sábado, 19 de maio de 2012

CONSELHO DO DIA

Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje: 

Agradece, pois, os menores benefícios e maiores merecerás. 
Considera como muito o pouco, e o menor dom por dádiva singular. 
Se considerarmos a grandeza do benfeitor, não há dom pequeno ou de pouco valor; porque não pode ser pequena a dádiva que nos vem do soberano Senhor.
Ainda quando nos der penas e castigos, Lhe devemos agradecer, porque sempre é para nossa salvação quanto permite que nos suceda.
Se desejares a graça de Deus, sê agradecido quando a recebes e paciente quando a perdes.
Roga que ela volte, anda cauteloso e humilde, para não vires a perdê-la. 

 ( Do agradecimento pela graça de Deus)

PENSAMENTO DO DIA


O silêncio muitas vezes é a melhor resposta. 

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Ter problemas na vida é inevitável, ser derrotado por eles é opcional. 

Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 29 
NOTÍCIAS INTERESSANTES

 Em vista de apresentação mais íntima de Aniceto, que deixara as jovens em nossa companhia, entramos a conversar animadamente com Cecília e Aldonina. 
A primeira tinha sido filha dos Bacelar, quando na Crosta; a segunda era uma sobrinha do chefe da família, que aguardava a volta da mãezinha para a organização de um lar na cidade próxima. 
Ambas demonstravam magnífico desenvolvimento mental, robusta inteligência e notável capacidade de expressão. E, enquanto os nossos maiores se conservavam afastados, cogitando de assunto privado, Vicente e eu ouvíamos as jovens, encantados com a sua nobreza e vivacidade. 
Verificava que o quadro era idêntico à paisagem social da Terra, apenas diferindo quanto aos sentimentos reais. 
Não havia qualquer nota de falsa apresentação. 
Em tudo a alegria pura, a simplicidade fiel, a sinceridade sem mácula. 
No desenvolvimento espontâneo da palestra, falou Cecília, com graça: – Estou trabalhando, há muito, para alcançar um prêmio de visita a “Nosso Lar”. Minhas superioras prometeram-me semelhante satisfação para o ano próximo... 
E, sorrindo, rematou expressivamente: – Entretanto, para consegui-lo, tenho de atender a umas tantas obrigações importantes. – Pois que! – perguntou Vicente, admirado – é preciso tanto? – Sem dúvida – tornou a jovem, bem humorada – o meu amigo talvez não esteja convencido, quanto ao brilho de sua atual  posição. 
Viver em “Nosso Lar” é uma grande bênção. 
Acaso não o terá compreendido ainda? Sorrimos todos. 
E, reafirmando o conceito, Cecília continuou: – Segundo os instrutores que nos visitam em “Campo da Paz”, os seus Ministérios são verdadeiras universidades de preparação espiritual. O ensejo educativo, neles, é imenso. 
E chego a crer que, para avaliarem a extensão da benesse que Jesus lhes concedeu, seria necessário viverem alguns anos em nossa colônia, onde o trabalho ativo de vigilância, e assistência é mais imperioso, mais exigente. – Em “Nosso Lar”, porém – objetei –, temos igualmente grande número de sofredores. 
A Regeneração é uma colméia de milhares. 
A interlocutora, todavia, revelando profunda acuidade nas observações, considerou: – Você diz muito bem, quando se refere a colméia, significando possibilidades de trabalho. 
Creia que os sofredores que atingem o seu núcleo já se encontram a caminho de excelentes realizações. 
Naturalmente que os irmãos desequilibrados, que por lá existem, já se torturam pelo vagaroso despertar da consciência, já sentem remorsos e arrependimentos indicativos de renovação. 
São sofredores que melhoram progressivamente, porque o ambiente da cidade é de elevação positiva. 
Onde a maioria vive com a bondade, a maldade da minoria tende sempre a desaparecer. “Nosso Lar”, portanto, mesmo para os que choram, possui soberanas vantagens espirituais. 
Impressionado com o que ouvia, lembrei: – Eu mesmo trabalhei algum tempo, em cooperação, nas câmaras retificadoras.  
Os  Já ouvi diversas referências a essa instituição – exclamou Cecília, senhora do assunto –, mas, baseando-me nos informes de mentores amigos, continuo a manter minha opinião. E, como se já conhecesse nossos processos de serviço, asseverou, sorridente: – Vocês conhecem lá muitos Espíritos sofredores, mas, em “Campo da Paz”, conhecemos muitos Espíritos obsessores. 
Lá poderá existir muita gente que ainda chora; mas em nosso meio há muita gente que se revolta. É mais fácil remediar o que geme, que atender ao revoltado. Nas câmaras a que se refere, vocês retificam erros que já apareceram, dores que já se manifestaram; mas aqui, meu amigo, somos compelidos a lutar com irmãos ignorantes e perversos, que se sentem absolutamente certos nas fantasias perigosas que esposaram, e vemo-nos obrigados a atender a doentes que não acreditam na própria enfermidade. Começava a entender a lógica daquela argumentação e, reconhecendo a impossibilidade de qualquer contradita, a jovem continuou, segura de si: – Aliás, é natural que assim seja. Estamos a pouca distância dos homens, nossos irmãos na carne. 
E sabemos que, na Crosta, a situação não é diferente. 
Quantos materialistas se fantasiam, por lá, de filósofos? Quantos demônios com capa de santos? Quanta má fé a fingir generosidade e boas intenções? A influência da Humanidade encarnada em nosso núcleo de serviço é vigorosa e inevitável. 
Vicente, que ouvia atencioso, obtemperou: – Deduzo de tudo isso manifestações sacrificiais muito grandes, mas o trabalho em “Campo da Paz” deve ser altamente meritório. – Incontestavelmente – respondeu a jovem.  
A história da fundação é interessante. 
Alguns benfeitores, reconhecidos a Jesus, resolveram organizar, em nome dele, uma colônia em plena região inferior, que funcionasse como instituto de socorro imediato aos que são surpreendidos na Crosta com a morte física, em estado de ignorância ou de culpas dolorosas. 
O projeto mereceu a bênção do Senhor e o núcleo se criou, há mais de dois séculos. 
Nem todos os Espíritos evolvidos, no entanto, estimam o serviço nesse órgão de assistência constante. 
A maioria dos missionários vitoriosos, ao se ausentarem da Terra, necessitam refazer energias, por direito natural do trabalhador fiel, e os mentores de nobre posição hierárquica têm seus programas de serviços, que não devem quebrar, em obediência aos desígnios do Senhor. 
Desse modo, nosso serviço é ativo, mas nossas aquisições são lentas e devemos sempre esperar por cooperadores que se eduquem na própria colônia, em benefício geral. 
Ganha-se excelente compensação, temos direito a grandes valores intercessórios, mas, por isso mesmo, nossas responsabilidades não são pequenas. 
Conhecendo a utilidade dos que servem em nossa colônia, não passamos nunca sem instrutores abnegados, que procedem da zona superior, alentando-nos o bom ânimo, O que pedimos, com fundamentação legítima, nunca é negado; e, se tarda o recurso, beneméritos orientadores de nossas atividades prestam explicações que nos libertam de qualquer angústia na espera. Por isso, nosso grupo está sempre coeso e muitos preferem adiar certas realizações sublimes, para permanecer ao lado de companheiros antigos, aos quais se unem com desvelado amor. 
Os esclarecimentos da jovem encantavam-me. Naquelas poucas palavras estava todo um resumo de lições sobre o sacrifício e o merecimento, o compromisso fraterno e a solidariedade compensadora. – A sua família sempre viveu lá? – perguntei com interesse. 
A jovem sorriu e explicou:  Meu pai, há mais de cinqüenta anos, foi socorrido pelos benfeitores de “Campo da Paz” e, restabelecida a saúde espiritual, fixou-se na colônia, com razoável impulso de amizade e gratidão. 
Mais tarde, minha mãe reuniu-se a ele e, faz precisamente vinte anos, Aldonina e eu fomos atraídas amorosamente por ambos, a fim de continuarmos, ali, no santuário familiar. 
Desse modo, trabalhamos ao lado deles, desde a primeira hora. – E tem muitos programas para o futuro? – indaguei. 
Cecília fez um gesto que lhe caracterizava o coração de moça sonhadora, e redargüiu: – Tenho muitos projetos e problemas a resolver, mas estou aguardando a chegada de alguém que ainda se encontra na Terra 

