sábado, 8 de dezembro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Porventura há para mim alguma coisa dificultosa (Jer 32,37), ou sou semelhante àquelas que dizem e não fazem? 
 
Onde está a tua fé? 
 
Tem firmeza e segurança! 
 
Mostra-te corajoso e magnânimo, e a seu tempo te virá a consolação. 
 
Espera por mim, espera! 
 
Virei e te curarei. 
 
É tentação o que te atormenta, é temor vão o que te assusta. 
 
Que ganhas com a solicitude de um futuro contingente, senão que tenhas tristeza sobre tristeza? 
 
A cada dia basta seu fardo (Mt 6,34). 
 
Coisa vã e inútil é entristecer-se ou regozijar-se com as coisas futuras, que talvez nunca venham a realizar-se. ( Como se há de pedir o auxílio divino e confiar para recuperar a graça)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.


PENSAMENTO DO DIA



Não importa o que tiraram de você, o que importa é o que você vai fazer com o que sobrou.
 

MENSAGEM DO DIA



Nada é eterno. Nem mesmo os deuses que dependem de nossa memória para sobreviver.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

próprio pai, que Gilberto se modificou, perante aquela brandura inesperada. Supunha ouvir um outro Nogueira, mais velho, mais amigo... Emocionado, agradeceu e chegou a pedir-lhe não o abandonasse.
   Verificava-se agora sozinho. O genitor era bom, generoso, mas homem de negócios. Cabeça cheia. Sentia necessidade de alguém que o inspirasse, que lhe estendesse as mãos. Estimaria encontrá-lo, ouvi-lo mais vezes.
       Percebeu que Cláudio lhe falava em tom de lágrimas, agradecendo-lhe o apreço. Aquilo como que lhe insuflava confiança nova naquele homem com quem se entendera, dias antes, mas de modo imperfeito.
    Nogueira, submisso, consultou acerca de Márcia. Provavelmente que, em se afastando para Petrópolis, a esposa lhe teria deixado o telefone. Gilberto confirmou. Dona Márcia, ao viajar, solicitara-lhe atenção para Marina. Se a menina piorasse, que fizesse o obséquio de chamá-la, incontinenti. E ao expressar-lhe semelhante recomendação, declarara que lhe passava a incumbência e não ao marido, por sabê-lo ocupado no hospital.   
      De posse das informações, Cláudio agradeceu de novo e repôs o fone no gancho. Em seguida, confiou-se à meditação. Pelo tom da conversa, o rapaz se alterara de todo. Em tudo o que expusera, media as frases. Cerimonioso, desencantado. E que teria desejado dizer com aquelas duas palavras certas coisas? Ele, Nogueira, sentia-se renovado; entretanto, a experiência do pretérito
constituía-lhe o fundo da grande transformação. Não ignorava que a filha se arriscava a dualidade perigosa, na aventura afetiva.
    Convencia-se de que algo de muito grave teria ocorrido. Era bastante maduro para não desconfiar de que pai ou filho houvesse apanhado algum flagrante desagradável. Deduzia que a jovem baqueara, caindo em abatimento, como quem achara nisso a deserção de si mesma. Pensou nela e compadeceu-se. Afinal, não se fizera crente para censurar. Aspirava a compreender, servir. Sabia agora que a obsessão provocava tragédias. E ele mesmo, que nunca auxiliara a filha, na edificação da vida íntima, não podia queixar-se. Cismou, cismou e, depois das dez, chamou a esposa.
        Dona Márcia respondeu.
