sábado, 25 de junho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


O amor muitas vezes nos confunde porque nos iludimos com coisas que, no ponto de vista de outras, são apenas AVENTURA.

Autor: Desconhecido

AS VIDAS DE CHICO XAVIER - DIANTE DA MORTE - PARTE 8

CONTINUAÇÃO

Modelo no dia da aposentadoria de seu condutor, um expert em chibatadas. As histórias divertidas se misturavam também a lembranças emocionadas de sua madrasta, Cidália:
- Se eu precisar de ajuda na hora do meu "desencarne", tenho certeza de que ela vai me auxiliar.
De vez em quando, interrompia a conversa para escrever dedicatórias aos "prezados irmãos pelo coração". Nos bilhetes, com votos de paz e felicidade, sempre se definia como "seu servidor muito grato". Uma das beneficiadas, Cássia Flora Grandizoli, saiu de lá com um cartão e com uma cisma. Por que a água sobre a mesa ficou leitosa? De onde vinham aquelas ondas de perfume de rosas?
No dia seguinte, Chico voltou à solidão habitual, povoada por fantasmas. Precisava escrever para cumprir sua missão. Até 23 de junho de 1993, 367 livros estampavam seu nome na capa, 65 deles tinham sido traduzidos em língua estrangeira (entre elas, o grego, o tcheco e o japonês), 86 chegavam aos cegos em braile e oito circulavam mundo afora em esperanto. Um mês depois, os números seriam atropelados.
No dia 22 de julho, doze novos títulos já estavam no prelo, três descansavam na cabeceira de Chico à espera de um prefácio (sempre assinado por Emmanuel) e outro já estava a caminho da editora Ideal. O homem que teve a vida desapropriada pelos espíritos parecia querer compensar a queda de produção dos três anos anteriores.
Em 1991, só conseguiu lançar quatro títulos. Em 1992, foram oito. Em fevereiro de 1994, o mundo de Chico movimentava números impres-sionantes.
Livros publicados: 375. Exemplares vendidos: cerca de 20 milhões (1 milhão só de Nosso Lar). "Autores espirituais": quase 2 mil. Renda média anual com direitos autorais: 650 mil dólares. Quanto, desse total, Chico guardava para si mesmo: zero.
Nenhum tostão.
Vivia de sua aposentadoria como escriturário nível 8 do Ministério da Fazenda - cerca de 150 dólares - e da ajuda de amigos e admiradores. Sete milhões de espíritas assumidos prestavam reverências a ele. Só na década de 80, meio milhão de católicos se converteram ao espiritismo.
Entre um livro e outro, o principal responsável pela transformação do Brasil no maior país espírita do mundo se preparava para morrer.
Tomou todas as precauções. Para começar, doou a Eurípedes, Vivaldo e José Geraldo o seu único bem: a casa simples.
Em seguida, atestou, em documento, o desejo de ser enterrado em Uberaba e não em Pedro Leopoldo. Queria evitar que sua sepultura na cidade natal, tão provinciana, se transformasse em pólo de romaria após sua morte. Para arrematar, pediu a Vivaldo que queimasse os originais de todas as mensagens publicadas. Temia que os garranchos do além fossem comer-cializados quando ele já estivesse longe.
Numa noite, pouco antes de dormir, encarou os amigos e, bem humorado, fez um último pedido:
- Quando vocês olharem para mim na cama e eu estiver sorrindo, em silêncio, virem o rosto, porque eu vou embora.

CONTINUA AMANHÃ

DEUS PODE - CHICO XAVIER

sexta-feira, 24 de junho de 2011

PENSAMENTO DO DIA


Fixe na mente os seus objetivos, seus desejos. Mantenha-se ligado naquilo que você quer em sua vida e não naquilo que você não quer.

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Não diminua seu próprio valor, comparando-se com outras pessoas.