CONTINUA AMANHÃ

A CARIDADE SEGUNDO SÃO PAULO - MENSAGEM ESPÍRITA

sexta-feira, 18 de maio de 2012

CONSELHO DO DIA

Este é o conselho que Cristo lhe dá para hoje:

 Não te importes muito de saber quem seja por ti ou contra ti; mas trata e procura que Deus seja contigo em tudo que fizeres. 
Tem boa consciência e Deus te defenderá, pois a quem Deus ajuda não há maldade que o possa prejudicar. Se souberes calar e sofrer, verás, sem dúvida, o socorro do Senhor. 
Ele sabe o tempo e o modo de te livrar; portanto, entrega-te todo a ele. 
A Deus pertence aliviar-nos e tirar-nos de toda a confusão. 
Às vezes é muito útil, para melhor conservarmos a humildade, que os outros saibam os nossos defeitos e no-los repreendam.


PENSAMENTO DO DIA


Sorte é um momento em que a oportunidade encontra o preparo. 

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


A verdadeira amizade é como a saúde perfeita. 

Autor: Desconhecido

PARÁBOLA DO SEMEADOR - MENSAGEM ESPÍRITA

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

 CAPÍTULO 28
VIDA SOCIAL 

 À noite, surpreendiam-me os sublimes aspectos do firmamento no Posto de Socorro. O luar safirino envolvia todas as coisas. 
O céu era qual infinita colcha de azul muito límpido, pontilhado de astros fulgurantes. 
As nuvens da tarde haviam desaparecido. 
Contemplando a beleza da noite, Alfredo acentuou: – Felizmente, os fenômenos magnéticos foram deslocados do nosso circulo. 
Os aparelhos, porém, continuam registrando enorme conflito de forças inferiores. 
Ia comentar a beleza do céu, ante a observação do administrador, quando a campainha retiniu suavemente. 
Chamavam à entrada. 
Alfredo e Ismália sorriram. 
Muito gentil, o chefe do Posto asseverou: – Temos a visita de amigos do “Campo da Paz”. 
E, convidando-nos à recepção no baluarte avançado, acrescentou jovialmente: – Temos, também, aqui, a nossa vida social. Como não? É preciso saber viver. 
Encantado com essa nota alegre, acompanhei os donos da casa, verificando, com indizível surpresa, que tínhamos sob os olhos um belo carro tirado por dois soberbos cavalos brancos. 
Tratavase de veículo confortável e interessante, quase idêntico aos velhos carros de serviço público, do tempo de Luis 15, que eu vira, mais de uma vez, em publicações antigas. 
Nele chegara pequena família da colônia próxima, que, pelas informações de Aniceto, demorava a três léguas do Posto, aproximadamente. 
Alfredo apresentou-nos, cavalheirescamente, com exceção de nosso orientador, que era velho amigo dos recém-chegados. 
Constituíam-se os visitantes do casal Bacelar e duas filhas jovens. 
O chefe do grupo mostrava idade avançada, revelando, porém, excelentes disposições. 
A senhora dava impressão de madureza, aparentando, contudo, maravilhosa vivacidade, assim como as duas moças. 
A alegria era enorme. 
Não se observava qualquer nota de convencionalismo menos digno, como na Terra.
Os gestos de cada um, a simplicidade, a despreocupação e as frases afetuosas demonstravam sinceridade pura. Permanecíamos num quadro social inacessível ao fingimento. 
Voltando ao interior doméstico, entre grandes manifestações de júbilo familiar, observei que os recém-chegados eram amigos de muito tempo, que vinham ao encontro de Ismália. 
A nobre senhora pareceu-me contentíssima. 
Expediu recados afetuosos para algumas famílias do Posto e, em breves minutos, o castelo recebia inúmeras pessoas que concorriam ao brilhantismo da seleta reunião. 
Sentindo-me assaz insignificante, ao lado dos novos amigos, limitava-me a ouvir e observar. 
Logo aos primeiros instantes de conversação particularizada, ouvi Aniceto perguntar ao senhor Bacelar: – Como corre o serviço? 
O velho bondoso respondeu num sorriso largo: – Bem, sempre bem. 
Apenas não podemos fixar demasiada atenção nos companheiros encarnados. 
E ajuntou com graça: – É indispensável aprender a servir e passar. 
Nosso instrutor sorriu igualmente e observou: Compreendo, compreendo. 
Aliás, o progresso humano não é uma questão de dias. 
Não tenhamos ilusões. E, percebendo que Vicente e eu poderíamos aproveitar com a palestra, Aniceto indicou o novo hóspede de Alfredo, explicando solícito: – Nosso amigo Bacelar é chefe de turmas de assistência aos nossos irmãos do círculo carnal. 
Tem longa experiência dos homens e conhece-os como ninguém. 
Há muito que aproveitar nas suas observações. – Não tanto, meus caros – exclamou o senhor Bacelar, de bom humor – não tanto. 
Sou simples companheiro de vocês, cumprindo deveres por acréscimo da misericórdia divina. 
