sábado, 24 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

A morte não existe. Se você perdeu um ente querido, não se desespere: tenha a certeza de que ele não morreu. Apenas mudou de estado e, mais cedo ou mais tarde, você o irá novamente encontrar..

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA


Amar a humanidade é fácil, difícil é amar o homem

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 83


CONTINUAÇÃO

ao vê-la assim, aquela criatura, comumente silenciosa, falou, submissa: – Irmãos, perdoai-me a comoção excessiva!... Cláudio é meu filho... Não choro de dor ao ver-lhe o corpo caído, mas sim de alegria por abraçar-lhe o espírito levantado!... Choro, irmãos, ao reconhecer que eu, mulher prostituída no mundo, hoje em serviço de minha regeneração depois de provas árduas, posso aproximarme do filho que Deus me confiou, a fim de pedir-lhe perdão pelos maus exemplos que lhe dei... Diante daquele testemunho de humildade, Moreira e eu baixamos a fronte, envergonhados... Quem deveria ali penitenciar-se por maus exemplos senão eu? Que não teria padecido aquela corajosa mulher, cujos laços de parentesco terrestre com Nogueira eu desconhecia até então, para expressar-se assim? Que martírios amargara na Terra e depois da desencarnação para senhorear a serenidade com que se acusava, ela, que eu aprendera a venerar, como sendo minha própria mãe, em dois anos de trabalho constante, invariavelmente interessada em compreender e servir? Não podia auscultar os sentimentos de Moreira. A emotividade sufocava-me. Sei apenas que ele e eu, num movimento instintivo de respeitosa afeição, inclinamos as cabeças, ao mesmo tempo, sobre a destra maternal que afagava o ferido, osculando-a com reverência... Mais alguns minutos de expectativa e dávamos entrada no estabelecimento que nos era familiar.
O médico que se responsabilizara, de mais perto, pela assistência a Marita, a pedido de Nogueira foi chamado pelo fio. Atendeu sem delonga.
Expedíamos mensagem para irmão Félix; entretanto, não acabávamos a transmissão e o benfeitor, com a naturalidade de quem já sabia de tudo, surgiu rente a nós. 9Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 321)
Informou que chegara ao Rio, minutos antes, mas, não desconhecendo que Nemésio se mantinha relegado ao próprio infortúnio, decidira-se a examiná-lo, de imediato, para considerar que espécie de socorro seria capaz de receber.
De minha parte, quis perguntar se Torres pai enlouquecera; entretanto, o olhar do instrutor, naquela hora, não encorajava indagações.
Ativou-se-nos o trabalho socorrista, em colaboração com a medicina terrestre. Apesar disso, Félix inteirou-nos de que Nogueira se achava prestes a desligar-se do corpo. Nenhuma providência humana conseguiria sustar a hemorragia interna em efusão crescente, O médico dedicado improvisava medidas de salvação, que redundavam infrutíferas.
Nogueira esmorecia. Diligenciava mentalizar a figura de Marita, reconhecer lugares, mas a cabeça não se aprumava. Aguçouse-lhe a atenção para o desequilíbrio e, inteligente, sondou o ânimo do facultativo, perguntando-lhe se julgava oportuno algum chamamento aos filhos. O interpelado concordou e, pelo olhar profundo que lhe dirigiu, adivinhou que o fim da atividade orgânica se aproximava... Rememorou as noites de vigília, nas quais se agasalhava no apoio de Agostinho e Salomão. Reportou-se de leve a isso. Agostinho demandara o mundo espiritual, semanas antes, mas, se possível, estimaria abraçar o amigo de Copacabana... O médico entendeu e comunicou-se com Gilberto e Salomão, pelo fio. Viessem com urgência.
Sensibilizando-nos, Cláudio, em prece, rogava forças. Desejava apelar para o genro e para a filha, invocar-lhes a benevolência para Márcia e Nemésio... (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 322) Félix redobrou esforços para sustar o fluxo hemorrágico, ainda que por minutos, e, colaborando intensamente com o médico, obteve o que procurava.
O ferido ganhou inesperada melhora. Raciocinava com firmeza, conseguia comandar-se.
Lúcido, viu quando Gilberto e Marina entraram, compungidos.
Daí a momentos, verificou a chegada de Salomão. Declarouse reanimado e alegre, cunhando as palavras com a serenidade
possível. Olhou, de maneira acariciante, para a filha ansiosa e avisou, com um sorriso forçado, que talvez fosse compelido a efetuar grande viagem para tratamento mais amplo.
Marina compreendeu a significação do gracejo e caiu em choro.
O genitor, no entanto, advertiu-a com doçura. Onde a fé que cultivavam? como não confiar em Deus que renova o Sol cada manhã, para que a vida permaneça triunfante? Tencionava falarlhes
de assunto sério... Marejaram-se-lhe os olhos de pranto e, com inflexão de súplica, rogou-lhes bondade e entendimento para Nemésio e Márcia.
Desconhecia o paradeiro de um e outro; contudo, quando a oportunidade aparecesse, que o lar do Flamengo se mantivesse repleto de carinho para eles, tanto quanto fora farto de amor para ele, Cláudio, que se aproveitava do momento para agradecer-lhes a abnegação incessante... Confessou que Márcia era excelente companheira, que ele, tão-somente, devia ser culpado pela separação... Acentuou que não detinha qualquer motivo para malquerer Nemésio, que o considerava um irmão, pessoa da família, com credenciais para ser acatado e compreendido em qualquer circunstância... Entrementes, passou a respirar com dificuldade. – Mas, meu sogro – tartamudeou Gilberto, sopitando as lágrimas –, como quer o senhor largar-nos assim?... (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 323)
Ajustando o punho ao tórax, como para conter-se, aditou: – E seu neto?
O agonizante esboçou uma expressão quase risonha e ponderou: – Minha neta... E acrescentou, reticencioso: – Um espírita não aposta... Mas... se eu tiver vantagem... na teima... peço uma coisa. Peço... para que a menina... tenha o nome de Marita... prometam...
Agravaram-se-lhe a palidez, o cansaço.
Desfazia-se, por fim, o efeito das forças magnéticas concentradas.
Nogueira ainda pôde solicitar ao amigo uma prece, um passe... O farmacêutico orou, trêmulo, e administrou-lhe o benefício.
Logo após, o agonizante recordou o adeus de Marita e teve a impressão de que alguém lhe tocava os dedos. Era Percília que o acariciava, maternalmente. Alongou a destra, na direção da filha, fixando nela o derradeiro olhar. Guiada por Félix, Marina estendeu-lhe a mão pequena que ele apertou, fortemente, até que, em se lhe relaxando a tensão, deu a perceber que repousara.
Cláudio entrou em coma, qual se dormisse, e durante quatro horas o coração vigoroso pulsou no tronco inerte, apesar do nosso empenho em libertá-lo.
Manhãzinha, sempre assistido pelos filhos e por Salomão, que velavam conosco, Félix ergueu-se em prece e, com o amparo de outros amigos da Esfera Superior, a cujos préstimos recorrêramos,
afastou-o finalmente do veículo fatigado, depondo-lhe a cabeça nos braços de Percília, para a caminhada que nos cabia empreender... O Sol fulgia, renascente, e, contemplando-lhe os raios, coroando aquela mãe amorosa, que conchegava o filho ao colo, tive a (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 324) idéia de que o Pai de Infinita Bondade, ao vê-los renovados, queria mandar buscá-los da Terra para os Céus, num carro de ouro.

