sábado, 1 de outubro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Aprenda com os erros alheios. Você não conseguiria viver tempo suficiente para cometê-los todos sozinho. Aproveite bem o tempo. Já é bem mais tarde do que pensas

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria optar por outra coisa

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO = CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 90

CONTINUAÇÃO

idade. Temperamento visceralmente diverso da irmãzinha, já entremostrava serenidade e lucidez nos pensamentos e nas palavras.
Quedara-me impressionado, ignorando como externar a alegria... Era ele mesmo!... Encantado, divisava novamente a chama daqueles olhos inesquecíveis, conquanto brilhasse num corpo de criança despreocupada...
Cláudio e Percília informaram-me que Nemésio fora conduzido ao plano espiritual, um ano antes, em seguida a escabrosos padecimentos. Contaram que verdadeiras maltas de obsessores
ameaçavam o apartamento de Botafogo, quando o pobre companheiro se achava prestes a partir. Percília, porém, acompanhara o movimento intercessório que se levantara em favor dele, no “Almas Irmãs”. Amigos devotados interpunham recursos, deprecando caridade e misericórdia, quando se soube que a Justiça, no Instituto, o considerava incurso em definitivo banimento. Antigos companheiros, em apelos calorosos, mencionavam os gestos de beneficência que praticara, ao tempo de Dona Beatriz, somados ao triênio de enfermidade e paralisia que suportara, resignado. Diante dos empenhos multiplicados, de que o próprio Irmão Régis partilhava, já que, seguindo a orientação administrativa de Félix, inclinava o poder à benevolência, os magistrados permitiram a reabertura do processo para debates amplos. Reposto o assunto em exame, a Casa da Providência enviara dois notários a Botafogo, para instruir com segurança as petições que se adensavam; todavia, os serventuários tinham chegado exatamente na ocasião em que Nemésio, parcialmente desencarnado, enlouquecera ao descobrir, em derredor do refúgio doméstico, a presença das companhias infelizes que irrefletidamente cultivara. Verificando-se o inesperado, os juizes, por espírito de eqüidade, recomendaram se lhe conservasse a demência por benefício, no que, aliás, tinham sido referendados pelo Irmão Régis, porquanto essa era a única fórmula pela qual se lhe podia dar uma guarda conveniente, de modo a subtraí-lo à sanha de malfeitores desencarnados, que (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 352) anelavam possuir-lhe o concurso em vilezas, tão logo alijasse o corpo destrambelhado. Em vista dessa bênção, obtivera a internação num manicômio respeitável, mantido pelo “Almas Irmãs” em região purgatorial de trabalho restaurativo, onde continuava em tratamento vagaroso, incapaz de assumir compromissos novos com as Inteligências das trevas.
Quanto a Márcia, andava doente, mas arredia. Nunca mais retornara ao convívio familiar, não obstante o interesse incansável de Gilberto e Marina para reaver-lhe a confiança. Dizia detestar parentes. Apesar de enferma, bebia e jogava com desatino. Cláudio acentuava, porém, que os filhos espreitavam ensejo, a fim de apresentar-lhe os netos. E Percília aditava que eu chegara justamente na véspera de tentativa promissora. Naquele sábado, pela manhã, o casal se inteirava de que ela freqüentava diariamente a praia de Copacabana, descansando na areia a fim de inalar os ares puros do mar alto, a conselho médico. No dia imediato, domingo, Gilberto e a companheira contavam com tempo bastante para nova investida à conquista da suspirada reconciliação. Estava convidado a cooperar. Descansasse ali, junto deles. Aguardasse.
Entretivemo-nos largo tempo, em torno das maravilhas da vida.
Percília comparou a experiência terrestre a um tapete precioso, de que o Espírito reencarnado, tecelão do próprio destino, somente conhece o lado avesso.
Noite avançada, apareceu Moreira, acrescentando-nos a cordialidade reconfortante.
Recolhido, por fim, ao repouso, aspirei a aproximar-me de Sérgio Cláudio, para auscultar-lhe a posição espiritual naquela fase da infância, mas sufoquei o impulso. Prometera, de minha parte, no “Almas Irmãs”, nada praticar, em nome do amor, que lhe arriscasse o desenvolvimento tranqüilo.
Vali-me dos momentos de calmaria para estudar, refletir, recordar... (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 353)
Manhãzinha, achávamo-nos a postos.
Marina, madrugadora, movimentou-se às seis e, às oito horas, sob os desvelos de Dona Justa, a família se reunia à mesa, em ligeiro repasto, prelibando os divertimentos da praia. Marita queria o maiô verde e a lata de bolo. Sérgio Cláudio preferia sorvete.
Antes da saída, a esposa de Gilberto, revelando admirável madureza, pensou na missão que demandavam, lembrou-se de Cláudio, sentindo-se espiritualmente assistida por ele, e pediu aos dois garotos orassem juntos.
O pequeno empertigou-se no meio da sala e recitou a prece dominical, seguido pela irmãzinha que, embora mais taluda, gaguejava numa ou noutra expressão.
Em seguida, Marina solicitou ao pequerrucho: – Meu filho, recorde em voz alta a oração que ensinei a você ontem... – Esqueci, mãezinha... – Comecemos outra vez.
E, erguendo a fronte para o Alto, na atitude reverente que lhe conhecíamos, o menino repetiu, uma a uma, as palavras que ouvia dos lábios maternos: – Amado Jesus... nós pedimos ao senhor trazer vovozinha... para morar... conosco... A pequena caravana, acompanhada por nós, desceu do ônibus nas adjacências da praia. Nove da manhã. Sol esplêndido. Éramos quatro companheiros desencarnados, junto aos quatro.
Para que Dona Márcia não lhes prejulgasse as intenções, Gilberto e Marina resolveram mergulhar, imitando as crianças. Em torno, milhares de banhistas que compartilhavam, risonhos, a festa permanente da Natureza. O bancário e a mulher, a se entreolharem, de maneira significativa, vasculhavam recantos, aqui e (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 354) acolá... Pesquisaram, até que enxergaram Dona Márcia, em maiô, estirada sob tenda acolhedora. Parecia cansada, triste, conquanto sorrisse para o bando álacre das amigas.
Cláudio, emocionado, ponderou que dispúnhamos da possibilidade de envolvê-la em reminiscências edificantes.
Acercamo-nos dela, enquanto Gilberto e Marina, com os rebentos, se aproximavam, guardando aparente despreocupação.
Sob nossa influência, a viúva Nogueira começou, inexplicavelmente para ela, a pensar na filha... Marina! Onde estaria Marina? Que saudades! Como lhe doía agora a separação!... Como lhe tinha sido espinhoso o caminho!... Rememorava o lar, de ânimo opresso, revia o princípio... Cláudio, Aracélia, as filhas e Nemésio rearticulavam-se-lhe na imaginação, reintegrando quadros de amor e dor que jamais pudera esquecer!... Tanta amargura seria a vida? E indagava-se, de alma inquieta, se teria valido a pena existir para alcançar a velhice em tamanha solidão... Nisso, percebe que a turma se avizinha, ergue-se, assustada, e reconhece o grupo, observando-se apanhada de surpresa. Atônita, fixou Marina, Gilberto e Marita, de relance; entretanto, ao esbarrar com os olhos de Sérgio Cláudio, quedou enlevada!... “Oh! Deus, que estranha e linda criança!...” – monologou no íntimo.
O menino largou, apressado, a destra materna, após lhe haver Marina cochichado algo aos ouvidos, e atirou-se a ela, gritando, comovedoramente: – Ah! vovó! Vovozinha!... Vovozinha!... Márcia estendeu maquinalmente os braços para acolher aqueles braços diminutos que a enlaçavam... O minúsculo coração, que passou a bater de encontro ao dela, figurou-se-lhe um pássaro de luz que descia dos céus a pousar-lhe no tórax abatido. Fez menção de oscular o pequenino, mas recônditas impressões de felicidade e de angústia lhe infundiam sensações de amor e medo. Por que lhe

CONTINUA AMANHÃ

NOSSO LAR CAPÍTULO 21

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

MONEBTO DE REFLEXÃO

O VERDADEIRO LAR

O mundo daquela mãe havia desabado, com o divórcio. Herdou muitas contas atrasadas, incluindo as prestações da casa e o plano de saúde.