Não posso fazer muito, em razão de minhas deficiências naturais. – Estamos certos do grande proveito da sua palavra – objetou Vicente, até então calado. – Tudo o que nos disser sobre o problema de assistência constituirá, para nós, ensinamento precioso – disse por minha vez. 
O novo amigo fitou-nos com inteligência, e perguntou: – Foram médicos no mundo? – Sim – respondemos a um só tempo. 
O senhor Bacelar pensou alguns momentos e acentuou: – Sempre gostei de conversar com os amigos, recorrendo aos símbolos sugeridos pela profissão que exercem. 
Mas, no tocante às minhas atividades, não teria muito o que dizer a médicos militantes. – Pelo contrário – aduzi –, seus esclarecimentos enriquecerão nossas experiências. 
O interlocutor sorriu, otimista, e declarou:  Não creia. 
Recorde os seus doentes comuns. 
Muito raramente lembram a medicina preventiva. 
De modo quase invariável, esperam a positivação das moléstias para buscarem o recurso preciso. 
Necessitam de anestésicos para o socorro do bisturi. 
Fogem ao regime tão logo surja a primeira melhora. 
Confundem o método de tratamento, apenas se registre o primeiro sinal de cura. 
Detestam a dor que restabelece o equilíbrio. 
Descontentam-se com a indicação de purgativos. 
Preferem a medicação de sabor agradável. 
E, sobretudo, quase sempre querem saber muito mais que os médicos. 
Esta síntese aplicável a corpos doentes representa, em nosso campo de serviço, o resumo do programa de assistência aos Espíritos enfermos, encarnados na Terra, e com agravantes de vulto, porque, em nosso setor, não podemos manipular a alma, à maneira do cirurgião que opera as amídalas. 
Somos forçados à preparação do campo mental conveniente, a proceder à semeadura de pensamentos novos, velar pela germinação, ajudar os rebentos minúsculos e aguardar a obra do tempo. 
Nossa luta não é simples, porque, se o clínico do mundo encontra sempre familiares amorosos, dispostos a cooperar com ele em benefício do doente, o que encontramos, por nossa vez, são enormes legiões de elementos adversos à nossa atividade restauradora e curativa. 
Em geral, o médico do mundo presta socorro a quem deseja recebê- lo, pelo menos nas ocasiões de graves perigos; nós, porém, meus amigos, muitas vezes temos de prestar assistência aos que não a desejam, por viverem sob véus de profunda ignorância. – Tem razão – murmurei, ouvindo comparações tão lógicas –; entretanto, vale por conforto a certeza de que há muitos cooperadores encarnados no mundo prontos a colaborar na tarefa. 
O senhor Bacelar teve uma expressão fisionômica muito significativa, e revelou: – Nem sempre. 
A cooperação é outro problema. 
A maioria dos irmãos que se propõem ao serviço, partem daqui prometendo, mas gostam de viver descansados, no planeta. 
Poucos fogem ao estalão comum. 
Raramente encontramos companheiros encarnados com bastante disposição para amar o trabalho pelo trabalho, sem idéia de recompensa. 
A maioria está procurando remuneração imediata. 
Nessas condições, não percebem que a mente lhes fica como aposento escuro, atulhado de elementos inúteis. 
À força de viciarem raciocínios, confundem igualmente a visão. 
Enxergam tormentas onde há paisagens celestes, montanhas de pedra onde o caminho é gloriosa elevação. 
De pequenos enganos a pequenos enganos, formam o continente das grandes fantasias. 
Daí por diante, a recapitulação das experiências terrenas inclina-os, mais fortemente, para a exigência animal e, chegados a esse ponto, raros voltam ao dever sagrado, para considerar a grandeza das divinas bênçãos. 
Nosso interlocutor fez uma pausa e tornou: – E o “desculpismo”? Nesse terreno de assistência espiritual, verão, um dia, quantos pretextos são inventados pelas criaturas terrestres por fugir ao testemunho da verdade divina, nas tarefas que lhes são próprias. 
Os mordomos da responsabilidade alegam excesso de deveres, os servidores da obediência afirmam ausência de ensejo. 
Os que guardam possibilidades financeiras montam guarda ao patrimônio amoedado, os que receberam a bênção da pobreza de recursos monetários aconselham-se com a revolta. 
Os moços declaram-se muito jovens para cultivar as realidades sublimes, os mais idosos afirmam-se inúteis para servi-las. 
Os casados reclamam quanto à família, os solteiros queixam-se da ausência dela. 
Dizem os doentes que não podem, comentam os sãos que não precisam. 
Raros companheiros encarnados conseguem viver sem a contradição. 
O senhor Bacelar parecia disposto a prosseguir, mas as duas jovens foram buscá-lo, a ele e Aniceto, em nome de Alfredo, a  fim de providenciar solução de problema intimo que lhes dizia respeito.