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NOSSO LAR CAPÍTULO 14

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Os grandes valores, quase sempre são compreendidos tardiamente

Autor: Nietszche

MENSAGEM DIÁRIA

Quantas preocupações desaparecem quando não nos preocupamos em ser alguma coisa, mas em ser alguém

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 82

CONTINUAÇÃO

hospitalares que lhe pareciam suscetíveis de fornecer alguma pista, com referência ao suicídio anunciado, mas em vão. Nenhum vestígio. Depois da caminhada, junto da filha, repousou mais cedo. Sentia fome de meditação mais prolongada. Concentrandose em pensamentos de benevolência e de fé, rogava a Jesus pelo adversário. Que os mensageiros do Cristo se apiedassem de Nemésio, amparando-o. Se ainda estivesse no corpo carnal, que se lhe estendesse o socorro preciso para que não resvalasse em deserção; se houvesse forçado irrefletidamente as portas da vida espiritual, que fosse bafejado pela proteção dos Emissários Divinos...
Enquanto Moreira e eu lhe acompanhávamos a súplica, Percília entrou.
Esperou o momento oportuno e comunicou-nos que vinha da parte do irmão Félix, a fim de colaborar conosco. Os apelos de Cláudio, durante todo o dia, transmitidos para o “Almas Irmãs”, tinham impelido vários amigos a rogar auxílio em benefício dele.
Chegara no objetivo de ser útil. E nós, que lhe admirávamos a bondade silenciosa, enternecemo-nos ao observar a devoção com que se instalou no aposento, qual enfermeira afetuosamente consagrada a doente querido.
Mais quatro dias transcorreram sem episódios especiais, a não ser a extrema dedicação de Percília que, diante de Cláudio, era análoga ao amor de Cláudio para com a filha.
Entre sete e oito da noite, descemos do prédio e demandamos os sítios conhecidos...
Os Nogueiras conversavam tranqüilamente, em torno de assuntos triviais, à frente das águas mansas, tão mansas que refletiam prateadas faixas do firmamento, a constelar-se de luz.
A aragem soprava, aliviando a tensão do dia. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 317)
Novembro seguia, cálido. Aqui e ali, na paisagem, transeuntes encarnados e desencarnados, sem novidades que chamassem
atenção...
Após o descanso, a volta.
Pai e filha, à beira da pista asfaltada, esperavam vez, notando os carros que desfilavam, velozes.
Locomovia-se Marina, pesadamente; em razão disso, reconhecido o sinal de passagem livre, iniciaram a travessia com vagar; no entanto, o imprevisto aconteceu.
Automóvel a deslocar-se de longe, com lentidão, adquiriu estranho movimento, qual se perdesse todos os controles e, quebrando as regras do trânsito, precipitou-se sobre pai e filha, em tremenda impulsão. Nogueira, rápido, dispôs simplesmente de um segundo para arredar a filha e foi arremessado a distância, depois de sofrer o impacto da máquina à altura do tronco...
Percília, Moreira e eu, assombrados, vimos Nemésio ao volante, com a fisionomia de louco, mantendo o auto, qual avião em decolagem, desnorteando guardas e populares, que, debalde, se dispunham a segui-lo.
Marina, em gritos, foi imediatamente escorada por senhoras que acudiram, emocionadas. Sobreveio a agitação. Motociclistas dispararam no encalço do agressor. Funcionaram telefones próximos para o socorro urgente. O bolo crescia, em torno de Nogueira, que tombara em decúbito ventral. Bradava-se contra choferes desalmados, contra jovens inconscientes...
Cláudio, tonto a princípio, recuperou os sentidos e virou-se com dificuldade. Superando a resistência do corpo que se tornara rígido, conseguiu sentar-se, apoiando-se nos dois braços a se retesarem, forçando as mãos espalmadas no solo.
A filha!... Ansiava enxergá-la, sabê-la viva, salva!... O sangue pingava-lhe da boca, mas, sobrepondo-se à curiosidade dos( Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 318 circunstantes, perguntou por ela. Marina, firmando-se em benfeitoras anônimas, arrastou-se até ele. Não sofrera sequer um arranhão; todavia, aturdira-se. Receava desfalecer. No entanto, fitando o genitor a dominar-se para insuflar-lhe segurança, cobrou forças.
Cláudio ensaiou um sorriso quase alegre, que o sangue entristecia, e rogou-lhe calma. Ferira-se um pouco. Apenas isso, explicava.
Problema simples que a hospitalização de algumas horas viria resolver. Afligia-se tão-somente por ela. Ficasse boazinha, suplicou.
Confiasse em Deus. Tudo terminaria bem. Solicitou a presença do genro, que um dos cavalheiros presentes se prontificou a buscar, no endereço da Glória, que ele mesmo forneceu. Intentou prosseguir conversando, para consolo da filha, mas notou que as energias lhe escapavam... Percília, acomodada no chão, resguardava-o em lágrimas. Desencarnados amigos que procediam das vizinhanças, satisfazendonos o apelo, protegiam a gestante, dispensando-lhe auxilio. Moreira e eu diligenciávamos fortificá-lo, conjugando recursos magnéticos.
Em derredor, a balbúrdia... O acidentado, contudo, alheou-se, em reflexão.
Novembro... Lembrava-se de que dois anos jaziam transcorridos sobre o desastre no qual supunha haver Marita procurado a morte. Ela tombara perto do mar, ele também... Ambos atropelados por automóvel. Contemplou o céu e recordou que a filha caíra quando as estrelas se apagavam, ele, quando as estrelas se acendiam... Fixou Marina que chorava, baixinho, e verificou que as lágrimas represadas lhe constringiam a garganta. Queria tanto viver para aquela filha, aguardava com tanta ternura a criancinha por nascer!... Nisso, sentiu que se lhe reconstituía na mente a visão em que se reconhecera visitado por Marita, e as palavras da prece que formulara lhe vieram, uma a uma, ao ádito da memória. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 319) “Senhor, tu sabes que ela perdeu os sonhos de criança por minha causa... Se é possível, amado Jesus, permite agora que lhe dê minha vida!... Senhor, deixa que eu ofereça, à filha de minha alma, tudo o que eu tenho!...”
Quando esses trechos da oração se lhe rearticularam no pensamento, sorriu e compreendeu. Sim, considerou intimamente,
devia regozijar-se. Acreditava que Marina e Marita ali se achavam juntas... juntas... Por que não dar alegremente a vida para que a filhinha prematuramente desencarnada, por culpa dele, viesse a refazer a existência? por que não agradecer ao Senhor o bendito instante em que pudera acautelar Marina contra o carro homicida?
Não seria aquela hora, para ele, Espírito endividado, a maior manifestação da bondade de Deus? Impelira a filha para a morte, incriminara-se sem que a justiça da Terra lhe infligisse punições.
Nas preces costumeiras, rogava aos amigos espirituais o ajudassem no resgate da falta cometida. Se lhe competia encetar o pagamento
do débito assumido, apenas no curso de existências porvindouras, por que não iniciá-lo, mesmo ali, entre os rostos desconhecidos que Marita, igualmente, fora constrangida a defrontar?... Soberana tranqüilidade se lhe instalou no espírito.
Diante da ambulância que chegara, pediu a própria internação no Hospital dos Acidentados. Que o serviço policial o favorecesse.
Carregado por braços generosos, despediu-se da filha, a recomendar-lhe otimismo, serenidade. Esperasse por Gilberto e lhe participasse o acontecido, sem exagerar as impressões. Nada de alarmes. Se necessário, pediria o concurso de alguém para dar noticias ao telefone. Que não se apoquentasse por sustos.
Dentro do carro, enquanto Nogueira pensava em Marita, ao viajar num carro igual àquele, nas mesmas circunstâncias, Percília, que o aconchegava de encontro ao colo, se desfazia em pranto copioso. Concluindo, porém, que Moreira e eu nos desassossegávamos,

