sábado, 5 de janeiro de 2013

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Nada, pois, do que fazes te pareça grande, nada precioso e admirável, nada digno de apreço, nada nobre, nada verdadeiramente louvável e desejável, senão o que é eterno. 
 
Acima de tudo te agrade a eterna verdade, e te desagrade a tua extrema vileza. 
 
Nada temas, nada vituperes e fujas tanto como os teus vícios de pecados, que te devem entristecer mais do que quaisquer prejuízos materiais. 
 
Alguns não andam diante de mim com simplicidade, mas, curiosos e arrogantes, pretendem saber meus segredos e compreender os sublimes mistérios de Deus, descurando-se de si próprios e de sua salvação. 
 
Estes, por sua soberba e curiosidade, não raro caem em grandes tentações e pecados, porque me afasto deles. ( Que devemos andar perante Deus em verdade e humildade)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.


PENSAMENTO DO DIA



Não devemos contar casos em que nos depreciamos. As pessoas podem rir e se divertir na ocasião, mas futuramente irão lembrá-los e repeti-los contra nós.
 

MENSAGEM DIÁRIA



Quando você passar na rua e ficarem te olhando, não se ache o máximo, lembre-se que o feio e ridículo também chamam a atenção.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

Demandei o Flamengo, ouvindo a senhora Torres e admirando as reservas de sensibilidade e meiguice que lhe vibravam na alma de escol. Exteriorizava o júbilo de ave recém-liberta. Entretanto, logo após recebidos por Moreira e Cláudio, ao divisar o marido desfigurado na postura dos paralíticos, empalideceu, debruçando-se na cadeira de rodas que o albergava. Enleou-se a ele, que lhe não assinalava as carícias, a crivá-lo de perguntas lastimosas...
Por que mudara tanto em dois anos apenas? que lhe acontecera para se relegar a semelhante ruína física? que fizera? por que? por quê?...
Escutando tão-somente o ruído de Marina e Dona Justa, nas atividades rotineiras, experimentava-se Nemésio tocado de fundas reminiscências... Não conseguia explicar a si mesmo a razão das idéias que lhe borbulhavam da cabeça, mas pensava em Beatriz.
Reconstituía-lhe a imagem no imo do ser. A esposa!... Ah! – refletia o doente, em cujo espírito a afasia requintara a vida interior – se os mortos pudessem amparar os vivos, segundo a crença de tantos, certamente que a velha companheira se compadeceria dele, estendendo-lhe as mãos!... Rememorava-lhe a compreensão silenciosa, a dignidade irrepreensível, a bondade, a tolerância!...
Ignorando que respondia, mecanicamente, às inquirições da esposa, amarrotada de angústia, ali colada a ele, revisou todos os acontecimentos posteriores à desencarnação dela, como que a lhe prestar severas contas. Gilberto, Marina, Márcia e Cláudio eram os protagonistas principais daquelas cenas que a memória perfeitamente lúcida lhe traçava nos painéis relampagueantes da aura, exibindo para a companheira e para nós outros, qual num filme pujante, a verdade toda, até o instante em que se precipitara no crime. Se Beatriz estivesse no mundo – concluía –. estaria isento de aflições e tentações. Junto dela, teria recolhido defesa, orientação.
Profundas saudades lhe acicatavam a alma... Recompunha na imaginação os sonhos da juventude, o casamento, os projetos de ventura concentrados em Gilberto pequenino... Movimentou dificilmente a mão esquerda para enxugar o pranto que lhe encharcava o rosto, sem saber que a esposa o auxiliava, soluçando...
Neves, apreensivo, tentou soerguer a filha que se estirara no pavimento, à maneira de mãe torturada, incapaz de alijar do peito um filho semimorto. Em vão pronuncIou palavras de encorajamento, exortações à paciência, conceitos evangélicos, promessas de futuro melhor... A filha magoada respondeu que amava Nemésio, que preferia ser amarrada num catre, ao lado dele, a separar-se de novo. Agradecia o devotamento de que andara cercada no “Almas Irmãs”; entretanto, pedia vênia para considerar que o esposo sofria. Como descansar, lembrando-lhe os suplícios? Jesus também – ponderava chorosa –, carregara a cruz por amor à Humanidade...
Como fugir de suportar diminutas contrariedades na Terra, amenizando o martírio do homem a quem adorava? A doutrina cristã ensinara-lhe que Deus é um pai compassivo e um pai compassivo não aprovaria ingratidão e abandono.
O genitor, que não contava com a imprevista resistência, disse-me à socapa que Torres pai nada fizera para merecer semelhante abnegação e inclinava-se ao estouro, mas sugeri-lhe calma.
Censuras agravariam a situação sem proveito.
Interferi.
Salientei para a senhora Torres que o filho se preparava a dar-lhe uma neta, que a conformidade da parte dela, no tocante às provações do marido, ser-nos-ia uma bênção.
Acatando-me a solicitação, ergueu-se, contrafeita, acompanhou-nos até Marina, cuja história real na família passara a conhecer pelas memorizações do enfermo... Alma generosa, porém, compreendeu as ligações havidas e, fitando Cláudio, que lhe perdoara ao esposo tantas injúrias, beijou-lhe a filha com enternecimento de mãe. Abraçou Dona Justa, com simpatia, e, em seguida, retornou em nossa companhia ao quarto de Nemésio, onde nos compartilhou a oração e o trabalho de socorro magnético. Pareceu reconfortar-se, sobremodo, quando viu Gilberto em casa para o jantar, encantando-se ao notar que o filho buscara o doente para a refeição, após afagar-lhe a testa, acompanhando o gesto afetuoso com expressões de bom ânimo e carinho; entretanto, quando Neves falou em regressar, a devotada mulher enrodilhou-se ao marido e, desligada por nós, quase à força, revelava sinais de alienação começante.
Beatriz desceu do prédio abatida, muda. No intuito louvável de reaquecer-lhe o coração, Neves, que conhecia somente por alto a bancarrota comercial do genro, propôs se lhe realizasse naquela hora o desejo de uma visita, ainda que rápida, à antiga moradia. A filha, agora apática, não contestou. Obedeceu, automaticamente.
A noite caíra de todo, quando abordamos a vivenda que se reduzira a um casarão às escuras. A Lua plena assemelhava-se a uma lâmpada enorme que estivesse conscientemente recolhida a distância, envergonhada de apresentar à dona do palacete uma visão assim funesta.
O genitor, arrependido da instigação infeliz, diligenciou recuar, mas não pôde... Dolorosamente magnetizada pelas próprias recordações, Beatriz avançou apressada, à procura dos tesouros domésticos; todavia, não encontrou, nos lúgubres recintos, senão poeira e sombra do oásis familiar que construíra... Além de tudo, o elegante domicílio, condenado a leilão, transformara-se em valhacouto de malfeitores desencarnados, aos quais se reconhecia absolutamente sem forças para expulsar... A desesperada criatura correu de peça em peça, de susto em susto, de grito em grito, até que se rojou de borco, nos tacos da espaçosa câmara que lhe merecia a preferência, pronunciando frases desconexas...
Beatriz enlouquecera.

