sábado, 20 de outubro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Primeiro conserva-te em paz, e depois poderás pacificar os outros. 
 
O homem apaixonado, até o bem converte em mal e facilmente acredita no mal; o homem bom e pacífico, pelo contrário, faz com que tudo se converta em bem. 
 
Quem está em boa paz de ninguém desconfia; o descontente e perturbado, porém, é combatido de várias suspeitas e não sossega, nem deixa os outros sossegarem. 
 
Diz muitas vezes o que não devia dizer, e deixa de fazer o que mais lhe conviria. 
 
Atende às obrigações alheias, e descuida-se das próprias. 
 
Tem, pois, principalmente zelo de ti, e depois o terás, com direito, do teu próximo. ( Do homem bom e pacífico)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.



PENSAMENTO DO DIA



Ás vezes o caminho certo a ser escolhido, também passa pelo arrependimento.
 

MENSAGEM DIÁRIA



A realidade é o que é, e não o que imaginamos que devia ser.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

Capítulo 9

Instalados na sala de visita, os cônjuges entrefitaram-se de estranha maneira. Adversários declarados, em tréguas cordiais.
Dona Márcia definia-se. Espécime comum das damas que lutam, garbosas, contra as arremetidas do tempo. Ninguém lhe atribuiria os quarenta janeiros integralmente dobados. 
Os cabelos abundantes, que os líquidos medicinais mantinham perfeitamente escuros e brilhantes, acomodavam-se num penteado gracioso que lhe guarnecia o rosto, semelhante ao das pessoas que se maquilam para efeitos de arte e que nunca se deixam analisar realmente sem que a água quantiosa lhes restitua os poros à carícia da Natureza.
Delgada, na magreza característica dos que usam moderadores do apetite para a manutenção do peso ideal, apresentava-se em figurino da alta. 
O fundo alvo do linho, ligeiramente estampado de pequeninas flores róseas, dava-lhe ao vestido primoroso certa diafaneidade que lhe realçava a beleza quase outoniça.
Era a mesma criatura das telas mentais de Marina, exibindose, porém, de modo diverso, espécie de livro, claramente identificável, mas exposto numa encadernação mais viva e mais rica.
Pela herança e pela convivência, talhara, sem dúvida, o aspecto da filha única, porquanto, sentada agora, lembrava Marina em todos os traços, conquanto muito mais asserenada e amadurecida.
Longe de aparentarem a verdadeira condição de mãe e filha, podiam ser interpretadas à conta de irmãs, salientando-se que Dona Márcia se revelava talvez mais simpática, pela brandura estudada dos gestos.
Via-se-lhe com tranqüilidade o sorriso espontâneo, sorriso, no entanto, que mostrava o engenhoso artifício dos que se distanciam deliberadamente dos problemas alheios para que não lhes constituam empeço ao avanço. 
Doçura trabalhada do egoísmo atencioso, pronto a sorrir, nunca a se incomodar.
Ainda assim, os olhos, ah! os olhos traíam-lhe a alma sibilina.
Fisgados no esposo, pareciam interessados em agarrar-lhe as mínimas reações, em proveito próprio.
Ela não aspirava a conhecer qualquer vestígio da conduta dele, anelava encobrir-se. 
