quando o outro colega, que se mantinha a distância, investiu sobre ele e protestou: “eu também, eu também quero!”
Reavivou-se-lhe no ânimo a sugestão que esmorecia..
Absolutamente passivo diante da incitação que o assaltava, reconstituiu, mecanicamente, a impressão de insaciedade.
Bastou isso e o vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo-se o fenômeno da conjugação completa. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 51).
Encarnado e desencarnado a se justaporem. Duas peças conscientes, reunidas em sistema irrepreensível de compensação mútua.
Abeirei-me de Cláudio para avaliar, com imparcialidade, até onde sofreria ele, mentalmente, aquele processo de fusão.
Para logo convenci-me de que continuava livre, no íntimo.
Não experimentava qualquer espécie de tortura, a fim de renderse.
Hospedava o outro, simplesmente, aceitava-lhe a direção, entregava-se por deliberação própria. Nenhuma simbiose em que se destacasse por vítima. Associação implícita, mistura natural.
Efetuava-se a ocorrência na base da percussão. Apelo e resposta.
Cordas afinadas no mesmo tom. O desencarnado alvitrava, o encarnado aplaudia. Num deles, o pedido; no outro, a concessão.
Condescendendo em ilaquear os próprios sentidos, Cláudio acreditou-se insatisfeito e retrocedeu, sorvendo mais um gole.
Não me furtei à conta curiosa. Dois goles para três.
Novamente desimpedido, o dono da casa estirou-se no divã e retomou o jornal.
Os amigos desencarnados tornaram ao corredor de acesso, chasqueando, sarcásticos, e Neves, respeitoso, consultou sobre responsabilidade.
Como situar o problema? Se víramos Cláudio aparentemente reduzido à condição de um fantoche, como proceder na aplicação da justiça? Se ao invés de bebedice, estivéssemos diante de um caso criminal? Se a garrafa de uísque fosse arma determinada, para insultar a vida de alguém, como decidir? A culpa seria de Cláudio que se submetia ou dos obsessores que o comandavam?
O irmão Félix aclarou, tranqüilo: (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 52)
– Ora, Neves, você precisa compreender que nos achamos à frente de pessoas bastante livres para decidir e suficientemente lúcidas para raciocinar. No corpo físico ou agindo fora do corpo físico, o Espírito é senhor da constituição de seus atributos. Responsabilidade não é título variável. Tanto vale numa esfera, quanto em outras. Cláudio e os companheiros, na cena que acompanhamos, são três consciências na mesma faixa de escolha e manifestações conseqüentes. Todos somos livres para sugerir ou assimilar isso ou aquilo. Se você fosse instado a compartilhar um
roubo, decerto recusaria. E, na hipótese de abraçar a calamidade,
em são juízo, não conseguiria desculpar-se.
Interrompeu-se o mentor, volvendo a refletir após momento rápido:
– Hipnose é tema complexo, reclamando exames e reexames de todos os ingredientes morais que lhe digam respeito. Alienação da vontade tem limites. Chamamentos campeiam em todos os caminhos. Experiências são lições e todos somos aprendizes.
Aproveitar a convivência de um mestre ou seguir um malfeitor é deliberação nossa, cujos resultados colheremos.
Verificando que o orientador se dava pressa em ultimar os esclarecimentos sem mostrar o mínimo propósito de afastar as entidades vadias que pesavam no ambiente, Neves voltou à carga, no intuito louvável do aluno que aspira a complementar a lição.
Pediu vênia para repisar o assunto na hora.
Recordou que, sob o teto do genro, o irmão Félix se esmerava na defesa contra aquela casta de gente. Amaro, o enfermeiro prestimoso, fora situado junto de Beatriz principalmente para correr com intrometidos desencarnados. O aposento da filha tornara-se, por isso, um refúgio. Ali, no entanto...
E perguntava pelo motivo da direção diversa. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 53).
Félix expressou no olhar a surpresa do professor que não espera apontamento assim argucioso por parte do discípulo e explicou que a situação era diferente.
A esposa de Nemésio mantinha o hábito da oração. Imunizava-se espiritualmente por si. Repelia, sem esforço, quaisquer formas-pensamentos de sentido aviltante que lhe fossem arremessadas.
Além disso, estava enferma, em vésperas da desencarnação.
Deixá-la à mercê de criaturas insanas seria crueldade. Garantias concedidas a ela erguiam-se justas.
– Mas... e Cláudio? – insistiu Neves. – Não merecerá, porventura,
fraterna demonstração de caridade, a fim de livrar-se de tão temíveis obsessores?
Félix sorriu francamente bem-humorado e explicou:
– “Temíveis obsessores” é a definição que você dá. – E avançou:
– Cláudio desfruta excelente saúde física. Cérebro claro, raciocínio seguro. É inteligente, maduro, experimentado. Não carrega inibições corpóreas que o recomendem a cuidados especiais.
Sabe o que quer. Possui materialmente o que deseja. Permanece no tipo de vida que procura. É natural que esteja respirando a influência das companhias que julgue aceitáveis. Retém liberdade
ampla e valiosos recursos de instrução e discernimento para juntar-
se aos missionários do bem que operam entre os homens, assegurando edificação e felicidade a si mesmo. Se elege para comensais da própria casa os companheiros que acabamos de ver, é assunto dele. Enquanto nos arrastávamos, tolhidos pela carne, não nos ocorreria a idéia de expulsar da residência alheia as pessoas que não se harmonizassem conosco. Agora, vendo o mundo e as coisas do mundo, de mais alto, não será cabível modificar semelhante modo de proceder.
O tema desdobrava-se, assumindo aspectos novos.
Curioso, interferi:

