sábado, 27 de outubro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
 
Se não podes continuamente estar recolhido, recolhe-te de vez em quando, ao menos uma vez por dia, pela manhã ou à noite. 
 
De manhã toma resoluções, e à noite examina tuas ações: como te houveste hoje em palavras, obras e pensamentos, porque nisso, talvez não raro, tenhas ofendido a Deus e ao próximo. 
 
Arma-te varonilmente contra as maldades do demônio; refreia a gula, e facilmente refrearás todo apetite carnal. Nunca estejas de todo desocupado, mas lê ou escreve ou reza ou medita ou faze alguma coisa de proveito comum. 
 
Nos exercícios corporais, porém, haja toda discrição, porque não convém igualmente a todos. (Dos exercícios do bom religioso)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.

PENSAMENTO DO DIA



O tolo faz o que não pode deixar de fazer, o sábio deixa de lado o que não sabe fazer.
 

MENSAGEM DIÁRIA



Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. 
Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

C0NTINUAÇÃO

Capítulo 11

Colaborando nós na assistência a Dona Beatriz, que enlanguescia sempre, tornamos a ver Marita, no encerramento da tarefa diária.
Chegara novembro com chuvas torrenciais.
Naquele dia, depois de algumas horas marcadas de canícula intensa, nuvens gigantescas ocultaram os picos, abreviando o crepúsculo, que se adensava, abastecido de água e névoa. Copacabana molhada, nas horas de movimentação culminante, acentuara
a algazarra. Todo o povo que transitava nas ruas parecia disputar a melhor num concurso de pressa. Maratona improvisada.
Veículos despejavam filas enormes de pessoas, evidentemente sequiosas de tranqüilidade doméstica, que vinham do norte e do centro, carros fonfonavam no espelho irrigado do asfalto, pedindo
vez. Transeuntes encapuzados acotovelavam-se, esperando as conduções que vinham do extremo sul.
A filha adotiva de Cláudio alcançou o vasto edifício, arrostando o aguaceiro.
De Copacabana ao Flamengo, o trajeto de ônibus, tão logo iniciado, fora rápido, e do coletivo até a casa o trecho de caminho constara simplesmente de alguns passos; contudo, mesmo assim, despiu a capa, diante do elevador, como quem deixava a piscina.
Tudo frio e sombra, em torno; entretanto, mais dolorida que a tarde caliginosa, surgia-lhe a alma atormentada, através dos olhos pisados de cansaço e vigília.
De subida, a vizinha solicitou-lhe a atenção para os adornos leves que carregava numa cesta de arame. A jovem, chamada a si, examinou ligeiramente os papéis pintados para festiva noite de aniversário, em apartamento próximo, pronunciou automaticamente breves palavras de admiração e ensimesmou-se, abafada, para somente aliviar-se, de algum modo, ao reconhecer-se no recanto familiar.
Ninguém a esperava.
Sozinha, estirou-se no leito, procurando recapitular os acontecimentos da véspera, mas o estômago reclamava alimento.
Recordou que varara o dia em absoluto jejum. Levantou-se. Consultou os recursos da copa; entretanto, os pratos que haviam sobejado não lhe acordaram o apetite. Não obstante a temperatura baixa a se lhe refletir nas mãos álgidas, sentia excitação, calor.
Fatigara-se de pensar, trazia os nervos tensos. Desejou mate frio.
Abriu a geladeira e serviu-se. Parou os olhos pestanejantes no telefone a distância curta. Não se conteve. Discou. Da residência dos Torres, porém, uma voz imprecisa informou que Gilberto saíra, não estava. Ela esmoreceu ainda mais ...
Arrastou-se, tornando ao quarto, e descerrou a janela. Queria desafogar-se no ar fresco.
Debruçou-se no parapeito, contemplando a cidade, lá em baixo.
Sob a chuva, os automóveis figuravam-se animais fugitivos.
A moça refletia, refletia... Mirando o casario iluminado, deduziu que milhares de pessoas aí se aglomeravam, suportando talvez problemas piores ou semelhantes aos dela, inquirindo, em vão, de si mesma, o porquê de encontrar-se tão entranhadamente agrilhoada a Gilberto, quando centenas de rapazes respiravam, não longe, com excelentes predicados para lhe interessarem o coração.
Sentia-se desalentada, insatisfeita. Aspirava a entreter-se, fugir de si mesma.
Inutilmente fez menção de envergar um casaco e descer à rua, a fim de se distrair, apesar do mau tempo. Entretanto, não era apenas a chuva copiosa que lhe frustrava os impulsos. O espírito almejava deslocar-se, o corpo não. Exacerbação e fadiga. Tentou engolfar-se na leitura, reacomodando-se no leito, depois de apanhar uma novela, em que o marcador lhe indicava o lance interrompido, mas lembrou-se de Cláudio. O pai adotivo raramente atrasava e, desde a véspera, não conseguia recordá-lo sem temor.
Reergueu-se e preparou-se para o descanso. Precavida, apagou todas as luzes. Quando chegasse, decerto acreditá-la-ia distante.
Trancada agora na sombra, atirou-se à cama, com o abandono de quem larga um fardo importuno, e passou a meditar... Realinhavou na memória todas as esperanças e sonhos, provas e inibições da existência curta, deitando lágrimas no linho do travesseiro.
Daí a instantes, escutou os passos do chefe da casa, que se movia de uma peça para outra. Pela sutileza do andar, percebeu quando Cláudio veio, muito de leve, espreitar-lhe o aposento.
Experimentou a maçaneta, mas não insistiu. Ela e Marina guardavam o hábito da vedação, ao se ausentarem à noite. Ouviu o barulho inconfundível da garrafa em atividade e, logo após, assinaloulhe
o regresso à rua, ao mesmo tempo que lhe notava o nervosismo pela maneira violenta de cerrar a porta, ao sair.
Aliviada, fez-se menos inquieta.
Marita achava-se realmente só, de vez que até mesmo os dois vampirizadores do apartamento, ao que presumíamos, andavam fora, ajustados ao companheiro.
Horas passaram, lentas, difíceis...
Onze em ponto, quando Neves e eu nos dispusemos ao socorro magnético. Oramos, exorando a bênção do Cristo e o concurso do irmão Félix, a beneficio da moça exausta.
Mobilizamos as possibilidades de nosso âmbito estreito.
Ela, a princípio, reagiu negativamente, empenhando-se na vigília, mas cedeu, enfim.