Autor: Desconhecido

AS VIDAS DE CHICO XAVIER - DIANTE DA MORTE - PARTE 7


CONTINUAÇÃO

mesa para que pudessem ser examinados por seus auxiliares invisíveis. Muitos dos presentes, doavam café, chá, agasalhos, livros, remédios e roupa aos mais pobres. Sete anos antes, ele mesmo fazia questão de ir ao Correio depois do almoço e voltava feliz da vida com sua média de 250 cartas diárias.
Nunca teve coragem de jogar a papelada fora. Alguns amigos faziam, às escondidas, a triagem do material e vasculhavam as caixas de papelão onde os envelopes se acumulavam, para alegria das traças. Aos sábados, quando tinha forças, participava das sessões no Grupo Espírita da Prece ou recebia visitantes, selecionados por Eurípedes, em sua casa.
As tragédias de personagens ilustres continuavam batendo à sua porta. Em 27 de fevereiro de 1993, quase três meses após o assassinato da atriz Daniela Perez, ele atendeu a mãe dela, Glória Perez. A novelista queria notícias de sua filha. Ela estava bem? Como tudo aconteceu?
Chico segurou suas mãos e pediu calma:
- Daniela está passando por um período de descanso.
Em seguida, prometeu notícias da vítima no momento adequado, quando seu espírito atingisse outros estágios.
Glória saiu de lá mais tranqüila.
Um dos personagens mais decisivos e pavorosos de 1993 também buscou consolo em Uberaba. O economista José Carlos Alves dos Santos, parceiro do deputado João Alves em falcatruas no orçamento da União, apareceu no Grupo Espírita da Prece com uma dúvida suspeita:
- Vão encontrar os seqüestradores de minha mulher, a Ana Elizabeth?
Chico encarou o recém chegado e respondeu, sério:
- Não se preocupe porque destino de seqüestrador é um só: cadeia.
O corrupto que detonou a CPI do orçamento, ao denunciar o esquema de desvio de verbas federais no Congresso Nacional, desabou em crise de choro.
Quando saiu, Chico confidenciou a uma amiga ao seu lado:
- O caso dele é parecido com o de sua filha.
A moça tinha sido assassinada pelo próprio marido.
No final do ano, a verdade sobre José Carlos e Ana Elizabeth era estampada nas primeiras páginas dos jornais. Ele tinha planejado, e participado, do assassinato da mulher, morta com golpes de picareta após um jantar romântico.
As tragédias atingiam Chico em cheio, mas não o derrubavam. Ao completar 83 anos, em 2 de abril de 1993, ele avaliou:
- Minha missão está no fim. Mas estou feliz por tê-la cumprido da melhor forma possível.
E se divertiu:
- Se eu tivesse nascido em 1 de abril, diriam que eu era uma grande mentira.
Na noite de 31 de julho de 1993, sob um frio de treze graus, Chico Xavier contrariou todas as expectativas e, com o aval de seu médico, se levantou da cama, colocou um paletó bege sobre um casaco de lã e fez o que gostaria de fazer sempre, todos os sábados: foi ao Grupo Espírita da Prece. Cerca de trezentas pessoas quase se ajoelharam diante da visão cada vez mais rara. Os fiéis se aboletaram nos muros, nas janelas, nos bancos de madeira. Queriam ver Chico Xavier, tocar nele, ouvir sua voz.
Na cabeceira da mesa, ao lado de Eurípedes e abaixo da inscrição presa na parede  "Silêncio é prece ", ele acompanhou, sorridente, a leitura de trechos do Evangelho Segundo o Espiritismo, ao som de música clássica. Em seguida, fechou os olhos, segurou uma das dezenas de lápis à sua frente e deixou a mão trêmula deslizar sobre o papel. A velocidade já não era vertiginosa.
O silêncio só era quebrado por um ou outro riso de criança, pelos flashes das máquinas fotográficas sempre seguidos de caretas reprovadoras de Eurípedes , pelo ruído longínquo das câmeras de vídeo, por suspiros, rezas. De pé, no meio da multidão, a dois metros da mesa, uma freira, enfiada em um hábito marrom, acompanhava de olhos vidrados cada movimento do espírita mais importante do país. A irmã Natalina dos Anjos, de 66 anos, da Ordem Terceira Franciscana, veio da paulista Ribeirão Preto, onde fundara o Lar Assistencial Cavaleiro de Cristo, só para conhecer o médium.
Teve sorte. E saiu fascinada.
Chico Xavier é divino. Primeiro e único no mundo. Se ela acredita em reencarnação?
É claro.
Do lápis daquele senhor destroçado, saiu uma quadra jovial com a assinatura de Cornélio Pires. Ele mesmo leu, com sua voz combalida ampliada pelos alto falantes, os versos quase adolescentes:
O beijo mais cativante
segundo conceito sábio
é um sonho maravilhoso
que deve ficar no lábio.
Logo depois, tomou fôlego, pigarreou, bebeu um gole de água. A bacia azul sobre a mesa guardava quase cem pedidos de mensagens de mortos queridos. Chico iria ler uma delas. Alguns soluços tomaram conta da sala, O porta voz dos espíritos repetiu o velho ritual. Chamou pelo nome os destinatários da carta até a mesa. De pé, diante do público, Vanilda e Archimedes ouviram o recado de sua filha, Tânia Mazeo, morta aos 24 anos, quando se preparava para o casamento, em 1980.
Vanilda não conteve as lágrimas nem as lembranças de treze anos antes, quando, desesperada, procurou Chico Xavier numa noite de autógrafos em São Paulo. Só à 1h da madrugada ela conseguiu se aproximar dele para desabar:
- Minha filha morreu.
- Como?
Dormindo.
Chico sorriu emocionado:
- Que beleza!
Poucos meses depois, colocou no papel a primeira de uma série de quinze mensagens assinadas por Tânia.
Mais uma vez, após quatro anos de silêncio, ela deu notícias a seus pais e falou de suas atividades numa espécie de colônia espiritual onde ajudava os pobres, os doentes, os desesperados.
No final da sessão, Chico se levantou, amparado pelos amigos e, com um sorriso tímido, quase envergonhado, tomou o rumo da porta dos fundos, arrastado pelo PM Aparecido.
Algumas mulheres mandaram beijos para ele, outras avançaram sobre seu corpo arqueado em busca de autógrafos. Sem êxito. Ele precisava ir embora. Os dez metros até o portão pareciam quilômetros. Para alcançar a rua e chegar ao carro, atravessou mais uma vez o beco dos aflitos, um corredor estreito entre uma das paredes da casa e o muro do vizinho. A multidão se aglomerou ali para tocar no santo, para enfiar bilhetes em seus bolsos, para gritar:
- Chico, olha pra mim.
Ele olhava.
- Chico, você é maravilhoso.
Ele acenava.
- Chico, você é lindo.
Ele sorria.
Muitos devotos choravam.
Ele seguiu, devagar e em silêncio, quase se arrastando, com as calças frouxas, o terno amarrotado. Parecia esgotado.
Era só aparência. Em casa, dez minutos depois, já estava sentado à mesa de madeira da sala de jantar. Pendurada na parede repleta de rachaduras, uma tapeçaria com a imagem da Santa Ceia ilustrava o segundo round da noite: as visitas. Como nos bons tempos, Chico abriu as portas de sua casa aos visitantes, muitos deles desconhecidos.
No portão de ferro, Eurípedes fazia a seleção dos privilegiados e dava uma instrução básica antes de abrir caminho:
- Não chore.
O desespero alheio arrasava Chico. Ele precisava ser poupado.
A noite se prolongou até quase 3h da manhã. Chico recebia cada forasteiro com um sorriso e com um pedido de perdão:
- Desculpe a minha pobreza.
E contava os  "causos " de sua vida. Naquela noite estava inspirado. Chegou até a imitar os relinchos de felicidade de um burro da Fazenda Modelo

CONTINBUA AMANHÃ

POEMA DE GRATIDÃO - DIVALDO FRANCO

quinta-feira, 23 de junho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Os ignorantes, que acham que sabem tudo, privam-se de uma dos maiores prazeres da vida: APRENDER.

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Tentar e falhar são, pelo menos, aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do que poderia ter sido.