CONTINUA AMANHÃ

quinta-feira, 17 de maio de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Antes de partires em busca dos teus direitos, deves examinar até onde cumpriste os teus deveres.

 Autor: Andreotti

MENSAGEM DIÁRIA


Não bloqueie sua mente para suas realizações.

 Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER



CONTINUAÇÃO 

 CAPÍTULO 27 

O CALUNIADOR 

Enquanto o administrador se entregava a conversações educativas com os numerosos subordinados, Aniceto chamou-nos a pequena construção isolada e falou: – Vejamos outro ensinamento. 
Avançamos na direção de algumas câmaras separadas. 
Nosso instrutor abriu uma porta e vimos um louco, que parecia fundamente irritado. 
Fixou em nós o olhar inexpressivo e gritou estentoricamente. 
Aniceto, porém, adiantou-se e cumprimentou- o, atencioso: – Como vai, Paulo? 
As palavras, ao que senti, emitiram certo fluxo magnético e o enfermo revelou profunda modificação. Aquietou-se de súbito. 
Sentou-se mais calmo, embora trêmulo e espantadiço. – Tem sentido melhoras, Paulo? – perguntou nosso orientador, bondosamente, tocando-o no ombro. 
Ao contacto pessoal de Aniceto, o doente mostrou algum raciocínio e respondeu: – Vou melhorando, graças... 
A vista da expressão reticenciosa, o instrutor falou em tom firme, como se desejasse auxiliar-lhe a vontade enfraquecida: – Termine! O doente fez enorme esforço e concluiu: – Graças a Deus! Anotando-lhe o sofrimento e a indecisão, lembrei dos enfermos das Câmaras, aos quais prestava Narcisa ampla colaboração  afetuosa. Percebendo-me as íntimas considerações, disse o mentor esclarecido: – Vêem a diferença entre os que dormem, os que estão loucos e os que sofrem? Em “Nosso Lar” não temos dos primeiros, e os que se encontram desequilibrados, nos serviços da Regeneração, sentem, na maioria, angústias cruéis. 
É necessário reconheçamos que os que gemem e sofrem, em qualquer parte, estão melhorando. 
Toda lágrima sincera é bendito sintoma de renovação. 
Os escarnecedores, os ironistas e os perturbados que não registram a dor são mais dignos de piedade, por permanecerem embotados em estranha rigidez de entendimento. 
E, designando o enfermo sob nossos olhos, afirmou: – Paulo é um doente a caminho de melhora positiva. 
Ainda não possui a consciência exata da situação, mas já chora, já padece com as recordações do passado triste. 
Recebi o esclarecimento com atenção. Lembrei-me que, de fato, os doentes conduzidos pelos Samaritanos a “Nosso Lar”, em serviço diário, eram grandes sofredores. Os que não acusavam padecimentos atrozes, revelavam estranho pavor das sombras. 
A única entidade que ali observara, com absoluta inconsciência da própria miséria, fora a de pobre vampiro que não encontrara guarida nas Câmaras de Retificação. 
Nosso instrutor, sem qualquer preocupação de transformar o doente em cobaia, recomendou, afetuoso: – Concentrem no Paulo a capacidade de visão! 
Estimulado pela experiência anterior, fixei nele todo o meu potencial de observação. 
Aos poucos, caracterizou-se a meus olhos a sua tela mental, parecendo formada em compacta sombra noturna. 
Com surpresa, divisei formas diversas que se movimentavam. 
Vários vultos de mulher ali surgiam, despertando-me enorme admiração. 
Entre eles, reparei o de Ismália como que doente, enfraquecida, ansiosa. 
Alguns homens passavam, igualmente, mostrando desesperação, e notei, nessas imagens, o próprio Alfredo a evidenciar cansaço e extrema velhice prematura. 
Vozes misteriosas se faziam ouvir. 
Sobre Paulo choviam maldições e blasfêmias. As mulheres pareciam acusá-lo, clamorosamente; os homens davam idéia de perseguidores ferozes, ocultos no mundo interior daquele enfermo estranho. 
Observando, porém, que os vultos de Ismália e Alfredo se movimentavam naquele painel escuro, não pude sofrear a curiosidade e interrompi o minucioso exame, voltando a conversar com o nosso orientador, perguntando: – Como explicar o fenômeno? Estou assombrado! 
Antes, porém, que pudesse expressar maiormente o espanto que me dominara, Aniceto ajuntou: – Já sei. 
