LIVRO QUARTOESPERANÇAS E CONSOLAÇÕESCAPÍTULO IIPENAS E GOZOS FUTUROSEXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTOTrecentésima Quadragésima Oitava Parte.998 – A EXPIAÇÃO SE CUMPRE NO ESTADO CORPORAL OU NO ESTADO DE ESPÍRITO?
- A expiação se cumpre durante a existência corporal pelas provas às quais o Espírito está submetido, e na vida espiritual, pelos sofrimentos morais ligados ao estado de inferioridade do Espírito.
999 – O ARREPEDIMENTO SINCERO DURANTE A VIDA BASTA PARA APAGAR AS FALTAS E FAZER ENCONTRAR GRAÇA DIANTE DE DEUS?
- O arrependimento ajuda o progresso do Espírito, mas o passado deve ser expiado.
- SE, DE ACORDO COM ISSO, UM CRIMINOSO DISSESSE QUE, VISTO DEVER, EM TODO CASO, EXPIAR SEU PASSADO, NÃO TEM A NECESSIDADE DE ARREPENDIMENTO, EM QUE RESULTARIA ISSO PARA ELE?
- Se ele se endurece no pensamento do mal, sua expiação será mais longa e mais penosa.
1000 – PODEMOS NÓS, DESDE ESTA VIDA, RESGASTAR NOSSAS FALTAS?
- Sim, reparando-as. Mas não creias resgatá-las por algumas privações pueris ou doando depois de vossa morte, quando não tereis mais necessidade de alguma coisa. DEUS não tem em nenhuma conta um arrependimento estéril, sempre fácil, e que não custa senão a pena de se bater no peito. A perda de um pequeno dedo trabalhando, apaga mais faltas que o suplicio da carne sofredora durante anos, sem outro objetivo que o bem de si mesmo.
- O mal não é reparado senão pelo bem, e a reparação não tem nenhum mérito, se não atinge o homem no seu orgulho ou nos seus interesses materiais.
- De que lhe serve para sua justificação, restituir depois da morte o bem mal adquirido, agora que se lhe torna inútil e que deles já se aproveitou?
- De que lhe serve a privação de alguns prazeres fúteis e de algumas superfluidades, se o mal que ele fez a outro continue o mesmo?
- De que lhe serve, enfim, se humilhar diante DEUS, se conserva seu orgulho diante dos homens?
1001 – NÃO HÁ NENHUM MÉRITO EM ASSEGURAR, DEPOIS DA MORTE, UM EMPREGO ÚTIL DOS BENS QUE POSSUIMOS?
- Nenhum mérito não é o termo; isso vale sempre mais que nada. Mas o mal é que aquele que não dá senão depois da morte, freqüentemente, é mais egoísta que generoso. Quer ter a honra do bem, sem ter-lhe o trabalho. Aquele que se priva, na sua vida, tem duplo proveito; o mérito do sacrifício e o prazer de ver os felizes que fez. Mas o egoísmo lá está e diz-lhe: O que dás suprimes dos teus gozos. E como o egoísmo fala mais alto que o desinteresse e a caridade, ele guarda, sob pretexto de suas necessidades e das necessidades da sua posição. Ah! Lamentai aquele que não conhece o prazer de dar; este é verdadeiramente deserdado de uma das mais puras e mais suaves alegrias. DEUS, submetendo-o à prova da fortuna; tão difícil e tão perigosa para seu futuro, quis lhe dar por compensação a felicidade da generosidade da qual ele pode gozar desde este mundo.
1002 – O QUE DEVE FAZER AQUELE QUE, NO ÚLTIMO MOMENTO DA VIDA, RECONHECE SUAS FALTAS, MAS NÃO TEM TEMPO DE REPARÁ-LAS? ARREPENDER-SE BASTA, NESTE CASO?
- O arrependimento apressa sua reabilitação, mas não o absorve. Não há diante dele o futuro que jamais se fecha?
CONTINUA AMANHÃ