sábado, 6 de agosto de 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO

NINGUÉM MORRE

A temática não é nova. Mas, toda vez que é abordada, há sempre quem surja com a tão gasta frase: Ninguém voltou do lado de lá para dizer que está vivo.

Quem assim repete o jargão, não se dá conta ou possivelmente ignora que as comunicações dos chamados mortos ocorrem todos os dias, sob as nossas vistas, ao nosso redor.

São inúmeros os casos dos que retornaram após a morte do corpo físico, testemunhando que a vida prossegue. E abundante.

São familiares, afetos que através de sinais irrecusáveis, se dão a conhecer aos mais íntimos.

Ou simplesmente amigos, conhecidos, alguém que deseje auxiliar a outrem.

Em 1943, um ex-piloto da força aérea inglesa de nome Robert Gislepie fazia treinamento com uma tripulação de alunos, sobre o mar da Irlanda.

Certa noite recebeu uma ordem para verificar o que havia acontecido com um avião que vinha do Canadá.

Seguiu com seus alunos, sem tardar e uma hora e meia depois chegaram exatamente ao local onde havia ocorrido o último contato pelo rádio com o avião canadense.

Por causa do forte nevoeiro, eles voavam sem visibilidade alguma. Por isso decidiram retornar. Se nada viam, como procurar?

Então um dos motores falhou. O gelo começou a se formar nas asas do aparelho.

Gislepie pensou em baixar a altitude para se livrar do gelo. Mas, se fizesse isso, deveria voar sobre o mar, a fim de evitar as montanhas. Tal atitude aumentaria a rota. E a gasolina era pouca.

O que fazer? Era o seu dilema.

De repente, sentou-se ao seu lado um aluno e lhe disse: Mantenha a altitude. Logo vamos ter uma modificação de temperatura.

O instrutor acatou a orientação. Logo mais, o avião estava fora de perigo.

Com alegria, Gislepie pediu ao jovem que agradecesse à base a instrução, pois que pensou que o jovem tivesse recebido orientação do pessoal de terra.

Foi então que o rapaz olhou para ele e falou:

Meu nome é Ken. Ken Russel. Se não precisa mais de mim vou voltar...

E desapareceu sob o olhar espantado do piloto.

Alguns dias depois, conversando com os seus alunos, Gislepie apontou um deles e disse:

Você deve ser Ken Russel. É muito parecido.

Não, foi a resposta. Eu sou Tony Russel. Ken Russel é meu irmão.

Ele morreu naquela noite em que fomos procurar o avião canadense. O avião em que estava caiu no mar e ele morreu.

Nem é preciso dizer do espanto do piloto.

Ele fora auxiliado por um morto.

À semelhança deste fato, existem outros muitos. Os que morreram, estão vivos. E se interessam pelos que ficaram.

Até mesmo por aqueles com quem não têm ligação afetiva. E se comunicam, testemunhando que ninguém morre de verdade. Só o corpo físico perece.

O Espírito prossegue a viver e se interessa pelo que sempre constituiu a sua preocupação e seus cuidados enquanto no corpo carnal.

* * *

A morte é sempre a chave que desata o perfume da vida. Não há morte, em essência. Tudo é recriação.

A morte simplesmente revela a vida mais amplamente.

Pense nisso.

PENSAMENTO DO DIA

As mais lindas coisas da vida, não podem ser vistas nem tocadas, mas sim, sentidas pelo coração

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Desarme o coração para a diferença de ideais e deixe que a compreensão encontre naturalmente o lado da razão