Admira-se da presença de Ismália e do seu marido nas reminiscências do enfermo. E, ante a minha perplexidade, continuou: – Lembram-se da história de Alfredo? 
Temos diante de nós o falso amigo que lhe arruinou o lar. 
Paulo, contudo, não somente cometeu a ingratidão, como envenenou o espírito doutras senhoras, traiu outros amigos e destruiu a alegria e a paz doutros santuários domésticos. 
Observando Ismália aflita e Alfredo desesperado, nas recordações dele, vemos as imagens criadas pelo caluniador, para seus próprios olhos. 
Nossos amigos deste Posto evoluíram, transpuseram a fronteira da mágoa, escaparam aos monstros do ódio, vestem-se hoje de luz; no entanto, Paulo os vê como imagina, para escarmento de suas culpas. 
O criminoso nunca consegue fugir da verdadeira justiça universal, porque carrega o crime cometido, em qualquer parte. 
Tanto nos círculos carnais, como aqui, a paisagem real do Espírito é a do campo interior. Viveremos, de fato, com as criações mais intimas de nossa alma.  
Reparando-me a dificuldade para compreender de pronto, Aniceto prosseguiu, depois de pequeno intervalo: – Para melhor elucidação, recordemos a crucificação do Mestre Divino. 
Sabemos que Jesus penetrou na glória sublime logo após a suprema dor do Calvário; entretanto, estamos ainda a vê-lo freqüentemente pendurado na cruz, martirizado pelos nossos erros, flagelado pelos nossos açoites, porque a visão interior a isso nos compele. 
A condenação do Mestre foi um crime coletivo e esse crime estará conosco até ao dia em que nos vestirmos na divina luz da redenção. 
O esclarecimento não poderia ser mais lúcido. 
Sentia-me diante de nobre revelação. – O dever possui as bênçãos da confiança, mas a dívida tem os fantasmas da cobrança – tornou o generoso mentor, com grave acento. 
Readquirindo a serenidade, interroguei: – Mas Paulo veio ter casualmente a este Posto? – Não – respondeu Aniceto, atencioso –; foi trazido pelo próprio Alfredo, que se sentiu necessitado de disciplinar o coração. Nosso amigo, que hoje dirige esta casa de amor, desprendeu-se do mundo, sob intensa vibração de ódio e desesperação. 
Sofreu muitíssimo nos primeiros tempos, embora nunca fosse abandonado pela dedicação da abnegada companheira. 
Alfredo, todavia, não pôde ver Ismália enquanto não se desvencilhou das baixas manifestações do rancor. Socorrido em “Campo da Paz”, compreendeu as próprias necessidades. 
Tão logo adquiriu algum mérito, intercedeu pelo amigo infiel, buscou-o em recanto abismal, e tão nobremente se dedicou ao aperfeiçoamento de si mesmo, que conquistou a posição de administrador de um Posto de Socorro. 
Trouxe o tutelado em sua companhia e trata-o como irmão, atualmente. Não julguem que o marido de Ismália conseguiu essa   vitória espiritual tão somente pelo fato de desejá-la. 
Ele desejou-a, procurou-a, alimentou-a e, agora, permanece na realização. 
Há muitos anos conversa com Paulo, diariamente. 
Nos primeiros tempos, aproximava-se do enfermo, como necessitado de reconciliação; depois, como pessoa caridosa; mais tarde adquiriu entendimento, comparando situações; em seguida, sentiu piedade; logo após, experimentou simpatia e, presentemente, conquistou a verdadeira fraternidade, o amor sublime de irmão pelo ex-inimigo. 
Fazendo pequena pausa, voltou a dizer, espirituosamente: – Como vêem, o ensinamento de Jesus, quanto ao “batei e abrir-se-vos-á”, é muito extenso. 
No plano da carne, insistimos à porta das coisas exteriores, procurando facilidades e vantagens; mas, aqui, temos de bater à porta de nós mesmos, para encontrar a virtude e a verdadeira iluminação. 
Vicente, que até então se conservara calado, indagou: – Paulo, todavia, permanecerá aqui, indefinidamente? Nosso instrutor fez um gesto significativo e concluiu: – Voltará breve à Terra. Ismália tem feito a seu favor inúmeras intercessões e não deseja que ele, ao retomar a razão plena, se sinta humilhado, com o beneficio das próprias vítimas. 
Uma das irmãs, por ele caluniada no mundo, já voltou ao círculo carnal, e a abnegada esposa de Alfredo pediu-lhe que recebesse Paulo como filho, tão logo seja oportuno. 