Seu emprego de meio expediente gerava uma renda muito pequena e poucos benefícios.

Sem nenhum apoio financeiro, ela perdeu a casa.

Para não ficarem ao relento, com muito sacrifício conseguiu alugar um trailer que ficava estacionado num acampamento local, para ela e seu filho de cinco anos.

Aquilo era só um pouco melhor do que morar em seu pequeno carro, mas ela desejava, de coração, poder proporcionar algo mais para sua criança.

Certa noite, depois de brincar um pouco com um jogo de tabuleiro e ler algumas estórias, a mãe mandou seu filho ir brincar do lado de fora até a hora de ir dormir.

Enquanto o garoto se distraía, ela sofria sobre o talão de cheques.

De repente, ouviu vozes e deu uma olhada pela janela. Lá estava o gerente do acampamento falando com seu filho:

Hei, garoto, você não gostaria de ter um lar de verdade?

A mãe ficou tensa, prendeu a respiração e chegou mais perto da janela para ouvir a resposta.

Uma emoção muito forte tomou conta daquele coração de mãe, tão sofrido e tão dedicado, quando ouviu a resposta de seu filho:

Mas nós já temos um lar de verdade. Só não temos, por enquanto, uma casa para colocá-lo.

Em sua inocência infantil, aquele garotinho de apenas cinco anos de idade, já sabia o que é um verdadeiro lar.

Há tantas construções luxuosas, tantos castelos imensos, que servem apenas para proteger seus habitantes das intempéries, mas não se prestam a oferecer o calor do afeto de um lar aconchegante.

O espaço físico pode ser amplo, mas se não houver os laços do amor, não será um lar de verdade.

Uma casa é fácil de construir, mas também é fácil de desmoronar, basta uma forte tempestade, um terremoto, um maremoto, ou outro fenômeno equivalente.

Mas a construção de um lar requer um investimento diferente. É preciso muita atenção, renúncia, entendimento, perdão, ternura, afeto, companheirismo e confiança.

Um lar assim jamais será destruído, porque seus alicerces são invisíveis e resistentes até mesmo às mais ameaçadoras catástrofes.

Dentro desses lares, dificilmente o vício terá acesso. Mas se por acaso penetrar sorrateiramente, logo será vencido pelo diálogo sóbrio que faz parte dessa construção.

As lutas podem ser difíceis, mas a união baseada no amor vencerá sempre porque suas estruturas são inabaláveis.

Quantas famílias vivem sob o mesmo teto e não se conhecem...

Quantos familiares se isolam nos vastos cômodos, carregando sozinhos seus dramas sem compartilhar com ninguém, pois são estranhos vivendo na mesma casa.

Mas se há um lar verdadeiro, podem faltar recursos financeiros e até o necessário, mas os laços do afeto estarão sempre bem apertados, dando sustentação e esperança para aqueles que nele vivem.

***

O lar é um templo onde podemos cultivar e manter as mais puras afeições e os mais sagrados laços de amor.

Por isso, façamos do nosso lar um santuário onde se possa aspirar o aroma da felicidade e fruir o néctar da paz.

PENSAMENTO DO DIA

Não pede nada nas tuas preces, porque tu não sabes o que te é útil e és merecedor. Só Deus conhece as tuas necessidades

Autor: Pitágoras

MENSAGEM DIÁRIA

Todos nós merecemos, mas temos que fazer por merecer

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 89

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 14

Obtendo a dilação de prazo para mais amplos estudos no “Almas Irmãs”, acompanhei o irmão Félix até que se retirasse da chefia para entregar-se à preparação das novas tarefas.
O instrutor escolhera a Casa da Providência para se despedir da comunidade.
Na data prefixada, desde cedo, as portas do edifício jaziam abertas para quantos quisessem dizer adeus ao querido orientador, que todos os residentes no Instituto consideravam herói. Ministros da cidade, admiradores situados em lugares vizinhos, comissões de vários órgãos de serviço, todas as autoridades da organização, amigos, discípulos, beneficiários e companheiros outros, que procediam de longe, ali se reuniam, irmanados numa só vibração de agradecimento e de amor.
Informara-se Régis de que o chefe estimaria rever os doentes nas últimas horas de ação administrativa, mas, convencido de que não conseguiria ele satisfazer a esse propósito, por escassez de tempo, recomendou-nos selecionar, nos setores de irmãos hospitalizados, aqueles que se evidenciassem capazes de comparecer à transmissão de poderes, sem dano para as atividades em pauta.
Alinhamos, para logo, duzentos que não criariam problemas e, aspirando a salientar a dedicação incessante de Félix para com os menos felizes, determinou Régis fossem acomodados na primeira fila do auditório, como homenagem silenciosa àquele que os amava tanto... Destacavam-se, quase todos eles enfraquecidos e trêmulos, simbolizando vanguarda de saudade e sofrimento na assembléia, portando ramalhetes nas mãos... Contemplava-os, enternecido, quando Félix chegou, por fim, denotando a firmeza e a serenidade que lhe marcavam as atitudes. Instalou-se, tranqüilo, entre o Ministro da Regeneração, que representava o Governador, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 348) e o irmão Régis, que o substituiria; contudo, ao relancear os olhos pelos milhares de circunstantes que repletavam entradas, saídas, escadas e galerias, com os enfermos à frente, estampou no semblante abalo inexprimível.
