quinta-feira, 18 de agosto de 2016

MOMENTO DE REFLEXÃO



MOMENTO DE REFLEXÃO
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO  23
MORAL ESTRANHA
Quem não odiar seu pai e sua mãe.
Abandonar pai, mãe e filhos.
Deixai os mortos enterrar seus mortos.  
Não vim trazer a paz, mas a divisão.
NÃO VIM TRAZER A PAZ, MAS A DIVISÃO
14 É preciso observar que o Cristianismo apareceu quando o paganismo estava em decadência e se debatia contra as luzes da razão. Praticavam-no ainda por formalidade, mas a crença havia desaparecido e apenas o interesse pessoal o sustentava. O interesse é persistente; ele nunca cede à evidência; irrita-se cada vez mais, quanto mais claros e objetivos são os raciocínios que se lhe opõem e que melhor demonstram seu erro. Sabe muito bem que está errado, mas isso não o abala, visto que na sua alma não há verdadeira fé. O que mais o amedronta é a luz que abre os olhos aos cegos. O erro lhe é proveitoso; eis por que se aferra a ele e o defende.
Sócrates também não tinha formulado uma doutrina semelhante, até certo ponto, à do Cristo? Por que ela não prevaleceu naquela época, em meio a um dos povos mais inteligentes da Terra? É porque o tempo ainda não havia chegado; ele semeou em uma terra não preparada; o paganismo não estava suficientemente desgastado. O Cristo recebeu sua missão providencial no tempo determinado. Nem todos os homens de seu tempo estavam à altura das ideias cristãs, mas havia um clima mais favorável para assimilá-las, porque já se começava a sentir o vazio que as crenças vulgares deixavam na alma.
Sócrates e Platão haviam aberto o caminho e preparado os Espíritos.
(Veja nesta obra, Introdução, parágrafo 4, Sócrates e Platão, precursores da ideia cristã e do Espiritismo.)
15 Infelizmente os adeptos da nova doutrina não se entenderam quanto à interpretação das palavras do Mestre, a maior parte dissimulada por alegorias e figuras de linguagem. Daí nasceu de imediato, numerosas seitas• que pretendiam ter, com exclusividade, a verdade, e por séculos não puderam entrar em acordo. Esquecendo-se do mais importante dos ensinamentos divinos, aquele sobre o qual Jesus havia feito a pedra angular do seu edifício e a condição expressa da salvação: a caridade, a fraternidade e o amor ao próximo, essas seitas se amaldiçoaram mutuamente e arremeteram-se umas contra as outras, as mais fortes esmagando as mais fracas, afogando-as no sangue, nas torturas e na chama das fogueiras. Os cristãos, vencedores do paganismo, de perseguidos passaram a perseguidores; foi a ferro e fogo que plantaram a cruz do Cordeiro sem mácula nos dois mundos. É um fato comprovado que as guerras religiosas foram mais cruéis e fizeram mais vítimas do que as guerras políticas; nelas cometeram-se mais atrocidades e barbarismo do que em qualquer outra.
Estaria o erro na doutrina do Cristo? Não, certamente, pois ela condena formalmente toda violência. Disse Ele alguma vez, aos seus discípulos: Ide matar, massacrar, queimar aqueles que não acreditarem como vós? Não. Ele lhes disse exatamente o contrário: Todos os homens são irmãos, e Deus é soberanamente misericordioso; amai vosso próximo; amai vossos inimigos; fazei o bem àqueles que vos perseguem. Ele ainda lhes disse mais: Quem matar pela espada perecerá pela espada. A responsabilidade não está, portanto, na doutrina de Jesus, mas naqueles que a interpretaram falsamente e dela fizeram um instrumento para servir às suas paixões, ignorando estas palavras: Meu reino não é deste mundo.
CONTINUA AMANHA

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