CONTINUA AMANHÃ

A PACIENCIA - MENSAGENS ESPÍRITAS

quarta-feira, 16 de maio de 2012

PENSAMENTO DO DIA


Sonhamos todas as noites e acordamos em função destes sonhos, porém vivemos na mesmice por medo de fazer uma escolha.

 Autor: Desconhecido

MENSAGEM DO DIA


O melhor caminho para se sair de uma dificuldade é através dela. 

Autor: Desconhecido

OS MENSAEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO 

 CAPÍTULO 26 
 OUVINDO SERVIDORES

 Notei que o trabalho no Posto se desenvolvia em ambiente da mais bela camaradagem, não obstante o respeito natural às noções de hierarquia. 
Enquanto palestrávamos animadamente, Ismália recebia servidoras numerosas, em atitude verdadeiramente maternal, embora muitas mostrassem o rosto envelhecido, parecendo avós da esposa do administrador. 
Aniceto nos ministrava lições de vulto, extraídas de circunstâncias aparentemente inexpressivas, e Alfredo recebia os colaboradores de todas as condições, não só com espírito de solidariedade, mas também de imenso afeto. 
Ria-se carinhosamente ou fornecia pareceres, sem o mínimo gesto de impaciência ou irritação. 
Aquele clima de concórdia fazia-me enorme bem. 
Tudo respirava ordem e compreensão, bondade e harmonia. 
A atitude paterna do administrador do Posto de Socorro, expressa em energia e amizade, organização e entendimento, atraía-me com força. Pedi permissão ao nosso orientador para ouvir os esclarecimentos prestados àqueles numerosos cooperadores. 
Aproximei-me, impressionado. 
Nesse momento, um colaborador de maneiras simpáticas dirigia-lhe a palavra, com grande interesse. 
Tratava-se de um velhinho de humilde expressão, que lhe falava com mostras de justo respeito. – E o senhor recebeu as noticias? – Sim, Alonso – atendia o chefe, sem afetação –, nossos mensageiros cientificaram-me dos detalhes mínimos. 
Sua viúva continua muitíssimo acabrunhada, os filhinhos gozam saúde, mas permanecem na mesma ansiedade por motivo de sua ausência. 
O velho, que parecia muito bondoso, esboçou um gesto de confirmação e acrescentou: – Tenho sentido tanta falta deles! Nos olhos transparecia a tristeza resignada, de quem deseja alguma coisa, medindo a extensão dos obstáculos. – Você, porém, Alonso – continuou Alfredo, comovido –, não deve angustiar-se. Sei que está trabalhando agora pelo futuro da família. 
Na Terra, na qualidade de pais, conseguimos movimentar muitas providências a favor dos filhos; entretanto, aqui, podemos realizar certas medidas em benefício deles, com maior segurança. 
Nem sempre agimos no mundo com a necessária visão; mas aqui é possível sentir, de mais perto, os interesses imperecíveis daqueles que amamos. 
O sentimento elevado é sempre um caminho reto para nossa alma; todavia, não podemos dizer o mesmo, a respeito do sentimentalismo cultivado no círculo da Crosta. 
É preciso que você tenha muito cuidado em não desorganizar a mente. 
A saudade que fere, impedindo-nos atender à Vontade Divina, não é louvável nem útil. 
É enfermidade do coração, precipitando-nos em abismos insondáveis do pensamento. 
Alonso deixou de sorrir, mostrou os olhos rasos d'água e falou em voz súplice: – Reconheço, senhor Alfredo, a oportunidade de suas observações. 
Graças a Jesus, venho melhorando minha vida mental, nos deveres novos que me concedeu e, de fato, sinto-me renovado espiritualmente. 
Sei que sua palavra não me advertiria sem razão, mas, ousaria pedir licença para visitar a esposa e os filhos. 
A noite, quando me concentro nas preces habituais, sinto, em torno de mim, os seus pensamentos. 
Esses pensamentos me penetram fundo, atraindo-me toda a atenção para a Terra. 
Às vezes, consigo repousar um pouco, mas com muita dificuldade. 
Sei que a esposa e os filhos estão chamando, dolorosamente, por mim. 
Esta certeza me perturba de algum modo. 
Não tenho sentido a mesma firmeza para o trabalho diário e desejaria remediar a situação. 