Quinhentas vozes infantis, de antemão preparadas por irmãs reconhecidas, cantaram em coro dois hinos que nos arrebataram a culminâncias de sentimento, O primeiro deles se intitulava “Deus te abençoe”, executado por oferenda dos companheiros mais velhos, e o outro se subordinava à expressiva legenda “Volta breve, amado amigo!”, preito de reverência endereçado ao instrutor pelos mais jovens. Emudecidos os derradeiros acordes da orquestra, que imprimira ignota beleza às melodias, os duzentos enfermos desfilaram diante de Félix, em nome do “Almas Irmãs”, que delegava aos companheiros menos afortunados o júbilo de apertar-lhe as mãos, ofertando-lhe flores.
A transferência de autoridade foi simples, com a exposição e leitura respectiva de um termo referente à modificação. Cumprido o preceito, o Ministro da Regeneração abraçou, em nome do Governador, o irmão que partia e empossou Régis que ficava.
O novo diretor, com a voz de quem chorava por dentro, expressou-se, breve, suplicando ao Senhor abençoasse o companheiro de regresso à reencarnação, hipotecando-lhe, simultaneamente,
votos de triunfo nas lides que esposava. Confundido e humilde, acabou convidando Félix não só a usar da palavra, como também a prosseguir exercendo o comando daquela Casa, por direito que ele, Régis, julgava imprescritível.
Intensamente comovido, o interpelado levantou-se e, qual se nada mais tivesse a ditar àquela instituição que lhe recolhera mais de meio século de trabalho, alçou a fala em prece: – Senhor Jesus, que te poderia rogar, quando tudo me deste no carinho dos amigos que me cercam na luz do amor que não mereço? Entretanto, Mestre, em nos colocando sob tua bênção, (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 349) temos algo ainda a implorar-te, confiante!... Agora que novas realizações me chamam na Terra, auxilia-me, por piedade, para que eu seja digno do devotamento e da confiança desta casa, onde, por mais de meio século, recebi a magnanimidade e a tolerância de todos!... Diante da alternativa de tomar novo corpo, no plano físico, a fim de resgatar débitos contraídos e curar as velhas chagas interiores que carrego por doloroso rescaldo de minhas transgressões, induze, por misericórdia, os amigos que me escutam a me socorrerem com a benevolência de que sempre me cercaram, para que eu não resvale em novas quedas!... Senhor, abençoa-nos e sê glorificado para sempre!... Félix pronunciara as últimas palavras, sobrestando, dificilmente, a emotividade que o traía, mas, como se o firmamento lhe respondesse, de imediato, à apelação, amigos das esferas superiores ali presentes, conquanto se nos mantivessem inacessíveis ao olhar, valendo-se das forças espirituais de todo o auditório, positivamente orientadas numa só direção, materializaram farta chuva de pétalas luminosas, que desciam do teto a se desfazerem, tão logo nos tocavam a fronte, em vagas de perfume inesquecível.
A expectação prosseguia por instantes de jubiloso silêncio, quando um carro estacou, à porta do foro repleto, e, logo após, certa mulher penetrou o recinto, revestida de luz.
Num átimo, todos os circunstantes se levantaram, inclusive o Ministro da Regeneração, que a envolveu, para logo, num olhar de fundo respeito.
Hesitei um momento só. Reconheci-a, feliz. Era a Irmã Damiana, que integra em Nosso Lar o quadro de campeões da caridade, nas regiões das trevas, de quem conservava Félix o retrato e
a quem se ligava por entranhados laços de afeto... A benfeitora, que revelava imensa modéstia, trajara-se de esplendor – daquele esplendor que, decerto, tantos sacrifícios lhe custara –, tão-só para (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 350) mostrar o regozijo com que vinha receber e aprontar para novo renascimento aquele a quem amava por filho do coração!... ---------- Quatro anos passaram, celeremente. Esperança, esforço, trabalho, renovação... Embora nunca me esquecesse de Félix, vários instrutores nos haviam recomendado o afastamento temporário da nova incumbência de que se investia, para não sermos tentados a prejudicá-lo por excesso de mimos. No entanto, quando menos esperava, o irmão Régis enviou-me fraterna mensagem, avisando que cessara o impedimento. Félix vencera todas as lutas no ajustamento ao veículo físico. Alguns dias depois, Cláudio, Percília e Moreira, em serviço no Rio, convidaram-me, em memorando afetuoso, a rever o inolvidável amigo, que todo o “Almas Irmãs” até hoje cerca de infatigável carinho.
Revivendo comovedoras lembranças, tornei ao Flamengo; contudo, o tempo tudo alterara. Família diversa ocupava o apartamento que se me vinculava às recordações. Um amigo desencarnado, por solicitação de Moreira, que o cientificara de minha visita eventual, me forneceu, prestativo, o novo endereço, explicando que Gilberto e Marina se viram na contingência de vender a moradia, a fim de atenderem a questões de inventário, meses após
a desencarnação de Cláudio. A família morava agora em Botafogo, para onde me dirigi, ansiosamente.
Nenhuma frase terrestre para delinear a ventura do reencontro.
Cláudio e Percília estavam lá. Moreira, ausente em serviço, chegaria mais tarde. Enleado nas vibrações balsâmicas do acolhimento de meus anfitriões espirituais, revi o casal em palestra com Dona Justa, reavistei Marita, na forma de menina bonita e chorona... Profundamente sensibilizado, contemplei Félix, que passara a chamar-se Sérgio Cláudio, na rósea ternura dos quatro anos de

