CONTINUAÇÃO
37
Na obra regenerativa
“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido
nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, orientai-o com espírito de mansidão,
velando por vós mesmos para que não sejais igualmente tentados.” – Paulo (Gálatas,
6:1.)
Se tentamos orientar o irmão perdido nos cipoais do erro, com
aguilhões de cólera, nada mais fazemos que lhe despertar a ira contra nós
mesmos.
Se lhe impusermos golpes, revidará com outros tantos.
Se lhe destacamos as falhas, poderá salientar os nossos
gestos menos felizes.
Se opinamos para que sofra o mesmo mal com que feriu a
outrem, apenas aumentamos a percentagem do mal, em derredor de nós.
Se lhe aplaudimos a conduta errônea, aprovamos o crime.
Se permanecemos indiferentes, sustentamos a perturbação.
Mas se tratarmos o erro do semelhante, como quem cogita de
afastar a enfermidade de um amigo doente, estamos, na realidade, concretizando
a obra regenerativa.
Nas horas difíceis, em que vemos um companheiro despenhar-se
nas sombras interiores, não olvidemos que, para auxiliá-lo, é tão desaconselhável
a condenação, quanto o elogio.
Se não é justo atirar petróleo às chamas, com o propósito de
apagar a fogueira, ninguém cura chagas com a projeção de perfume.
Sejamos humanos, antes de tudo.
Abeiremo-nos do companheiro infeliz, com os valores da
compreensão e da fraternidade.
Ninguém perderá, exercendo o respeito que devemos a todas as
criaturas e a todas as coisas.
Situemo-nos na posição do acusado e reflitamos se, nas
condições dele, teríamos resistido às sugestões do mal. Relacionemos as nossas
vantagens e os prejuízos do próximo, com imparcialidade e boa intenção.
Toda vez que assim procedermos, o quadro se modifica nos
mínimos aspectos.
De outro modo será sempre fácil zurzir e condenar, para cairmos,
com certeza, nos mesmos delitos, quando formos, por nossa vez, visitados pela
tentação.
38
Se soubéssemos
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” –
Jesus. (Lucas, 23:34.)
Se o homicida conhecesse, de antemão, o tributo de dor que a
vida lhe cobrará, no reajuste do seu destino, preferiria não ter braços para
desferir qualquer golpe.
Se o caluniador pudesse eliminar a crosta de sombra que lhe
enlouquece a visão, observando o sofrimento que o espera no acerto de contas
com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou imobilizaria a pena, a fim de
não se confiar à acusação descabida.
Se o desertor do bem conseguisse enxergar as perigosas
ciladas com que as trevas lhe furtarão o contentamento de viver, deter-se-ia
feliz, sob as algemas santificantes dos mais pesados deveres.
Se o ingrato percebesse o fel de amargura que lhe invadirá,
mais tarde, o coração, não perpetraria o delito da indiferença.
Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda,
nunca se apartaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.
Se o glutão enxergasse os desequilíbrios para os quais
encaminha o próprio corpo, apressando a marcha para a morte, renderia culto
invariável à frugalidade e à harmonia.
Se soubéssemos quão terrível é o resultado de nosso
desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto.
Perdoa, pois, a quem te fere e calunia...
Em verdade, quantos se rendem às sugestões perturbadoras do
mal não sabem o que fazem.
CONTINUA AMANHÃ