CONTINUA AMANHÃ

MENSAGEM DE CHICO XAVIER - ELES VIVEM

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
  
JESUS
 
Filho, não és ainda forte nem prudente no amor. -
 
 A alma:
 
 Por que, Senhor? - 
 
Jesus:
 
 Porque por qualquer contrariedade deixas o começado e com ânsia excessiva procuras a consolação. 
 
O homem forte no amor permanece firme nas tentações e não dá crédito às astuciosas sugestões do inimigo. 
 
Assim como lhe agrado na prosperidade, não lhe desagrado nas tribulações. 
 
Quem ama discretamente não considera tanto a dádiva de quem ama, como o amor de quem dá. 
 
Atende mais à intenção que ao valor do dom, e a todas as dádivas estima menos que o Amado. 
 
Quem ama nobremente não repousa no dom, mas em mim acima de todos os dons. 
 
Nem tudo está perdido, se sentires, às vezes, menos devoção, a mim ou meus santos, do que desejaras. 
 
Aquele sentimento terno e doce que experimentas, às vezes, é efeito da graça presente, um como que antegosto da pátria celestial; nele não te deves firmar muito, porquanto vai e vem. 
 
Mas pelejar contra os maus movimentos do coração e desprezar as sugestões do demônio é sinal de virtude e grande merecimento. ( Da prova do verdadeiro amor)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.

MENSAMENTO DO DIA



Amo a liberdade, Por isso, todas as coisas que amo, deixo-as livre. Se voltar é porque as conquistei, se não é porque jamais as possuí.
 

MENSAGEM DO DIA



Mantenha sempre a autoestima, independente dos aplausos, pois as estrelas brilham na escuridão.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