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 32

CONTINUAÇÃO

E o martelo verbal tornou aos estribilhos do passado. As festas de Aracélia, as companhias de Aracélia, as desilusões de Aracélia...
Verificando no olhar da jovem a penosa impressão com que era obrigada a recolher tais lembranças, a interlocutora, sem mais fundo lastro de amor para comovê-la, modificou a tática afetiva e alinhou histórias de seu conhecimento, em que sonâmbulos realizavam proezas diversas.
Argumentou que ela e Cláudio, perante a ocorrência, que analisavam com o carinho de pais verdadeiros e não com qualquer
espírito de censura, haviam recordado que ela, em criança, muitas
vezes acordava aos gritos, pela madrugada, fazendo birra e queixando-se de inexplicáveis terrores. Levada ao médico, o facultativo receitara calmantes. Rememorou, bem-humorada, a opinião de velho amigo da família, que dissera a ela e a Cláudio andar amenina atacada de nictofobia, e que, somente depois, ambosrecorreram ao dicionário, a fim de aprenderem que a palavra significava “medo da noite”.
Dona Márcia riu-se àquelas chistosas evocações, completamente alheia à importância do assunto. Afagou os ombros de Marita e aconselhou-lhe juízo.
A jovem, perplexa, tanto quanto nós mesmos, não teve ânimo para desmentir. Ignorava como deslindar a meada que o sedutor entretecera. Preferiu acriançar-se, aparentando aprovação com o silêncio. No íntimo, contudo, revoltava-se.
Cláudio trapaceara e a mãe adotiva caíra no logro.
Não possuía recursos para demonstrar a verdade. Tocava-lhe tão somente suportar e esperar.
Dona Márcia, no claro propósito de evitar o problema e, aliás, denotando naquela hora elogiável sinceridade na compaixão pela
(Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 133)  moça que supunha doente, convidou-a a examinarem, juntas, o primoroso estoque de “boutique” vizinha.
Marita aquiesceu, conformada, e o entendimento malogrado passou, superficialmente, valendo para nós por aviso grave, a fim de que reforçássemos todo o sistema de vigilância, no compromisso assistencial.
Transcorreram cinco dias, sem que aparecessem acontecimentos dignos de menção. Contava justamente uma semana de contacto com os novos amigos, quando, ao partilhar as inquietações de Neves, fui procurado por atencioso companheiro a quem solicitara
cooperação. Avisava-me de que certa senhora demandara o banco, procurando Cláudio no assunto que nos tomava a atenção.
Ao sol da manhã em giro alto, dirigi-me para o local, encontrando-a em pequena sala de espera, contígua a extenso escritório, no qual operosa equipe de funcionários desdobrava operações de contabilidade interna.
A dama aguardava Nogueira, ausente em serviço.
A recém chegada trajava-se com primor, exibindo, porém, o ar das mulheres que, depois de perderem as ilusões, acabam fazendo negócio dos prazeres que já não são mais capazes de usufruir.
Detínhamo-nos no exame despretensioso da personagem que tangenciava com a nossa história, quando Cláudio se apresentou, lépido e bem-posto. Junto dele, o acompanhante desencarnado, qual se lhe fora a sombra, não mais me admirando vê-los visceralmente associados, pensando e falando em absoluta simbiose.
Conheciam-se os dois, porquanto ele a nomeou, para logo, de madame Crescina, inclinando-se, familiar, para a conversação cochichada, demonstrando-se ambos naturalmente acostumados aos segredos que se transmitem, da boca ao ouvido. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 134)
Alguma novidade? – indagou ele, esfregando as mãos uma na outra, com o sorriso brejeiro de quem prelibava festas.
A visitante, contudo, falou, encabulada, dos motivos que a traziam.
Recebera-lhe Marita, a filha adotiva, horas antes, e, sinceramente – informava –, não conseguira subtrair-se ao obséquio que lhe suplicara com lágrimas.
Diante do interlocutor, atento, prosseguiu comunicando que a moça desejava encontrar-se, na noite próxima, com Gilberto, um rapaz que, vez por outra, lhe freqüentava o casarão. Escolhera para isso o compartimento separado, nos fundos, o número quatro,
por mais reservado e acolhedor. A pobre criança – acentuava, compadecida – formulara-lhe o apelo, em caráter confidencial.
Propusera-lhe a concessão, muito abatida, nervosa. Não pudera alhear-se ao pedido. Também tinha duas filhas no mundo, também
era mulher. Acedera.
Mas, não era só isso. Marita remunerara-a, com bondade, para encarregar-se de entregar um bilhete ao filho dos Torres.
E, perante os olhos espantados do amigo, que acumulava na curiosidade o anseio do vampirizador, a confidente arrancou da bolsa o documento pequenino, em que a jovem implorava ao namorado fosse vê-la, às oito da noite, no lugar indicado. Saberia não incomodá-lo, não tivesse receio. Rogava-lhe a presença e solicitava resposta.
Cláudio lia, lia, entre ciumento e indignado. Sim – refletia –, era o cúmulo do sarcasmo. Gilberto a governá-la daquela maneira!
O compartimento dos fundos, o número quatro!... Conhecia-o.
E esquisita coincidência! Era o recanto que ele também, por vezes, elegia para si próprio, quando buscava a pensão alegre de
Crescina, para entreter-se, descansar... Marita, sem saber, compartia-lhe as preferências!... O despeito comprimia-lhe o coração, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 135) enquanto o “outro” se demorava a enlaçá-lo, estampando no rosto larga expressão de astúcia.
A empreiteira de regalias noturnas cortou a pausa longa, repetindo que não lhe era lícito esquivar-se; entretanto, acrescentou, ladina, que ele, Cláudio, era cliente de sua casa e, por isso, colocava-o ao corrente dos fatos, não só por dever de lealdade aos fregueses, como também para evitar aborrecimentos, suscetíveis de atrair os olhos da polícia que nunca interferira nas acomodações e negócios que lhe diziam respeito.
Para isso, inteirava-o de tudo e pedia conselhos.
Nogueira reprimiu a cólera e vimo-lo interessado em concentrar-se mentalmente, esquadrinhando a cabeça, à cata de idéias.
Ignorando, embora, que se acostumara a absorver-se nas sugestões de uma inteligência estranha à dele, buscava-lhe, sequioso, os estímulos, supondo naturalmente que batia às portas da imaginação para desencravar os pensamentos.
Obsessor e obsidiado passaram a trocar impressões, de cérebro a cérebro. Alguns momentos de ajuste silencioso e mecânico, que um observador terrestre interpretaria como sendo vertiginosa fabulação, e os dois entraram em acordo implícito.
Alcançamos semelhante conclusão, pela rama, ao vê-los repentinamente asserenados, já que não me sentia capaz de verificar-lhes planos e intentos, forçado que me reconhecia a dividir atenções, entre eles e a recém-vinda, cujos informes e apontamentos não me cabia perder.
Cláudio esboçou um sorriso amarelo. Em seguida, agradeceu a gentileza de que se tornava objeto, passando a extravasar as alegações fantasiosas que começara a elaborar. Disse à amiga, surpresa, que Marita realmente assumiria, talvez em dias breves, compromisso de matrimônio com o rapaz e que, não obstante considerasse a entrevista mencionada pura irreflexão de

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O AGRADECIMENTO ETERNO - CHICO XAVIER

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA


A experiência é uma professora muito severa pois, primeiro ela aplica a prova e, só depois, ensina a lição
 