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NOSSO LAR - CASPÍTULO 13

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Quem fala mal dos outros perto de você, quando longe falará mal de ti

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

A vida é um fogo que nos aquece, se um dia esse fogo se apagar nós vamos embora com tudo que fizemos ou deixamos de fazer..

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 81

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protegê-la, sem parecer ao genro que assim procedia defendendo-a do sogro.
O gerente, prestativo e humano, associou-se-lhe aos cuidados e sugeriu-lhe uma licença de seis meses. Nenhum impedimento para ele, antigo funcionário com excelente folha de serviço. Nessa fórmula, apoiaria a moça e resguardá-la-ia, desde a caixa do correio, impedindo que novas cartas lhe chegassem às mãos, até a assistência contínua em casa, hora a hora, para que se lhe garantisse a tranqüilidade na gravidez. Incumbir-se-ia de comunicar a Gilberto e colegas que ouvira de médicos amigos a recomendação de impor-lhe descanso indeterminado, e se entenderia, ele próprio, com os clínicos, que não lhe sonegariam a concessão. Que repousasse e atendesse a filha.
Cláudio agradeceu, confortado.
Vinda a noite, entrou em conversação com a filha, sossegando-a. Afirmou possuir razões para acreditar que Nemésio não mais a molestaria. Esclareceu ter estado na residência dos Torres;
contudo, não avançou além de semelhante informe, dando a impressão de que o problema fora liquidado na origem. E interessados quais se achavam em apagar o pretérito, pai e filha se entretiveram no assunto da licença. Marina rejubilava-se. Ambos se
devotariam a trabalhos diversos. Juntos, construiriam o berço do nenê. Dariam nova disposição ao apartamento. Diferentes decorações.
Cláudio fez humor. Salientou que Gilberto e ele se empenhavam em apostas. O genro aguardava um príncipe. Ele contava com uma princesa. De qualquer forma, era preciso organizar o palácio. Dizia-lhe o coração que a neta se achava em caminho...
Por isso, concordava em renovar os móveis e pintar as paredes, mas exigia que todo o serviço fosse feito com predominância de rosa. Gracejaram. Aprovando os planos, Marina solicitou-lhe o concurso na organização de um álbum que andava formando para (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 313) o bebê, enquanto esperavam por Gilberto, que prosseguia estudando à noite, com vistas à melhoria.
Demandando, por fim, o leito, Cláudio sensibilizava-nos com oportunas reflexões, permeadas de preces ardentes. Previa, inquieto,
que doravante seria compelido a novos encargos. Acautelaria Marina e, conseqüentemente, Marita, de cuja reencarnação guardava a certeza. A carta de Nemésio, ressumando inconformidade, e a rudeza com que lhe havia cerrado a porta, não lhe conferiam margem a dúvidas. Teria conflitos e injúrias à frente; no entanto, nada razoável desanimar. Orava, implorando recursos aos Espíritos amigos. Que o não deixassem confiado a si mesmo, que lhe impedissem as manifestações de fraqueza, que lhe frustrassem qualquer propósito de revide. Identificava-se num teste. Indiscutivelmente prejudicara Nemésio Torres em outras existências.
Devia pagar. Somente ao clarão da lógica espírita destrinçava a meada dolorosa. Aquele homem castigara-o na alma e na carne, transformara-se para ele em cobrador do destino. A consciência determinava-lhe aceitar os desafios com humildade. Se bem não se sentisse em condições de se acomodar com a virtude, anelava solver os débitos contraídos, ainda que isso lhe custasse a existência.
Por essa razão, suplicava o apoio do Cristo, a fim de esquecer-se, de maneira a seguir caminho afora, segundo as Leis Divinas...
Efetivamente, conhecendo o horário aproximado de recepção do Correio, no prédio, Nogueira desceu, no dia seguinte, com a desculpa de obter pão mais fresco e recolheu nova carta de Nemésio, endereçada a Marina, cuja identidade estabeleceu para logo, através da letra. Abriu-a. Era coleção de recados, sabendo a fel.
Misturava declarações e libelos, alegava dificuldades, crises.
Dizia precisar dela para recompor as finanças. Restaurar-se-ia em reduzido tempo, se o atendesse. Não obstante os prejuízos que (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 314) experimentara, ainda era suficientemente abastado para fazê-la
feliz. Reclamava resposta. Ameaçava. Nogueira, reservado, queimou o papel. A ocorrência, no entanto, se repetiu diariamente, por dois meses.
Minuciosa ou sintética, a missiva chegava, pontualmente. Cada texto mais inconveniente que o outro. Por vezes, relatava as andanças a que se entregava no Flamengo, tentando revê-la. Noutras ocasiões, depois de frases melífluas, exigia pronunciamentos descabidos, sob pena de estourar o crânio, deixando queixa à Polícia contra ela, com o fim de arruiná-la. Em bilhetes comprometedores, proibia-lhe dar filhos a Gilberto. Preferia matá-la ou matar-se a receber netos do lar que haviam formado. Referia-se ao revólver, qual se lhe fosse companheiro incessante.
Dia a dia, o negociante se figurava ao leitor paciente mais contraditório e menos lúcido. Cada vez que entregava os manuscritos ao fogo, Cláudio percebia que o redator de tantos aleives se atascava, sempre mais, em loucura e obsessão, sem que lhe fosse facultado assumir qualquer providência, entre o genro feliz e a filha gestante. Cumpria-lhe tudo amargar, sem dividir com pessoa alguma a dor que o espicaçava. E para que a filha não pudesse penetrar os motivos de tamanha solicitude, ele se lhe convertera no pajem de todo instante.
No encontro último de consultório, indicara o médico ligeiros exercícios físicos. Nenhuma ginástica. Algo suave. Bastariam marchas diminutas a pé. Realizasse à noitinha curto passeio até à praia, em esforço diário, enquanto lhe fosse possível. Nada mais que isso. A gestante obedeceu e, como era de esperar, Nogueira se lhe erigiu em guarda-costas, sustentando o coração repassado de inquietude. Não se lhe oferecia ensejo de opor embargos à prescrição.
Para a filha, aquela primeira manifestação de Nemésio, pelo serviço postal, fora varrida do pensamento. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 315)
Marina, enlaçada ao pai, largava o prédio, efetuando breve percurso, para sentar-se, junto dele, nunca por mais de meia hora, ao pé do mar. Aí se entretinham habitualmente nos temas caseiros, quando não se internavam em assuntos do espírito.
Escorridos seis dias sobre as excursões aconselhadas, o registro de Torres pai veio diferente.
Acompanhando Nogueira, analisamos a alteração. A letra modificada, configurando insultos, revelava superexcitação fronteira à demência. Comunicava à esposa de Gilberto tê-la visto, por fim, na praia, em companhia daquele pai, que crivava de pejorativos e ofensas, e verificara que ela, afinal, se engravidara contra as ordens que lhe ditara em observações anteriores. Acreditava-se o mais desmoralizado de todos os homens desmoralizados. Enojava-se da paixão que nutrira por ela, preferia morrer. Confessavase falido. Escasseava-lhe tudo. Acabara-se o dinheiro, desertavam amigos. Restava-lhe de seu, tão-só, a moradia, assim mesmo hipotecada. Esperara por ela, pelas decisões dela. Se juntos, contaria com a possibilidade de se reerguer. Entretanto, a gravidez apontada desiludira-o. Plantaria uma bala na cabeça. Despedia-se dela e do mundo com repugnância. Que visse nos borrões freqüentes daquelas páginas com que encerrava a existência as marcas das lágrimas que chorava. Lágrimas de revolta, desprezo, repulsão. Finalizava, alinhando obscenidades e informando estar assinando o nome pela última vez.
Nogueira, assustado, leu e releu o documento e, antes de reduzi-lo a cinzas, insulou-se no quarto e orou por aquele homem que, pelo jeito, se afundava em pavoroso desespero. Compadeceuse.
Impraticável, todavia, colocar o genro ao corrente da situação.
Nemésio delirava. Mais justo que o filho aguardasse noticias do tresloucado genitor por outras fontes. Impressionou-se, contudo, de tal forma com a mensagem recolhida que, após o almoço, demandou, com discrição, algumas das organizações policiais

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NOSSO LAR - CAPÍTULO 12

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Quando um sonho se desfaz, sei que as marcas ficarão. Mas as forças de sonhar continuam em tuas mãos

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

A vida tanto pode ser um drama apaixonante, como uma comédia empolgante, ou uma tragédia deprimente. Tudo depende de como a vivemos e a encaramos