CONTINUA AMANHÃ

DIVALDO FRANCO - COMFLITOS FAMILIARES

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

CONSELHO DO DIA



Este é o conselho que a Imitação de Cristo lhe dá para hoje:
O reino de deus está dentro de vós, diz o Senhor (Lc 17,21). 
Converte-te a Deus de todo o coração, deixa este mundo miserável, e tua alma achará descanso. 
Aprende a desprezar as coisas exteriores e entrega-te às interiores, e verás chegar a ti o reino de Deus. 
Pois o reino de Deus é a paz e o gozo no Espírito Santo (Rom 14, 17), que não se dá aos ímpios. 
Virá a ti Cristo para consolar-te, se lhe preparares no teu interior digna moradia. 
Toda a sua glória e formosura está no interior (Sl 44,14), e só aí o Senhor se compraz. 
A miúdo visita ele o homem interior em doce intretenimento, suave consolação, grande paz e familiaridade sobremaneira admirável. ( Da vida interior)

Certamente estas palavras se referem a alguma necessidade sua.
Mas isso só você saberá entender.



PENSAMENTO DO DIA



Às vezes somos confundidos por uma verdade além de nossa compreensão, ainda assim procuremos fazer o melhor.
 

MENSAGEM DO DIA



O que mais contribui para nos fazer feliz é contribuirmos para a felicidade dos outros.
 

SEXO E DESTINO - LIVRO DE CHICO XAVIER

CONTINUAÇÃO

Lindo anjo de meus passos,
Descansa, meu doce bem;
Dorme, dorme nos meus braços,
Enquanto a noite não vem.
Dorme, filhinha querida;
Não chores, encanto meu;
Dorme, dorme, minha vida,
Tesouro que Deus me deu...
 