MENSAGEM DIÁRIA

Em Japonês, não existe a expressão BOA SORTE. A mais aproximada é ESFORCE-SE

Autor: Fábio Neves

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

O amigo, contudo, ponderou com razão que a filha se abeirava do transe final, que receava não dispor da serenidade precisa, caso fosse defrontado, sozinho, por obstáculos constrangedores.
Era humano, adorava aquela filha padecente. Queria afagá-la, alentá-la, conquanto não se presumisse com merecimento bastante
para estender-lhe apoio e consolação.
Não seria recomendável se mantivesse, em caráter permanente, no lar dos Torres, ao passo que me reservaria o compromisso de cooperar na pacificação dos Nogueiras.
Isso apenas por alguns dias, enquanto a liberação de Beatriz estivesse pendente.
Tanto quanto possível, por outro lado, poderia, de minha parte, tornar para junto dele, partilhando-lhe o clima da filhinha agonizante, onde nos acomodaríamos aos imperativos de nossa edificação moral, estudando e servindo, para mais amplo rendimento das horas.
Aquiesci, contente, àquelas nótulas sensatas.
Foi assim que, refeito, regressei, manhã alta, ao apartamento de Cláudio, no intuito de investigar, a sós, a paisagem que me pautaria o quadro fundamental de aplicação ao dever assumido.
Cabia-me conhecer as minudências, suscetíveis de adquirir maior importância, de momento para outro, esquadrinhar pontos de apoio, tomar contactos e, se possível, ouvir pessoalmente os dois irmãos desencarnados, que ali desempenhavam lamentável papel.
Entrei. Apenas Dona Márcia, conversando com a senhora que se incumbia das mais pesadas obrigações no recinto doméstico, a comentarem os tópicos engraçados de certo programa de televisão, que a família acabava de instalar, com espírito de novidade e alegria. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 129).
Tudo calmo, os vampirizadores ausentes. Limpeza e ordem.
Em dado instante, a figura de Marita invadiu-me o cérebro.
Afeiçoara-me à pobre menina. Era uma filha espiritual que me tocava resguardar solicitamente.
Desassossegado, precipitei-me para a rua e, a breve trecho, vi-a na loja colorida e simpática, ensaiando sorrisos para as freguesas bem-postas.
Abracei-a, paternalmente, expressando-lhe em silêncio votos de paz e otimismo. Ela respondeu, de modo instintivo, acalentando vagas idéias de reequilíbrio e esperança.
Registrava-se-lhe a melhora inequívoca.
O amparo magnético assimilado funcionara, eficiente. Ignorando por que motivo, acusava-se tranqüila, mais forte. Repousara, reconstituíra-se. Retomara o gosto pelo trabalho, palestrava animadamente, selecionando algodões estampados.
Nossa presença passou a despertar-lhe reflexões. Não obstante opinasse nisso ou naquilo, entre as clientes amigas, começou a pensar, pensar...
Depois de alguns minutos, pressionada pelas lembranças, caminhou para o telefone e chamou Dona Márcia, perguntando se
ela viria, na parte da tarde, a Copacabana, e, informada afirmativamente, rogou à mãezinha adotiva a procurasse, se possível, às quatro. Lanchariam juntas, tinha algo a dizer-lhe.
Concluí que significaria abuso incomodá-la no trabalho, em que se obrigava a retalhar atenções, através dos pensamentos descontínuos, e aguardamos a ocasião adequada, a fim de inteirarnos acerca de atividades ou problemas em que nos fosse possível desenvolver algum préstimo. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 130).
No horário previsto, acompanhamos mãe e filha até pequenino recanto de hospitaleira sorveteria, considerando a gravidade da tarefa de que fôramos investidos.
Postadas ambas em clima de segredo, Marita desafogou-se com dificuldade, começando a falar, discreta e humilde.
Que Dona Márcia lhe perdoasse os aborrecimentos daquela hora; entretanto, não tinha culpa. Não desconhecia a extensão da mágoa que lhe cortaria a alma, daria tudo para não feri-la, mas sentiria remorsos se não lhe contasse o sucedido. Hesitara muito, antes de resolver situá-la no assunto, adiantou, acanhada. Sentiase, porém, sua filha pelo coração, devia confiar-lhe tudo.
E, na ingenuidade de moça inexperiente, relatou a confissão que Cláudio lhe fizera, a descrever-lhe os modos, lance por lance.
Espantara-se, sofrera muitíssimo. Jamais esperava por semelhante
ocorrência. Tivesse parentes e não vacilaria mudar-se para evitar escândalos. Era, contudo, dependente, sozinha. A única família que possuía eram eles mesmos, os Nogueiras, cujo nome usava, orgulhosa, desde a infância. Andava desorientada, receosa. Pedia conselhos.
A interlocutora, todavia, escutara sorrindo, nem mesmo interrompendo, de leve, a deglutição da taça de creme, que saboreava, com requintes de paladar.
Tamanha impassibilidade esfriou a disposição da jovem, que passou a resumir, quanto pôde, as confidências e alegações que se inclinava a expender; e, com indizível surpresa, não somente para Marita que lhe aguardava, ansiosa, a palavra, mas igualmente para nós, que não contávamos com o ardiloso expediente de Cláudio, defendendo-se previamente, Dona Márcia patenteou, no semblante sereno, absoluta incredulidade e participou que o marido, na véspera, a convidara para conversação, à parte, comunicando-lhe certas apreensões. Dissera-lhe que, à noite, no entendimento mantido, não tivera coragem de mencionar o assombro que o (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 131)  perseguia, porquanto julgara prudente refletir sobre o acontecimento que tanto o penalizava, antes de avançar em qualquer conclusão.
Entretanto, após meditar, aturadamente, deduzira que ela, Marita, necessitava da proteção de um psiquiatra.
Dona Márcia perfilhou um tom de voz em que se conjugavam inquietação e advertência, e continuou informando, informando...
Dissera-lhe Cláudio haver experimentado imenso alívio, ao vê-la penetrando no quarto, na noite da antevéspera, porquanto, momentos antes, ao despertar a filha adotiva sonambulizada, fora assaltado por ela com muitos beijos, que lhe ouvira frases inconvenientes, que se forçara à reação, pelo que a esposa percebera as vozes com as quais tanto se assustara. Anunciara-lhe ter refletido suficientemente e acabara aceitando a hipótese de um desequilíbrio.
Rogara-lhe concurso para que um psiquiatra interferisse no problema. Assumiria ele a responsabilidade das despesas e, preocupado qual se achava, faria mais ainda... Envidaria esforços para que uma excursão à Argentina lhe restaurasse as energias, evidentemente alteradas.
Diante da estupefação que nos dominava, a senhora Nogueira tomou posição conselheiral.
Recomendou à menina procurasse esquecer, distrair-se. Explicou que não viera ao encontro, no intuito de abordar o caso.
Ante as alegações da filha, entretanto, não encontrava outra saída, além daquela em que lhe abria o coração. Esposa e mãe, defenderia a paz de todos. Não concordava em que se tomasse partido.
Cláudio, efetivamente, contraíra contas com ela, Dona Márcia, nas ingratidões de marido. Isso sim. Mas, no tocante às filhas, sempre tivera a conduta de pai exemplar. Nada justo incriminá-lo.
Tudo não passava de imaginação enfermiça dela própria, Marita.
Fase de moça namoradeira.