Reconheço que minhas obrigações, presentemente, são outras e que devo estar conformado; no entanto, confesso que minha luta espiritual tem sido bem grande. 
Estou certo de que me perdoará a fraqueza. 
Que chefe de família não se sentiria atormentado, ouvindo angustiosos apelos do lar, sem meios de atender, como se faz indispensável? 
E, revelando o enorme anseio d'alma, enxugou os olhos e prosseguiu: – Quisera rogar aos meus calma e coragem, esclarecendo que meu coração inda é frágil e necessita do amparo deles; estimaria pedir-lhes esse auxílio para que eu possa atender às atuais obrigações, sem desfalecimentos. 
Quem sabe me concederá, agora, a permissão precisa? Temos bem perto de nossa casa um grupo de amigos espíritas... talvez não me fosse difícil transmitir algumas palavras, breves que fossem, tentando tranqüilizar a esposa e os filhos!... Alfredo, imperturbável, não respondeu negativamente. 
Parecia compreender toda a inquietação do servidor simpático e humilde. Observei-lhe no olhar, muito lúcido, o desejo sincero de atender e, com extrema simpatia por sua conduta generosa, ouvi-o ponderar: – Não será impossível satisfazê-lo, meu caro Alonso! Nossos emissários poderão conduzi-lo, nas viagens comuns; entretanto, creia que, como amigo, ficaria preocupado com você, pela manutenção de sua paz. 
Não posso abusar da autoridade e sei que cada um tem a experiência que lhe cabe, mas creio seja de seu vital interesse o fortalecimento do coração. É imprescindível conformarmo-nos com os desígnios do Eterno. 
Você e sua mulher não ficariam separados se não necessitassem de experiências novas. 
As dificuldades que ela vem amargando com a sua ausência sofreas também você com a separação dela. 
Tenho a impressão, Alonso, de que Deus nos deixa sozinhos, por vezes, a fim de refazermos o aprendizado, melhorando o coração. A soledade, porém, quando aproveitada pela, alma, precede o sublime reencontro. 
Além disso, você não deve ignorar que os filhos pertencem a Deus, que cada um deles precisa definir responsabilidades e cogitar da própria realização. Por enquanto, vivem chorosos, desalentados. 
A revolta lhes visita a alma invigilante. 
Estabeleceu-se a desordem doméstica, depois da sua vinda. Entretanto, que fazer senão pedir para eles e para nós a bênção do Eterno? 
Precisam eles da conformação com a realidade justa e você, que já lhes deu o que era razoável, necessita, igualmente, evolver e aperfeiçoar-se na senda nova a que fomos chamados. 
Em que ficaria, meu caro, se permitisse a invasão total do sentimentalismo doentio em seus pensamentos? Tão dedicado é você à família do sangue, que, por agora, não o sinto com bastante preparo a tudo ver no antigo lar, sem sofrer desastrosamente. 
Há tempos, autorizei a visita de dois colegas nossos à esfera da Crosta, a fim de reverem as viúvas e abraçarem de novo os filhinhos; mas foram tão violentamente surpreendidos pela situação, que não puderam voltar aos seus deveres aqui, lá ficando agarrados ao ninho que haviam abandonado. 
Não vigiaram o coração, convenientemente. 
Ouviram, em demasia, o pranto dos familiares terrestres, envolveram-se nos pesados fluidos do clima doméstico e, passada a semana de licença, não conseguiram erguer-se para o regresso. Estavam como pássaros aprisionados pelo visgo das tentações. 
Os encarregados do noticiário particular voltaram ao Posto sem eles, com grande surpresa para mim. 
E, francamente, não sei quando poderão reassumir as funções que lhes cabem. 
O prejuízo de ambos é muito grande. 
Depois de pequena pausa, Alfredo rematou: – Os vôos de grande altura pedem asas fortes. 
Alonso, que ouvia de olhos arregalados, considerou resignado: – Desisto do pedido. 
O senhor tem razão. 
O administrador abraçou-o e murmurou: – Deus ilumine o seu entendimento. 
Admiradíssimo, reparei que outros colaboradores se aproximavam, rogando esclarecimentos, pareceres, edificando-me no exemplo do administrador amigo, que respondia em voz firme e afetuosa, demonstrando interesse de irmão. 