Autor: Desconhecido

AS VIDAS DE CHICO XAVIER - DIANTE DA MORTE - PARTE 6


CONTINUAÇÃO

Numa noite, após mais uma peregrinação pelos bairros pobres de Uberaba, Chico fez uma inconfidência: seu mentor, Emmanuel, voltaria à Terra no fim deste milênio e ele   "subiria ". Ou seja: trocariam de posição. Após o aviso, lançou a dúvida, com um sorriso nos lábios:
- Quero ver se ele vai agüentar o tranco.
E desabafou, mais uma vez:
- Às vezes, me pergunto se era preciso tudo isso, embora ache que isto tudo seja o certo.
Como alguém tão bom como Chico sofria tanto? Onde estava Deus, o misericordioso? O estado precário do porta voz dos mortos intrigava muita gente.
Uma de suas amigas mais íntimas e constantes, Neuza Arantes, às vezes perdia a paciência e perguntava:
- Chico, cadê o Dr. Bezerra de Menezes? Ele não te ajuda não?
O paciente, que mal conseguia andar ou falar, respondia, sem graça:
- Ajuda muito. Toda tarde ele vem me visitar.
Para justificar a própria agonia, Chico gostava de contar a história de Teresa de Ávila. Filha de pais ricos, na Espanha poderosa do século XVI, ela abandonou a ostentação, entrou para o Convento Carmelita da Encarnação e iniciou uma série de viagens pelo país para fundar abrigos para todos os órfãos e viúvas miseráveis cujos pais e maridos foram mortos nas inter-mináveis batalhas expansionistas. A pé, montada em mulas, enfrentou pântanos, montanhas e florestas, atormentada por crises de angina e febres intermitentes. Numa de suas maratonas, ela tentava atravessar um rio quando um temporal desabou e a correnteza a engoliu. Já estava prestes a se afogar quando foi salva por Jesus. Após agradecer, comovida, ouviu as palavras pouco animadoras do Salvador:
- Está vendo, Teresa? É assim, em meio aos perigos da estrada, que eu trato os meus discípulos e os meus amigos queridos.
Teresa não resistiu e apelou para o senso de humor.
- Oh, compreendo, Senhor. É por isto que os tendes tão poucos.
Chico se divertia com a história.
Neuza Arantes também. De vez em quando, ela encarava o amigo, cada vez mais fraco, e dizia:
- Por isto os tendes tão poucos...
Chico sorria.
Em julho de 1992, um jovem do Paraná pulou o muro de sua casa e, com o revólver na mão, anunciou o motivo de sua visita: matar o mito. Foi desarmado a tempo pelo PM Aparecido Evaristo Rosa. Terminou o dia na prisão. Mas foi solto e encaminhado de volta à família na tarde seguinte, a pedido da ex futura vítima. O próprio Chico pagou sua passagem de ônibus. Para ele, a culpa pelo atentado não era do paranaense, mas dos obsessores interessados em assassiná-lo. Ele estava durando demais.
Eurípedes Higino dos Reis protegiam o médium com fidelidade canina. E rosnava para os intrusos mais persistentes. Mães inconformadas com a morte dos filhos imploravam por um encontro com Chico e ouviam dele "nãos " implacáveis. O guardião do porta voz dos mortos estava cansado. Já tinha ouvido muito desaforo. De vez em quando, alguém olhava para ele, de alto a baixo, e ordenava:
- Vai chamar seu patrão.
Choro não o comovia. Quem quisesse que esperasse pela aparição de Chico no Grupo Espírita da Prece. Mas o médium raramente saía da cama. Muitos não suportavam a ansiedade.
A garagem de sua casa virou abrigo para os mais desesperados. As paredes encardidas foram cobertas por um amontoado de pedidos de socorro escritos a caneta ou riscados com pedra: "Chico, por favor, mande a paz para minha casa. Chico, vim de tão longe na esperança de ter uma mensagem da minha irmã. Chico, reze por mim ".
Recados de quem percorreu quilômetros e quilômetros para ver Chico Xavier e terminou a viagem a poucos metros do alvo, diante do portão de ferro mais esmurrado do país.
Na calçada, eles dividiam uns com os outros suas tragédias e suas esperanças. Pais que perderam os filhos, gente atormentada por vozes e visões, curiosos, fanáticos, prepotentes.
Em julho de 1993, um Opala preto com placa de Brasília estacionou em frente à casa de Chico. Uma senhora loura, ao lado do motorista, baixou a janela e ordenou, autoritária, ao PM Aparecido:
- Diga a Eurípedes que a chefe de gabinete do Dr. Ademar de Barros Filho esteve aqui. Ele foi muito bem atendido lá na Câmara. Só passei para mandar um abraço.
O carro foi embora e o policial sacudiu a cabeça:
- Não entendi nada.
As sereias cantavam...
Uma das que batiam o pé e resmungavam em frente à casa de Chico explicava por que estava irritada. Diretora de um colégio em São Paulo, ela vivia muito bem e dormia melhor ainda até ser visitada por aparições noturnas de um fantasma com barbas brancas. O marido, delegado, começou a desconfiar de sua sanidade.
Numa tarde, ela recebeu a visita de uma senhora de carne e osso. Era uma médium de um centro espírita distante e levava um recado: o tal velho inconveniente se chamava Bezerra de Menezes, era médico e precisava de sua ajuda para promover curas.
A foto do morto coincidia com a imagem que ela via, sem querer, diante de sua cama todas as noites.
Resultado: em poucos meses, para se livrar da assombração, a diretora do colégio deu férias para o próprio ceticismo e construiu um centro num terreno próximo a sua casa. À noite, sem saber como nem porque, cercada de espíritas e envolvida pela leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, ela caía em sono profundo.
Quando acordava, ouvia relatórios extensos sobre os milagres realizados, por suas mãos, através do Dr. Bezerra.
Pois bem. Seu corpo era invadido contra sua vontade, ela estava ali, na calçada, plantada à espera de Chico Xavier, e nada. O parceiro do Dr. Bezerra não a atendia.
Eurípedes nem lhe dava ouvidos.
- Por que ele atende o Gugu Liberato e não me recebe? Sua vida tinha virado de cabeça para baixo, seu irmão tinha morrido num acidente de avião, e ninguém lhe dava satisfação alguma.
- Onde está o Dr. Bezerra? Por que ele não pede pro Chico me receber?
Com os olhos fitos na casa de Chico Xavier e com um sorriso irônico nos lábios, ela imaginava, diante dos quase dois metros do PM e do mau humor de Eurípedes:
- Será que eu vou terminar assim? Escondida no fundo de casa, cercada por todos os lados?
Nem tudo era trabalho, solidão e agonia nos últimos anos de Chico Xavier. Aos domingos, estimulado por Neuza Arantes, ele descobria o videocassete. No aparelho quase obsoleto de Vivaldo da Cunha Borges, ele acompanhou, comovido, a aventura de ET e o drama do além Ghost, do Outro Lado da Vida. E se chateou com as gracinhas de Whoopi Goldberg em Mudança de Hábito.
Ficava contrariado com ironias sobre qualquer religião, inclusive a católica. Em sua luta para se manter o mais saudável possível, aprendia a gostar de água de coco e de banhos de sol matutinos no quintal. Precisava se cuidar para suportar a rotina durante a semana. Todas as noites, de segunda a sexta-feira, das 20h até 1h da manhã, ele se sentava na mesa da sala, ao lado de Neuza e de dois auxiliares, para preparar caixas com cerca de cinqüenta mensagens destinadas a no mínimo vinte eleitos por dia.
Ele mesmo fazia questão de anotar o nome e o endereço do destinatário no embrulho. Quase sempre, sabia os dados de cor. No Dia das Mães, em 1993, conseguiu presentear mais de 3 mil amigos com sua seleção de conselhos do outro mundo ditados por Emmanuel e alguns de seus quase 2 mil colaboradores do além.
Chico se dedicava aos pacotes com a mesma obstinação com que cuidava de sua correspondência. Toda sexta ou sábado, Eurípedes ia até o Correio buscar as cerca de cinqüenta cartas e pacotes enviados ao líder espírita a cada semana. Tudo era entregue em mãos ao destinatário mais requisitado do país. Chico guardava os embrulhos até segunda-feira, quando os abria e os separava por assunto. Alguns dos pedidos de socorro ele deixava sobre a