Qual se fora repentinamente magnetizada, Marita caiu em pesado sono.
Isso feito, a senhora, que tutelava a companheira, atraiu-a brandamente de encontro ao peito, no manifesto propósito de consolá-la e, segurando-a, falou-nos, triste:
– Irmãos, nossa Aracélia ainda não está em condições de amparar a filha.
E, ajuntou, entre gentil e desapontada:
– Perdoem-nos a interferência. Nós, as mães, em certas dificuldades, nada mais temos que alguma velha canção para dar aos nossos filhos!...
Em seguida, retirou-se, sustendo Aracélia, que se lhe refugiara nos braços, soluçando...
Ainda não nos refizéramos da emoção, quando vimos Marita, em espírito, afastar-se do corpo denso, guardando a inquietação da criança que anseia inutilmente pelo calor materno... 
Qual ocorre, porém, à maioria das criaturas encarnadas, no plano físico, mostrava lucidez oscilante, insegura... 
Cambaleou no quarto e, percebendo eu que Neves se dispunha a amimá-la, sustive-lhe o impulso, fazendo-lhe sentir que a nossa intervenção direta poderia frustrar-lhe os desejos e que, a fim de prestar-lhe auxílio eficiente, era mister deixá-la à vontade, sob vigilância discreta, de modo a examinar-lhe as necessidades mais íntimas.
Sucedeu, quase que de imediato, o que não prevíamos.Esfumaram-se os arroubos da filha saudosa, esmaeceram-se atitudes infantis, a menina de Aracélia desaparecera e ressurgiu nela a personalidade feminina, estuante e clara.
A moça não nos via. Guardava a mente nebulosa que caracteriza os pequeninos ainda tenros, incapazes de particularizar as impressões, quando se transferem de lugar; entretanto, qual lhes acontece, quando ao reterem idéias fixas, quais sejam o brinquedo ou a guloseima, concentraram-se-lhe todos os pensamentos num ponto só: Gilberto.
Queria ver Gilberto, ouvir Gilberto.
Semelhantes impulsos a se lhe conglomerarem na cabeça, repetidamente emitidos, galvanizavam-lhe a vontade, revestindo-lhe o pensamento de uma certa clareza, que a favorecia, porém, tão-só na direção dos seus anseios de mulher. Essa penetração parcial como que lhe conferia agora seguro apoio íntimo e Marita, figurando-se-nos senhora de si, conquanto absolutamente presa ao desejo ardente em que se obstinava, largou o aposento e, descendo os largos trechos da escadaria que contornava o elevador, deixou para trás o enorme edifício, qual sonâmbula, magnetizada pelos próprios reflexos.
Seguimo-la, atentos, não obstante confiando-a à própria discrição.
Cabia-nos estudar-lhe os ímpetos extrovertidos, consultar-lhe as inclinações. Não tivemos, todavia, qualquer dificuldade para adivinhar-lhe o rumo.
Em tempo reduzido, a filha adotiva de Cláudio alcançou a residência de Nemésio, que já se nos fizera conhecida.
Na certeza instintiva de quem se endereça a determinada pessoa, pelos recursos do olfato, sem atender a quaisquer convenções de forma e número, avançou casa a dentro, acalentando a imagem de Gilberto, que lhe substancializava o pensamento dominante.
Impulsionada pelas percepções indefiníveis da alma, demandou amplo dormitório, localizado nos fundos da moradia, e, sem que nos fosse possível avaliar, de pronto, a resolução de garantirlhe a liberdade, a fim de analisar-lhe as reações, sobreveio o choque doloroso.
Naturalmente sobressaltados, apenas conseguimos ampará-la pela retaguarda.
Entrando no quarto, Marita surpreendeu Gilberto nos braços da irmã, e bradou, estarrecida:
– Canalha! Canalha!...
Aquelas imprecações, entretanto, nem de longe atingiram o jovem par, completamente absorto na permuta de gratificações afetivas.
Neves e eu não trocamos palavra. Precipitamo-nos, automaticamente, para a menina atribulada, intentando anular-lhe a agitação convulsiva.
Mais alguns minutos e despertou no corpo denso, obrigandonos a pensar numa pequena fera aguilhoada, retornando à gaiola.
Descerrando as pálpebras, vagarosamente, denotava no olhar a feição dos loucos, quando relaxam os músculos em seguida a perigoso acesso de fúria. Tateou, espantada, a fronte suarenta. Fez luz, com fome de realidade física. Atarantada, sentou-se para fixar as paredes, com mais segurança, e certificar-se de que se achava no leito e no lar.
A pouco e pouco, readquiriu a confiança, acalmou-se, refazendo energias; no entanto, acusava uma espécie de tranqüilidade constrangida e amarga.
Pesadelo? – indagava-se, aterrada – ou quem sabe os padecimentos simultâneos lhe acarretavam crises de loucura?
Doía-lhe a cabeça, sentia-se desajustada, febril. Marita regressara ao agasalho físico, sob pressa demasiada, sem que nos fosse possível adotar qualquer providência para anestesiar-lhe a memória.
Retinha no pensamento particularidades do quadro visto e ouvido, e encarcerada, de novo, entre as impressões superficiais dos sentidos corpóreos e a noção da verdade profunda, que não lograva apalpar, entrou em pranto agoniado, para somente dormir, com relativa calma, aos clarões do dia.

CONTINUA AMANHÃ