PORTA ESTREITA
“Porfiai por entrar pela porta estreita,
porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.” - Jesus.
(Lucas, 13:24.)
Antes da reencarnação necessária ao progresso, a alma
estima na “porta estreita” a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais.
Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia
pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a
dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição,
nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da
vida.
Obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o
serviço de retificação e aperfeiçoamento.
Reconquistando, porém, a oportunidade da existência
terrestre, volta a procurar as “portas largas” por onde transitam as multidões.
Fugindo à dificuldade, empenha-se pelo menor esforço.
Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal. Longe de
servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.
E, no sono doentio do passado, atravessa os campos de
evolução, sem algo realizar de útil, menosprezando os compromissos assumidos.
Em geral, quase todos os homens somente acordam quando a
enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte.
“Ah! se fosse possível voltar!...” - pensam todos.
Com que aflição acariciam o desejo de tornar a viver no
mundo, a fim de aprenderem a humildade, a paciência e a fé!... Com que
transporte de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros!...
Mas... É tarde. Rogaram a “porta estreita” e receberam-na,
entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito
bem nas “portas largas”, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que
procuram entrar, de novo, e não conseguem.
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