terça-feira, 20 de setembro de 2011

SEXO E DESTINO - CHICO XAVIER E ANDRÉ LUIZ - PARTE 79


CONTINUAÇÃO

Atormentada, tremente, a moça, assistida por nós, penetrou no aposento paterno e, oh surpresa! Nogueira, em espírito, rente ao corpo que ressonava de manso, como que lhe aguardava a presença, pois estendeu-lhe os braços e gritou, misturando enlevo e regozijo, na exaltação que passou a comandar-lhe todas as forças: – Minha filha!... minha filha!...
A jovem rememorou os quadros que imaginara no hospital, o suplício das horas lentas, as preces que lhe amenizavam as amarguras, a invariável devoção daquele pai que se lhe redimira no conceito à custa de sofrimento, e ajoelhou-se, diante dele, procurando-lhe o regaço, como quando em criança.
Cláudio, perplexo, não nos via, concentrava-se totalmente na visão a exercer sobre ele inigualável fascínio. Afagou com a destra hesitante aqueles cabelos desnastrados que tanta vez alisara, na instituição dos acidentados, e relembrou Marita, nas atitudes da infância, quando vinha da escola, e indagou: – Filha do meu coração, por que choras?
A recém-chegada endereçou-lhe um gesto súplice e rogou: – Papai, não se aflija!... Estou feliz, mas quero Gilberto, quero voltar para a Terra!... Quero viver no Rio com o senhor, outra vez!...
Patenteando carinho imáculo, Nogueira conservou-a sob as mãos que tremiam de júbilo e, levantando o olhar para o teto, com a ânsia de quem se propunha romper o monte de alvenaria para dirigir-se a Jesus, diante do firmamento, clamou em lágrimas: – Senhor, esta é a filha querida que me ensinaste a amar com pureza!... Ela quer retornar ao mundo, para junto de nós!... Mestre, dá-lhe, com a tua infinita bondade, uma nova existência, um corpo novo!... Senhor, tu sabes que ela perdeu os sonhos de criança por minha causa... Se é possível, amado Jesus, permite agora (Francisco Cândido Xavier - Sexo e Destino - pelo Espírito André Luiz 307) que lhe dê minha vida! Senhor, deixa que eu ofereça à filha de minha alma tudo o que eu tenho! Oh! Jesus, Jesus!...
Félix considerou que a emotividade excessiva poderia abatêlo e recolheu Marita nos braços, recomendando que me atrasasse, no sentido de auxiliá-lo a reaver o envoltório físico enlanguescido.
Retirou-se o instrutor carregando a menina paternalmente, ao passo que Moreira e eu investíamos Cláudio sobre a máquina orgânica em movimento de impulsão. Depois de passe reconfortante, Nogueira acordou em choro convulso, guardando na memória todos os detalhes da ocorrência.
Daí a instantes, ouvimos passos na sala.
Gilberto entrava, de leve. O sogro intentou aprumar-se e chamá-lo para narrar o acontecido; entretanto, assimilou-nos a exortação ao silêncio, para colaborar com o futuro... Sim – concordou, qual se estivesse conversando consigo mesmo –, a verdade da vida não deve brilhar para a maioria dos homens, senão por intermédio de sonhos vagos, para não confundir-lhes o raciocínio nascituro, assim como o Universo de Deus não pode fulgir para as criaturas da Terra, senão em forma de estrelas, semelhantes a pingos de luz nas trevas, de modo a lhes não arrasar a pequenez...
Entretanto, a certeza de que Marita retornaria ao mundo, reencarnada, iluminava-lhe o pensamento e aquecia-lhe o coração.

CONTINUA AMANHÃ

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