CONTINUA AMANHÃ

NOSSO LAR CAPÍTULO 20

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Se algum dia alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se: amadores construíram a Arca de Noé e profissionais, o Titanic

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Aproveite cada minuto de sua vida, pois o tempo não volta. O que volta é a vontade de voltar ao tempo..

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 88

CONTINUAÇÃO

num homem de sexualidade pervertida, extorquindo-lhe dinheiro e mais dinheiro, até ao ponto de entregar-lhe a própria filha, Virgínia, que atravessara os quinze de idade, vendendo-a ao amante, homem já velho, para senhorear terras e haveres. Ainda assim, não contente com os próprios desvarios, desencaminhava moças de nobre formação, atirando-as no prostíbulo, estimulava infidelidades, vícios, crimes, abortos... Virgínia, com quem Justiniano passara a viver, em definitivo, abandonando a esposa, transfigurara-se em pomo de discórdia entre o senhor de Fonseca Teles e Teodoro Castanheira, que se atormentaram mutuamente em onze anos de conflitos inúteis, até que o marido de Dona Brites, então vivendo maritalmente com Naninha de Castro, desde muito, aparecera morto a punhaladas, na rua da Cadeia, atribuindo-se o homicídio a escravos foragidos.
Naninha, porém, não ignorava que Justiniano fora o mandante e tramou desforço. Uniu-se a outro homem, em cujo espírito insuflou despeito e ódio contra o ourives da rua Direita, e os dois,
então morando num recanto da praia de Botafogo, planejaram assassiná-lo num suposto acidente. Justiniano, já idoso e enfermo, adquirira o hábito da visita domingueira à Bica da Rainha, no Cosme Velho. Quando regressava de uma dessas jornadas, à noitinha, guiando o carrocim em que se fazia conduzir, Naninha e o companheiro, ocultos na sombra, crivaram o cavalo de pedras revestidas de farpas, depois de escolherem local que favorecesse o desastre... O animal desembestado arrojou-se ladeira abaixo, rebentando freios e arremessando o velho do cimo de um barranco sobre um monte de lajes que se empilhavam em baixo, onde Justiniano
encontrara a morte, quase que instantânea. E Dona Beatriz rematou, lacrimosa: – Ah! meu Deus, tudo por nada, porque Álvaro, de retorno a Portugal, achou a prometida casada com outro, por imposição dos pais, regressando, mais tarde, ao Brasil, onde acabou na condição (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 342) de professor solteirão... Ah! meu filho, meu filho!... Por que te fizeste o autor de tantas calamidades?... Nesse tópico das revelações, o irmão Félix solicitou dos cientistas um intervalo para explicações, antes de se retirar.
A doente foi restituída ao sono e o instrutor pediu ao chefe do Arquivo a certidão da saída de Beatriz, já que se ausentara dali mesmo, quase cinqüenta anos antes, para a reencarnação no Rio.
O interpelado, atento ao caso em exame, trouxera consigo a ficha de Dona Beatriz Neves Torres.
Sim, precedendo-lhe o nome atual, aparecia o de Leonor da Fonseca Teles, que desencarnara no Rio, estivera, por algum tempo, em regiões inferiores, morara por vinte e oito anos em colônia espiritual de reeducação não distante, e passara apenas dois meses no “Almas Irmãs”, em 1906, por solicitação do próprio irmão Félix, que lhe patrocinara o renascimento no lar de Pedro Neves, ali presente.
Félix, porém, rogou as informações possíveis, acerca de personalidades referidas por Beatriz, que estivessem vinculadas ao Instituto.
Aparelhos funcionaram e o Arquivo respondeu com presteza. Justiniano da Fonseca Teles, Teodoro Castanheira, Virgínia Castanheira e Naninha de Castro estavam reencarnados no Rio. Todos com certidão de saída do “Almas Irmãs”. Justiniano era Nemésio Torres, negociante, com débitos agravados; Teodoro Castanheira apresentava-se com o nome de Cláudio Nogueira, já desencarnado, mas ainda em serviço na Terra, com melhoras sensíveis; Virgínia Castanheira respondia agora por Marina Nogueira Torres, com índices promissores de reforma íntima; Naninha de Castro fora Marita Nogueira, que estivera recentemente desencarnada num dos parques de repouso da organização, e que se achava em processo de novo renascimento no plano físico, por pedido expresso (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 343) do próprio diretor do Instituto, enquanto que Brites Castanheira envergava na Terra o nome de Márcia Nogueira, cuja ficha era desoladora. O registro dessa mulher somava longa série de
abortos e deserções do dever, além de vários compromissos indiretos em lares destruídos e existências sacrificadas. Anotações das piores nas piores anotações da instituição.
Um dos médicos presentes, talvez empolgado com o depoimento de Beatriz, indagou por notícias de Álvaro. O Arquivo elucidou que Álvaro de Aguiar e Silva não possuía atestado de
saída para a reencarnação pelo “Almas Irmãs”. Achava-se apenas cadastrado no departamento de queixas. Leonor, que lhe fora mãe carnal, Justiniano, o padrasto, e a própria Brites Castanheira, antes do regresso a novas lides terrenas, haviam inscrito severas acusações contra ele, embora os dois últimos tivessem estado, apenas de modo ligeiro, no Instituto, ao saírem de colônia penal.
O irmão Félix perguntou se constava dos apontamentos de Márcia algum gesto nobre, por onde se ensaiasse eficiente auxílio a ela. Constava, sim, aclarou a repartição competente. Um dia, empenhara-se, com os melhores impulsos maternais, a garantir casamento digno à filha enferma.
O instrutor, então, conjugando dignidade e modéstia, levantou-se e, arrasando-nos com a valorosa humildade de que dava testemunho, participou-nos que Álvaro de Aguiar e Silva e ele
eram a mesma pessoa, o mesmo Espírito, que ali se erguia diante de Deus e diante de nós, num julgamento em que a consciência lhe exigia implorar, voluntariamente, a reencarnação, a fim de se colocar ao encontro de Brites, então na personalidade da viúva Nogueira... Esforçar-se-ia na regeneração de si mesmo e dar-lheia a existência, já que se reconhecia o verdugo, categorizando-a por vítima.
Um raio não nos fulminaria com tanta força. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 344)
Os médicos jaziam cabisbaixos, o irmão Régis tinha lágrimas, Neves empalidecera e eu mal conseguia respirar... Corajoso, Félix continuou elucidando que a Misericórdia Divina, à medida que o Espírito se esclarece, entrega ao tribunal da consciência o dever de se corrigir e de se harmonizar com as leis do Eterno Equilíbrio, sem necessidade do apelo a disposições compulsórias, e que, em razão disso, daquela hora em diante tornaria pública a decisão de se recolher aos trabalhos preparatórios do renascimento na arena física.
Confessou que a delinqüência sexual gerara para ele responsabilidades semelhantes às de um malfeitor que dilapidasse um edifício ou uma cidade, através de explosões em cadeia. Lesando os sentimentos de Brites Castanheira, mulher respeitável até à ocasião em que lhe transtornara o coração e o cérebro, identificava-
se, diante dos princípios de causa e efeito, culpado, até certo ponto, por todos os delitos de natureza emotiva por ela cometidos, de vez que após abandoná-la, impelindo-a deliberadamente à deslealdade e à aventura, podia compará-la a uma bomba, por ele preparada na direção de quantos a pobre criatura prejudicara, como querendo vingar no próximo o duro revés que lhe infligira.
Rogava-nos, ele, a quem devíamos tanta felicidade, apoio fraterno para que se lhe conseguisse um lugar de filho no lar de Gilberto, assim que Marina restaurasse o claustro materno, após o renascimento de Marita. Idealizara encontrar-se com Márcia, na ternura de um neto... Ser-lhe-ia o companheiro nos tempos áridos da velhice corpórea, recolher-lhe-ia o amor puro, sofreriam juntos, dar-lhe-ia o coração. Não lhe competia a indiferença, persuadido qual se achava de que a Infinita Bondade de Deus poderia conceder à viúva de Cláudio um valoroso resto de tempo na estância física... Se o Senhor lhe facultasse o favor que impetrava, que o auxiliássemos a ser fiel nos compromissos, desde o raciocínio infantil; que o amparássemos nos dias de tentações e fraquezas (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 345) que lhe perdoássemos as rebeldias e as faltas, e que, por amor à confiança que ali nos congregava, não lhe patrocinássemos, em tempo algum, qualquer mergulho em facilidades nocivas, a título de amizade... Austero e doce, dirigiu-se particularmente ao irmão Régis, inteirando-o de que ambas as irmãs, Priscila e Sara, se achavam em preparativos para o retorno à Terra, que partiriam antes dele, que contava com a possibilidade de se retirar da direção do Instituto, dentro de aproximadamente seis meses, a fim de aprontar-se, e que não anelava outra coisa que não fosse a experiência e a felicidade do companheiro à frente da organização.
Nenhum de nós, contudo, dispunha de energias para largar o silêncio. Os médicos requisitaram substitutos que assegurassem o descanso de Beatriz; Régis, mudo, afastou-se dando o braço ao chefe do Arquivo; Neves abeirou-se da filha inerte, dando a idéia de quem ansiava esconder-se para meditar na lição. Vi-me só diante do instrutor. Alçando para ele os olhos, como na primeira vez que o fitara, na residência de Nemésio, procurei recomporme, ao fixar-lhe o rosto imperturbável. Era o mesmo homem que eu não saberia dizer se amava como sendo meu pai ou meu irmão.
Ele me percebeu o estado de alma e abraçou-me. Através daquele olhar firme e percuciente, compreendi que não me desejava sensibilizado, e tentei reequilibrar-me. Apesar disso, incapaz de controle total, pus a cabeça, que a emoção desgovernava, naquele ombro que me habituara a venerar, mas, antes que eu chorasse, senti-lhe a destra a me afagar, de leve, os cabelos, ao mesmo tempo que me perguntava pela aula de fluidoterapia, de que não me seria lícito ausentar.
Saímos juntos.
Lá fora, ao vê-lo caminhar erecto e calmo, tive a impressão de que o Sol rutilando nos céus era uma advertência da Sabedoria Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 346)
Divina a que sustentássemos lealdade na marcha constante para a Luz.