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 80

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 12

Atingira Marina o quinto mês de gestação. Entre o esposo e o pai, acompanhada pelo devotamento de Dona Justa, que a servia por mãe, transpirava regozijo, embora os estorvos naturais.
Cláudio seguia o acontecimento, enternecido. No íntimo, detinha a convicção de que Marita se achava, junto da família, prestes a ressurgir em novo berço. Cada noite, orações pela tranqüilidade do Espírito que voltava, preces pela felicidade dos filhos.
Visitas mensais ao médico, prestando assistência à filha. Passes de reconforto à gestante. Mimos para o bebê.
Demorávamo-nos, por vezes, a admirar-lhe a paciência e a ternura, lendo para a filha, ao tricô, páginas educativas de ginecologistas e pediatras, instruindo-a, asserenando-a.
De permeio, Gilberto, feliz, na expectativa de um sucessor.
Conjeturava-se, quanto ao sexo da criança, planejavam-se realizações, endereçavam-se ao porvir. Dona Justa repetia a história do homem que carregava o cesto de ovos, sonhando com fazendas que lhe adviriam dos pintos improváveis. Riam-se.
De nosso lado, resguardando Marita, quanto possível, no processo reencarnatório, junto da irmã, partilhávamos o enlevo geral.
Tudo esperança, sossego.
A criança encomendada figurava-se no grupo familiar um sagrado penhor de reconciliação com a vida. A paz, aparentemente definitiva, entrara no lar do Flamengo, como se todos os pesares transcorridos estivessem para sempre arquivados nas gavetas do tempo. Entretanto, o passado palpitava naquele trato de ventura, como a raiz parcialmente enferma, escondida no solo, sustentando embora o tronco florido. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 309)
Apareceu a tarde em que ambos os bancários surpreenderam a jovem dona da casa em agoniado abatimento.
De princípio, atribuiu-se a alteração ao problema orgânico, mas, agravada a ocorrência, chamou-se o médico, sem que o facultativo atinasse com a origem da queda súbita.
Marina enlanguescia... Finda uma semana, valeu-se Cláudio de ensejo para a conversação a sós e investigou-a. Suspirava por vê-la recuperada, fortalecida.
Receava complicações. Exortou-a à confiança e ao otimismo.
Orasse, tivesse fé. No conhecimento espírita, não ignorava que a criança, em vias de nascer, lhe reclamava descanso, alegria. Notando que a moça, em determinado ponto do entendimento, pendia a cabeça, de lenço aos olhos, fez-se mais persuasivo, rogando para que se abrisse com ele. Não lhe opusesse reservas.
Afligia-se, era pai. Excetuando Gilberto, que passara a bemquerer por filho, não dispunha, na Terra, de outra pessoa, senão dela, para incentivar-se ao trabalho.
A interlocutora, comovida, levantou-se, demandou o quarto e trouxe-lhe um papel. Uma carta. Cláudio leu-a, sem dissimular no rosto o assombro e o sofrimento.
O escrito vinha de Nemésio. Participava o regresso ao Rio, após seis meses de Europa. Confessava-se, desabrido. Afirmavase entediado de tudo, menos dela, a quem amava ainda com inusitado calor. Informara-se do casamento; ao retornar, no entanto, jamais a consideraria por nora. O filho não passava de um tonto, de um espantalho, dizia ele, do qual se deveriam afastar para o cultivo da felicidade que ele mesmo, Nemésio, frustrara, abandonando-
a sem maior consideração. Pedia escusas e aguardava-a. Conhecera países novos, contemplara maravilhas que lhe afetaram
os olhos, mas o coração quedava ermo, jungido a ela através do pensamento. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 310).
Até à metade do relatório afetivo, reportava-se Torres pai a conceitos de compaixão e carinho, mas, na última parte, incidia na irreverência. Sacudia-lhe a memória. Perguntava-lhe por lugares menos recomendáveis. Acusava-se desajustado, saudoso. Pedia encontro. Dar-lhe-ia instruções para o desquite. Possuía excelentes amigos no Foro. Que ela não o desapontasse, porque, de outro modo, uma bala na cabeça ser-lhe-ia a solução. Não vacilaria entre a felicidade com ela e o suicídio. Que escolhesse. Punha-lhe o destino nas mãos.
O missivista não traçava a menor referência quanto a Márcia. Nogueira analisou a gravidade da situação, pensando, pensando... Recordou, calado, o espancamento sofrido no banco, que não mencionara aos filhos, e deduziu que Nemésio era capaz de todas as violências. Anteviu a tormenta que se esboçava, mas tratou de consolar a filha. Desanuviou o semblante e sorriu, paternal.
Aquilo tudo não passaria de momento infeliz. Que não se amofinasse. Procuraria o negociante em pessoa, a fim de rogar-lhe serenidade e reconsideração, ao mesmo tempo que lhe participaria a chegada próxima da criancinha que seria para ele também, Nemésio, um sorriso de Deus. Impossível que a notícia não lhe
acordasse enternecimento. Que a filha não se afligisse. O sogro investir-se-ia na condição de avô, antecipadamente, e olvidaria o passado, abraçando a reconciliação com a família para a felicidade geral.
Nos olhos da interlocutora, seduzida pelo magnetismo daquelas palavras, a esperança brilhou com a paz que o genitor lhe devolvia ao coração.
Na manhã seguinte, Cláudio, discreto, pôs-se em campo. Rogou a colaboração de amigos íntimos, a fim de que alguns dos corretores da imobiliária fossem ouvidos, e veio a saber que os turistas haviam regressado, semanas antes. O chefe, contudo, virase defrontado por notícias desagradáveis e mostrara-se irritadiço. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 311).
O afastamento do filho desequilibrara a balança dos negócios, não somente porque isso golpeara os créditos morais de Nemésio, mas também pelo fato de a circunstância encorajar abusos da parte de subordinados que não se revelaram à altura da autoridade recebida.
A longa viagem, numa época de crise na organização, à face da ausência de Gilberto. atraíra desastres financeiros, abrindo brechas dificilmente recuperáveis. Amigos da firma haviam retirado, à pressa, capitais importantes, desistindo dos depósitos com que lhe garantiam a segurança. Prejudicado o movimento, onerara-
se a imobiliária com dois vultosos empréstimos, para cujo resgate entregara Nemésio duas terças partes dos próprios bens.
Não detinha agora senão possibilidades estreitas para lastrear as
operações imediatas e evitar a falência. E fosse por vê-lo destituído das propriedades que a fascinavam ou porque houvesse esgotado as reservas afetivas para com ele, Dona Márcia abandonara-o e residia com Selma, planeando a formação de um restaurante.
Nogueira recolheu todos os informes, apreensivo. Mesmo assim, após o almoço, vencendo a própria repugnância com os recursos da oração, demandou a moradia dos Torres.
Levava o espírito pressago, triste... Fez soar a campainha no vestíbulo ajardinado; no entanto, o pai de Gilberto vira-o, de longe, quando apeava do ônibus, e do terraço em que fumava, à sesta, expediu aviso. Um empregado, em nome dele, veio dizer a Cláudio fizesse a gentileza de se considerar indesejável. Não lhe receberia a visita naquela hora, nem noutras.
Nogueira retirou-se, compreensivo.
Inútil o tentame.
Voltou ao trabalho e rogou entendimento com o chefe que se lhe tornara mais amigo. Mostrou-lhe a carta que o conhecido agressor lhe dirigira à filha e ponderou, quanto à necessidade de

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NOSSO LAR CAPÍTULO 11

terça-feira, 20 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Pequenas oportunidades poderão ser o começo de grandes empreendimentos

