sábado, 29 de dezembro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Alguns são gravemente tentados acerca da fé nesse Sacramento; mas isso não se deve imputar a eles, senão ao inimigo. 
 
Não te importes, nem disputes com teus próprios pensamentos, nem respondas às dúvidas que o demônio te sugere, mas crê nas palavras de Deus, crê nos seus santos e profetas, e fugirá de ti o malvado inimigo. 
 
Muitas vezes é de grande proveito ao servo de Deus passar por tais provações, porque o demônio não tenta aos infiéis e pecadores, que já tem seguros: aos fiéis devotos, porém, ele tenta e molesta de vários modos. ( Que o homem não seja curioso escrutador do Sacramento, mas humilde imitador de Cristo, sujeitando sua razão à santa fé)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.



PENSAMENTO DO DIA



Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado.
 

MENSAGEM DO DIA



A vida é tão curta e a tarefa de vivê-la é tão difícil que, quando começamos a aprendê-la, já é hora de partir.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

experimentara, ainda era suficientemente abastado para fazê-la feliz. Reclamava resposta. Ameaçava.
Nogueira, reservado, queimou o papel. A ocorrência, no entanto, se repetiu diariamente, por dois meses.
Minuciosa ou sintética, a missiva chegava, pontualmente. Cada texto mais inconveniente que o outro. Por vezes, relatava as andanças a que se entregava no Flamengo, tentando revê-la. Noutras ocasiões, depois de frases melífluas, exigia pronunciamentos descabidos, sob pena de estourar o crânio, deixando queixa à Polícia contra ela, com o fim de arruiná-la. Em bilhetes comprometedores,
proibia-lhe dar filhos a Gilberto. Preferia matá-la ou matar-se a receber netos do lar que haviam formado. Referia-se ao revólver, qual se lhe fosse companheiro incessante.
Dia a dia, o negociante se figurava ao leitor paciente mais contraditório e menos lúcido. Cada vez que entregava os manuscritos ao fogo, Cláudio percebia que o redator de tantos aleives se atascava, sempre mais, em loucura e obsessão, sem que lhe fosse facultado assumir qualquer providência, entre o genro feliz e a filha gestante. Cumpria-lhe tudo amargar, sem dividir com pessoa alguma a dor que o espicaçava. E para que a filha não pudesse penetrar os motivos de tamanha solicitude, ele se lhe convertera no pajem de todo instante.
No encontro último de consultório, indicara o médico ligeiros exercícios físicos. Nenhuma ginástica. Algo suave. Bastariam marchas diminutas a pé. Realizasse à noitinha curto passeio até à praia, em esforço diário, enquanto lhe fosse possível. Nada mais que isso. A gestante obedeceu e, como era de esperar, Nogueira se lhe erigiu em guarda-costas, sustentando o coração repassado de inquietude. Não se lhe oferecia ensejo de opor embargos à prescrição.
Para a filha, aquela primeira manifestação de Nemésio, pelo serviço postal, fora varrida do pensamento.