CONTINUA AMANHÃ

DEUS AGE - EMMANUEL

quarta-feira, 13 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Não perguntes a felicidade quem ela é, nem de onde venho... Apenas, abra a porta para que entre... E feche-a para que não fuja

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Se estiver acontecendo algo errado conosco, temos que olhar para frente e arrumar nossa vida

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ PARTE 09

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 6

De volta ao aposento da enferma, certificamo-nos de que Nemésio e Marina haviam saído. A camareira da casa velava.
Neves, desenxabido, absteve-se de qualquer comentário. Retraíra-
se no claro propósito de sopitar impulsos menos construtivos.
Recompondo-se, momentos antes, rogara do irmão Félix lhe desculpasse o ataque de cólera em que extravasara rebeldia e desespero.
Descera à inconveniência, acusava-se, humilde. Fora descaridoso,
insensato, penitenciava-se com tristeza. O irmão Félix, com bastante autoridade, se quisesse, poderia demiti-lo do piedoso mister que invocara, com o objetivo de proteger a filha; entretanto, pedia tolerância. O coração paternal, no instante crítico, não se vira preparado, de modo a escalar o nível do desprendimento preciso, declarava com amargura e desapontamento.
Félix, porém, abraçara-o com intimidade e, sorridente, ponderou que a edificação espiritual, em muitas circunstâncias, inclui explosões do sentimento, com trovões de revolta e aguaceiros de pranto, que acabam descongestionando as vias da emoção.
Que Neves esquecesse e recomeçasse. Para isso, contava com os talentos da oportunidade, do tempo. Obviamente, por isso, o sogro de Nemésio ali se achava agora, diante de nós, transformado e solícito.
Por indicação do paciente amigo que nos orientava, formulou uma prece, enquanto ministrávamos socorro magnético à doente.
Beatriz gemia; no entanto, Félix esmerou-se para que se aliviasse e dormisse, providenciando, ainda, para que não se retirasse do corpo, sob a hipnose habitual do sono. Não lhe convinha, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 47) por enquanto, esclareceu ele, afastar-se do veículo fatigado. Em virtude dos órgãos profundamente enfraquecidos, desfrutaria penetrante lucidez espiritual e não seria prudente arremessá-la, de chofre, a impressões demasiado ativas da esfera diferente para a qual se transferiria, muito em breve.
Aconselhável seria a mudança progressiva. Graduação de luz, intensificando-se, a pouco e pouco.
Largamos a filha de Neves em repouso nutriente e restaurador, e demandamos a rua.
Acompanhando Félix, cujo semblante passou a denotar funda preocupação, alcançamos espaçoso apartamento do Flamengo, onde conheceríamos, de perto, os familiares de Marina.
A noite avançava.
Transpassando estreito corredor, pisamos o recinto doméstico, surpreendendo, no limiar, dois homens desencarnados, a debaterem, com descuidada chocarrice, escabrosos temas de vampirismo.
Vale assinalar que, não obstante pudéssemos fiscalizar-lhes os movimentos e ouvir-lhes a loquacidade fescenina, nenhum dos dois lograva registrar-nos a presença. Prometiam arruaças. Argumentavam, desabridos.
Malandros acalentados, mas perigosos, conquanto invisíveis para aqueles junto dos quais se erguiam por ameaça insuspeitada.
Por semelhantes companhias, fácil apreciar os riscos a que se expunham os moradores daquele ninho de cimento armado, a embutir-se na construção enorme, sem qualquer defesa de espírito.