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O TEMPO DE DEUS

quarta-feira, 22 de junho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Em toda luta por um ideal se tropeça por adversários e se cria inimizades. O homem firme não os ouve e nem se detém a contá-los. Segue sua rota irredutível em sua fé, imperturbável em sua ação, porque quem marcha em direção de uma luz não pode ver o que ocorre nas sombras.

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Nunca segure uma lágrima para mostrar que tem força, mas deixe-a rolar para mostrar que tem sentimento.

Autor: Desconhecido

AS VIDAS DE CHICO XAVIER - DIANTE DA MORTE - PARTE 5

CONTINUAÇÃO

Já como Presidente, no ano seguinte, Collor voltou a Uberaba para participar da abertura da Exposição de Gado Zebu. Retribuiu a profecia de Chico Xavier com uma visita ao vidente. Dessa vez, estava acompanhado por Rosane. O anfitrião adorou o casal e sofreu quando, meses depois, Collor tirou a aliança do dedo, virou o rosto para a mulher em público e expôs ao Brasil as próprias mazelas conjugais. Chico estava prestes a mandar uma mensagem ao parceiro de PC com o pedido de que ele deixasse de ser  "tão bravo com a Rosane ", quando soube da reconciliação do casal pelos jornais.
Em maio de 1991, Chico, já maltratado por outra pneumonia, foi surpreendido por mais uma visita de Collor. Sem marcar hora, ele chegou de surpresa, acompanhado da mulher, após despistar seguranças, jornalistas, políticos e curiosos. Chico estava de cama, no quarto, e fez o Presidente esperar na ante sala quase vinte minutos.
Como sempre, o marido de Rosane estava impaciente. Sem assunto, passou a mão no cabelo e desabafou para os poucos auxiliares do médium.
- Há um ano, quando estive aqui, não tinha cabelos brancos.
Precisava continuar a viagem até Araxá. Tinha pressa. De repente, com suas tradicionais passadas largas, alcançou a porta do quarto de Chico e girou a maçaneta enquanto avisava:
- Eu sou de casa. Vou entrar.
Eurípedes Higino dos Reis liberou a passagem e Collor surpreendeu aquele senhor doente, ainda tentando se vestir. Chico desistiu do esforço de colocar o terno, voltou para a cama e, embrulhado em lençóis, conversou pouco mais de cinco minutos com o visitante. Foi o último encontro dos dois.
Logo após o impeachment, quando estouraram as denúncias de Pedro Collor sobre sexo e drogas na Casa da Dinda, Chico enviou um telegrama de apoio ao ex Presidente.
Desejava fé, força e paz a ele. Na época, confidenciou aos companheiros mais próximos o medo de que o escândalo em Brasília terminasse em tiro.
Uma semana antes de Collor ter os direitos políticos cassados por oito anos, Chico arriscou mais uma previsão. Otimista, garantiu a volta por cima de seu  "amigo ".
Fez bem em ter mantido distância da política ao longo de sua vida.
Uma versão do outro mundo para a tragédia pessoal de Fernando Color de Mello começou a circular entre os espíritas. A história podia ser lida nas entrelinhas daquela dedicatória escrita por Chico antes das eleições. Collor seria a reencarnação do Marechal Deodoro da Fonseca e teria voltado à Terra para resgatar uma dívida do mandato anterior. Como primeiro presidente do país, ele renunciou ao cargo, desiludiu a população, abandonou o Brasil. Nesta temporada, o ex Deodoro da Fonseca (e atual Collor) recebia o troco.
Chico nunca confirmou esta tese. E sempre mudava de assunto quando alguém ameaçava sondá-lo sobre suas próprias vidas anteriores. Mesmo assim, as especulações animavam conversas reservadas entre os espíritas. Os amigos aprenderam a arriscar, às escondidas, palpites sobre a última encarnação de Chico na Terra. Entre os nomes mais cotados, sempre esteve o de José de Anchieta, parceiro de Manuel da Nóbrega (o Emmanuel).
Mas outro nome ganhou força no meio: Allan Kardec, o responsável pela publicação das bíblias do espiritismo no século passado.
Estava escrito.
No livro Obras Póstumas, assinado pelo francês com a ajuda de vários parceiros invisíveis, um espírito chamado Z anunciou a Kardec: "Terás que retornar reencarnado noutro corpo para completar a tua obra, que não podes concluir nesta existência ".
Chico teria voltado ao planeta para pôr em prática as idéias defendidas nos livros escritos por ele como Kardec. Algumas coincidências reforçaram a tese defendida pela maioria dos amigos do autor do Parnaso.
Chico nasceu em 2 de abril, mesmo dia da morte de Kardec.
Em Obras Póstumas, Kardec previa a própria volta para o fim do século passado ou início deste. Chico nasceu em 1910.
Outro profeta invisível, autodenominado Espírito da Verdade, deu mais uma pista a Kardec:  "Não suponhas que basta diante da morte publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranqüilamente em casa. Tens que expor a sua pessoa ".
Chico Xavier se superexpôs até ficar exaurido.
A tese virou livro: Kardec Prossegue. Escrito por um dos amigos mais respeitados de Chico, Adelino da Silveira, ele exibia na capa, lado a lado, as imagens de um Chico Xavier risonho e de um Allan Kardec sisudo.
Chico não só leu a obra, como presenteou sua amiga Silvia Barsante, de Araxá, com um exemplar autografado.
De vez em quando, de cama, ele perguntava aos amigos mais íntimos:
- Onde estão as mensagens de Kardec? Onde estão?
E ria, misterioso.
Sob o peso dos oitenta anos, Chico foi persuadido por seu médico e sobrinho José Geraldo a se afastar do Grupo Espírita da Prece. A angina e as pneumonias o convenceram a participar das sessões apenas se seu estado de saúde fosse estável. Após exames semanais, receberia ou não autorização para atender os desesperados.
No início dos anos 90, muita gente começou a se acostumar com a ausência de Chico e a se conformar com sua fragilidade.
Muitos fiéis se satisfaziam em parar na porta de sua casa para "captar energias positivas " e ir embora. Ônibus estacionavam diante do portão e os passageiros rezavam.
Numa destas paradas, Eurípedes entrou no veículo e pediu que a moça com nome de flor o acompanhasse. Rosa seguiu-o, entrou em sua casa e conversou com Chico Xavier.
Muita gente tinha esperança de ser abençoado por uma conversa com o santo de Uberaba.
Alguns desesperados não se conformavam com a falta de contato e insistiam.
Um deles esmurrou o portão de ferro da casa de Chico Xavier até perder as forças. Entre um soco e outro, berrava:
- Você está se escondendo. Preciso falar com você. É urgente.
Já estava ficando rouco de tanto gritar quando Chico, amparado por amigos, caminhou até a varanda e desabafou, quase sem fôlego, com a voz estridente:
- Os muros não existem contra o senhor ou contra qualquer outro, mas contra mim mesmo. Se eu desfrutasse a liberdade, sairia por aí afora, arranjando confusões. Estou aprisionado.
Numa noite, ao acompanhar um amigo até o portão de sua casa, ele pediu:
- Feche a porta do meu cárcere.
Mas, numa madrugada, tudo mudou. Chico se levantou da cama e, de pijamas, atravessou Uberaba a pé, em minutos. Com o coração leve e os pulmões livres, flutuou sobre as ruas da cidade, a meio palmo do chão. A seu lado estava o Dr. Inácio Ferreira, um dos seus amigos do outro mundo. Foi o médico quem convenceu o médium a abandonar o próprio corpo no quarto e a segui-lo noite adentro. Dr. Inácio precisava de ajuda para resolver uma questão doméstica.
Chico deveria convencer a ex mulher do companheiro a não se desfazer dos livros dele. Afinal, ele precisava de sua biblioteca para continuar o trabalho no sanatório em outra dimensão. Chico persuadiu a viúva com frases sopradas pelo velho conhecido.
Após a longa noite, voltou para casa. E, com alguma resistência, quase nojo, deitou-se sobre a massa gelatinosa espalhada no lençol.
Estava preso de novo.
Com o corpo despedaçado e a cabeça a mil, tratava de lançar palavras no papel.
Cansado, já se permitia desabafos mais freqüentes e dizia:
- Sinto-me como se fosse arrastado, não posso resistir. Vai ser assim até quando Deus quiser.
Um médico amigo diagnosticou seu caso, em tom paternal:
- Para mim, você é maldito.