       Interpelada, comunicou estar descansando, junto de pessoas amigas. Ciente da morte de Marita, confessou-se aliviada. Não a desejava sobrevivendo ao desastre, deformada como a vira. Alinhou comentários desairosos, fez chiste.
     Pela inflexão com que se manifestava, o esposo reconheceu-a num dos dias mais infelizes. Sarcasmo em cada sílaba. Irritação à mostra.
        Cláudio apequenou-se, rogou desculpas. Não queria interromper-lhe a excursão. Não conseguia, porém, sossegar-se quanto à filha doente. Se possível, ensinasse a ele o melhor caminho de visitá-la com urgência. Solicitava-lhe o nome dos médicos amigos.
         Esperava colher-lhes a opinião.
         A palavra dele deslizava tão mansamente no fio que a interlocutora mudou de jeito. Amaciou-se. Informou que precisava completar informações com amigas, que ele, Cláudio, aguardasse um minutinho.
         Transcorridos instantes breves, voltou participando que viria ao Rio, na manhã seguinte, a fim de conversarem. Guardava “certos assuntos” para tratar com ele, mas preferia falar-lhe de boca a boca. Que ele a esperasse no Flamengo. Chegaria cedo, de automóvel, apenas com o objetivo de vê-lo e retornar ao hotel serrano em que repousava.
Efetivamente, no dia imediato, antes das nove da manhã, logo após entender-se com Dona Justa, em matéria caseira, viu-se o bancário defrontado pela esposa.
    Dona Márcia parecia regressar de outro país. Adereçada, sorridente.
         Os cabelos em penteado excêntrico realçavam-lhe a graça, remoçando-a inteiramente. Harmonizava-se a maquilagem com o róseo do vestido novo. O porte se lhe erguia nos sapatos de salto alto, com a esbelteza da cegonha jovem, quando caminha descuidada em campo livre. Exibia cores, desfilava perfumes.
          Contudo, a flor humana em que se metamorfoseara não escondia para nós as larvas que a carcomiam. Jazia Dona Márcia assessorada por pequena corte de vampirizadores desencarnados que lhe alteravam a cabeça.
        Mesmo à nossa frente, que nos acostumáramos a identificá-la por matrona difícil, mas ajustada ao lugar que as conveniências lhe indicavam, surgia quase irreconhecível.
           Metalizara-se-lhe a voz, o olhar fizera-se mais frio.
De entrada, cumprimentou o marido e Dona Justa com ademanes de protetora complacente.
         Assustou-se Nogueira. Não compreendia. Padeciam em casa a provação de uma filha morta e outra enferma... Por outro lado, Márcia, pelo fio, anunciara-se esfalfada. De que maneira se amoldava a uma excursão, assim festiva? Instintivamente, recordou Gilberto preocupado com “certas coisas” e a própria esposa prometendo-lhe “certos assuntos” e, apreensivo, perguntava-se que sucessos ocultos se lhe vedavam ao coração...
       A recém-chegada sentou-se, cruzando as pernas com desenvoltura juvenil, e, sem mais aquela, reportou-se à pressa que trazia.
          Nogueira indagou por Marina.
          Dona Márcia, evidentemente interessada em outros problemas, sintetizou, quanto pôde, a história da enfermidade, indicou o psiquiatra que respondia pelo caso, aludiu ao conforto de que a filha se rodeava na casa de saúde e exalçou a generosidade do senhor Torres, que não calculava sacrifícios para que lhe sobejasse assistência. Comentou largamente a nobreza do viúvo de Dona