das famílias Neves e Torres e até mesmo o piano e as jóias de Dona Beatriz jaziam perdidos na voragem. Apenas Olímpia, antiga companheira, vinha até ali duas vezes por dia, a fim de prestar ligeira assistência ao enfermo, que, embora perfeitamente lúcido, não conseguia articular palavra, em vista das alterações nos centros nervosos. E isso tudo – rematava o informante, desencantado – há menos de uma semana...
Condoído, ali aguardei a noite.
Vi quando Gilberto e Marina atravessaram o vestíbulo, seguidos de Percília, Moreira e Cláudio, tomados de surpresa dolorosa.
Imaginando-se sozinhos, o jovem bancário e a esposa não conseguiam dominar as exclamações de assombro, até que à frente do leito, cuja solidão o lustre feérico parecia exagerar, se prosternaram em lágrimas. Nemésio reconheceu-os. Debalde intentou soerguer a carcaça dorida. Quis falar, mas não pôde, apesar do supremo esforço despendido. – Pois é o senhor que encontramos assim, papai? – arfou Gilberto em desconsolo.
Cabeça trêmula, o interpelado apenas engrolava: – Ah, ah, ah, ah, ah!...
Nós, porém, que lhe registrávamos os pensamentos, notamos, comovidos, que ele, reacomodado ao equilíbrio próprio, implorava aos filhos benevolência, compaixão...
Contemplou a nora pelo véu de pranto e lastimou na linguagem inarticulada do cérebro: – “Marina!... Marina!... sou um infeliz.... Perdão, pelo amor de Deus!... Perdão pelas cartas afrontosas, perdão pelo meu crime!... Eu estava louco, no momento em que arrojei o automóvel no corpo de seu pai!... Diga, diga se ele morreu... Perdão, perdão!...” A boca franzida, no entanto, somente repetia:

– Ah, ah, ah, ah, ah!...
Para os dois circunstantes, a terrível confissão paterna era simplesmente longa série de interjeições sem sentido.
Vimos então que Nogueira avançava realmente para o bem que se comprometera a dignificar. Somente naquela hora vinha a saber quem fora o autor do atentado que lhe impusera a morte...
Longe, porém, de pedir-nos orientações ou conselhos, recordou, instintivamente, outra noite, além daquela em que perdera a existência...
A noite na pensão de Crescina, cujas sombras lhe haviam acobertado os ultrajes à filha, compelindo-a ao desastre fatal...
Viu Marina, ajoelhada e, obedecendo aos ditames da própria alma, caiu genuflexo, abraçando-se a ela e, qual se ocupasse o íntimo da jovem senhora, atenazada de sofrimento moral, fê-la buscar a destra de Nemésio para beijá-la com a reverência que os filhos devem aos pais.
O enfermo, tocado no coração por semelhante gesto de respeitosa ternura, tartameleava sons ininteligíveis, implorando mentalmente: – “Perdão!... perdão!...”
Cláudio, testemunhando corajosa humildade, levantou-se, de súbito, e, erguendo os olhos para o alto, clamou em pranto: – Deus de Imensa Bondade, perdão para mim também!...
Naquela mesma noite, uma ambulância atendia à hospitalização de Nemésio que, após alguns dias de tratamento, sempre custodiado pelos filhos, subia, em cadeira de rodas, no prédio do Flamengo, onde passou a habitar, mudo e inerme, sob os desvelos da nora e incessantemente amparado por Nogueira, no aposento que pertencera àquele que perseguira por rival e que se lhe erigia agora por denodado guardião.
Os êxitos morais de Cláudio, comentados com admiração por alguns amigos no “Almas Irmãs”, estabeleceram para o irmão Félix um problema grave, embora sem qualquer importância na feição exterior. Dona Beatriz, ciente de que o genitor de Marina, já desencarnado, obtivera licença para se demorar ao pé dos familiares em missão de auxilio, queria também, pelo menos, rever o esposo e o filho. Cientificara-se, de maneira superficial, quanto aos acontecimentos desagradáveis em que se envolviam os entes queridos. Muito longe, porém, de abranger-lhes toda a extensão, alegava essa circunstância para reforçar o propósito. Peça viva na engrenagem doméstica, não devia alhear-se, argumentava. Se Marina desposara Gilberto, aceitava-a por filha, e se os pais mantinham contendas, que não conhecia em todos os pormenores, nada mais justo que partilhar as dificuldades, oferecendo mediação.
Estabelecida a pretensão, negou-se Félix a atender.
Dona Beatriz recorreu a Neves, mobilizou a afeição de Sara e Priscila e voltou à carga; entretanto, o diretor se conservou irredutível. Neves, porém, que não se curara, de todo, da impulsividade, destacava o caráter aparentemente razoável do pedido, e colocou tantas relações e tantos empenhos no assunto, que o instrutor não encontrou outra alternativa senão aderir. Conquanto preocupado, determinou providências para que se efetuasse a excursão. Instado a prestigiar Dona Beatriz com a sua presença, escusou-se, delicado, conferindo, àquele que lhe fora genitor, ampla liberdade de ação e tempo. Particularmente, todavia, recomendou-me fizesse companhia aos dois viajantes, pai e filha. Que eu cooperasse com Neves na solução de qualquer emergência. Pressentia obstáculos, receava riscos.
Dona Beatriz, entusiasmada na contemplação do Rio, embora soubesse que Nemésio passara a residir com o filho, não apenas ansiava por abraçá-lo, como também suspirava reavistar a antiga moradia. Queria sorver o perfume da felicidade que tivera, exclamava, contente. E o pai, satisfeito, incentivava-lhe todos os programas.
Acompanhando a dupla, não me permitia opor embargos.

CONTINUA AMANHÃ