Entramos. Na sala principal, um cavalheiro de traços finos, em cuja maneira de escarrapachar-se se adivinhava, para logo, o dono da casa, lia um jornal vespertino com atenção. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 48).
Os atavios do ambiente, apesar de modestos, denunciavam apurado gosto feminino. O mobiliário antigo de linhas quase rudes suavizava-se ao efeito de ligeiros adornos.
Tufos de cravos vermelhos, a se derramarem de vasos cristalinos, harmonizavam-se com as rosas da mesma cor, habilmente desenhadas nas duas telas que pendiam das paredes, revestidas de
amarelo dourado. Mas, destoante e agressiva, uma esguia garrafa,
contendo uísque, empinava o gargalo sobre o crivo lirial que completava a elegância da mesa nobre, deitando emanações alcoólicas que se casavam ao hálito do amigo derramado no divã.
Félix encarou-o, manifestando a expressão de quem se atormentava, piedosamente, ao vê-lo, e no-lo indicou:
– Temos aqui o irmão Cláudio Nogueira, pai de Marina e tronco do lar.
Fisguei-o, de relance. Figurou-se-me o hospedeiro involuntário um desses homens maduros que se demoram na quadra dos quarenta e cinco janeiros, esgrimindo bravura contra os desbarates
do tempo. Rosto primorosamente tratado, em que as linhas firmes
repeliam a notícia vaga das rugas, cabelos penteados com distinção, unhas polidas, pijama impecável. Os grandes olhos escuros e móveis pareciam imanizados às letras, pesquisando motivos para trazer um sorriso irônico aos lábios finos. Entre os dedos da mão que descansava à beira do sofá, o cigarro fumegante, quase rente ao tripé anão, sobre o qual um cinzeiro repleto era silenciosa advertência contra o abuso da nicotina.
Detínhamo-nos, curiosos, na inspeção, quando sobreveio o
inopinado.
Diante de nós, ambos os desencarnados infelizes, que surpreendêramos à entrada, surgiram de repente, abordaram Cláudio e agiram sem-cerimônia. Um deles tateou-lhe um dos ombros e gritou, insolente: (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 49).
– Beber, meu caro, quero beber!
A voz escarnecedora agredia-nos a sensibilidade auditiva. Cláudio, porém, não lhe pescava o mínimo som. Mantinha-se atento à leitura. Inalterável. Contudo, se não possuía tímpanos físicos para qualificar a petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelante.
O assessor inconveniente repetiu a solicitação, algumas vezes, na atitude do hipnotizador que insufla o próprio desejo, reasseverando uma ordem.
O resultado não se fez demorar. Vimos o paciente desviar-se do artigo político em que se entranhava. Ele próprio não explicaria o súbito desinteresse de que se notava acometido pelo editorial que lhe apresara a atenção.
Beber! Beber!...
Cláudio abrigou a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago de uísque exclusivamente por si.
O pensamento se lhe transmudou, rápido, como a usina cuja corrente se desloca de uma direção para outra, por efeito da nova tomada de força.
Beber, beber!... e a sede de aguardente se lhe articulou na idéia, ganhando forma. A mucosa pituitária se lhe aguçou, como que mais fortemente impregnada do cheiro acre que vagueava no ar. O assistente malicioso coçou-lhe brandamente os gorgomilos.
O pai de Marina sentiu-se apoquentado. Indefinível secura constringia-lhe o laringe. Ansiava tranqüilizar-se.
O amigo sagaz percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele.
De começo, a carícia leve; depois da carícia agasalhada, o abraço envolvente; e depois do abraço de profundidade, a associação recíproca.
Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica.