Serena e bem-posta, renteando o marido, dava a impressão de um viajante hábil, preocupado em ilaquear o guarda-barreira, a fim de seguir, incólume, caminho adiante, sem largar as aquisições clandestinas. 
Por outro lado, o marido assemelhava-se ao guarda-barreira, calejado no suborno, mais aplicado em resguardar-se, que em denunciar viajores, tão matreiros quanto ele próprio. 
Naquela hora, sobretudo, em que fora quase detido em culpa flagrante, esmerava-se em mesuras. Amodorrava-se para ouvi-la, com a pachorra de um cão astucioso que parasse de caminhar, atento às falcatruas do gato.
Para Cláudio, em tal circunstância, valia estudar tudo, ouvir tudo. 
Afinal, aquilo era inevitável. Márcia chegara ao quarto de Marita num momento psicológico. 
Imperioso esfumar-lhe qualquer dúvida ocorrente, à custa de uma tolerância que não mais praticava, desde muito. 
Para isso, estirava-se, ali, sossegado e complacente.
Nos dois, porém, flutuava a desconfiança recíproca. 
Duas bocas que se entendiam, duas cabeças que discordavam uma da outra. Cada frase vinha pré-fabricada na garganta, dissimulando o pensamento.
Adocicando a voz, a esposa comentou os aborrecimentos no bufete do baile beneficente em que havia funcionado. 
Muita gente.
Alguns jovens embriagados, forjando obstáculos. 
Garotos furtando. 
Por tudo isso, estafara-se.
Desconfiando que o marido, não obstante mostrar-se quase afetuoso, não se inclinaria a longa conversação, quis reter o momento raro, tornando-se mais terna.
Afável, estendeu-lhe prateada carteira.
Cláudio agradeceu. 
Não queria fumar. 
Ela, no entanto, bateu, várias vezes, a ponta do cigarro, de encontro a pequenina bolsa metálica, fez fogo num isqueiro diminuto e, após envolver-se em baforadas, relaxou-se na poltrona, sugerindo a intenção de exprimir-se mais à vontade.
– Imagine você – aduziu, cuidadosa –, que embora o sarau esteja longe de terminar, larguei tudo. 
O leilão de prendas esperava por mim, quando senti um constrangimento esquisito. 
Tive medo.
Passei minhas obrigações para Dona Margarida e voltei. 
Atormentava-me, supondo houvesse algo atrapalhado em casa, alguma ligação elétrica esquecida, a presença de algum malfeitor. 
Vejo, porém, que você talvez tenha tido o mesmo palpite e chegou antes, retificando o fogão... 
Felizmente, tudo passou... 
Mesmo assim, reconheço que o meu regresso foi providencial, pois, desde muitos dias, venho espreitando um momentinho em que você esteja calmo e bem-humorado, como agora, para tratarmos, juntos,de assunto sério...
 Coisa que nos toca de perto, que não posso decidir sem você...
Neves e eu notamos, para logo, o regime de choques e contrachoques em que respiravam aquelas duas almas adversas, aprisionadas socialmente uma à outra, por exigências da provação.
Inferindo que a companheira se lhe aproveitaria da benevolência eventual para chamá-lo a questões de responsabilidade, Cláudio despiu a máscara afetiva com que a brindara, de início, e, taciturno, colocou-se em guarda. 
Do sorriso, tornou ao sobrecenho. 
Fino sarcasmo tisnou-lhe os modos. 
Comandou a palavra, buscando, em vão, disfarçar o azedume. 
Afirmou-se fadigado, alegou esgotamento adquirido em horários de serviço extra e rematou, pedindo