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PRECE ESPÍRITA - ALLAN KARDEC

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

MOMENTO DE REFLEXÃO

TRANSFORMADO, MAS NEM SEMPRE CONVERTIDO.

Durante a existência todos nós passamos por várias transformações.

Além das transformações que a idade nos traz, há aquelas causadas por doenças, e mais aquelas intelectuais e morais.

No geral, as transformações podem ser rápidas e passageiras, ou podem vir para ficar, dependendo do que as gerou.

Um acidente, por exemplo, pode causar transformações passageiras ou duradouras, dependendo das circunstâncias e das consequências que acarrete.

Se do acidente resultou uma limitação física, uma paralisia qualquer, nosso comportamento pode mudar radicalmente, tanto em nível físico quanto psicológico.

Um fato ou uma circunstância também pode ser agente de transformação em nosso comportamento.

Quando vemos, nos tempos de inverno, uma pessoa tremendo de frio, o fato nos leva ao sentimento de compaixão e há uma transformação moral, uma vez que sentimos vontade de atender ao próximo.

No entanto, essa transformação necessariamente não será duradoura. Nem sempre fica para sempre em nosso comportamento.

As transformações intelectuais se dão no campo das ideias. Lemos um livro e nos deixamos influenciar pelas ideias do autor.

Assistimos um filme e transformamos nossa maneira de pensar e agir. Folheamos uma revista de moda e nos deixamos levar pela proposta dos modistas.

Ou ainda, assistimos a determinados programas ou novelas e transformamos nossa maneira de vestir e falar, segundo os personagens.

Essas transformações surgem do exterior e são temporais, passageiras, acabam juntamente com as causas que as provocaram. Logo vem outra ideia, outra moda.

Contudo, distinta das transformações ditas psicológicas, há a chamada conversão cristã, que é efetiva e duradoura.

Essa conversão pode acontecer aos poucos ou de uma única vez, instantaneamente.

Um exemplo de conversão instantânea é a que se passou com Saulo de Tarso. Ele não hesitou ante a visão que teve do Cristo, às portas de Damasco.

Jamais voltou atrás, sua conversão foi efetiva. Mudou até mesmo seu nome para Paulo de Tarso, por ter este um significado condizente com sua nova postura, pois que Paulo significa "o pequeno".

O mesmo não se deu com Pedro, o Apóstolo. Sua conversão se deu paulatinamente. Seu temperamento era distinto do de Paulo.

Ele não aceitava as ideias novas sem antes questioná-las até entendê-las.

Eram espíritos em estágios evolutivos diferentes. Paulo, antes de conhecer o Mestre de Nazaré, já era um homem austero e fiel à sua crença.

Lutava com decisão e coragem por suas ideias.

Quando encontrou Jesus, só mudou a direção dos ideais, já que a firmeza fazia parte da sua vida.

Tomé foi outro exemplo de conversão paulatina. Questionou várias vezes, observou outras tantas, convenceu-se enfim. Mas levou mais tempo.

Nesse pequeno paralelo traçado entre as transformações e a efetiva conversão cristã, poderemos perceber em qual nos situamos.

É importante que nos deixemos influenciar pelas idéias saudáveis de autores nobres.

Também é importante que nos deixemos envolver pelo sentimento de compaixão, ainda que fugidio.

Mas é imprescindível que pensemos nos exemplos de conversão cristã, e empreendamos esforços por conseguir nossa própria conversão, que certamente está se dando paulatinamente. Mas que seja contínua e persistente.

* * *

Maria de Magdala é um dos maiores exemplos de conversão cristã, contida no Evangelho.

É também um dos exemplos mais nobres, uma vez que a mudança foi radical, passando de uma vida dissoluta à renúncia total.

Ela doou tudo o que tinha e abraçou a causa cristã com vontade e disposição. Não foi outro o motivo pelo qual Jesus se mostrou a ela após a ressurreição.

Redação do Momento Espírita.