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ALEGRIA E AÇÃO - DIVALDO FRANCO

terça-feira, 21 de junho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

O importante não é estar aqui ou ali, mas ser. E ser é uma ciência delicada feita de pequenas-grandes observações do cotidiano dentro e fora de nós. Se não executamos essas observações, não chegamos a ser, apenas existimos e desaparecemos.

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Todos nós merecemos, mas temos que fazer por merecer
 

AS VIDAS DE CHICO XAVIER - DIANTE DA MORTE - PARTE 4

CONTINUAÇÃO

Numa tarde, passou de carro por um ônibus apinhado de fiéis, todos interessados em conversar com ele, e acenou com a mão. Um amigo, a seu lado, sugeriu que parassem:
- O senhor poderia dizer a eles algumas palavras de paz...
Chico sorriu:
- Tire o Z e bota o pessoal para trabalhar. Essa gente precisa de pá, além de paz.
Para Chico, como para Emmanuel, o melhor remédio era mesmo o trabalho.
Em 1985, ele escreveu 15 novos livros. A média anual de lançamentos crescia e a simplicidade dos textos também. Nada de romances históricos, ensaios científicos, tratados filosóficos ou poemas elaborados. Coletâneas de entrevistas e de "mensagens particulares " se misturavam a publicações leves como Humorismo e Vida, recheado de trovas singelas. Augusto dos Anjos dava passagem a poetas como Manoel Serrador:
Não te queixes nem reclames
Sorriso é paz no caminho
Quem se alegra segue em grupos
Quem chora fica sozinho.
Um certo Leandro Gomes de Barros assinava outras rimas:
O comboio para o além
passa por todo lugar
mas a morte não avisa
o dia em que vai chegar.
André Luiz ainda mandava notícias. Mas nem parecia o autor do intrincado Mecanismos da Mediunidade. Em Apostilas da Vida, ele esbanjava singeleza.
Frases curtas, letras garrafais, tudo sob medida para leitores acostumados à linguagem televisiva e para um escritor doente, atormentado por dores no peito. Chico Xavier colocava no papel sentenças como "Seja comunicativo ",  "Sorria à criança ",  "Cumprimente o velhinho ",  "Converse com o doente ".
Nem vestígio da linguagem densa de Evolução em Dois Mundos, uma das parcerias de Chico com Waldo Vieira.
Os críticos torciam o nariz para a  "decadência "" do autor do Parnaso de Além-Túmulo. Mesmo alguns amigos se perguntavam por que Chico não se aposentava de uma vez.
Os fiéis mais devotados fechavam os olhos para suas deficiências e se agarravam a ele, desmaiavam a seus pés e lhe enchiam de presentes. Ainda em 1985, Chico recebeu um donativo de 22 milhões de cruzeiros, enviado por uma admiradora de Nanuque (MG), Maria Auxiliadora Franco Rodrigues. Nem pensou duas vezes: reverteu todo o dinheiro para o Lar da Caridade, ex Hospital do Pênfigo, com quase quinhentos doentes internados.
Em junho de 1986, rumores sobre a morte de Chico Xavier ganharam força e viraram boato. Os jornalistas tentaram checar as informações mas não conseguiram. Alguns auxiliares diziam que Chico estava em Pedro Leopoldo. A família dele negava a informação. Eurípedes garantia que ele estava em casa descansando. Um casal de paulistas, com hora marcada para conversar com o médium, esperava a vez sem nenhum sinal de confirmação. Nem o comandante da Polícia Militar de Uberaba, amigo do possível morto, oferecia dados seguros.
Resultado: as centrais de PBX das emissoras de rádio e TV, e também de jornais do Rio e de São Paulo, ficaram congestionadas. No departamento de jornalismo da TV Globo, as quarenta linhas da central não pararam desde as 18h30 do dia 5.
Os rumores não passaram de boatos. Mas eram um bom aperitivo para o próximo capítulo da vida de Chico.
Aquele não seria um bom ano para ele. Um escândalo tomou conta de Uberaba no mês seguinte. O editor do jornal local Vox, Sebastião Breguez, publicou um texto intitulado  "Há algo mais que espíritos em torno de Chico Xavier ". O "algo mais ": cobrança de consultas. Muita gente, para falar com Chico, desembolsaria cerca de 2.500 cruzeiros por uma ficha (cerca de 0,1% do donativo recusado no ano anterior) e entregaria o dinheiro a motoristas de táxi conhecidos como Pedrinho e Eurípedes. A verba era rateada com os dois PMs encarregados da segurança do médium e da distribuição de vinte fichas aos visitantes, todas as sextas-feiras.
Um senhor de São Paulo desabafou, na época, a um repórter do jornal Correio Braziliense:
- Me ofereceram a oportunidade de ser consultado ainda esta manhã, mas eu teria que pagar para receber uma ficha de prioridade. Não aceitei porque acho isso uma indecência...
Nunca ninguém conseguiu comprovar que Chico soubesse da movimentação suja em torno dele. Eurípedes, o filho adotivo, sempre negou qualquer envolvimento.
Dois anos depois, seria promovido a presidente do Grupo Espírita da Prece.
Em 1987, Chico completou sessenta anos de mediunidade.
Repórteres avançaram sobre ele, para desespero seu. Estava cansado de entrevistas. A um dos jornalistas, ele se limitou a dizer:
- Não tenho nenhuma importância. Olhe, pegue o papel e escreva zero. Sim, escreva zero e assine embaixo: Chico.
A enciclopédia Larousse Cultural Brasil A/Z gastou bastante tinta para definir esse  "zero ". Em 48 linhas - 13 a mais do que o número dedicado a Juscelino Kubitscheck e três além do espaço reservado a dom Hélder Câmara -, o texto dispensava as aspas ao definir Chico como um dos maiores psicógrafos do mundo. No verbete, Emmanuel existia mesmo e era o mentor espiritual de "uma das mais famosas personalidades do país   ".
Ao completar sessenta anos de trabalho, Chico foi surpreendido por uma pneumonia. Seu estado de saúde, já delicado, ficou quase insustentável. Atacado também por uma infecção renal, o aniversariante não teve escapatória: cama durante quase quarenta dias. Desapareceu do Centro Luiz Gonzaga, evitou os visitantes e se lançou como um desesperado sobre as páginas em branco.
Precisava trabalhar, cumprir sua missão, resgatar dívidas. Naquele ano, com o coração, o pulmão e os rins em frangalhos, ele pingou o ponto final em nada menos do que vinte títulos.
Em carta ao amigo Carlos Bacelli, comemorou a nova doença como uma bênção:
- "Louvado seja o senhor que me permite resgatar o passado e desejar melhorar-me pelos processos ocultos do corpo ".
E garantiu:
- "Sou possuído de muita alegria, como o devedor que consegue liquidar algum dos próprios débitos..."
Chico Xavier estava cada vez mais recluso. As doenças funcionavam como álibi para evitar as visitas e se debruçar sobre o papel. Amigos e jornalistas eram barrados por Eurípedes. O autor do Parnaso se exilava em seu quarto e ficava sozinho, ou melhor, acompanhado por seus fantasmas. De vez em quando admitia:
Tenho amigos espíritas e amigos espíritos. A esses últimos não posso enganar ou largar, como faço com os outros.
Chico dispensava os companheiros de carne e osso e dava prioridade aos invisíveis. Entre um contato e outro com os quase 2 mil autores espirituais de suas obras, ele se agarrava aos cães e gatos de estimação. Tanta devoção aos bichos tinha um motivo estratégico. Era uma forma de manter o elo com este mundo e evitar uma viagem sem volta para o além. Se não fossem os cachorros, como Brinquinho, seu  "melhor amigo ", já com doze anos e cego, ele talvez vivesse em transe, livre do próprio corpo, cada vez mais destroçado.
Numa das reuniões à sombra do abacateiro, Chico confessou:
- O que é que me interessa na Terra, além da tarefa mediúnica? Mais nada. Então, eu procuro me interessar pelos meus gatos e meus cachorros. Se eu não me ligar em alguma coisa, eu deixo vocês...
Para manter vínculos com a realidade, ele se acostumou a ler os principais jornais do país. O mundo cão também entrava em sua casa, pelas páginas do Notícias Populares, o jornal com maior índice de "desencarnação  " por centímetro quadrado.
Chico sumia do Grupo Espírita da Prece e os visitantes buscavam outras saídas mágicas em Uberaba. Os centros espíritas do dentista Carlos Bacelli e do ourives Celso de Almeida Afonso começaram a abrigar os  "órfãos " de Chico Xavier. A sucessão do espírita mais importante do país entrou em pauta. Mas os  "sucessores " mais cotados se recusaram a entrar no páreo.
Celso colocava no papel cartas de mortos a suas famílias, emocionava as mães com mensagens surpreendentes e rendia homenagens a Chico, seu amigo e seu mestre, com uma batelada de metáforas.
- Ele é o rio Amazonas. Nós somos só afluentes. Ele é construção. Nós somos só tijolinhos.
Bacelli mudava de assunto:
- Não existe sucessão em espiritismo.
Chico Xavier evitava o tema, com modéstia:
- Morre um capim, nasce outro.
Os hotéis sentiam sua falta. Em muitos deles, começavam a sobrar quartos demais. Os turistas escasseavam.
Muitos previam para breve a morte de Chico Xavier, quando ele ressuscitou firme e forte nas páginas de jornais e revistas. Em outubro de 1989, virou notícia ao quebrar o próprio protocolo e apoiar pela primeira vez um candidato à Presidência da República. Não Lula. O representante dos trabalhadores ficou de fora.
Chico foi um dos 35 milhões de eleitores de Fernando Collor de Mello. Durante um encontro de vinte minutos, em sua própria casa, o morador mais ilustre de Uberaba saudou o  "caçador de marajás " com um exemplar autografado do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, escrito por ele e assinado por Humberto de Campos há cinqüenta anos. A dedicatória, escrita com letras trêmulas, profetizava:
- O Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República, o senhor a consolidará. Francisco Cândido Xavier.
Nessa visita, o Senador Itamar Franco, candidato a Vice-Presidente, ganhou um livro com título sugestivo: Sinal Verde.