CONTINUA AMANHÃ

NOSSO LAR - CAPÍTULO 19

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

O segredo da vida não é fazer o que se gosta, mas sim gostar do que se faz

Autor: Desconhecido

MRNSAGEM DIÁRIA

O maravilhoso da fantasia é nossa capacidade de torná-la realidade

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 87

CONTINUAÇÃO

Postei-me de vigia, asserenando-a, enquanto Neves, desolado, recorria aos serviços de amparo urgente, ligados ao “Almas Irmãs”, em local não distante. O auxilio não tardou.
No dia seguinte, enfermeiras especializadas colaboraram conosco, por determinação de Félix; mas, somente depois de quatro dias sobre o incidente, logramos reentrar no instituto, reconduzindo-a, dementada.
Duas semanas de trabalho vigoroso e atenção constante se esvaíram, infrutiferamente, no lar de Félix, até que um dos orientadores da equipe médica recomendou a internação da enferma em
hospital adequado, a fim de que se lhe aplicasse a sonoterapia, com algum exercício de narcoanálise, para que se lhe exumassem as recordações possíveis da existência anterior, com a cautela devida, de modo a que se não precipitasse em mergulhos de memória, alusivos a períodos precedentes. O parecer foi acatado.
Félix convidou-nos, a Neves e a mim, comparecer, junto dele e do irmão Régis, no gabinete em que se efetuaria a pesquisa.
No momento indicado, ao pé de Beatriz, que dormia num leito, cujo travesseiro se achava munido de recursos eletromagnéticos especiais, permanecíamos, Félix, o irmão Régis, o distinguido psiquiatra que aventara a medida, acompanhado de dois assistentes, o chefe de arquivo do “Almas Irmãs”, Neves e eu, ao todo, oito companheiros observando a paciente, sendo forçoso explicar que as autoridades ali reunidas dispunham de aperfeiçoado sistema de comunicação, para consulta rápida às repartições a que se mantinham vinculadas. Félix circunspecto, Neves sob nervosismo, os médicos diligentes e nós outros em expectação...
(Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 338).
Iniciada a experiência, Beatriz, denotando voz e maneiras diversas das que lhe eram habituais, revelou-se num ponto indeterminado de existência anterior, reclamando contra uma certa Brites Castanheira, mulher à qual imputava os infortúnios que lhe devastavam a alma... Pelas considerações amargas, via-se que o analista esbarrara com expressivo foco de exacerbação, facultando-lhe fácil penetração nos domínios recônditos da mente. Prevalecendose disso, o médico indagou onde conhecera Brites, em que época e em que circunstâncias. Beatriz, sempre em sono provocado, replicou que para isso precisaria lembrar a juventude e, devidamente estimulada, elucidou que nascera no Rio, em 1792, e se chamava Leonor da Fonseca Teles, nome que lhe adviera do homem com quem se consorciara em segundas núpcias. Informou haver nascido na rua de Matacavalos, numa casa singela em que vivera descuidosa meninice. Em 1810, porém, modificara-se-lhe o destino.
Desposara um rapaz português, de nome Domingos de Aguiar e Silva, que se demorava no Brasil, em serviço do Duque de Cadaval, na Corte de D. João VI. Dessa união tivera um filhinho, que recebera o nome de Álvaro, em 1812. O marido, no entanto, falecera prematuramente no Caminho do Boqueirão da Glória, quando se responsabilizava pela condução de alguns potros bravos, adquiridos para as cocheiras reais. Referiu-se com gratidão às manifestações de estima com que se vira brindada por personalidades influentes da época e às promessas articuladas em favor do pequenino que ficara órfão. Viúva aos vinte e dois de idade, foi requestada por rico ourives, que montara estabelecimento na rua Direita, Justiniano da Fonseca Teles, moço mais velho que ela apenas três anos, cuja proposta de casamento aceitou. Alegrara-se por verificar enteado e padrasto em abençoada camaradagem.
Álvaro cresceu afetuoso e inteligente e, como não possuía rebentos do segundo matrimônio, a criança se levantara entre ela e o esposo por laço de luz e amor. Ainda assim, aos quinze de idade, em 1827, o menino embarcara no rumo da Europa, sob o patrocínio (Francisco
Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 339) de fidalgos amigos do pai, tendo realizado estudos brilhantes em Lisboa e Paris...
A magnetizada narrava sucessos da época, exteriorizando impressões, acerca de pessoas, coisas, realizações e ocorrências, qual se trouxesse a imaginação recheada de crônicas vivas. Confidenciou que o filho regressara em 1834. Para ela e Justiniano, a casa transformara-se, de novo, num mar de rosas, até que certa noite... Diante das reticências, o irmão Félix, visivelmente comovido, solicitou que o serviço de análise se detivesse nas possíveis recordações da noite mencionada.
O orientador da pesquisa atendeu.
Beatriz franziu a testa, patenteando o sofrimento de quem esbarrava com uma ferida no próprio corpo, sem meios de extirpála, e respondeu, descontente: – Devo explicar que Brites era casada com Teodoro Castanheira, rico negociante que morava na rua da Valinha. Ambos moços, com uma filha única, Virgínia, pequenota de onze anos... Embora eu tivesse ultrapassado os quarenta, junto de Brites que ainda não alcançara os trinta, queríamo-nos intensamente, enquanto que nossos maridos nos copiavam a afeição, com a mesma diferença de idade... Eles unidos pelos negócios e nós pelos sonhos caseiros... E continuou: – Na noite que comecei a mencionar, meu esposo e eu apresentávamos Álvaro à sociedade, num sarau do Comendador João Batista Moreira, na Pedreira da Glória... Senti horríveis pressentimentos quando Álvaro e Brites se cumprimentaram, parando extáticos, de olhos um no outro, para ouvir as sonatinas... Debalde inventei motivos para retirar-nos cedo... Voltamos tarde com o rapaz, devaneando. Supunha impossível que ela fosse casada e mãe de uma filha... Parecera-lhe simples menina de salão na graça

CONTINUA AMANHÃ

NOSSO LAR CAPÍTULO 18

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Meus olhos me direcionam a vários ângulos da vida, mas meu ser me direciona onde posso ir, e me alerta onde não posso pisar

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

À beira de um precipício só há uma maneira de andar para a frente é dar um passo atrás