Autor: Demóstenes

MENSAGEM DIÁRIA

Ter problemas na vida é inevitável, ser derrotado por eles é opcional

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 79


CONTINUAÇÃO

Atormentada, tremente, a moça, assistida por nós, penetrou no aposento paterno e, oh surpresa! Nogueira, em espírito, rente ao corpo que ressonava de manso, como que lhe aguardava a presença, pois estendeu-lhe os braços e gritou, misturando enlevo e regozijo, na exaltação que passou a comandar-lhe todas as forças: – Minha filha!... minha filha!...
A jovem rememorou os quadros que imaginara no hospital, o suplício das horas lentas, as preces que lhe amenizavam as amarguras, a invariável devoção daquele pai que se lhe redimira no conceito à custa de sofrimento, e ajoelhou-se, diante dele, procurando-lhe o regaço, como quando em criança.
Cláudio, perplexo, não nos via, concentrava-se totalmente na visão a exercer sobre ele inigualável fascínio. Afagou com a destra hesitante aqueles cabelos desnastrados que tanta vez alisara, na instituição dos acidentados, e relembrou Marita, nas atitudes da infância, quando vinha da escola, e indagou: – Filha do meu coração, por que choras?
A recém-chegada endereçou-lhe um gesto súplice e rogou: – Papai, não se aflija!... Estou feliz, mas quero Gilberto, quero voltar para a Terra!... Quero viver no Rio com o senhor, outra vez!...
Patenteando carinho imáculo, Nogueira conservou-a sob as mãos que tremiam de júbilo e, levantando o olhar para o teto, com a ânsia de quem se propunha romper o monte de alvenaria para dirigir-se a Jesus, diante do firmamento, clamou em lágrimas: – Senhor, esta é a filha querida que me ensinaste a amar com pureza!... Ela quer retornar ao mundo, para junto de nós!... Mestre, dá-lhe, com a tua infinita bondade, uma nova existência, um corpo novo!... Senhor, tu sabes que ela perdeu os sonhos de criança por minha causa... Se é possível, amado Jesus, permite agora (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 307) que lhe dê minha vida! Senhor, deixa que eu ofereça à filha de minha alma tudo o que eu tenho! Oh! Jesus, Jesus!...
Félix considerou que a emotividade excessiva poderia abatêlo e recolheu Marita nos braços, recomendando que me atrasasse, no sentido de auxiliá-lo a reaver o envoltório físico enlanguescido.
Retirou-se o instrutor carregando a menina paternalmente, ao passo que Moreira e eu investíamos Cláudio sobre a máquina orgânica em movimento de impulsão. Depois de passe reconfortante, Nogueira acordou em choro convulso, guardando na memória todos os detalhes da ocorrência.
Daí a instantes, ouvimos passos na sala.
Gilberto entrava, de leve. O sogro intentou aprumar-se e chamá-lo para narrar o acontecido; entretanto, assimilou-nos a exortação ao silêncio, para colaborar com o futuro... Sim – concordou, qual se estivesse conversando consigo mesmo –, a verdade da vida não deve brilhar para a maioria dos homens, senão por intermédio de sonhos vagos, para não confundir-lhes o raciocínio nascituro, assim como o Universo de Deus não pode fulgir para as criaturas da Terra, senão em forma de estrelas, semelhantes a pingos de luz nas trevas, de modo a lhes não arrasar a pequenez...
Entretanto, a certeza de que Marita retornaria ao mundo, reencarnada, iluminava-lhe o pensamento e aquecia-lhe o coração.

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NOSSO LAR - CAPÍTULO 10

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Leva tempo para alguém ser bem sucedido porque o êxito não é mais do que a recompensa natural pelo tempo gasto em fazer algo direito

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Se você vibrar só com pensamentos positivos, suas ações consequentemente também serão positivas