PENSAMENTO DO DIA

A provação vem, não só para testar o nosso valor, mas para aumentá-lo, o carvalho não é apenas testando, mas enrijecido pelas tempestades

Autor: Lettie Cowman

MENSAGEM DIÁRIA

Tentar não significa conseguir. Mas, certamente, todos os que conseguiram tentaram..

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 12

Neves e eu permutávamos conjeturas, quando alguém nos abraçou, de afetuosa maneira.
Era o irmão Félix, a despedir-se.
Espírito admirável pela abnegação e pela ciência, reverenciado por todos os seareiros do bem, onde passasse, em se referindo aos protagonistas do drama familiar que se nos oferecia à atenção, apresentava os olhos marejados de pranto.
Via-se-lhe, não somente a piedade fraterna, mas também o imenso amor àquelas quatro almas, reunidas ali, naquele aprazível recanto do Rio.
Parados, agora, respirando as aragens que encrespavam docemente as águas da Guanabara, enquanto o céu da madrugada
imprimia mais amplo realce às estrelas, enternecia-nos reconhecer-lhe o paternal carinho, qual se fora um homem comum descansando conosco, à frente do mar.
Tão grande e tão puro o devotamento de que dava mostras, ao descerrar-nos os tesouros do coração, através das palavras, que o próprio Neves, irrequieto às vezes, ao escutar-lhe as apreciações, cumpria espontaneamente o que prometera. Nenhuma observação impulsiva, nenhuma interjeição impensada.
A atitude do instrutor, ao deter-se nas lutas escabrosas do plano físico, educava cativando. Elevação em cada frase, luz do sentimento em cada idéia.
Conquistava, sem pedir, o nosso interesse na prestação de assistência voluntária ao lar de Cláudio, cuja estabilidade periclitava, na conceituação dele mesmo.
Compadecia-se – elucidava, prestimoso – daquelas quatro criaturas, atiradas ao oceano da experiência terrestre, sem a bússola (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 125) da fé. A princípio, esforçara-se por abrir-lhes um caminho espiritual, mas debalde. Afundavam-se em profunda névoa de ilusão, hipnotizados pelas gratificações transitórias dos sentidos carnais, ao jeito de passarinhos agarrados à casca apodrecida de um fruto, sem a mínima disposição de consultar a saborosa riqueza da polpa.
Descobrindo algo mais à própria intimidade, relatou-nos que vira Cláudio renascer, que acompanhara Dona Márcia no berço, que seguira, de perto, a reencarnação de Marina e Marita, deixando ver nas reticências as lágrimas que semelhantes realizações lhe haviam custado, sem alardear virtude ou superioridade, em torno dos empeços vencidos.
Hipotecara dedicação, amizade, confiança e tempo, a fim de entrosá-los em alguma obra de benemerência, de maneira a cultivar-lhes a espiritualidade latente; no entanto, Cláudio e Márcia, de novo no estágio físico, sob o esquecimento inevitável e providencial do pretérito, haviam recapitulado certas experiências infelizes.
No mundo espiritual, antes de recomeçarem o trabalho terrestre, analisando as necessidades e os remorsos que lhes atenazavam
as consciências, haviam prometido empregar o prêmio da internação no veículo carnal, edificando a sublimação íntima e corrigindo excessos de outras épocas, através do suor no serviço ao próximo; contudo, imperfeitamente chegados à juventude das forças corpóreas, tinham abraçado paixões que lhes frustravam todas as possibilidades de libertação próxima. Ele, Félix, e outros companheiros empenhavam-se em auxiliá-los, mas infrutiferamente. Os quatro resistiam a toda espécie de sugestão reparadora; repeliam, de pronto, qualquer projeto construtivo.
Nobres amigos de outras eras, aplicados a estender-lhes apoios preciosos, acabaram desiludidos, largando-os ao próprio arbítrio.( Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 126).
Cláudio e Márcia, principalmente, ao elegerem o dinheiro e o sexo desgovernados por chaves dos próprios dias, nada mais estavam conseguindo que desajustar os fundamentos da tranqüilidade doméstica. Em razão disso, Marina e Marita não obtinham alicerces para a felicidade real. Jovens ainda, complicavam-se as duas em perigos e tentações, de que muito dificilmente se desvencilhariam, sem dolorosas marcas na alma.
Tamanha se evidenciara a rebeldia de Cláudio que, naquela hora significativa e ameaçadora da existência, não contava, além da Providência Divina, senão com raros amigos. Ainda assim, esses amigos – acrescentava modesto, certamente ponderando quanto às dificuldades dele mesmo – não se viam com direito a solicitar socorros especiais e, absorvidos por responsabilidades numerosas, achavam-se na contingência de apenas dispensar-lhe auxílios esporádicos, incertos.
Compreendemos onde o benfeitor categorizado e humilde se propunha chegar e adiantamo-nos, prometendo nossa adesão decidida ao programa assistencial que ele delineasse.
Dispúnhamos de oportunidade, não nos seria difícil.
Além do tempo que me era lícito despender, atento à concessão dos meus superiores para colaborar em apoio de Neves, possuía um requerimento em trânsito, junto das autoridades competentes, para que me fosse concedido um estágio de dois anos, em alguma das organizações destinadas, em Nosso Lar4, aos serviços de psicologia sexual, com finalidades reeducativas, e ciente de que ele, irmão Félix, responsabilizava-se pela direção de um dos melhores institutos desse gênero, pedia-lhe, por minha vez, me endossasse a petição.
4 Cidade consagrada à educação e ao reajustamento da alma, no Plano Espiritual. (Nota do Autor espiritual) (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 127)
Sentir-me-ia feliz com o ensejo de estudar e trabalhar, assimilando-lhe a experiência e recebendo-lhe o patrocínio.
O instrutor reafirmou a sua simplicidade, declarando que a obra pela qual respondia talvez não pudesse satisfazer-nos a expectativa, mas obrigava-se – acentuava Félix, sem alarde – a favorecer-nos os estudos que intentaríamos.
Notando-me o entusiasmo, Neves não vacilou compartilharme os propósitos.
Faria requisição idêntica.
Nosso interlocutor, comovido, esclareceu que isso vinha reconfortá-lo, sobremaneira, porque, atendendo a ditames de afetividade e reconhecimento, alcançara permissão para recolher Beatriz, em sua própria residência, tão logo a esposa de Nemésio pudesse retirar-se da esfera física, depois da desencarnação.
Hospedá-la, junto de Neves, o genitor que a filha jamais apartara da lembrança, ser-lhe-ia contentamento enorme.
Ambos desfrutariam abençoada convivência, regozijar-se-iam unidos, recordando o passado e articulando novos planos de trabalho e alegria.
Enquanto o devotado coração paterno se desmanchava em agradecimentos, Félix se despediu, afetuoso.
Demandando algum refazimento, esboçávamos projetos, ideando medidas de ação.
Manifestava-se Neves tocado de energias e esperanças novas.
Aguardaria a filha, sim, confiante no futuro. Almejava o reequilíbrio total, ansiava reeducar-se, a fim de lhe ser mais útil. Empregaria todos os recursos, de modo a ampará-la, fortalecê-la.
Eufóricos, deliberamos concentrar, a partir do dia que se anunciava, todas as nossas atividades de vigilância ao lado de Dona Beatriz, prestes a se desobrigar das células doentes, e, (FranciscoCândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 128) certificando-nos de que a moradia dos Nogueiras reclamava plantão, urgia revezar-nos em serviço.