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 86

CONTINUAÇÃO

feição exterior. Dona Beatriz, ciente de que o genitor de Marina, já desencarnado, obtivera licença para se demorar ao pé dos familiares em missão de auxilio, queria também, pelo menos, rever o esposo e o filho. Cientificara-se, de maneira superficial, quanto aos acontecimentos desagradáveis em que se envolviam os entes queridos. Muito longe, porém, de abranger-lhes toda a extensão, alegava essa circunstância para reforçar o propósito. Peça viva na engrenagem doméstica, não devia alhear-se, argumentava. Se Marina desposara Gilberto, aceitava-a por filha, e se os pais mantinham contendas, que não conhecia em todos os pormenores, nada mais justo que partilhar as dificuldades, oferecendo mediação.
Estabelecida a pretensão, negou-se Félix a atender.
Dona Beatriz recorreu a Neves, mobilizou a afeição de Sara e Priscila e voltou à carga; entretanto, o diretor se conservou irredutível.
Neves, porém, que não se curara, de todo, da impulsividade, destacava o caráter aparentemente razoável do pedido, e colocou tantas relações e tantos empenhos no assunto, que o instrutor não encontrou outra alternativa senão aderir. Conquanto preocupado, determinou providências para que se efetuasse a excursão. Instado a prestigiar Dona Beatriz com a sua presença, escusou-se, delicado,
conferindo, àquele que lhe fora genitor, ampla liberdade de ação e tempo. Particularmente, todavia, recomendou-me fizesse companhia aos dois viajantes, pai e filha. Que eu cooperasse com Neves na solução de qualquer emergência. Pressentia obstáculos, receava riscos.
Dona Beatriz, entusiasmada na contemplação do Rio, embora soubesse que Nemésio passara a residir com o filho, não apenas ansiava por abraçá-lo, como também suspirava reavistar a antiga moradia. Queria sorver o perfume da felicidade que tivera, exclamava, contente. E o pai, satisfeito, incentivava-lhe todos os programas.
Acompanhando a dupla, não me permitia opor embargos. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 334) Demandei o Flamengo, ouvindo a senhora Torres e admirando as reservas de sensibilidade e meiguice que lhe vibravam na alma de escol. Exteriorizava o júbilo de ave recém-liberta. Entretanto, logo após recebidos por Moreira e Cláudio, ao divisar o marido desfigurado na postura dos paralíticos, empalideceu, debruçando-se na cadeira de rodas que o albergava. Enleou-se a ele, que lhe não assinalava as carícias, a crivá-lo de perguntas lastimosas... Por que mudara tanto em dois anos apenas? que lhe acontecera para se relegar a semelhante ruína física? que fizera? por que? por quê?... Escutando tão-somente o ruído de Marina e Dona Justa, nas atividades rotineiras, experimentava-se Nemésio tocado de fundas reminiscências... Não conseguia explicar a si mesmo a razão das idéias que lhe borbulhavam da cabeça, mas pensava em Beatriz.
Reconstituía-lhe a imagem no imo do ser. A esposa!... Ah! – refletia o doente, em cujo espírito a afasia requintara a vida interior – se os mortos pudessem amparar os vivos, segundo a crença de tantos, certamente que a velha companheira se compadeceria dele, estendendo-lhe as mãos!... Rememorava-lhe a compreensão silenciosa, a dignidade irrepreensível, a bondade, a tolerância!... Ignorando que respondia, mecanicamente, às inquirições da esposa, amarrotada de angústia, ali colada a ele, revisou todos os acontecimentos posteriores à desencarnação dela, como que a lhe prestar severas contas. Gilberto, Marina, Márcia e Cláudio eram os protagonistas principais daquelas cenas que a memória perfeitamente lúcida lhe traçava nos painéis relampagueantes da aura, exibindo para a companheira e para nós outros, qual num filme
pujante, a verdade toda, até o instante em que se precipitara no crime. Se Beatriz estivesse no mundo – concluía –. estaria isento de aflições e tentações. Junto dela, teria recolhido defesa, orientação.
Profundas saudades lhe acicatavam a alma... Recompunha na imaginação os sonhos da juventude, o casamento, os projetos de (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 335) ventura concentrados em Gilberto pequenino... Movimentou dificilmente a mão esquerda para enxugar o pranto que lhe encharcava o rosto, sem saber que a esposa o auxiliava, soluçando...
Neves, apreensivo, tentou soerguer a filha que se estirara no pavimento, à maneira de mãe torturada, incapaz de alijar do peito um filho semimorto. Em vão pronuncIou palavras de encorajamento, exortações à paciência, conceitos evangélicos, promessas de futuro melhor... A filha magoada respondeu que amava Nemésio, que preferia ser amarrada num catre, ao lado dele, a separarse de novo. Agradecia o devotamento de que andara cercada no “Almas Irmãs”; entretanto, pedia vênia para considerar que o esposo sofria. Como descansar, lembrando-lhe os suplícios? Jesus também – ponderava chorosa –, carregara a cruz por amor à Humanidade... Como fugir de suportar diminutas contrariedades na Terra, amenizando o martírio do homem a quem adorava? A doutrina cristã ensinara-lhe que Deus é um pai compassivo e um pai compassivo não aprovaria ingratidão e abandono.
O genitor, que não contava com a imprevista resistência, disse-me à socapa que Torres pai nada fizera para merecer semelhante abnegação e inclinava-se ao estouro, mas sugeri-lhe calma.
Censuras agravariam a situação sem proveito.
Interferi. Salientei para a senhora Torres que o filho se preparava a dar-lhe uma neta, que a conformidade da parte dela, no tocante às provações do marido, ser-nos-ia uma bênção.
Acatando-me a solicitação, ergueu-se, contrafeita, acompanhou-nos até Marina, cuja história real na família passara a conhecer pelas memorizações do enfermo... Alma generosa, porém, compreendeu as ligações havidas e, fitando Cláudio, que lhe perdoara ao esposo tantas injúrias, beijou-lhe a filha com enternecimento de mãe. Abraçou Dona Justa, com simpatia, e, em seguida, retornou em nossa companhia ao quarto de Nemésio, onde nos (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 336) compartilhou a oração e o trabalho de socorro magnético. Pareceu reconfortar-se, sobremodo, quando viu Gilberto em casa para o jantar, encantando-se ao notar que o filho buscara o doente para a refeição, após afagar-lhe a testa, acompanhando o gesto afetuoso com expressões de bom ânimo e carinho; entretanto, quando Neves falou em regressar, a devotada mulher enrodilhou-se ao
marido e, desligada por nós, quase à força, revelava sinais de alienação começante.
Beatriz desceu do prédio abatida, muda. No intuito louvável de reaquecer-lhe o coração, Neves, que conhecia somente por alto a bancarrota comercial do genro, propôs se lhe realizasse naquela hora o desejo de uma visita, ainda que rápida, à antiga moradia. A filha, agora apática, não contestou. Obedeceu, automaticamente.
A noite caíra de todo, quando abordamos a vivenda que se reduzira a um casarão às escuras. A Lua plena assemelhava-se a uma lâmpada enorme que estivesse conscientemente recolhida a distância, envergonhada de apresentar à dona do palacete uma visão assim funesta.
O genitor, arrependido da instigação infeliz, diligenciou recuar, mas não pôde... Dolorosamente magnetizada pelas próprias recordações, Beatriz avançou apressada, à procura dos tesouros domésticos; todavia, não encontrou, nos lúgubres recintos, senão poeira e sombra do oásis familiar que construíra... Além de tudo, o elegante domicílio, condenado a leilão, transformara-se em valhacouto de malfeitores desencarnados, aos quais se reconhecia absolutamente sem forças para expulsar... A desesperada criatura correu de peça em peça, de susto em susto, de grito em grito, até que se rojou de borco, nos tacos da espaçosa câmara que lhe merecia a preferência, pronunciando frases desconexas... Beatriz enlouquecera.

CONTINUA AMANHÃ

NOSSO LAR - CAPÍTULO 17

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

PENSAMENTO DO DIA

Maravilhas nunca faltam no mundo, o que falta é a capacidade de senti-las e admirá-las

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Você está na trilha do sucesso quando pensar no passado sem remorso e no futuro sem medo