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 78

CONTINUAÇÃO

moço no serviço, acrescentando que lhe faria os possíveis vencimentos até que lhe vissem a situação devidamente legalizada.
Na reta final para o casamento, Gilberto conseguiu empregarse, estimado de todos.
Nemésio, contudo, acabrunhado e desgostoso, convidou Márcia para uma excursão de seis meses em países da Europa. Atravessariam Portugal e Espanha, França e Itália, com alguma demora na Suíça. Declarava-se infelicitado pelo destino, desde a morte de Beatriz. Caipora. Malogrado. Anelava mudança, refazimento.
A senhora Nogueira, que cortara os telefonemas para a família, desde Petrópolis, deu-se pressa em comunicar o acontecimento à filha, através de um cartão. Confessava-se esperançosa, encantada.
Seguiria juntamente daquele a quem não trepidava em designar por “futuro esposo” e prometia enviar notícias de cada cidade que visitassem.
Marina recolheu a mensagem com discrição, sem que o pai e o noivo soubessem de semelhantes férias, a não ser indiretamente pela boca de amigos.
A ausência do par traçou, para o trio, bendito parêntese, recheado de alegria e sossego, de ponta a ponta.
O apartamento do Flamengo convertera-se em colméia de paz e luz. E enquanto Moreira resguardava Marina com fidelidade incondicional, retomei estudos e experiências, junto de Félix, embora acompanhando com afetuoso interesse os amigos do Rio, a se prepararem, contentes, para o enlace feliz.
A união esponsalícia de Gilberto e Marina realizou-se precisamente no último dia do ano que se seguiu à desencarnação de Marita. Solenidade marcada por flores e orações, abraços e promessas.
A ventura do novo casal atingiu-nos, igualmente, no “Almas Irmãs”, onde pequena equipe de companheiros se reuniu em prece (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 303) pela segurança dos nubentes que se entregavam a novas responsabilidades e novas lutas.
Destaquei, no entanto, com desagrado, a ausência da filha de Aracélia. A própria Beatriz compartilhara os júbilos votivos, conquanto desconhecesse completamente o que sucedia, comreferência ao esposo.
Félix, porém, ao registrar-me a estranheza, quanto àquilo que eu imaginava como sendo preterição, elucidou que a menina, prestes a regressar para as lides terrenas, demandava cautelas especiais. E prosseguiu aclarando que obtivera permissão para que o processo regenerador do conjunto Nogueira-Torres fosse remodelado. Marita não lograra desposar Gilberto, por influência da irmã; contudo, voltaria a viver entre os dois, na condição de filha, para que a fração de tempo, concedida ao grupo para a existência em comum, no plano físico, viesse a ser aproveitada nos recursos possíveis, sempre valiosos, por mínimos que fossem.
Indiscutivelmente, não se tratava de reencarnação organizada a rigor e nem compulsória, por motivos judiciais. Medida, entretanto, de caráter premente que ela seria impelida a aceitar, em favor de si mesma. Para esse fim, ela reveria o Rio, oportunamente, junto de nós, pela primeira vez, depois de quase onze meses de internação em parque de repouso, onde vivera apenas de saudade e recordação, para efeito indutivo. Abraçaria tão-só os que quisesse, atenderia exclusivamente a própria vontade, para que se lhe avantajasse o impulso de voltar. Compreendendo-se que Gilberto lhe constituiria o tema central das compensações emotivas, sublinhava Félix que todos os nossos cuidados, na ocasião, se concentrariam nele. Seria necessário que Marita o surpreendesse a sós, ignorando-lhe o matrimônio, porquanto os ressentimentos hauridos da convivência com a irmã ainda lhe doíam na memória, quais chagas entreabertas. E, entendendo-se que ambas se reencontrariam, mais tarde, por mãe e filha, em conflito vibratório, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 304) visando ao expurgo dos erros e aversões recíprocas que carregavam de remoto passado, era de todo indispensável que a reencarnante dormisse para o renascimento físico, sob a impressão de euforia perfeita.
Aceitando a lógica das explicações, fui avisado, dias transcorridos sobre a conversa, quanto à data escolhida para a excursão.
No instante aprazado, participou-me Félix não só o envio de dois companheiros, incumbidos da preparação de ambiente junto ao filho de Beatriz, como também cientificou-me de que se valia do ensejo em andamento, por sabê-lo em estudos, à noite, na intimidade de vários colegas, numa residência da Glória, com vistas a concurso próximo para a efetivação no cargo que exercia no banco.