Marina, enlaçada ao pai, largava o prédio, efetuando breve percurso, para sentar-se, junto dele, nunca por mais de meia hora, ao pé do mar. Aí se entretinham habitualmente nos temas caseiros, quando não se internavam em assuntos do espírito.
Escorridos seis dias sobre as excursões aconselhadas, o registro de Torres pai veio diferente.
Acompanhando Nogueira, analisamos a alteração. A letra
modificada, configurando insultos, revelava superexcitação fronteira à demência. Comunicava à esposa de Gilberto tê-la visto, por fim, na praia, em companhia daquele pai, que crivava de pejorativos e ofensas, e verificara que ela, afinal, se engravidara contra as ordens que lhe ditara em observações anteriores. Acreditava-se o mais desmoralizado de todos os homens desmoralizados. Enojava- se da paixão que nutrira por ela, preferia morrer. Confessava-se falido. Escasseava-lhe tudo. Acabara-se o dinheiro, desertavam amigos. Restava-lhe de seu, tão-só, a moradia, assim mesmo hipotecada. Esperara por ela, pelas decisões dela. Se juntos, contaria com a possibilidade de se reerguer. Entretanto, a gravidez apontada desiludira-o. Plantaria uma bala na cabeça. Despedia-se dela e do mundo com repugnância. Que visse nos borrões freqüentes daquelas páginas com que encerrava a existência as marcas das lágrimas que chorava. Lágrimas de revolta, desprezo, repulsão. Finalizava, alinhando obscenidades e informando estar assinando o nome pela última vez.
Nogueira, assustado, leu e releu o documento e, antes de reduzi-lo a cinzas, insulou-se no quarto e orou por aquele homem que, pelo jeito, se afundava em pavoroso desespero. Compadeceuse.
Impraticável, todavia, colocar o genro ao corrente da situação.
Nemésio delirava. Mais justo que o filho aguardasse noticias do tresloucado genitor por outras fontes. Impressionou-se, contudo, de tal forma com a mensagem recolhida que, após o almoço, demandou, com discrição, algumas das organizações policiais e hospitalares que lhe pareciam suscetíveis de fornecer alguma pista, com referência ao suicídio anunciado, mas em vão. Nenhum vestígio. Depois da caminhada, junto da filha, repousou mais cedo. Sentia fome de meditação mais prolongada. Concentrando-se em pensamentos de benevolência e de fé, rogava a Jesus pelo adversário. Que os mensageiros do Cristo se apiedassem de Nemésio, amparando-o. Se ainda estivesse no corpo carnal, que se lhe estendesse o socorro preciso para que não resvalasse em deserção; se houvesse forçado irrefletidamente as portas da vida espiritual, que fosse bafejado pela proteção dos Emissários Divinos...
Enquanto Moreira e eu lhe acompanhávamos a súplica, Percília entrou.
Esperou o momento oportuno e comunicou-nos que vinha da parte do irmão Félix, a fim de colaborar conosco. Os apelos de Cláudio, durante todo o dia, transmitidos para o “Almas Irmãs”, tinham impelido vários amigos a rogar auxílio em benefício dele.
Chegara no objetivo de ser útil. E nós, que lhe admirávamos a bondade silenciosa, enternecemo-nos ao observar a devoção com que se instalou no aposento, qual enfermeira afetuosamente consagrada a doente querido.
Mais quatro dias transcorreram sem episódios especiais, a não ser a extrema dedicação de Percília que, diante de Cláudio, era análoga ao amor de Cláudio para com a filha.
Entre sete e oito da noite, descemos do prédio e demandamos os sítios conhecidos...
Os Nogueiras conversavam tranqüilamente, em torno de assuntos triviais, à frente das águas mansas, tão mansas que refletiam prateadas faixas do firmamento, a constelar-se de luz.
A aragem soprava, aliviando a tensão do dia.

CONTINUA AMANHÃ

FELIZ 2013 - FELIZ ANO NOVO

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de  Cristo lhe dá para hoje:
 
Muitos bens condedestes e concedeis ainda a miúdo aos vossos amigos, neste Sacramento, quando devotamente comungam, ó Deus meu, amparo da minha alma, reparador da humana fraqueza e dispensador de toda consolação interior. 
 
Porque lhes infundis abundantes consolações contra várias tribulações e os levantais do abismo do próprio abatimento à esperança da vossa proteção e os recreais e iluminais interiormente com a nova graça, de sorte que os mesmos que antes da comunhão se sentiam inquietos e sem afeto, depois de recreados com o manjar e a bebida celestiais se sentem melhorados e fervorosos. 
 
Tudo isso prodigalizais aos vossos escolhidos, para que verdadeiramente conheçam e evidentemente experimentem quanta fraqueza têm em si mesmos e quanta bondade e graça alcançam de vós. 
 
Pois de si mesmos são frios, tíbios e insensíveis; por vós, porém, tornam-se fervorosos, alegres e devotos. Quem, porventura, se chegará humilde à fonte da suavidade, que não receba dela alguma doçura? 
 
Ou quem, junto de um grande fogo, deixará de sentir algum calor? 
 
E vós sois a fonte sempre cheia e abundante; o fogo que sempre arde sem jamais se apagar. (Dos admiráveis frutos colhidos pelos que comungam devotamente)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.


PENSAMENTO DO DIA



Os homens lamentam o que perderam, as mulheres, o que não conseguiram.
 

MENSAGEM DIÁRIA



Não sei se a vida é curta ou longa demais, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocamos o coração das pessoas.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