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A DOR EM NOSSAS VIDAS

segunda-feira, 20 de junho de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Pode-se viver no mundo uma vida magnífica quando se sabe trabalhar e amar, trabalhar pelo que se ama e amar aquilo em que se trabalha.

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim

Autor: Chico Xavier

AS VIDAS DE CHICO XAVIER - DIANTE DA MORTE - PARTE 3

CONTINUAÇÃO

De Feelings, de Morris Albert até sinfonias de Bach, Beethoven e companhia.
Mesmo assim, de vez em quando, sonolento, ele se distraía e errava.
Numa noite, colocou no papel mais uma carta de um filho morto para uma mãe inconsolável. A mulher acreditou em cada palavra, mas, com delicadeza, corrigiu três nomes.
Chico nem piscou. Apagou o errado, substituiu pelo correto e se limitou a dizer:
- A borracha é como a reencarnação. Apaga o que está errado para escrever o certo...
Sua voz estava cada vez mais distante. E só era ouvida por todos no salão graças a um microfone e aos alto falantes.
Quando seu estado de saúde melhorava, ele prolongava a noitada. Numa delas, escreveu quatro cartas. Ficou exausto e, após pingar o ponto final na quadragésima página, desabafou:
- Estou no fim.
Os auxiliares cercavam o espírita e mantinham o desespero alheio à distância. O número de pessoas frustradas crescia. Muitos voltavam para a casa a centenas, ou até milhares de quilômetros, decepcionados com Chico Xavier. Um dos desesperados decidiu insistir. Em julho de 1983, um senhor de meia idade, bem vestido, saltou sobre o muro da casa de Chico e começou a gritar como um louco. Os PMs não estavam a postos como de costume. Eurípedes Higino dos Reis também estava fora.
E o inconformado berrava. Vizinhos tentavam convencê-lo a desistir do encontro naquela tarde. Chico estava doente, precisava descansar.
Nenhum argumento funcionou.
O homem não podia esperar pela sessão no Grupo Espírita da Prece, não podia correr o risco de ficar fora do grupo selecionado para uma conversa com o médium. Estava apoplético. E gritava. Uma hora se passou, duas, três.
- Não saio daqui enquanto não falar com você.
Os berros atingiam Chico no quarto dos fundos. Encolhido sob o cobertor, no escuro, ele rezava. O coração era sacudido pelos gritos do intruso. O peito doía.
Chico se antecipou ao infarto e tomou uma decisão também desesperada: se arrastou até a beira do muro e, aos pés do homem, de joelhos sobre o cimento, implorou com um resto de voz:
- Por favor, eu lhe rogo, me deixe. Preciso mais agora do seu silêncio que o senhor do meu auxílio. Volte na semana que vem que o atenderei.
O homem foi embora, penalizado.
Nem todos sentiam pena do médium. Muitos começaram a ter raiva. Os rumores ganhavam força. Chico recebia ricos, famosos e poderosos selecionados por seu  "filho adotivo " Eurípedes. Sua casa estava sempre aberta para cantores, deputados, senadores.
E os outros? Eram esquecidos em favor de visitantes como Wanderléia. A cantora foi recebida no mesmo dia no Grupo Espírita da Prece. Estava arrasada. Seu filho, Leonardo, de dois anos, tinha morrido afogado na piscina de sua casa. Chico apertou sua mão e deu a notícia. O menino voltaria em outra gravidez. Ela respirou fundo e acreditou. No ano seguinte, nasceu uma menina.
Em 1985, dona Risoleta, viúva de Tancredo Neves, também bateu à porta do espírita e foi recebida de braços abertos. Quatro meses após a morte do quase presidente da República, ela pedia uma "mensagem " do marido. Saiu de mãos abanando: ainda não era hora de ele entrar em contato. Talvez não fosse nem sensato.
Os visitantes ilustres se sucediam e os barrados na porta protestavam. Um deles chegou perto de Chico e comunicou, com uma faca na mão:
- Vim aqui te matar, mas não tenho coragem. Chico se limitou a dizer:
- Deus é quem sabe, meu filho.
Um outro acusou:
- Você tem amigos na penúria, mas só vai a São Paulo em carrão de gente rica.
Chico respondeu:
- Só meus amigos ricos têm carro e, como vou sempre da noite para o dia fazer acupuntura, aproveito a oferta deles.
Com o máximo de discrição, acompanhado de poucos amigos, Chico fazia questão de percorrer os barracos para visitar doentes pobres nos bairros da periferia na noite de 24 para 25 de dezembro. Todo Natal, ele liderava uma comitiva formada por vários carros, repletos de cestas com alimentos, brinquedos e doces. O Papai Noel franzino, com sua peruca bem penteada e o sorriso sempre aberto, entrava nas casas e era recebido com aplausos pelos adultos. Algumas crianças cantavam Noite Feliz e outras músicas natalinas.
Chico já era velho conhecido de muitos deles. Entre seus anfitriões, estava sempre um rapaz, vítima de hidrocefalia, que mendigava pelas ruas de Uberaba a bordo de um carrinho de rolimã. Ele cantava canções de amor, pedia cigarros, Chico providenciava maços com amigos e continuava a peregrinação.