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 85

CONTINUAÇÃO

A moça, expectante, não assinalou a advertência com os sentidos físicos, mas, sem que pudesse explicar a si mesma a razão disso, rememorou a solicitação paterna de última hora... Nemésio, sim... – concluiu mentalmente. Ela e o esposo tinham recebido notícias ao telefone, principalmente da parte de Olímpia. O médico da família procurara Gilberto no banco. As informações eram alarmantes; entretanto, hesitavam... Ela, sobretudo, angustiava-se ao imaginar-se no reencontro. Comentava-se, porém, que o sogro jazia enfermo, em estado grave... Rearticulou, na memória, a rogativa de Cláudio, ao partir, e decidiu-se em espírito. Olvidaria o passado e ajudaria o doente no que lhe fosse possível. Inclinaria Gilberto à reconciliação. Não adiariam por mais tempo a visita.
Os compromissos caseiros, no entanto, povoavam-lhe a mente e afastou-se, conservando, todavia, na forma de intenção consolidada, o pedido que Nogueira lhe insuflara.
Ao café, sugeriu ao esposo as primeiras medidas atinentes ao caso. Cláudio que observava, atento, entrou, direto, em serviço.
Alimentou as disposições favoráveis do casal. Que não recuassem.
Atendessem. Nemésio era também pai. Marina propunha, Gilberto ponderava. Por fim, o marido concordou. Telefonaria do banco, sondando o médico. Se a doença fosse mesmo grave, embora os constrangimentos da companheira, na gravidez avançada,
tomariam táxi à noite, para vê-lo.
Deixando Percília, Cláudio e Moreira entregues à atividade, busquei a vivenda dos Torres, no encalço de Nemésio, que eu não mais vira, desde o trágico instante do carro em disparada.
Entrei.
Silêncio vazio nas peças principais.
Espantado, procurei-lhe o quarto, o quarto espaçoso em que lhe conhecera a esposa doente. Junto dele, hemiplégico e afásico (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 330) no leito, apenas Amaro, o fiel amigo espiritual que velara por Dona Beatriz.
Mobilizei compreensão e resistência para não sensibilizar-me em demasia, prejudicando, ao invés de auxiliar.
Perplexo, ouvi do enfermeiro o resumo da tragédia em que se envolvera aquele homem, dantes tão bajulado e tão rico.
Cedendo à paixão que lhe empolgava os sentidos e excitado pelos obsessores que o abandonaram tão logo lhe viram o corpo arruinado e inútil, Torres pai se decidira a exterminar Marina e suicidar-se em seguida. Ao praticar o crime, porém, verificou que atropelara Nogueira e não a filha, entrando em desespero e esse desespero lhe cresceu tanto no espírito que o corpo doente não resistira. Sobreviera o derrame. Ele, Amaro, avisado por amigos, fora encontrá-lo semiparalítico e sem fala, no automóvel, parado longe do local em que se desenrolara o delito. Parecia prestes a desencarnar, mas Félix aparecera de improviso e requisitara o apoio de todos os órgãos espirituais de assistência, situados nas imediações, acumulando fatores de intervenção em favor dele.
Orara, suplicando aos Poderes Divinos não lhe permitissem a saída do plano físico sem aproveitar o benefício da enfermidade no veículo carnal, que se desarranjara sem probabilidades de conserto. O diretor do “Almas Irmãs” advogara para ele as vantagens da dor, que reputava santas, e o processo desencarnatório tinha sido imediatamente sustado. Quem era ele, Amaro, para censurar as decisões do irmão Félix – alegava o amigo, confidencioso –; no entanto, indagava a si mesmo se valia continuar um homem ativo e inteligente, qual Nemésio, atado a um corpo desajustado assim... Desde a intercessão de Félix, o velho Torres era aquilo que eu via, um farrapo de gente, largado à cama A casa fora devassada pelos credores e empregados desonestos haviam fugido carregando copioso fruto de saque. Baixelas, pratarias, cristais, porcelanas, roupas, telas, pequenos tesouros dos ascendentes (FranciscoCândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 331) das famílias Neves e Torres e até mesmo o piano e as jóias de Dona Beatriz jaziam perdidos na voragem. Apenas Olímpia, antiga companheira, vinha até ali duas vezes por dia, a fim de prestar ligeira assistência ao enfermo, que, embora perfeitamente lúcido, não conseguia articular palavra, em vista das alterações nos centros nervosos. E isso tudo – rematava o informante, desencantado – há menos de uma semana... Condoído, ali aguardei a noite.
Vi quando Gilberto e Marina atravessaram o vestíbulo, seguidos de Percília, Moreira e Cláudio, tomados de surpresa dolorosa.
Imaginando-se sozinhos, o jovem bancário e a esposa não conseguiam dominar as exclamações de assombro, até que à frente do leito, cuja solidão o lustre feérico parecia exagerar, se prosternaram em lágrimas. Nemésio reconheceu-os. Debalde intentou soerguer a carcaça dorida. Quis falar, mas não pôde, apesar do supremo esforço despendido. – Pois é o senhor que encontramos assim, papai? – arfou Gilberto em desconsolo. Cabeça trêmula, o interpelado apenas engrolava: – Ah, ah, ah, ah, ah!... Nós, porém, que lhe registrávamos os pensamentos, notamos, comovidos, que ele, reacomodado ao equilíbrio próprio, implorava aos filhos benevolência, compaixão... Contemplou a nora pelo véu de pranto e lastimou na linguagem inarticulada do cérebro: – “Marina!... Marina!... sou um infeliz.... Perdão, pelo amor de Deus!... Perdão pelas cartas afrontosas, perdão pelo meu crime!... Eu estava louco, no momento em que arrojei o automóvel no corpo de seu pai!... Diga, diga se ele morreu... Perdão, perdão!...” A boca franzida, no entanto, somente repetia: (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 332) – Ah, ah, ah, ah, ah!... Para os dois circunstantes, a terrível confissão paterna era simplesmente longa série de interjeições sem sentido.
Vimos então que Nogueira avançava realmente para o bem que se comprometera a dignificar. Somente naquela hora vinha a saber quem fora o autor do atentado que lhe impusera a morte... Longe, porém, de pedir-nos orientações ou conselhos, recordou, instintivamente, outra noite, além daquela em que perdera a existência... A noite na pensão de Crescina, cujas sombras lhe haviam acobertado os ultrajes à filha, compelindo-a ao desastre fatal... Viu Marina, ajoelhada e, obedecendo aos ditames da própria alma, caiu genuflexo, abraçando-se a ela e, qual se ocupasse o íntimo da jovem senhora, atenazada de sofrimento moral, fê-la buscar a destra de Nemésio para beijá-la com a reverência que os filhos devem aos pais.
O enfermo, tocado no coração por semelhante gesto de respeitosa ternura, tartameleava sons ininteligíveis, implorando mentalmente: – “Perdão!... perdão!...” Cláudio, testemunhando corajosa humildade, levantou-se, de súbito, e, erguendo os olhos para o alto, clamou em pranto: – Deus de Imensa Bondade, perdão para mim também!... Naquela mesma noite, uma ambulância atendia à hospitalização de Nemésio que, após alguns dias de tratamento, sempre custodiado pelos filhos, subia, em cadeira de rodas, no prédio do Flamengo, onde passou a habitar, mudo e inerme, sob os desvelos da nora e incessantemente amparado por Nogueira, no aposento que pertencera àquele que perseguira por rival e que se lhe erigia agora por denodado guardião.
Os êxitos morais de Cláudio, comentados com admiração por alguns amigos no “Almas Irmãs”, estabeleceram para o irmão Félix um problema grave, embora sem qualquer importância na

CONTINUA AMANHÃ

NOSSO LAR - CAPÍTULO 16

domingo, 25 de setembro de 2011

MENSAGEM SEMANAL

CONVITE À PALAVRA

“ Porque a sua boca fala o de que está cheio o coração.” (Lucas: 6-45.) Instrumento valioso é a palavra, doação divina, para o elevado ministério do intercâmbio entre os homens. Resultado de notáveis experiências, o homem nem sempre a utiliza devidamente, dominado pela leviandade. Embora o ser humano, com raras exceções expiatórias, seja dotado de recurso vocálico, somente poucos dele se servem com a necessária sabedoria, de modo a construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas de segurança. Fala-se muito por falar, “matar-se o tempo.” A palavra, não poucas vezes, se converte em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência, em bisturi da revolta e golpeia às cegas ao império das torpes paixões. No entanto, pode modificar estruturas morais, partindo dos ensaios da tolerância às materializações do amor. Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos, equacionam incógnitas, resolvem dificuldades. Falando e lutando insistentemente, Demóstenes tornou-se o insigne orador e construtor de conceitos lapidares dos tempos antigos, vencendo a gagueira, qual Webster ante a timidez, nos tempos hodiernos, na América do Norte... Falando, heróis e santos reformularam os alicerces da idiossincrasia ancestral, colocando alicerces para a Era Melhor. Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões enceguecidas que se atiraram sobre as Nações inermes, transformando-as em ruínas por onde passeavam as sombras dos sofrimentos humanos... Guerras e planos de paz sofrem a poderosa força da palavra. De tal forma é importante, que os modernos governantes do Mundo, envidando esforços titânicos, modificaram as bases da Diplomacia Universal, visitando-se reciprocamente para conversar. A palavra, todavia, deve partir das fontes do pensamento laurizado pelo Evangelho. Há quem pronuncie palavras doces, com lábios tisnados pelo fel; há quem sorria embora chorando; há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio... Mas esses são enfermos em demorado processo de reajuste. Desculpa a fragilidade alheia, lembrando-te das próprias fraquezas. Evita censura. A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno. Se desejas educar, reparar erros, não os abordes estando o responsável ausente. Toda palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz. Enriquece o coração de amor e banha o cérebro com as luzes da misericórdia divina e da sabedoria, a fim de que fales, e fales muito, “o de que está cheio o coração.”

Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Convites da Vida / 23/09/2011
________________________________________

PENSAMENTO DO DIA

Árvore boa pode dar fruto ruim, mas árvore ruim nunca dará fruto bom.

Autor: Desconhecido

MENSAGEM DIÁRIA

Deus não lhe dá mais do que você merece e pode carregar.

Autor: Desconhecido

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 84

CONTINUAÇÃO

CAPÍTULO 13

Recolhido à organização assistencial vinculada aos nossos serviços, nas adjacências do Rio, Nogueira desencarnado refaziase.
Félix, que não sossegou enquanto não lhe admitiu o reequilíbrio perfeito, no-lo entregou aos cuidados, sem retornar a vê-lo.
Desperto agora, Cláudio nos recebia as manifestações de amizade e apreço, vexado, confundido. Momento a momento, acusava-se, denotando excessivo apego a complexos de culpa.
Empregamos todos os meios justos para dissuadi-lo.
Aproveitássemos os erros por lições, anotando-os nos cadernos do passado, para a consulta no ensejo próprio. Árvores alijam folhas mortas, não obstante lhes sirvam de adubo às raízes. As Leis Divinas preceituam esquecimento do mal a fim de que o bem se nos incorpore à individualidade, gerando automatismos de elevação. Também nós atravessáramos crises semelhantes; contudo, acabáramos descobrindo no serviço o remédio para as enfermidades do sentimento. Somos todos obrigados a prevenir-nos contra a agitação constante de sedimentos dos vícios e transgressões do pretérito, no vaso da alma, sob pena de frustrarmos as possibilidades do presente para melhorar o futuro, conquanto a vida nos recomende jamais esquecer a nossa pouquidade, visto que, consciências endividadas que ainda somos, por muito tempo ainda, aonde formos, estaremos carregando no espírito o bagaço de velhas imperfeições. Cultivasse paciência, que ninguém logra aperfeiçoar-se sem paciência, até mesmo consigo próprio. Contava com amigos no “Almas Irmãs”, de onde havia descido às lides da reencarnação. Andava transitoriamente esquecido, sob o efeito natural das experiências a que se condicionara no plano físico; entretanto, oportunamente recuperaria mais amplos potenciais da (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 326) memória, rejubilando-se com reencontros abençoados. Referimonos ao irmão Félix, que mostrava para com ele devotamento particular, se nos fosse facultado descortinar inclinações especiais naquele Espírito aberto a todos os apelos da fraternidade sublime.
O companheiro reconfortava-se, esperançado.
No quarto dia, após o transe, comoveu-nos com um pedido.
Reconhecia-se amparado por muitos benfeitores, porque, somente à custa de muitos favores – opinava humilde –, pudera acordar, antes da morte, para as realidades da alma... Envergonhava-se, porém, de procurar-lhes imediatamente o convívio, que aspirava a merecer, no porvir. Se a Divina Providência, por amigos tão dedicados, lhe pudesse conceder novas esmolas, a ele que se categorizava por mendigo de luz, anelava permissão para continuar trabalhando, mesmo desencarnado, no seio da família, sem ausentar-se do Rio. Amava os filhos, considerava-os ainda moços e inexperientes, ambicionava converter-se para eles num servidor. Mas não era só... Duas criaturas deixara, junto das quais se reconhecia devedor, Nemésio e Márcia. Não pretendia largar a oficina terrestre na condição de insolvente. Além de suspirar por se redimir, diante dos credores, sonhava auxiliá-los e amá-los. Não lhe competia devotar-se ao bem dos outros e, sobretudo, à felicidade daqueles dois associados do destino, praticando os ensinamentos espíritas-cristãos que teoricamente havia aprendido? Decerto, por discrição e respeito, na consideração íntima do passado, não fez referências a Marita, cuja imagem se lhe retratava no espelho da mente... Acrescentou Nogueira que, se atendido, obedeceria lealmente
aos programas de ação que lhe fossem traçados, não cobiçava outra coisa senão instruir-se, melhorar-se, compreender e ser útil... A petição enternecia-nos; entretanto, não detínhamos competência para decidir. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 327)
Autoridades do estabelecimento que nos albergava acolheram o assunto com simpatia e ofereceram medida básica à solução do impasse. Desde que se munisse de aprovação, Nogueira residiria ali mesmo, apesar de se manter em atividade na proteção aos parentes.
Agradecemos, felizes, e quase que na mesma hora Percília partiu, com atribuições de mensageira. Advogaria a causa no “Almas Irmãs”, convicta de que Félix lhe emprestaria prestígio e patrocínio.
Com efeito, no dia imediato, regressou com o requerimento referendado.
Permitia-se a Cláudio o período de dez anos de serviço ao pé dos familiares, antes de se elevar aos círculos imediatos da Espiritualidade para julgamento da existência transcorrida, reservandose à Casa da Providência o direito de corrigir a concessão, fosse dilatando o tempo, se o interessado demonstrasse aplicação ao cumprimento das promessas que formulava, ou cassando a licença, na hipótese de se revelar indigno dela.
O requerente, satisfeito, exultou. Estimulado pelo apoio que recebia, rogou colaboração para voltar ao Flamengo. Sentia-se fraco, vacilante. Pássaro implume, ansiando despencar-se do ninho... Mesmo assim, queria sair de si mesmo, trabalhar, trabalhar... Ajustaram-se providências.
Moreira, que se mantinha com funções definidas ao lado de Marina, auxiliá-lo-ia.
Admirei sem palavras o mecanismo de amor da Bondade Divina.
Aquele que lhe fora assessor no desequilíbrio, ser-lhe-ia, e muito compreensivelmente, o arrimo nas tarefas do reajuste. (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 328)
Seis dias sobre o acidente que levara Nogueira à desencarnação.
Amanhecia, quando pisamos nas areias do Flamengo, reconduzindo-o ao lar.
Certificamo-nos de que o amigo se reiniciava confiante. De propósito, atravessamos com ele a pista de asfalto, no sítio em que tombara; no entanto, não fez o mínimo apontamento, com relação ao desastre. Apoiando-se em Percília, junto de mim, penetrou em casa, acolhido por Moreira que nos precedera, cauteloso. Demandou o aposento em que se instalara, observando que os filhos conservavam-no intacto. Sentou-se no leito a refletir.
O despertador anunciou as seis horas, quando Marina se ergueu.
Isolou-se no banheiro por instantes, preparou-se e, antes de se entender com Dona Justa, sobre o lanche matinal do marido, penetrou no recinto em que nos achávamos e, em pensamento, dirigiu-se a Jesus, rogando-lhe abençoasse o genitor desencarnado, onde estivesse. Enlevados, ouvimo-la, palavra a palavra, no clima dos pensamentos harmônicos em que nos entrelaçávamos, conquanto a jovem senhora exorasse o amparo do Senhor em silêncio.
Levantou-se Cláudio, abeirou-se dela. Ao tocá-la, fremente de júbilo, percebeu que a filha trazia no corpo e na alma a doce presença de Marita nascitura... Deu um passo à retaguarda, parecendo-nos receoso. Temia conspurcar a excelsitude do quadro sublime que o defrontava. Figurou-se-lhe Marina uma planta luminosa, modelada na carne, encerrando uma flor quase a desabrochar.
A idéia de Cláudio relampeou na oração. Suplicava a Deus não lhe permitisse alçar caprichos acima de obrigações... Em seguida, reaproximou-se dela, abraçou-a brandamente e apelou: – Minha filha!... Minha filha!... que é feito de Nemésio? Procuremos Nemésio! É preciso ampará-lo!... Ampará-lo!...

CONTINUA AMANHÃ

NOSSO LAR - CAPÍTULO 15