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DIVALDO FRANCO - MARIA DE NAZARÉ - PARTE 3

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

CONSELHO DO DIA




Este é o conselho que a Imitação de  Cristo lhe dá para hoje:
 
Renuncia ao desordenado desejo de saber, porque nele há muita distração e ilusão. 
 
Os letrados gostam de ser vistos e tidos por sábios. 
 
Muitas coisas há cujo conhecimento pouco ou nada aproveita à alma. 
 
E mui insensato é quem de outras coisas se ocupa e não das que tocam à sua salvação. 
 
As muitas palavras não satisfazem à alma, mas uma palavra boa refrigera o espírito e uma consciência pura inspira grande confiança em Deus. (Do humilde sentir de si mesmo).

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.


PENSAMENTO DO DIA




O fracasso é sucesso quando aprendemos com ele.
 

MENSAGEM DIÁRIA




Aquilo que escuto, eu esqueço. Aquilo que vejo, eu lembro. Aquilo que faço, eu aprendo.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO 

CAPÍTULO 8

Satisfazendo a recomendações de Félix, que nos esperava a cooperação, junto de Cláudio e Marina demoramo-nos no Flamengo, ao pé do amigo que a consternação abatia.
Entregue a si mesmo, sem qualquer consolação humana, Nogueira refletiu e compreendeu. Havia lido bastante. Conversara o suficiente com Agostinho e Salomão. Não lhe cabia escusar-se à verdade. Recolhera a fé por misericórdia da Bondade Divina; entretanto, a Divina Justiça não poderia forrá-lo à solidão que ele mesmo plantara.
Represava-se-lhe o coração de saudades da filha que o túmulo escondera. Aquela quinzena de hospital unira-os em espírito para sempre. Ao lado de Marita, obtivera a luz da renovação. Doía-lhe pensar que não mais experimentaria o conforto de carregá-la, sustentá-la, socorrê-la...
Abatido, sentou-se e chorou.
A noite avançava e Márcia não aparecia.
Telefonou, discreto, para vizinhos de Dona Justa. A servidora, chamada por obséquio à residência de amigos, veio atender.
Informou-se da desencarnação de Marita e lamentou não haver conseguido a notícia, antes, com o tempo necessário para assistir-lhe ao funeral. Esclareceu que a madama subira a Petrópolis, sem precisar o regresso. Dona Márcia alegara cansaço, depois da internação de Marina para tratamento, e avisara-a de que pretendia passar alguns dias na serra, ganhando forças. Ela, Dona Justa, segundo o combinado, comparecia, pela manhã, no apartamento, e folgava à tarde.
Nogueira perguntou pelo estabelecimento, onde se achava a filha doente; no entanto, a servidora respondeu com sinceridade que não sabia. Dona Márcia não lhe fornecera informações. Aliás, solicitava licença para inteirá-lo, sem a menor intenção de afligilo, de que julgava a patroa também esgotada. Parecia nervosa, enferma.
Cláudio agradeceu e tomou o catálogo telefônico.
Pediu, infrutiferamente, ligação para conhecida casa de repouso em Santa Teresa. E seguiu procurando pelo fio, até que na sexta pesquisa encontrou o que buscava. Enfermeira prestimosa, com quem Dona Márcia deixara endereço, respondeu de uma casa de saúde, localizada em Botafogo, notificando que Marina aí se hospedava. As visitas, no entanto, mesmo para os familiares, estavam proibidas. A moça andava em crise, sob a atenção dos médicos.
Mesmo na condição de progenitor, que ele fizesse a gentileza de ouvir a administração, antes de procurar pessoalmente avistála.
Cláudio acolheu-se à poltrona, a fim de pensar. Restava a casa dos Torres. Gilberto, com certeza, poderia elucidá-lo; entretanto, a figura do rapaz assomava-lhe à imaginação semelhante a bisturi que lhe retalhasse uma chaga mental. Rememorava a entrevista do Lido, em que lhe ilaqueara a boa-fé, e envergonhavase.
Meditou, meditou. Examinou-se sem compaixão para consigo e acabou inferindo que, se quisesse realmente apresentar personalidade nova, não lhe cabia isentar-se das conseqüências que as passadas faltas lhe propunham.
Consolidado o raciocínio, não mais vacilou.
Recorreu ao fone com escassa esperança de ouvir o rapaz, já que o relógio assinalava mais de nove da noite, mas o moço atendeu.
Não obstante acanhado, Cláudio expressou-lhe o pesar pelo falecimento da genitora, ao mesmo tempo que lhe comunicava a perda de Marita.
Figurou-se-lhe Gilberto deprimido, torturado.
O filho de Nemésio confessava-lhe desconhecer, não só a extensão do acidente, mas também o óbito. Decerto que, pelas provações da família, com a lenta agonia de Dona Beatriz e com a enfermidade de Marina, que logo se lhe seguiu, não tivessem Dona Márcia e a filha encontrado ocasião para referir-lhe a gravidade das ocorrências. Lastimava o sucedido e enviava pêsames.
Prezara sempre em Marita uma irmã pelo coração. Consultado por Nogueira, explicou que Marina fora acometida por acessos de fúria. O facultativo de confiança admitira demência precoce, mas desistira da assistência. Entregara o problema a psiquiatras.
O diálogo prosseguiu.
Antecipando justificativas, Gilberto anunciou haver assumido novas resoluções, nos dias últimos. Quando no encontro de ambos, em Copacabana, estava, sim, decidido a casar-se mais cedo, desposar Marina e recolher-se à tranqüilidade do lar, mas, apreensivo ao ver a moça doente qual se achava, o pai, embora reconhecido aos serviços que a jovem lhes prestara, impelira-o à mudança de rumo. O genitor, que se achava ausente em descanso restaurativo, usara franqueza. Não aprovaria o casamento, não considerava
 
 Marina suficientemente habilitada para as responsabilidades do
matrimônio. Além disso, falara-lhe de “certas coisas” e aconselhara-
o a sair do Rio. Sustentá-lo-ia em outra cidade, onde pudesse
recomeçar estudos interrompidos. Ele, porém, Gilberto, compreendia
a vida de outro modo e, à face das imposições paternas,
sentia-se acabrunhado, vencido...
Cláudio aceitou as alegações com humildade e acentuou que ele era ainda muito jovem, que não devia opor contradita aos conselhos de Torres pai e sim continuar refletindo, de vez que casamento, em qualquer pessoa, reclama liberdade, consciência...
Tão sensatas e confortadoras observações formulou, pacificando-lhe o íntimo e clareando-lhe a compreensão para o trato com o

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