Efetivamente, partimos com Marita, calculando o tempo necessário para encontrá-lo fora de casa, prevendo-se o término das tarefas noturnas para depois de zero hora, segundo notificações recebidas.
Cumpriu-se o programa com diminutas diferenças de horário.
Estimulávamos os júbilos de Marita, que descia conosco sobre a Guanabara feérica. De longe, os contrastes de luz, entre o morro do Leme e o casario da Urca, mais além, a praia de Botafogo... Mais alguns instantes, a Avenida Beira Mar, diante de nós... Tocando o chão do Flamengo, a moça multiplicava interjeições de alegria, revendo a cidade que lhe senhoreava a ternura.
Parados, diante das águas remansosas, assimilando energias nutrientes da Natureza, fomos inteirados pelos batedores amigos de que Gilberto descera de carro particular em esquina adjacente.
Sem delonga, conduzimos a jovem ao ponto indicado, e, ao identificá-lo, embriagada de ventura, chamou, ansiosa: – Gilberto!... Gilberto!... (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 305)
O interpelado não lhe registrou a voz com os tímpanos carnais; no entanto, assinalou-lhe a presença em forma de lembrança.
Recordou, de inopino, aquela que ainda supunha como sendo pupila de Cláudio e tomou direção oposta à que seguiria, parando, além, a fim de refletir e contemplar a bala prateada de lua... Sim, ali, naquelas areias, jurara-lhe amor eterno, planeara o futuro... Meu Deus! – pensou – como a vida mudara!... Enlaçado pela jovem desencarnada, desentranhava-lhe a imagem do pensamento, enxugando os olhos... Félix, contudo, apartou-a brandamente e perguntou-lhe o que mais desejava. – Viver com ele e para ele!... A resposta alcançava-nos como um grito de esperança, rebuçado em soluços.
O instrutor, que não aguardava outra coisa, dirigindo-se a ela de modo paternal, ponderou a conveniência de tornarmos ao domicílio. Empenhar-se-ia por assegurar-lhe o regresso. Que se acalmasse. Retomaria a convivência e a dedicação de Gilberto.
Não aconselhava, porém, se lhe dilatasse o arrebatamento, nocivo a ambos, mesmo porque, muito em breve, estariam juntos.
A menina obedeceu, mas pousou sobre nós os olhos molhados, indagadores. Percebi-lhe no espírito os reflexos de Márcia e Marina; todavia, afastou-lhes a figura do pensamento e inquiriu se lhe era facultado rever Cláudio, acentuando que o pai lhe fora o derradeiro amigo, nas angústias do adeus... O orientador anuiu, contente.
Mais quinhentos metros de espaço e atingimos o apartamento, acolhidos à entrada por Moreira, vígil. O enfermeiro reconheceu Marita, sob emoção forte, mas eclipsou-se a um aceno de Félix, que desejava poupá-la a divagações.

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NOSSO LAR - CAPÍTULO 9

domingo, 18 de setembro de 2011

MENSAGEM SEMANAL

CONVITE AO PERDÃO.

“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas também vosso Pai celeste vos perdoará.” (Mateus: 6-14 e 15.) Por mais rude haja sido a agressão, perdoa. Mesmo que a injustiça prossiga amargando as tuas elevadas aspirações, perdoa. Não obstante o amigo momentaneamente enganado se haja transformado em teu algoz, perdoa. Apesar dos teus esforços no bem, se nada conseguires, permitindo a sementeira da calúnia a multiplicar dificuldades e espinhos pela senda, perdoa. Em qualquer circunstância perdoa aqueles que te ofendam, esquecendo as ofensas com que te agridam. O ofensor é alguém a um passo do desequilíbrio. Aquele que se compraz na perseguição ignora o grau de enfermidade que o vitima. O perseguidor permanece enleado nas teias do desvario e em breve será vítima de si mesmo. Indubitavelmente a felicidade pertence sempre àquele que pode oferecer, que possui para dar. Muitas vezes serás convidado ao revide, conclamado à reação engendrada pela ira, que provoca a rebelião, tal a soma de circunstâncias negativas em que te verás envolvido. Tem, porém, cuidado. Reflexiona antes de reagir a fim de não agires por precipitação e reflexionares tardiamente. Jesus, convidado diretamente à reação negativa, vezes sem conto, permaneceu integérrimo, perdoando e amando, por saber que aqueles que O afligiam eram espíritos aturdidos, afligidos em si mesmos, por essa razão, dignos de perdão.

Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Convites da Vida / 16/09/2011