Sempre parava na casa de Terezinha, entrevada numa cama há 52 anos. No último encontro, ela chorou ao ver Chico entrar, O visitante, amparado por amigos, se lembrou de ter prometido a ela um lenço vermelho no ano anterior. Não tinha nenhum à mão, mas logo as auxiliares providenciaram um. Terezinha, muda, sorriu como uma criança:
- É, você foi uma grande bailarina espanhola, não foi mesmo?
A caminhada, marcada por distribuição de presentes para até mil pessoas, costumava começar às oito horas da noite e se arrastar até as quatro da manhã.
Aos sábados, Chico Xavier estava lá, firme e forte, embaixo do abacateiro. Ele descia do Opala de Eurípedes e era recebido com aplausos pela multidão. Em silêncio, as pessoas ouviam seu discurso, após a leitura de trechos do Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos. As lições eram passadas com bom humor.
- Por que acumular tanto? Existem pessoas que possuem 35 pares de sapatos. Onde vão arrumar setenta pés?
- É preciso perdoar não sete vezes, mas setenta vezes sete, matematicamente, 490 vezes. Lá pela centésima vez em que estivermos perdoando, falaremos:
- "Você já está perdoado para sempre. Não vou ter o trabalho de perdoá-lo mais ".
As frases se seguiam e eram anotadas por um dos espíritas mais atuantes de Uberaba, o cirurgião-dentista Carlos Bacelli, dirigente da Aliança Municipal Espírita de Uberaba, parceiro de Chico em dez livros e autor de quatro publicações sobre o espiritismo.
Naquelas reuniões ao ar livre, Chico aproveitava para se desculpar pela ausência cada vez mais freqüente. A cada dia recebia menos companheiros em casa.
Muitos deles começavam a ser barrados na porta da casa de Chico por Eurípedes e nunca mais voltavam.
Chico usava metáforas médicas para explicar suas   "faltas ":
- Eu sempre dispus de um companheiro que me auxiliou nos momentos difíceis da vida. Mas esse amigo mudou bastante. Se quero sentar, ele quer a cama, se eu me levanto, ele quer sentar, se quero ir a algum lugar, ele tem dificuldades em me acompanhar. Ele quer a cadeira de balanço. E eu lutando com esse amigo. Esse amigo. Esse amigo alterado é meu corpo.
Numa tarde, um jornalista fez o favor de comentar, diante de seu corpo já encarquilhado:
- Eu o estou procurando há quinze dias e somente agora te achei. Mas achei uma ruína humana.
Chico retribuiu a gentileza:
- Graças a Deus, porque o senhor me coloca no meu lugar.
Chico buscava fôlego em campanhas beneficentes e nos encontros ao ar livre e gastava sua energia no Grupo Espírita da Prece. As histórias surpreendentes, e consoladoras, se acumulavam. Da ponta de seu lápis saíam, por exemplo, mensagens como a enviada por uma filha a sua mãe. Ela, o marido e suas duas filhas tinham morrido quando o carro em que viajavam bateu de frente com um caminhão de refrigerantes. A tragédia era arrematada por um detalhe ainda mais assustador: a autora da carta, Maria das Graças Gregh, estava grávida de nove meses quando morreu.
Na carta de Maria das Graças escrita por Chico, vinham notícias de Gregh Júnior, ele mesmo, o feto enterrado em sua barriga. Já era um garoto no outro mundo:
- Foi um sono indescritível, porque me vi, como num pesadelo, arrastada para fora de um turbilhão de destroços e acomodada em grande maca, na idéia de que continuava em meu corpo físico, a caminho de um hospital.
Por mais estranho que possa parecer, o meu pesadelo realidade era feito de impressões e de dores condicionadas de um parto prematuro. Achava-me dopada por medicamentos ou forças que até hoje não sei explicar e senti perfeitamente que uma cesariana se processava... a criança repousava junto de mim.
Textos como esses viravam coletâneas, chegavam às livrarias e se tornavam até temas para pesquisas. Marlene R. S. Nobre, mulher do Deputado Freitas Nobre, diretora do jornal Folha Espírita, se juntou a outros três pesquisadores e estudou cem mensagens particulares escritas por Chico Xavier. Após entrevistarem os destinatários de cada carta do além, eles chegaram a conclusões curiosas. Por exemplo: 58% das pessoas brindadas com cartas de seus mortos eram católicas (contra 37% de espíritas), o pai recebia mais notícias do que a própria mãe (45% contra 38%), 25% das pessoas beneficiadas com as mensagens particulares nunca tinham se encontrado com Chico Xavier antes (65% o visitaram mais de um vez). Em 95% dos casos, Chico não conhecia o morto. Nenhum dos consultados encontrou um erro nas mensagens.
Em algumas longas noites, quando seu coração deixava, Chico chegava a pôr no papel oito cartas do outro mundo. Saía esgotado. Em 1985, diante da romaria de sofredores até a cadeira onde ele estava sentado, desabafou:
- A dor de tanta gente me penetra em toda a alma.
Ele se sentia impotente. Por que a multidão ainda precisava tanto dele? Por que não colocava em prática as lições publicadas em seus quase trezentos livros? Por que não se consolava com os textos ditados pelos mortos?
Para se proteger do desânimo, ele recorria ao bom humor recomendado por Eça de Queiroz. E se permitia trocadilhos típicos de Emmanuel.