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PAZ E AMOR - MARIA DOLORES - CHICO XAVIER

terça-feira, 12 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Tudo que existe, existe em Deus, e sem Deus nada pode existir nem ser concebido

Autor: Benedicti Spinoza

MENSAGEM DIÁRIA

O último capítulo de um livro, não significa a última pagina de uma história

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 8

CONTINUAÇÃO

trola-lhe os nervos e os falsos afrodisíacos usados solapam-lhe as
energias, sem que ele mesmo perceba.
Diante da afirmativa, o esposo de Beatriz fixou agoniado vinco mental, entremostrando haver assimilado, mecanicamente, o impacto do grave enunciado.
– E se piorasse? – considerou de si para si.
A figura de Marina repontou-lhe da alma.
Nemésio divagou, cismarento.
Concordaria, sim, em recuperar a saúde, mas somente depois...
Depois que retivesse a jovem no lar, entregue a ele, em definitivo, pelos laços do matrimônio. Enquanto não a recolhesse, nos braços, sob regime de compromisso legal, não aceitaria proteção médica. Cabia-lhe sustentar-se capaz e moço aos olhos dela.
Fugiria deliberadamente de conselhos ou disciplinas tendentes a desviá-lo da ronda de passeios, excursões, entretenimentos e bebedices que, na posição de homem enamorado, acreditava dever-lhe.
O irmão Félix não contrapôs qualquer argumentação. Ao revés,
administrou-lhe recursos magnéticos em toda a província
cerebral, dispensando-lhe assistência.
Ao término da longa operação socorrista, Neves, taciturno,
não encobria o próprio desapontamento. A desaprovação esguichava-lhe da cabeça, plasmando pensamentos de censura, que,não obstante respeitosa, nos alcançavam em cheio, por chuva de vibrações negativas.
Talvez, por isso, o benfeitor sugeriu ao dono da casa abandonar o recinto, solicitação muda que Nemésio atendeu, de pronto, já que se munira das escoras que o amigo espiritual espontaneamente lhe oferecia.
Os três, a sós, tornamos à conversação.
(Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 43)
Félix, sorrindo, afagou de leve os ombros do meu companheiro e ponderou:
– Entendo, Neves, entendo você...
Encorajado pela inflexão de carinho com que semelhantes palavras eram ditas, o sogro de Nemésio desafogou-se:
– Quem entende menos sou eu. Não admito tanto resguardo para um cachorro de má qualidade. Um homem igual a este, que me desrespeita a confiança paterna! Quem não lhe vê no espírito a poligamia declarada? Um sessentão desavergonhado que enxovalha a presença da esposa agonizante! Ah! Beatriz, minha pobre Beatriz, por que te uniste a um cavalo?
Dementara-se Neves, diante de nós. Retrocedera mentalmente ao círculo acanhado da família humana e chorava, transtornado, sem que lhe pudéssemos cercear a emoção.
– Faço força – gemia acabrunhado –, mas não agüento. De que me vale trabalhar odiando? Nemésio é um mascarado! Tenho estudado a ciência de perdoar e servir, tenho aconselhado serviço e perdão aos outros, mas agora... Divididos por simples parede, vejo o sofrimento e o vício debaixo do mesmo teto. De um lado, minha filha conformada, aguardando a morte; de outro, meu genro e essa mulher que me insulta a família. Deus do céu! que me foi reservado? Andarei auxiliando uma filha doente ou sendo chamado à tolerância? Mas, como suportar um homem desses?
Não adiantou um aceno à prudência, na pausa curta.
– Antigamente – tartamudeou ele, desesperado – acreditava que o inferno, depois da morte, fosse pular em vão num cárcere de fogo; hoje aprendo que o inferno é voltar à Terra e estar com os parentes que já deixamos... Isso é a purgação de nossos pecados!...
Félix aproximou-se e ponderou, segurando-lhe afetuosamente
as mãos: (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 44)
– Calma, Neves. Sempre surge para todos nós o dia de provar aquilo que somos naquilo que ensinamos. Além disso, Nemésio deve ser entendido...
– Entendido? – entaramelou-se o interlocutor – não chegará
ter visto?
E acrescentou, quase irônico:
– Sabe o senhor qual é o rapaz que vem ocupando o pensamento
dessa moça?
– Sei, mas deixa-me explicar – clareou Félix com brandura. – Principiemos por aceitar Nemésio na posição em que se encontra.
Como exigir da criança experiência da madureza ou pedir raciocínio certo ao alienado mental? Sabemos que crescimento do corpo não expressa altura de espírito. Nemésio é aluno da vida, qual nós mesmos, sem o benefício da lição em que estamos sendo instruídos.
Que seria de nós, na situação dele, sem a visão que atualmente nos favorece? Provavelmente, cairíamos em condições piores...
– Quer dizer que devo aprová-lo?
– Ninguém aplaude a enfermidade, nem louva o desequilíbrio; no entanto, seria crueldade recusar simpatia e medicação ao doente. Consideremos que Nemésio não é um companheiro desprezível.
Emaranhou-se em sugestões perigosas, mas não fugiu da esposa a quem presta assistência; mostra-se engodado por extravagâncias
emotivas de caráter deprimente que lhe dilapidam as forças; contudo, não esqueceu a solidariedade, resolvendo oferecer casa própria e gratuita à senhora que lhe presta serviços remunerados;
acredita-se dono de juvenilidade física absolutamente irrisória, quando, na realidade, carrega um corpo em prematuro desgaste; dedica-se apaixonadamente a uma jovem que o menoscaba, conquanto lhe consagre apreço respeitoso... Não bastariam estas razões para merecer benevolência e carinho? Quem de nós com a possibilidade de auxiliar? Ele que anda cego ou nós que (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 45) discernimos? Não posso enaltecer-lhe as manobras lamentáveis, na esfera do sentimento; entretanto, sou obrigado a confessar que ele, na ficha de analfabeto das verdades da alma, ainda não tombou de todo...
Com significativo tom de voz, o instrutor acentuou:
– Neves, Neves! A sublimação progressiva do sexo, em cada um de nós, é fornalha candente de sacrifícios continuados. Não nos cabe condenar alguém por faltas em que talvez possamos incidir ou nas quais tenhamos sido passíveis de culpa em outras ocasiões. Compreendamos para que sejamos compreendidos.
Neves silenciou, decerto controlado pela influência do amigo venerável, e, quando consegui fitá-lo, depois de alguns momentos de expectativa, percebi que se pusera, humildemente, em oração.


