CONTINUAÇÃO
a espera da
mãe e ela não chegara. No principio da tarde o Policial mandou que saísse de lá
ou ele a levaria para a Delegacia. Desde então estava andando pelas ruas sem
ter para onde ir. O mendigo lhe deu um pedaço de pão, um pouco de leite, um
cobertor e mandou que deitasse ao seu lado que não seria incomodada e pela
manhã resolveria o problema dela. Dissera que morava na rua há mais de dez anos
e todos o respeitavam que se chamava João, mas era conhecido como o Velho da
Rua, como todos o chamavam.
Embora, aquele senhor não lhe expirasse
confiança, aceitou o seu oferecimento, pois, além de estar com fome, frio e
cansada, não tinha alternativa.
O João, ou melhor, o Velho da Rua, portou-se
muito bem, naquela e nas outras noites. A única exigência era ela pedir esmolas
durante o dia. Aliás, tarefa não muito difícil devido a sua aparência, jovem,
gravida e educada. No final do dia a renda era sempre proveitosa.
D. Beatriz passou o dia ansiosa e na esperança
da Carol telefonar. A tarde foi para o Centro e contou para o Sr. Mário e para
os médiuns da equipe, a fuga da neta. Todos procuravam tranquiliza-la. Patrícia
falou sobre a psicografia e a necessidade do trabalho de desobsessão à distância,
que deveria ser iniciado imediatamente.
Os médiuns foram escolhidos pela Entidade
que incorporava em Patrícia e, depois de tomarem conhecimento do que se
tratava, comprometeram-se a trabalhar durante os trinta dias estabelecidos,
como também, caso necessário, por mais dias. Até porque, tratava-se da família
de D. Beatriz, que ajudava a todos que a procuravam e, agora que necessitava de
ajuda, era dever e obrigação de todos ajudá-la.
Logo após a realização dos trabalhos rotineiros
do Centro, os médiuns pré-escolhidos, mais D. Beatriz, Patrícia e o Sr. Mário
iniciaram o trabalho de desobsessão à distância, que tinha como finalidade a
desobsessão de Ronaldo, Cida e Carol, filho, nora e neta de D. Beatriz.
Como fora planejado, a D. Beatriz, que serviria
de elo entre os obsessores e obsedados, ficaria sentada em uma cadeira e em
volta ficariam os sete médiuns, com os respectivos doutrinadores ao lado. A
Patrícia e o Sr. Mário coordenariam o trabalho.
Após o Pai Nosso e as preces iniciais,
oradas por todos os presentes, o Sr. Mário, incorporado por sua Entidade, pediu
para os obsessores do dos irmãos Ronaldo, Cida e Carol se apresentassem,
através dos médiuns ali presentes, afim de que, através do diálogo e do amor do
Pai Celestial, aquelas divergências passadas pudessem ser esclarecidas e
sanadas para que, tanto os irmãos encarnados como os desencarnados, seguissem
os seus caminhos com trabalho, paz e amor, paras elevação de seus espíritos...
O Sr. Mário foi, bruscamente, interrompido
pela avalanche de obsessores que incorporaram nos médiuns, todos querendo falar
na mesma hora. Patrícia interveio com calma, porém com firmeza, dizendo: “Meus
irmãos nos estamos em uma casa de DEUS, de orações, reunidos em nome de JESUS,
nosso Mestre Maior, para recebê-los e ajudá-los e, não em uma feira livre”.
“Portanto, peço a vocês que tenham calma e respeito a nós a esta casa, que
também é de vocês, até porque, quem gostaria de ter a sua casa invadida e
desrespeitada”?
Um dos obsessores, através da irmã Ivete,
se pronunciou.
- Nós fomos trazidos para esta casa, portanto,
não invadimos casa alguma. Aliás, a maioria nem queria vir.
- Muito bem irmão, realmente, vocês foram
convidados, o que não lhes dá o direito de entrarem dessa maneira, até porque,
sabemos que vocês são pessoas boas e ordeiras.
- Oh mocinha deixe de bajulamento, que com
palavras bonitas você não vai mudar o nosso objetivo, que é acabar com essa
família de fingidos e pseudo puritanos. Nós fomos contratados, e muito bem
pagos, para esta missão e, digo mais, vocês queira ou não, nós vamos até o fim,
ou seja, fazer esses canalhas pagarem o mal que fizeram para os nossos patrões.
- Então vocês têm patrões e estão fazendo
justiça de acordo com a vontade de outrem?
- Olhe moça, já falei demais, os seus compassas
estão perturbando os meus amigos. Vocês já sabem que eles vão ter que pagar
tudo que fizeram. Agora nós vamos embora, mas antes vamos fazer uma visitinha
para a menininha prenha, para ver como foi o seu dia de mendiga. Será que ela
conseguiu bastante dinheiro para satisfazer o seu protetor de araque? Vamos
companheiros, juntos e unidos jamais seremos vencidos.
Patrícia tentou continuar a conversa com o
irmão obsessor, mas ele desincorporou, juntamente com os outros e foram embora.
Enquanto Patrícia conversava com o irmão
que se intitulava chefe do grupo, os doutrinadores procuravam orientar os
outros obsessores, no total de seis. Um dos doutrinadores, o Manoel, teve maior
diálogo com um deles e ficou sabendo que se chamava Antônio e o chefe era
Baltazar. O irmão Antônio contou, também, que foram contratados por um casal de
ciganos que se chamavam Diogo e Madalena, que a Cida, que se chamava Aurora,
fora esposa de Diogo e que fugira com o Ronaldo, que se chamava Belizário, que
era marido de Madalena. A Carol, que se chamava Ana, fora filha de Madalena com
outro cigano e quando Belizário fugiu com a Aurora levou a filha Ana, que era recém-nascida
e ele pensava que era sua filha. No inicio os dois tratavam bem de Ana, mas
quando Belizário descobriu, através da Aurora, que ela não era sua filha,
passaram a trata-la mal.
CONTINÚA AMANHA