PENSAMENTO DO DIA

Os velhos sonhos eram bons sonhos, não se realizaram, mas foi bom tê-los

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 77

CONTINUAÇÃO 

os bons ofícios. Que o rapaz esquecesse os agravos e aceitasse em Nemésio um enfermo da alma.
Gilberto rememorou os segredos de Dona Márcia, condoeu-se do interlocutor e entrou em lágrimas. Aquele homem, muito mais ofendido que ele mesmo pelo pai prepotente, aquele homem espoliado no coração, impetrava benevolência para o seu próprio verdugo.
Marina, que sazonara o entendimento da vida, exortava também à concórdia e ao olvido. E tanto se adestrava em renovação que, após o curativo nos lábios de Gilberto, sugeriu ao pai fosse o rapaz conduzido sem delonga ao gerente. Não se devia perder a oportunidade, nada de lamentar sobre o inevitável. Ensaiou apontamentos de bom-humor, emprestou comicidade ao drama que lhes cabia viver, endereçando o pensamento ao futuro, e inventou notas alegres para a dificuldade, qual se dependurasse guirlandas numa sala encrespada de espinhos, conseguindo que Torres filho, chorando e rindo, trincasse alguns pastéis, antes de sair.
O diretor de Nogueira acolheu o candidato com simpatia; no entanto, não relacionava meios para colocá-lo em regime de urgência.
Aguardasse um mês. Não se admitiam aspirantes ao serviço, sem provas de habilitação, previamente ordenadas, mas prometia entender-se com os chefes. Acreditava na possibilidade de aproveitar-lhe o concurso, em caráter de interinidade.
Gilberto agradeceu.
A sós com o protetor, referiu-se com humildade ao problema de moradia.
Afinal, sabia-se expulso de casa a pontapés.
Cláudio tranqüilizou-o.
Certo, não calhava, por enquanto, a presença dele no lar do Flamengo, embora julgasse a medida irrepreensível. Competialhes, porém, imunizar Nemésio contra qualquer novo ataque de (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 299) fúria. Conhecia pensão de estudantes corretos e pediu-lhe para que não lhe recusasse as garantias. Entre moços respeitáveis, esperaria a convocação. Depois, resgataria os pequenos débitos que viesse a contrair. Que não se vexasse. Acariciou a cabeça do jovem e salientou que se achavam na condição de pai e filho e que, em razão disso, o dinheiro entre ambos deveria ser gasto em condomínio.
O rapaz, não obstante constrangido, aquiesceu.
Daí a algumas horas, ciente de que o genitor se ocupava em serviço, contratou caminhão e colheu da residência os pertences que julgou indispensáveis, sossegando a dedicada governante com a informação de que se ausentava para trabalhar, durante algum tempo, com o pai de Marina, a fim de tentar a sorte.
O comunicado surtiu efeitos imediatos.
Dispensando a possível assistência ao ânimo inquieto de Nogueira, vimos, no dia seguinte, quando Nemésio entrou no banco, às duas da tarde, a esbaforir-se. Enraivado, no centro de vasto grupo de Espíritos galhofeiros, solicitou a presença de Nogueira em recinto particular. Um funcionário acenou para o companheiro e Cláudio veio; mas, pressentindo que seria intimado a rigoroso testemunho de tolerância, preferiu atender no vestíbulo, rente ao público.
O visitante começou dizendo que lhe exigia contas do filho, acentuando que não lhe permitiria influenciá-lo. Cláudio mobilizou todas as reservas de humildade e rogou licença para informar que o moço tão-somente o tratava por amigo, sem, no entanto, abdicar do livre-arbítrio; que não se via autorizado a responder por ele; que... O genro de Neves, todavia, interceptou-lhe a palavra e rugiu: – Cale-se, besta!... joão-ninguém! paspalhão! Tome lá, seu
espírita de meia-tigela!... (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 300)
O punho do negociante batia no rosto de Cláudio, arremessando-lhe pescoções violentos, enquanto a vítima procurava defender-se, debalde, escondendo a cabeça entre as mãos.
A agressão fora rápida.
Antes que os circunstantes se refizessem do choque, o bancário jazia no pavimento e somente a cooperação de intercessores anônimos impediu que o esmurrador asselvajado lhe pisasse o corpo em decúbito. Contido à força, berrava insultos, assessorado por Espíritos infelizes.
O injuriado ergueu-se disposto a revidar. Irado, contundido.
Referviam-lhe no peito as dores acumuladas. Tomaria desforra. O comerciante audacioso conhecer-lhe-ia o desagravo. Massacrá-lo-ia naquele mesmo instante como se achata um verme. Num átimo, contudo, ao levantar a destra para medir punhos com o adversário, sentiu o reflexo de Marita. Aquela mão pequena e fria que se elevara da morte, a fim de abençoá-lo, estava na dele. A menina atropelada surgia-lhe na memória, como a perguntar-lhe pelos votos de melhoria. Prometera-lhe renovar-se, ser outro homem...
Impossível quebrar o compromisso. Recordou-a padecente, o corpo recoberto de escaras dolorosas. Não tinha sido ele o culpado? não fora a Divina Providência suficientemente compassiva, deixando que a falta de que se acusava passasse despercebida, à frente dos homens? não recebera, acaso, o perdão da filha que amava? que diria ela, do Além, se também não perdoasse ao carrasco que lhe seduzira a primogênita e lhe furtara a mulher?
Abraçara princípios que lhe preceituavam clareza de raciocínio, a fim de que aprendesse a conjugar bondade e discernimento, justiça e caridade... Cabia-lhe ver, nos inimigos gratuitos, enfermos exigindo socorro e benevolência. De que modo condenar alguém naquilo em que se inculpava? Não trazia, porventura, o espírito endividado, em meio de falhas e tentações? (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 301)
Afrouxou-se-lhe o braço antes reteso e, escutando os sarcasmos de Nemésio que se retirava, truculento, constrangido por pessoas que clamavam em alta voz pela intervenção da rádio patrulha, o marido de Dona Márcia, encostado à parede, sob os olhares de simpatia de todo o auditório, não se acanhava de libertar o pranto amargo e espesso a pingar-lhe do queixo escanhoado.
O gerente assomou à cena, quando o autor das bofetadas ganhava o meio-fio, e indagou pela causa do tumulto.
Um funcionário emocionado apontou para o colega ofendido, falou no espancamento e aduziu: – Decerto, não reagiu porque ele hoje é religioso, é espírita...
O chefe comoveu-se. Desejando desfazer o clima geral de indignação, inquiriu, à porta: – Quem é esse brutamontes de jaula?
Velhinha que esperava atendimento, de caderneta à mão, informou:
– Conheço. É Nemésio Torres, proprietário de lotes e mais lotes... – Tubarão! – comentou o recém-chegado com inflexão de menosprezo –, onde pensa que estamos?
E relanceando o olhar pelos clientes embasbacados, protestou: – Gente, nós estamos no Rio!... no Rio!... Como é que vocês soltam um criminoso desses? um caso assim, é polícia, corda, cavalaria, cadeia...
Esbarrou, porém, com Cláudio imóvel e, recompondo-se, abraçou-o para acabar conduzindo-o a saleta distante. Aí, ouviu do subordinado a história da filha e do rapaz que lhe fora apresentado na véspera. Entre revoltado e condoído, autorizou o ingresso do

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NOSSO LAR - CAPÍTULO 8