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CHICO XAVIER - MAIS LUZ

segunda-feira, 11 de julho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

A felicidade verdadeira é barata, mas nós pagamos caro por sua imitação

Autor: Sacerdote

MENSAGEM DIÁRIA

Um ser sereno é aquele que trás em si a leveza e a grandeza de seu próprio ser. É aquele que luta pela paz interior, pelo controle de seus pensamentos, para que flua apenas o amor e a compreensão

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ


CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 5

Imperfeitamente refeitos do assombro que semelhante atitude nos causava, passamos a colaborar com o irmão Félix, na aplicação de recursos, a beneficio do amigo que, embora nos desconhecesse a presença, se mantinha agora em aturada reflexão.
Ao contacto das mãos do benfeitor que mobilizava, proficiente, a energia magnética, Nemésio expunha as deficiências do campo circulatório.
O coração, consideravelmente aumentado, denotava falhas ameaçadoras com endurecimento das artérias.
O examinando, rebuçado por fora, era enfermo grave por dentro.
Entretanto, a característica mais constrangedora que apresentava surgia na arteriosclerose cerebral, cujo desenvolvimento conseguíamos claramente positivar, manejando diminutos aparelhos de auscultação.
Comprovando longa experiência médica, o irmão Félix apontou- nos determinada região, em que notei a circulação do sangue reduzida, e informou:
– Nosso amigo permanece sob o perigo de coágulos bloqueadores e, além disso, é de temer-se a ruptura de algum vaso em qualquer acidente mais importante da hipertensão.
Como se nos percebesse a movimentação e nos registrasse os apontamentos, o genro de Neves, na cadeira estofada a que se recolhera, instintivamente respondia ao inquérito afetuoso a que lhe submetíamos a memória, elucidando-nos todas as dúvidas, através de reações mentais específicas. Acreditava-se afundado na
imaginação, ignorando que se nos revelava, por inteiro, na feição de um doente voltado para os esclarecimentos da anamnese. Rememorou as tonturas ligeiras que vinha experimentando amiúde.
Vasculhava a lembrança, atendendo-nos às perguntas. Alinhava (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 38) acontecimentos passados, fixava pormenores. Reconstituiu, quanto possível, as fases do desconforto a que se vira atirado, subitamente, com a perda dos sentidos que sofrera, no escritório, dias antes. Sentira-se desamparado, de chofre. Ausente. O pensamento esvaíra-se-lhe da cabeça, como se expulso por martelada interior.
Pavoroso delíquio que se lhe representara infindável, quando perdurara simplesmente por segundos. Retomara a noção de si mesmo, atarantado, abatido. Curtira apreensões, ensimesmado, por muitos dias.
Para desafrontar-se, expusera a ocorrência perante velho amigo, na antevéspera, já que não sabia como destrinçar o fenômeno.
A tela rearticulada por ele, na imaginação, salientava-se tão nítida que lográvamos contemplá-los juntos, Nemésio e o companheiro que lhe tomara confidências, como se estivessem filmados.
O marido de Beatriz, inconscientemente, configurava informes precisos, acerca do desmaio experimentado, das inquietações conseqüentes, da entrevista que provocara com o colega de negócios e do entendimento cordial havido entre ambos.
Consignamos os avisos que o interlocutor lhe transmitira.
Não lhe cabia adiar providências. Devia procurar um médico, analisar as próprias condições, definir os sintomas. Traçou advertências.
Verificava-se-lhe facilmente a fadiga. No Rio, obteria melhoras em alguma clínica de repouso. Umas férias não lhe fariam mal. Qualquer síncope, a seu ver, equivalia a puxão de campainha, no apartamento da vida. Sério vaticínio, enfermidade à porta.
Nemésio, calado, sem perceber que se comunicava conosco, repetia espiritualmente as alegações que formulara.
Difícil a consulta. Responsabilidades em penca, o tempo escasso.
Acompanhava a esposa, na travessia das horas derradeiras, em doloroso término de existência e não encontrava meios de (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 39) cuidar de si. Não discutia a oportunidade das admoestações, mas admitia-se obrigado a transferir o tratamento para quando pudesse.
No entanto, no âmago do pensamento, por noticiário vivo secretamente arquivado no cofre da alma, desvelava, para nós, motivos outros que não tivera coragem de expender.
Enternecido ao toque de amor fraterno do benfeitor que o auscultava, liberou, em silêncio, as mais fundas preocupações.
Semelhava-se a menino peralta, quando espontâneo e obediente no clima dos pais.
Aclarou, positivo, a razão da fuga a qualquer assunto relacionado