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VALE A PENA VER E OUVIR - DIVALDO FRANCO

domingo, 19 de junho de 2011

MENSAGEM DOMINICAL

PENSAMENTOS

A ação do pensamento sobre a saúde é incontestável. Vejamos alguns exemplos:    
A         ansiedade estimula a secreção de adrenalina, que sobrecarrega o sistema nervoso e o descontrola; 
O pessimismo perturba o aparelho digestivo e produz distúrbios gerais;o medo, a revolta, são agentes de úlceras gástricas e duodenais de curso largo. 
Da mesma forma, a tranqüilidade, o otimismo, a coragem, são estimulantes que trabalham pela harmonia emocional e orgânica, produzindo salutares efeitos na vida.
O homem se torna o que pensa, portanto, o que quer. 
Os pensamentos emitidos atraem ou sintonizam outros semelhantes, nas mesmas faixas de ondas mentais por onde transitam as aspirações e os estados psíquicos de toda a Humanidade. 
Adicionados a estes, temos as mentes dos desencarnados que se intercomunicam com os homens, vibrando nos climas que lhes são afins. 
Acostuma-te a pensar de forma edificante. Assume uma postura vitoriosa. Atrai pensamentos salutares. 
O cérebro é antena que emite vibrações e as capta incessantemente. Irradia idéias do bem, do progresso, da paz, e captarás, por sintonia, equivalentes estímulos para o teu bem.
Quem pensa em derrota, já perdeu uma parte da luta por empreender.
Quem cultiva o insucesso, dificilmente enfrentará os desafios para a vitória.
A cada momento, adicionas experiências novas às tuas conquistas.

Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Episódios Diários.