CONTINUA AMANHÃ

CURA ESPIRITUAL

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA

A dor é uma advertência, assim como os pequenos prejuízos nos negócios, nos ensinam a ser prudente

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Não bloqueie sua mente para suas realizações

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ

CONTINUAÇÃO

respondia, com admirável senso materno, sem a menor expressão
de chiste ou desagrado, qual se palestrasse com uma filha doente,
procurando reajustá-la dentro de amorosa solicitude, comportamento esse com que nos impelia à imitação. Nem Neves e nem eu nos sentíamos, dessa forma, inclinados a considerar, de maneira negativa, nenhuma daquelas frases francas de menina e moça, que lhe denotavam os estímulos sexuais, limpos e inocentes, convertendo-a, naquela hora, em criança extrovertida.
Alcançando o recinto de atividades espirituais que se nos erguia por meta, fomos acolhidos pelo irmão Félix, em pessoa, acompanhado de mais dois amigos.
O instrutor inteirou-nos de que nos recebera o comunicado,
acentuando, modesto, que, dispondo de algum tempo, deliberara vir, ele próprio, examinar o que sucedia.
Marita contemplou-o extática, indiferente, figurando-se aparvalhada, absolutamente inepta e distante para avaliar a importância do sábio que a brindava com paternais gentilezas.
Mentalmente encravada nas recordações do jovem Torres, as indagações que propunha dariam decerto para escandalizar, não estivéssemos preparados a fim de auscultar-lhe os conflitos.
Amparada por Félix que nos dirigia, tolerante, entrou no edifício,
inquirindo se havia chegado, por fim, ao clube onde comumente surpreendia Gilberto; encaminhada ao compartimento espaçoso, em que recolheria o necessário socorro magnético, quis saber o motivo pelo qual se imprimira tanta mudança ao salão de baile; mirando, distanciada, pequena equipe de servidores desencarnados, que desenvolvia tarefa assistencial, em ângulo oposto, alegou que a orquestra não devia adotar silêncio contínuo, e, escutando as buzinas que guinchavam, na rua, procurou descobrir se Gilberto vinha chegando para dançar. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 122).
De raciocínio obliterado, qual se achava, lobrigava por fora as criações mentais que arquitetava por dentro, sem ligeira noção da
realidade exterior.
Félix, no entanto, ouvia-lhe todas as manifestações inconsideradas, com a ternura de um pai. Grave sem aspereza, compreensivo sem atitudes açucaradas que lhe comprometessem a autoridade de educador. Replicava sempre entre a bondade e a circunspeção devidas a um enfermo, abstendo-se de melindrar-lhe os sentimentos ou de encorajar-lhe as ilusões.
Instalando-a em ampla cadeira, fê-la descansar na hipnose
tranqüila.
Calou-se Marita, ilhada nas memorizações em que se comprazia, ao passo que o instrutor lhe ministrava passes balsâmicos.
A operação magnética foi longa, minuciosa.
Em seguida, Félix rogou-lhe falar, expondo o que mais anelasse de nós, ao que a moça gaguejou acanhada, suplicando a presença de Gilberto e asseverando que alimentava dúvidas sobre se aquele era realmente o grêmio em que se entrevistavam... Pediu socorro, proteção... Inclinou-se para Percília, no impulso da criança, quando tem fome do colo materno, e chorou, de manso, como a implorar que não a detivéssemos.
O irmão Félix, compassivo, informou-nos, sem que a paciente lhe penetrasse o fundo das elucidações, que, infelizmente, a intervenção efetuada em favor dela não poderia ultrapassar a superfície, prevalecendo tão-só para a sustentação do repouso físico; que a paixão juvenil se convertera em psicose grave; que a pobre menina se deixara arrastar pelo desvario afetivo, a ponto de cair no pior tipo de possessão, aquele no qual a vítima adere, gostosamente, ao desequilíbrio em que se consome.
E acentuou que lhe consultara o organismo, no sentido de se
lhe atalhar a alienação mental começante, com o socorro de alguma (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 12) enfermidade séria que, ao arrojá-la no leito, lhe modificaria a mente, predispondo-a a diferentes impressões; entretanto, o corpo da jovem não se mostrava habilitado a receber esse gênero de amparo. Marita, sumamente desorientada e enfraquecida, desencarnaria no desajuste orgânico mais pronunciado que viesse a sofrer, em caráter providencial. Não surgia outra alternativa, senão a de esperar pela resistência moral dela própria.
Convidados a escoltá-la até a casa, Neves, Percília e eu colocamo-
nos, de volta.
Marita não revelava aspecto algum para melhor, quanto à condição mental, mas o auxílio magnético surtira efeito imediato e salutar, porquanto, reajustada ao corpo denso, passou a repousar sem agitação, pelo que deixamo-la a dormir profundamente.
Despedimo-nos de Percília, ante o céu estrelado, e, de novo a sós, talvez porque me sentisse a indagação inarticulada, Neves confidenciou:
– André, você conhece essa senhora?
E, ao meu sinal negativo:
– Essa é a mesma que eu vi no cabaré, quando agredi meu genro, num gesto impensado; a desconhecida que me apoiou, no regresso ao aposento de Beatriz, apenas com a diferença de que hoje não traz consigo o distintivo luminoso... Mas, não tenho dúvida alguma. É a mesma pessoa...