com a provável submissão a preceitos médicos. Receava conhecer o próprio estado orgânico. Amava, novamente, crendose de regresso às primaveras do corpo físico. Identificava-se espiritualmente jovem, feliz. Qualificava a afeição de Marina como sendo o reencontro da mocidade que ficara para trás.
Alinhavando recordações e meditações, exibia, diante de nós, a trama dos acontecimentos que lhe sedimentavam as noções precárias da vida, possibilitando-nos retratar-lhe a realidade psicológica.
Beatriz, a companheira em vésperas de desencarnação, erigiase- lhe, agora, no ânimo, em forma de relíquia que situaria, reverentemente, em breve, no museu das lembranças mais caras.
Imperturbavelmente correta e simples, transformara-lhe a volúpia em admiração e a chama juvenil em calor de amizade serena.
Estranho ao benefício da rotina construtiva, colocara a esposa no lugar da genitora que a morte levara. Disputava-lhe, por instinto, o sorriso benevolente e a bênção da aprovação. Queria-lhe a presença, como quem se acostuma ao serviço de um traste precioso.
Harmonizava-se consigo próprio, ao chegar, suarento, em casa, descansando a cabeça fatigada em seu olhar. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 40)
Entretanto, Nemésio, de formação materialista e de índole utilitária, conquanto generoso, desconhecia que as almas nobres colhem no amor esponsalício da Terra o fruto da alegria sublime, cuja polpa o tempo sazona e torna mais doce, eliminando os caprichos transitoriamente necessários da casca.
Insistia na conservação de todos os impulsos emotivos da juventude corpórea. Andava em dia com todas as teorias da libido.
Vez por outra, demandava cidades próximas, em noitadas boêmias,
asseverando, de retorno, aos amigos que assim procedia para desenferrujar o coração. Dessas escapadas, voltava trazendo à esposa corbelhas de alto preço que Beatriz acolhia, enlevada. No decurso de algumas semanas, mostrava-se para ela mais compreensivo e mais terno. Reconduzido, porém, mais dilatadamente, aos freios do hábito, não sabia consagrar-se às construções espirituais que só a disciplina favorece e garante. Varava, de novo, as fronteiras que os compromissos morais estabeleciam, à maneira de animal arrombando cerca.
Em determinadas ocasiões, acontecia fixar a esposa, invariavelmente abnegada e fiel, perguntando à própria alma o que sucederia se ela adotasse conduta igual à dele, e aterrava-se.
Isso nunca, pensava. Se Beatriz pusesse, ainda que de leve, o voto feminino em outro homem, era capaz de matá-la. Não hesitaria.
Nesses momentos, impressões contraditórias agitavam-lhe o espírito limitado. Não se interessava absolutamente pela mulher, mas não toleraria concorrência à posse daquela a quem confiara o
seu nome.
Inquietava-se, imaginava coisas, mas recompunha-se, tranqüilo, recordando a esquisita conceituação de velho amigo que consumira a existência alcoolizado entre os despojos endinheirados de parentes ricos, e que lhe tisnara os sonhos do lar, quando menino, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 410) a repetir-lhe, freqüentemente: “Nemésio, mulher é chinela no pé do homem. Quando não presta mais, é preciso arranjar outra.”
Compreensível que, regando a raiz do caráter com as águas turvas de semelhante filosofia, atingisse o genro de Neves o marco dos sessenta anos com os sentimentos deteriorados, no tocanteao respeito que um homem deve a si mesmo.
Por todos esses motivos, na quadra difícil e obscura que atravessava, reaprendera os cuidados da preservação individual.
Readquirira o gosto de vestir-se com distinção, selecionando figurinos e alfaiates. Refinara a sensibilidade masculina, afeiçoara- se aos programas radiofônicos de ginástica, no que, aliás, lograra despojar-se da adiposidade oscilante. Disputava o ingresso em agremiações festivas para atualizar a linguagem e requintar o porte.
Não lhe importavam as tochas brancas que lhe esmaltavam de prata a cabeleira densa. Elegia nos perfumes raros e nas gravatas coloridas motivos de leveza e elegância sempre novos.
Pagara habilmente instruções e pareceres de improvisados professores em renovação da personalidade e embelezara-se, vaidoso, lembrando antigo edifício sob nova decoração.
Evidentemente, não – raciocinava, apreensivo –, não se resignaria
a qualquer terapêutica que não fosse a de se lhe acentuar disposições ao prazer. Recusaria, peremptório, toda medida endereçada a suposto reajustamento orgânico, já que se supunha perfeitamente idôneo para comandar as próprias sensações. Euforia, o problema. Providência medicamentosa, apenas a que lhe arejasse o espírito, rejuvenescendo-lhe as forças.
O irmão Félix voltou a dizer-nos:
– Nemésio demonstra enorme esgotamento, à vista dos hábitos demolidores a que se rendeu. A inquietação emotiva