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PALESTRA ESPIRITA - DIVALDO FRANCO - VITÓRIA SOBRE A DEPRESSÃO - PARTE 5

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Falai, Senhor, que o vosso servo escuta: 
 
Vosso servo sou eu, daí-me inteligência para que conheça os vossos ensinamentos. 
 
Inclinai meu coração às palavras de vossa boca; nele penetre, qual orvalho, vosso discurso (1Rs 3,10; Sl 118.36.125; Dt 32,2). 
 
Diziam, outrora, os filhos de Israel a Moisés: 
 
Fala-nos tu e te ouviremos; não nos fale o Senhor, para que não morramos (Êx 20,19). 
 
Não assim, Senhor, não assim, vos rogo eu; antes, como o profeta Samuel, humilde e ansioso, vos suplico: 
 
Falai, Senhor, que o vosso servo escuta. 
 
Não fale Moisés, nem algum dos profetas, mas falai-me de vós, Senhor, Deus, que inspirastes e iluminastes todos os profetas, porque vós podeis, sem eles, me ensinar perfeitamente, ao passo que eles, sem vós, de nada me serviriam. ( Que a verdade fala dentro de nós, sem estrépito de palavras)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.




PENSAMENTO DO DIA



Maravilhas nunca faltam no mundo, o que falta é a capacidade de senti-las e admirá-las.
 

MENSAGEM DO DIA



Mesmo que vivas um século, nunca deixes de aprender.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

Alterando o tratamento paternal de que se valia, rugiu, brutalizado:
– Marita, fique sabendo que você agora não é mais criança! Você é apenas mulher, não passa de mulher, mulher...
A jovem soluçava. Reconhecendo-se descoberta nas mais íntimas nuanças da conduta impensada, não ousava erguer a fronte.
Neves, incapaz de remover o próprio assombro, abeirou-se de mim, rezingando:
– Você está vendo? Este homem será louco ou desbriado?
Temendo-lhe a impulsividade, fi-lo recordar as atitudes ponderosas e cristãs do irmão Félix, informando, discretamente, que me achava em oração, a exorar o auxílio da esfera superior, porquanto, ali, não dispúnhamos de maiores recursos para impedir um assalto passional de penosas conseqüências.
– Oração? – chasqueou o companheiro, positivamente desencantado – não creio que os anjos se ocupem de casos como este.
Aqui, meu amigo, e em outros lugares onde tenho visto muito bicho velho fantasiado de gente, só a polícia...
Efetivamente, os anjos pessoalmente não nos atenderam às rogativas silenciosas, enunciadas desde o início da cena desagradável; no entanto, o socorro apareceu.
Ouviu-se barulho de ferrolho em ação e alguém penetrou em casa, ruidosamente.
Sobreveio o choque providencial.
Cláudio, em sobressalto, desligou-se do hipnotizador, que se lhe postou de lado, um tanto desenxabido.
Marita cobrou energias, regressando ao leito, enquanto o chefe do lar se recompunha à pressa.
Espantados, notamos, porém, a surpreendente capacidade de fabulação da qual Nogueira dava mostras. Ele próprio, sem qual quer ingerência do obsessor, começou a tramar em pensamento a desculpa com que se justificaria.
Agindo quase que mecanicamente, libertou a porta que havia prendido, perspicaz, abriu janela próxima e, de imediato, esbelta senhora surgiu, indagando, apreensiva:
– Que é que há?
Tratava-se da esposa que voltara, de imprevisto.
Dona Márcia alegava susto, asseverando ter ouvido um vozeirão ao chegar. Cláudio, no entanto, repondo a máscara das conveniências, entornou pela boca a versão que inventara, ali, naquele momento, diante de nós.
Fixou a moça, de modo significativo, e tranqüilizou a senhora, dizendo-lhe, com a maior sem-cerimônia, que chegara a casa, momentos antes, encontrando o gás do fogão a volatilizar-se.
Fechara as saídas que a cozinheira deixara abertas e exortou a que se lhe chamasse a atenção, no dia seguinte. Dona Justa, a companheira do serviço doméstico, devia examinar os aparelhos da casa,
minuciosamente, antes de se retirar. Acentuou que, atemorizado, descerrara as janelas, arejando o ambiente. Quando envergava o pijama, aduziu com absoluta seriedade a lhe transparecer do semblante, ouvira gemidos agoniados. Correu ao aposento das meninas, surpreendendo Marita a gritar, inconsciente. Sonâmbula, sonâmbula como sempre... Acordara-a, atarantado, averiguando, porém, que tudo estava em ordem.
A jovem, mergulhada na penumbra, cobriu o rosto com o lenço para ocultar as lágrimas, abandonando-se à inércia, como se transferisse a cabeça de um sono para outro.
A recém-chegada riu-se, sem suspeitar, de leve, do vulcão que faceava, e, qual se desejasse compensar-lhe a indiferença, Cláudio, de volta ao salão, esboçou um aceno gentil, convidando Márcia a descansar.

CONTINUA AMANHÃ