COBNTINUA AMANHÃ

O DOM ESQUECIDO

terça-feira, 2 de agosto de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Leva tempo para alguém ser bem sucedido porque o êxito não é mais do que a recompensa natural pelo tempo gasto em fazer algo direito

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Seja cortês com todos, sociável com muitos, íntimo de poucos, amigo de um e inimigo de nenhum

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 28

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 12

Colaborando nós na assistência a Dona Beatriz, que enlanguescia sempre, tornamos a ver Marita, no encerramento da tarefa diária.
Chegara novembro com chuvas torrenciais.
Naquele dia, depois de algumas horas marcadas de canícula intensa, nuvens gigantescas ocultaram os picos, abreviando o crepúsculo, que se adensava, abastecido de água e névoa. Copacabana molhada, nas horas de movimentação culminante, acentuara a algazarra. Todo o povo que transitava nas ruas parecia disputar a melhor num concurso de pressa. Maratona improvisada.
Veículos despejavam filas enormes de pessoas, evidentemente sequiosas de tranqüilidade doméstica, que vinham do norte e do centro, carros fonfonavam no espelho irrigado do asfalto, pedindo vez. Transeuntes encapuzados acotovelavam-se, esperando as conduções que vinham do extremo sul.
A filha adotiva de Cláudio alcançou o vasto edifício, arrostando
o aguaceiro.
De Copacabana ao Flamengo, o trajeto de ônibus, tão logo iniciado, fora rápido, e do coletivo até a casa o trecho de caminho constara simplesmente de alguns passos; contudo, mesmo assim, despiu a capa, diante do elevador, como quem deixava a piscina.
Tudo frio e sombra, em torno; entretanto, mais dolorida que a tarde caliginosa, surgia-lhe a alma atormentada, através dos olhos
pisados de cansaço e vigília.
De subida, a vizinha solicitou-lhe a atenção para os adornos leves que carregava numa cesta de arame. A jovem, chamada a si, examinou ligeiramente os papéis pintados para festiva noite de aniversário, em apartamento próximo, pronunciou automaticamente breves palavras de admiração e ensimesmou-se, abafada, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 118) para somente aliviar-se, de algum modo, ao reconhecer-se no recanto familiar.
Ninguém a esperava.
Sozinha, estirou-se no leito, procurando recapitular os acontecimentos da véspera, mas o estômago reclamava alimento.
Recordou que varara o dia em absoluto jejum. Levantou-se. Consultou os recursos da copa; entretanto, os pratos que haviam sobejado não lhe acordaram o apetite. Não obstante a temperatura
baixa a se lhe refletir nas mãos álgidas, sentia excitação, calor.
Fatigara-se de pensar, trazia os nervos tensos. Desejou mate frio.
Abriu a geladeira e serviu-se. Parou os olhos pestanejantes no telefone a distância curta. Não se conteve. Discou. Da residência dos Torres, porém, uma voz imprecisa informou que Gilberto saíra, não estava. Ela esmoreceu ainda mais ...
Arrastou-se, tornando ao quarto, e descerrou a janela. Queria desafogar-se no ar fresco.
Debruçou-se no parapeito, contemplando a cidade, lá em baixo.
Sob a chuva, os automóveis figuravam-se animais fugitivos.
A moça refletia, refletia... Mirando o casario iluminado, deduziu que milhares de pessoas aí se aglomeravam, suportando talvez problemas piores ou semelhantes aos dela, inquirindo, em vão, de si mesma, o porquê de encontrar-se tão entranhadamente agrilhoada a Gilberto, quando centenas de rapazes respiravam, não longe, com excelentes predicados para lhe interessarem o coração.
Sentia-se desalentada, insatisfeita. Aspirava a entreter-se, fugir de si mesma.
Inutilmente fez menção de envergar um casaco e descer à rua, a fim de se distrair, apesar do mau tempo. Entretanto, não era apenas a chuva copiosa que lhe frustrava os impulsos. O espírito almejava deslocar-se, o corpo não. Exacerbação e fadiga. Tentou (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 119)  engolfar-se na leitura, reacomodando-se no leito, depois de apanhar uma novela, em que o marcador lhe indicava o lance interrompido, mas lembrou-se de Cláudio. O pai adotivo raramente atrasava e, desde a véspera, não conseguia recordá-lo sem temor.
Reergueu-se e preparou-se para o descanso. Precavida, apagou todas as luzes. Quando chegasse, decerto acreditá-la-ia distante.
Trancada agora na sombra, atirou-se à cama, com o abandono de quem larga um fardo importuno, e passou a meditar... Realinhavou na memória todas as esperanças e sonhos, provas e inibições da existência curta, deitando lágrimas no linho do travesseiro.
Daí a instantes, escutou os passos do chefe da casa, que se movia de uma peça para outra. Pela sutileza do andar, percebeu quando Cláudio veio, muito de leve, espreitar-lhe o aposento.
Experimentou a maçaneta, mas não insistiu. Ela e Marina guardavam o hábito da vedação, ao se ausentarem à noite. Ouviu o barulho inconfundível da garrafa em atividade e, logo após, assinaloulhe o regresso à rua, ao mesmo tempo que lhe notava o nervosismo pela maneira violenta de cerrar a porta, ao sair. Aliviada, fez-se menos inquieta.
Marita achava-se realmente só, de vez que até mesmo os dois vampirizadores do apartamento, ao que presumíamos, andavam fora, ajustados ao companheiro.
Horas passaram, lentas, difíceis... Onze em ponto, quando Neves e eu nos dispusemos ao socorro magnético. Oramos, exorando a bênção do Cristo e o concurso do irmão Félix, a beneficio da moça exausta.
Mobilizamos as possibilidades de nosso âmbito estreito.
Ela, a princípio, reagiu negativamente, empenhando-se na vigília,
mas cedeu, enfim. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 120)
Operamos, cautelosos, reduzindo-lhe a capacidade de movimentação, obrigados que nos víamos a prever-lhe o intento de
reunir-se a Gilberto, qual sucedera na véspera.
Efetivamente, desligada do corpo, expressou completo alheamento, sem manifestar o mínimo interesse pelo ambiente.
Absorvida na paixão que lhe empalmava todas as forças, monologava, ideando alto:
– Gilberto! Onde está Gilberto?
Tentou equilibrar-se; entretanto, rodopiou, vacilante.
– Alguém que me ampare! – mendigou, aflita – preciso encontrá-
lo, encontrá-lo!...
Apoiamo-la, prestos.
Iniciávamos a saída quando se abeirou de nós simpática senhora desencarnada, declarando-se mensageira do irmão Félix, que nos esperava num posto socorrista.
Prestimosa, abraçou a paciente com o jeito característico da mulher e pusemo-nos mais facilmente a caminho.
Demandaríamos bairro próximo, onde respeitável instituição espírita-cristã nos ofereceria aconchego – instruiu a recém chegada, que se nos apresentara sob o nome de irmã Percília.
Notei que Neves e ela permutaram delicadezas mudas, revelando conhecimento anterior. Percília, contudo, não se demorou em qualquer consideração individual. Mais entregue ao trabalho que a si mesma, conversou com a frágil menina, encorajando-a.
Esforçava-se por descentralizar-lhe a atenção, apontando quadros
e ocorrências do trajeto, sem resultado. A moça não apresentava outros pensamentos, palavras e objetivos que não fossem Gilberto.
Fascinação, enredando todos os reflexos. A cada apontamento afetuoso, revidava perguntando em que lugar e a que instante seria finalmente conduzida à presença dele, ao que a