CONTINUA AMANHÃ

PSICOGRAFIA DE CHICO XAVIER - TOLERÂNCIA

domingo, 10 de julho de 2011

A V I S O


Durante a realização do EVANGELHO NO LAR que fazemos todas as terças feiras, no horário de 18 às 19 horas, oramos pelas pessoas enfermas e pelos Espíritos já desencarnados.
Os interessados poderão enviar o nome das pessoas enfermas e dos desencarnados através do E-mail : Freitas_haroldo@yahoo.com.br

MENSAGEM SEMANAL


INQUIETAÇÃO

Vez que outra, apresenta-se, inesperadamente, e toma corpo, terminando por gerar desconforto e depressão. Aparece como dúvida ou suspeita, e ganha forma, passando por diferentes fases, até controlar a emotividade que se transtorna, levando a estados graves. Aqui, se apresenta na condição de medo em relação ao futuro. Ali, se expressa em forma de frustração, diante do que não foi logrado. Acolá, se manifesta como um dissabor qualquer, muito natural, aliás, em todas as vidas. Há momentos em que se estabelece como conflito, inspirando rebeldia e agressividade. Noutras ocasiões, ei-la em forma de desconforto íntimo e necessidade de tudo abandonar. No turbilhão da vida hodierna, em face do intercâmbio psíquico nas faixas da psicosfera doentia que grassa, é muito difícil a manutenção de um estado de equilíbrio uniforme. A inquietação, porém, constante, deve merecer mais acurada atenção, a fim de ser debelada. Não lhe dês guarida, dialogando com as insinuações de que se faz objeto. Evita as digressões mentais pessimistas, e não te detenhas nas conjecturas maliciosas. Ninguém está a salvo desses momentos difíceis. Todavia, todos têm o dever de superá-los e avançar confiantes nos resultados opimos das ações encetadas. Assim, age sempre com correção e não serás vítima de inquietações desgastantes.

Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Episódios Diários
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PENSAMENTO DO DIA

A mais nobre missão do ser humano é prestar ajuda aos seus semelhantes por todos os meios ao seu alcance

Autor: Sófocles

MENSAGEM DIÁRIA


A felicidade está dentro de nós. Foi-nos dada. A infelicidade está fora e somos nós que a vamos procurar

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO = CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

Onde teria conhecido, nas trilhas do destino, aquele amigo que se me impôs ao sentimento qual irmão de velhos tempos?
Debalde vascolejei a memória naqueles segundos inolvidáveis.
Num átimo, vi-me recambiado às sensações puras da infância.
O emissário, que estacara à frente de nós, não me fazia retomar simplesmente a segurança a que me habituara, quando menino, ante os braços paternos, mas também ao carinho de minha mãe, que nunca se me apartara do pensamento.
Oh! Deus, em que forja da vida se constituem esses elos da alma? em que raízes de júbilo e sofrimento, através das reencarnações numerosas de trabalho e esperança, dívidas e resgates, se compõe a seiva divina do amor que aproxima os seres e lhes transfunde os sentimentos numa só vibração de confiança recíproca?
Levantei meus olhos de novo para o benfeitor que se avizinhava e fui compelido a sofrear a própria emotividade a fim de não retê-lo instintivamente em arremessos de regozijo.
Erguemo-nos de chofre.
Após cumprimentá-lo, disse Neves, então desanuviado, a apresentar-me quase sorrindo:
– André, abrace o irmão Félix...
Adiantou-se, porém, o recém-chegado, ofertando-me um abraço e proferindo saudação calorosa, com o evidente propósito de frustrar quaisquer elogios no nascedouro.
– Grande contentamento o de vê-lo – disse, benevolente. – Deus o abençoe, meu amigo...
A comoção, entretanto, imobilizava-me. Não logrei arrancar do coração à boca as expressões com que anelava pintar o meu enlevo, mas osculei-lhe a destra com a simplicidade de uma criança, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 35 rogando-lhe mentalmente receber as lágrimas que me caíamda alma, por mudo agradecimento.
Ocorreu, em seguida, algo de inusitado.
Nemésio e Marina transferiram-se, de repente, a novo campo de espírito.
Confirmei a impressão de que a nossa curiosidade enfermiça e a revolta que dominava Neves até então haviam funcionado ali por estímulos ao magnetismo animal a que se ajustavam os dois enamorados, que nem de leve desconfiavam da minuciosa observação a que se viam sujeitos, porquanto bastou que o irmão Félix lhes dirigisse compassivo olhar para que se modificassem, incontinenti.
A visão de Beatriz enferma cortou-lhes o espaço mental, à feição de um raio. Esmoreceram-se-lhes os estos de paixão. Assemelhavam-se ambos a um par de crianças, atraídas uma para a outra, cujo pensamento se transfigura, de improviso, ante a presença materna.
E não era só isso. Não podia auscultar o mundo íntimo de Neves; contudo, de minha parte, súbita compreensão me inundou a alma.
E se eu estivesse no lugar de Nemésio? Estaria agindo melhor?
– Silenciosas indagações se me incrustavam na consciência, impelindo-me o espírito a raciocinar em nível mais alto.
Fitei o atribulado chefe da casa, possuído de novos sentimentos, percebendo nele um verdadeiro irmão que me cabia entender e respeitar.
Embora confessando a mim mesmo, com indisfarçável remorso, a impropriedade da atitude que assumira, momentos antes, prossegui estudando a metamorfose espiritual que se processava.(Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 36) Marina passou a revelar benéfica reação, como se estivesse admiravelmente conduzida em ocorrência mediúnica, de antemão preparada. Recompôs-se, do ponto de vista emotivo, patenteando integral desinteresse por qualquer forma de entretenimento físico, e falou, com delicadeza, da necessidade de voltar aos cuidados que a doente exigia. Nemésio, a refletir-lhe a renovada posição interior, não ofereceu qualquer embargo, acomodando-se em poltrona próxima, enquanto a jovem se retirava, tranqüila.
Reparei que Neves ansiava conversar, desabafar-se; no entanto, o benfeitor, que nos granjeara os corações, apontou o esposo de Dona Beatriz e convidou:
– Meus amigos, nosso Nemésio está seriamente enfermo, sem que ainda o saiba. Ignoro se já lhe notaram a deficiência orgânica...
Procuremos socorrê-lo.

CONTINUA AMANHÃ

O PROBLEMA DAS DROGAS NO ESPÍRITO - 3ª PARTE