O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO 26
DAI
GRATUITAMENTE O QUE RECEBESTES GRATUITAMENTE
Dom
de curar
Preces
pagas
Mercadores
expulsos do templo
Mediunidade
gratuita
MERCADORES
EXPULSOS DO TEMPLO
5.
Vieram em seguida a Jerusalém, e Jesus, tendo entrado no templo, começou a
expulsar de lá os que vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas e as
cadeiras dos que vendiam pombos; e não permitiu que ninguém transportasse
qualquer utensílio pelo templo. Também os instruiu ao dizer: Não está escrito
que minha casa será chamada casa de orações por todas as nações? E, entretanto,
fizestes dela um covil* de ladrões. Os príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido
isto, procuravam um meio de prendê-Lo; pois temiam-No, uma vez que todos estavam
tomados de admiração pela sua doutrina. (Marcos, 11:15 a 18;
Mateus,
21:12 e 13)
6. Jesus expulsou os mercadores do templo. Deste modo,
condenou o tráfico das coisas santas sob
qualquer forma. Deus não vende nem sua bênção, nem seu perdão, nem a
entrada no reino dos Céus.
O homem não tem, pois, o direito de lhes estipular preço.
* N. E. - Covil: buraco de feras. Esconderijo de ladrões.
MEDIUNIDADE
GRATUITA
7. Os médiuns de agora – visto que também os apóstolos tinham
mediunidade – receberam igualmente de Deus um dom gratuito: o de serem os
intérpretes dos Espíritos para instruírem os homens, para lhes mostrar o
caminho do bem e conduzi-los à fé e não para venderem palavras que não lhes
pertencem, visto que não são o produto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a
luz chegue a todos; não quer que o mais pobre seja dela privado e possa dizer:
Não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive a consolação de receber os
encorajamentos e os testemunhos de afeição daqueles por quem choro, porque sou
pobre. Eis por que a mediunidade não é um privilégio, e se encontra em todos os
lugares. Cobrar por ela seria desviá-la de seu objetivo providencial.
8. Todo aquele que conhece as condições em que os bons
Espíritos se comunicam e a repulsa que sentem por tudo o que é de interesse
egoísta, sabe como pouca coisa é preciso para que se afastem, jamais poderá
admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do primeiro que os chamasse,
recompensando-os a tanto por sessão. O simples bom-senso repele esse
pensamento. Não seria também uma profanação evocar em troca de dinheiro os
seres que respeitamos ou que nos são queridos? Sem dúvida, agindo assim, podem-se
ter manifestações, mas quem poderá garantir a sinceridade delas? Espíritos
levianos, mentirosos, espertos e toda a espécie de Espíritos inferiores, muito
pouco escrupulosos, correm sempre a esses chamados e estão sempre prontos a
responder a tudo que lhes é perguntado, sem se preocupar com a verdade. Aquele
que quer comunicações sérias deve, em primeiro lugar, procurá-las seriamente, depois
de certificar-se sobre a natureza das ligações do médium com os seres do mundo
espiritual. Portanto, a primeira condição para se alcançar a benevolência dos
bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação e o mais absoluto
desinteresse moral e material.
9. Ao lado da questão moral, apresenta-se uma consideração real
e positiva, não menos importante, que se liga à própria natureza da
mediunidade. A mediunidade séria não pode ser e jamais será uma profissão, não
somente porque seria desacreditada moralmente, e logo se assemelharia aos que leem
a sorte, mas também porque um obstáculo se opõe a isso. É que a mediunidade é
um dom essencialmente móvel, fugidio, variável e inconstante. Ela seria, pois, para
o explorador, um recurso completamente incerto, que poderia lhe faltar no
momento mais necessário. Outra coisa é um talento adquirido pelo estudo e pelo
trabalho e que, por essa razão, equivale a uma propriedade da qual naturalmente
é permitido tirar proveito. Mas a mediunidade não é nem uma arte, nem um
talento; é por isso que ela não pode tornar-se uma profissão; ela apenas existe
com a participação dos Espíritos; sem eles não há mediunidade; a aptidão pode
continuar existindo, mas o exercício é falso, é nulo. Não há um único médium no
mundo que possa garantir a obtenção de uma manifestação espírita e num determinado
instante. Explorar a mediunidade é, portanto, dispor de algo que não se possui.
Afirmar o contrário é enganar aquele que paga. Ainda há mais: não é de si mesmo
que o explorador dispõe; é dos Espíritos, das almas dos mortos cuja cooperação
se colocou à venda. Esta ideia causa repugnância. Foi esse tráfico, comprovado
pelo abuso, explorado pelos impostores, pela ignorância, pela crendice e pela
superstição, que motivou a proibição de Moisés*. O Espiritismo moderno,
compreendendo a seriedade da questão, lançou sobre seus exploradores o
descrédito, elevando a mediunidade à categoria de missão. (Consulte O Livro dos
Médiuns, 2a. parte, Cap. 28, e O Céu e o Inferno, 1a. parte, Cap. 11.)
10. A mediunidade é uma missão sagrada que deve ser praticada santa
e religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requer essa condição de
maneira ainda mais absoluta é a mediunidade de cura. Assim é que o médico
oferece o fruto de seus estudos, que fez à custa de sacrifícios muitas vezes árduos;
o magnetizador* dá o seu próprio fluido, muitas vezes, até mesmo sua saúde;
portanto, ambos podem colocar preço nisso. O médium curador por sua vez
transmite o fluido salutar dos bons Espíritos e isso ele não tem o direito de
vender.
Jesus e os apóstolos, embora pobres, nada recebiam pelas
curas que faziam.
Aquele, pois, que não tem do que viver, que procure
recursos em outros lugares, menos na
mediunidade, e que apenas dedique a ela, se for o caso, o tempo de que
possa dispor materialmente. Os Espíritos levarão em conta o seu devotamento e
sacrifícios, enquanto se afastarão daqueles que esperam fazer da mediunidade um
modo de subir na vida.
* N. E. - No tempo de Moisés a consulta aos Espíritos, embora largamente
praticada, não tinha finalidade séria. A mediunidade, então conhecida como
profecia, era comercializada. Por qualquer motivo, consultavam os Espíritos. A
mediunidade era explorada por impostores, e foi isto que Moisés proibiu. Mas
foi ele mesmo quem disse: “Quem dera que todo o povo do Senhor profetizasse” –
isto é, fosse médium, dignificando assim a mediunidade. (Consulte Números, 11:26 a 29.)
* N. E. - Magnetizador: que magnetiza, que transmite sua
influência, que impõe sua vontade a
outro com o objetivo da cura.
CONTINUA
AMANHA
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