CONTINUAÇÃO

MAIS LUZ - CHICO XAVIER

terça-feira, 15 de maio de 2012

PENSAMENTO DO DIA



É a nossa conduta verdadeira, e não a nossa crença aparente, que nos identifica perante Deus e os homens.
Autor: Dinamor

MENSAGEM DO DIA


Tudo o que fizeres, faça com amor, com o coração aberto, e as coisas fluem naturalmente. 

Autor: Desconhecido

OS MENSAGEIROS - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO  25 

EFEITOS DA ORAÇÃO

As luzes da prece inundaram o vasto recinto. Palpitava em tudo, agora, uma claridade serena, doce, irradiante, muito diversa da luminosidade artificial. 
Os flocos radiosos que partiam de nós multiplicavam-se no ar, como se obedecessem a misterioso processo de segmentação, e caíam sempre sobre os corpos inanimados e enrijecidos, dando a impressão de lhes penetrarem as células mais intimas. 
Eu estava boquiaberto. 
Não me fora permitido contemplar fenômenos dessa natureza em “Nosso Lar”. 
Aliás, concluía, ainda não recebera auxílio magnético às percepções, senão poucas horas antes da viagem. 
A claridade crescia e estendia-se em espetáculo prodigioso. 
Agora, porém, abandonáramos a atitude de recolhimento destinada à concentração de nossas próprias forças e emissão de energias vibratórias. 
Nossos corpos, todavia, continuavam envolvidos em vasto circulo irradiante. 
Prosseguindo, porém, o grande silêncio, notei que a luz da oração se fazia mais clara, mais penetrante. 
Comecei a ver, como no caso de Ana, que todos aqueles esqueletos misérrimos apresentavam núcleos de sombra, além das máscaras mortuárias, núcleos que se mostravam dentro de formas variadíssimas. 
As bolhas luminosas caíam incessantemente, mas agora, como se fossem dirigidas por uma vontade inteligente, concentravam- se quase todas sobre as frontes imóveis. 
Então, pude observar o inaudito e inconcebível para mim. 
As múmias, porque não posso dar outro nome aos irmãos que dormem, começaram a dar sinais de vida. 
Alguns daqueles infelizes deixavam escapar gemidos angustiosos, outros falavam em voz alta, dando conta dos pesadelos que os atormentavam, como sonâmbulos prestes a despertar. 
Muitos moviam os pés e as mãos, como a se esforçarem por fugir ao sono doloroso. 
Eminentemente surpreendido, reparei que dois se levantaram, distante de nós. 
Recordei que ambos faziam parte daqueles que haviam recebido toda espécie de assistência, inclusive o sopro curativo. 
Olharam-nos de longe, como loucos que acordassem de súbito, e dispararam a correr, espavoridos, não obstante a impressão de cadáveres ambulantes, que nos causavam. 
Admirado, verifiquei que ninguém esboçou a menor disposição de segui-los. 
E quando me propunha, instintivamente, a fazêlo, Alfredo deteve-me, exclamando: – Não se preocupe. 
Eles seriam amargamente surpreendidos, se fossem notificados agora de sua permanência longa entre verdadeiras múmias. 
Acreditam sonhar e é melhor assim. 
Não poderão fugir às nossas fortificações e voltarão a pedir socorro noutras dependências, a que serão recolhidos para adequado tratamento. 
Continuamos silenciosos mais alguns minutos e notei que as luzes se foram apagando gradativamente, ao passo que os cadáveres retomavam a imobilidade anterior. 
Ismália declarou terminadas as nossas atividades da oração e o administrador, após o sinal luminoso, que notificava aos operários o término das obrigações, adiantou-se para nós, exclamando: – Gratíssimo pelo concurso fraternal. 
Realizamos belo serviço intercessório. 
Desde alguns dias, ninguém se levantava. Aniceto, percebendo-nos a perplexidade, falou a Vicente e a mim, de maneira significativa: – Conforme viram, o trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no círculo dos encarnados. Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor, não é apenas súplica. 
É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo magnético que conhecemos. 
Acresce notar, porém, já que comentamos o assunto, que a rogativa maléfica conta, igualmente, com enorme potencial de influenciação. 
Toda vez que o Espírito se coloca nessa atitude mental, estabelece um laço de correspondência entre ele o Além. 
Se a oração traduz atividade no bem divino, venha donde vier, encaminhar-se-á para o 
Além em sentido vertical, buscando as bênçãos da vida superior, cumprindo-nos advertir que os maus respondem aos maus nos planos inferiores, entrelaçando-se mentalmente uns com os outros. 
É razoável, porém, destacar que toda prece impessoal dirigida às Forças Supremas do Bem, delas recebe resposta imediata, em nome de Deus. 
Sobre os que oram nessas tarefas benditas, fluem, das esferas mais altas, os elementos força que vitalizam nosso mundo interior, edificando-nos as esperanças divinas, e se exteriorizam, em seguida, contagiados de nosso magnetismo pessoal, no intenso desejo de servir com o Senhor. 
E, procurando materializar o pensamento, para facilitar-nos a compreensão, acentuou: – Viram, vocês, cair sobre nós os elementos a que me refiro, e observaram a sua exteriorização com as luzes de cada um de nós, em benefício dos irmãos que dormem e sofrem. 
Concedeu-nos o Altíssimo a força de auxiliar, em porções iguais para todos, mas nós a espalhamos de acordo com a nossa possibilidade e coloração individuais. Ismália, cujos sentimentos são mais amplos e universalistas que os nossos, pôde receber com mais clareza o auxílio divino e distribuí-lo com mais abundância e eficiência. 
Temos, aqui, uma profunda lição. 
Como já disse, o Pai visita os filhos necessitados, através dos filhos que procuram compreendêlo. 
Não poderíamos abusar do Senhor, como abusamos no círculo terrestre dos nossos pais humanos. Não vive Ele ao sabor de nossos caprichos pessoais. 
Nunca poderia vir, em pessoa, enxugar o pranto do necessitado que chora, em conseqüência, aliás, do olvido das Divinas Leis. 
Compete ao necessitado caminhar ao reencontro dEle. 
O Senhor, todavia, atende sempre a todos os homens de boa vontade, por intermédio dos homens bons, que se edificam na casa divina. Todos os nossos desejos e impulsos razoáveis são atendidos pelas bênçãos paternais do Eterno. Ainda que nos demoremos nas lágrimas e nas aflições, jamais permanecemos ao desamparo. 
Apenas devemos salientar que as respostas de Deus vão sendo maiores e mais diretas, à medida que se intensifique o nosso merecimento, competindo-nos reconhecer que, para semelhantes respostas, são utilizados todos quantos trazem consigo a luz da bondade, ou já possuem mérito e confiança para auxiliar em nome de Deus. 
As explicações de Aniceto abriam-me novos campos de meditação. 
O esclarecido instrutor, contudo, não dera por finda a lição e, depois de longa pausa, concluiu: – Já que vocês se encontram comigo num curso de serviço auxiliador, espero aproveitem o máximo ensinamento desta hora. 
Reparem que, nestes pavilhões, temos mil e novecentos e oitenta abrigados que dormem. 
Todos recebem diariamente alimento e medicação comuns, mas só quatrocentos são atendidos com alimento e medicação especializados, por se mostrarem mais suscetíveis de justa melhora. 
Desses quatrocentos, apenas dois terços se revelaram aptos à recepção de passes magnéticos. 
Muitos não podem receber, por enquanto, a água efluviada. 
Poucos foram contemplados com o sopro curativo e somente dois se levantaram, ainda assim, profundamente perturbados. 
Já que iniciam um trabalho de cooperação fraternal, não esqueçam esta lição. 
Façamos todos o bem, sem qualquer ansiedade. Semeemo-lo sempre e em toda a parte, mas não estacionemos na exigência de resultados. 
O lavrador pode espalhar as sementes à vontade e onde quer que esteja, mas precisa reconhecer que a germinação, o crescimento e o resultado pertencem a Deus. 

CONTINUA AMANHÃ