O afastamento do filho desequilibrara a balança dos negócios, não somente porque isso golpeara os créditos morais de Nemésio, mas também pelo fato de a circunstância encorajar abusos da parte de subordinados que não se revelaram à altura da autoridade recebida.
A longa viagem, numa época de crise na organização, à face da ausência de Gilberto. atraíra desastres financeiros, abrindo brechas dificilmente recuperáveis. Amigos da firma haviam retirado, à pressa, capitais importantes, desistindo dos depósitos com que lhe garantiam a segurança. Prejudicado o movimento, onerara-se a imobiliária com dois vultosos empréstimos, para cujo resgate entregara Nemésio duas terças partes dos próprios bens.
Não detinha agora senão possibilidades estreitas para lastrear as operações imediatas e evitar a falência. E fosse por vê-lo destituído das propriedades que a fascinavam ou porque houvesse esgotado as reservas afetivas para com ele, Dona Márcia abandonara-o e residia com Selma, planeando a formação de um restaurante.
Nogueira recolheu todos os informes, apreensivo. Mesmo assim, após o almoço, vencendo a própria repugnância com os recursos da oração, demandou a moradia dos Torres.
Levava o espírito pressago, triste...
Fez soar a campainha no vestíbulo ajardinado; no entanto, o pai de Gilberto vira-o, de longe, quando apeava do ônibus, e do terraço em que fumava, à sesta, expediu aviso. Um empregado, em nome dele, veio dizer a Cláudio fizesse a gentileza de se considerar indesejável. Não lhe receberia a visita naquela hora, nem
noutras.
Nogueira retirou-se, compreensivo.
Inútil o tentame.
Voltou ao trabalho e rogou entendimento com o chefe que se lhe tornara mais amigo. Mostrou-lhe a carta que o conhecido agressor lhe dirigira à filha e ponderou, quanto à necessidade de protegê-la, sem parecer ao genro que assim procedia defendendoa do sogro.
O gerente, prestativo e humano, associou-se-lhe aos cuidados e sugeriu-lhe uma licença de seis meses. Nenhum impedimento para ele, antigo funcionário com excelente folha de serviço. Nessa fórmula, apoiaria a moça e resguardá-la-ia, desde a caixa do correio, impedindo que novas cartas lhe chegassem às mãos, até a assistência contínua em casa, hora a hora, para que se lhe garantisse a tranqüilidade na gravidez. Incumbir-se-ia de comunicar a Gilberto e colegas que ouvira de médicos amigos a recomendação de impor-lhe descanso indeterminado, e se entenderia, ele próprio, com os clínicos, que não lhe sonegariam a concessão. Que repousasse e atendesse a filha.
Cláudio agradeceu, confortado.
Vinda a noite, entrou em conversação com a filha, sossegando-a. Afirmou possuir razões para acreditar que Nemésio não mais a molestaria. Esclareceu ter estado na residência dos Torres; contudo, não avançou além de semelhante informe, dando a impressão de que o problema fora liquidado na origem. E interessados quais se achavam em apagar o pretérito, pai e filha se entretiveram no assunto da licença. Marina rejubilava-se. Ambos se devotariam a trabalhos diversos. Juntos, construiriam o berço do nenê. Dariam nova disposição ao apartamento. Diferentes decorações.
Cláudio fez humor. Salientou que Gilberto e ele se empenhavam em apostas. O genro aguardava um príncipe. Ele contava com uma princesa. De qualquer forma, era preciso organizar o palácio. Dizia-lhe o coração que a neta se achava em caminho...
Por isso, concordava em renovar os móveis e pintar as paredes, mas exigia que todo o serviço fosse feito com predominância de rosa. Gracejaram. Aprovando os planos, Marina solicitou-lhe o concurso na organização de um álbum que andava formando para o bebê, enquanto esperavam por Gilberto, que prosseguia estudando à noite, com vistas à melhoria.
Demandando, por fim, o leito, Cláudio sensibilizava-nos com oportunas reflexões, permeadas de preces ardentes. Previa, inquieto, que doravante seria compelido a novos encargos. Acautelaria Marina e, conseqüentemente, Marita, de cuja reencarnação guardava a certeza. A carta de Nemésio, ressumando inconformidade, e a rudeza com que lhe havia cerrado a porta, não lhe conferiam margem a dúvidas. Teria conflitos e injúrias à frente; no entanto, nada razoável desanimar. Orava, implorando recursos aos Espíritos amigos. Que o não deixassem confiado a si mesmo, que lhe impedissem as manifestações de fraqueza, que lhe frustrassem qualquer propósito de revide. Identificava-se num teste. Indiscutivelmente prejudicara Nemésio Torres em outras existências.
Devia pagar. Somente ao clarão da lógica espírita destrinçava a meada dolorosa. Aquele homem castigara-o na alma e na carne, transformara-se para ele em cobrador do destino. A consciência determinava-lhe aceitar os desafios com humildade. Se bem não se sentisse em condições de se acomodar com a virtude, anelava solver os débitos contraídos, ainda que isso lhe custasse a existência.
Por essa razão, suplicava o apoio do Cristo, a fim de esquecer-se, de maneira a seguir caminho afora, segundo as Leis Divinas...
Efetivamente, conhecendo o horário aproximado de recepção do Correio, no prédio, Nogueira desceu, no dia seguinte, com a desculpa de obter pão mais fresco e recolheu nova carta de Nemésio, endereçada a Marina, cuja identidade estabeleceu para logo, através da letra. Abriu-a. Era coleção de recados, sabendo a fel.
Misturava declarações e libelos, alegava dificuldades, crises.
Dizia precisar dela para recompor as finanças. Restaurar-se-ia em reduzido tempo, se o atendesse. Não obstante os prejuízos que

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