CONTINUA AMANHÃ

UM POUCO DE FERMENTO - CHICO XAVIER E EMMANUEL

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

MENSAGEM SEMANAL

CRÍTICA

Diante dos acontecimentos chocantes do dia-a-dia e face a determinados comportamentos equivocados que recebem aplauso geral, vem-te a tentação de criticar. Algumas palavras bem colocadas, e serão suficientes para desmascarar mandatários inescrupulosos e indivíduos subservientes de conduta vil. Quase todas as pessoas do círculo onde eles se movimentam, conhecem-lhes as falhas. Não obstante, sorriem com falsa anuência em relação à sua forma de viver, quase os detestando. Tu, que procuras ser honesto contigo mesmo e com o teu próximo, ficas magoado, desejoso de te referires às deficiências que caracterizam essas pessoas e esses fatos. Este procedimento em nada ajudará aos criticados, que se irritarão, carregando-se de ódio contra ti e passando a perseguir-te, piorando a própria situação. A crítica ácida, inspirada pela revolta ou pelo ressentimento, não contribui para a mudança das pessoas ou das ocorrências examinadas. Ninguém gosta de sofrer críticas, mesmo quando merecidas. A palavra gentil de ajuda e de esclarecimento produz melhor efeito do que a acusação irada, a censura severa. A tua melhor maneira de criticar o erro será agir com acerto, diferenciando-te pela forma de atuar, em relação àquele que se comporta irregularmente. A força da retidão se expressa pela conduta, muito mais do que através das palavras. Evita a crítica, forma sutil de vingança e, não raro, de despeito sórdido. A tua vida deve tornar-se uma lição viva de correção e dignidade, sem que estejas apontando os erros e debilidades alheios.

Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Episódios Diários / 29/07/2011

PENSAMENTO DO DIA

Sorria. Sorrir abre caminhos, desarma os mal-humorados, contamina. Mas sorria com a alma, não apenas com os lábios

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DO DIA

Felicidade é igual a uma borboleta: quanto mais você corre atrás, mais ela foge... daí um dia você se distrai e ela pousa em seu ombro

Autor: Desconhecido