O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO 23
MORAL
ESTRANHA
Quem
não odiar seu pai e sua mãe.
Abandonar
pai, mãe e filhos.
Deixai
os mortos enterrar seus mortos.
Não
vim trazer a paz, mas a divisão.
NÃO VIM
TRAZER A PAZ, MAS A DIVISÃO
14 É preciso observar que o Cristianismo apareceu quando o paganismo
estava em decadência e se debatia contra as luzes da razão. Praticavam-no ainda
por formalidade, mas a crença havia desaparecido e apenas o interesse pessoal o
sustentava. O interesse é persistente; ele nunca cede à evidência; irrita-se
cada vez mais, quanto mais claros e objetivos são os raciocínios que se lhe
opõem e que melhor demonstram seu erro. Sabe muito bem que está errado, mas isso
não o abala, visto que na sua alma não há verdadeira fé. O que mais o amedronta
é a luz que abre os olhos aos cegos. O erro lhe é proveitoso; eis por que se
aferra a ele e o defende.
Sócrates também não tinha formulado uma doutrina
semelhante, até certo ponto, à do Cristo? Por que ela não prevaleceu naquela época,
em meio a um dos povos mais inteligentes da Terra? É porque o tempo ainda não
havia chegado; ele semeou em uma terra não preparada; o paganismo não estava
suficientemente desgastado. O
Cristo recebeu sua missão providencial no tempo determinado. Nem todos os
homens de seu tempo estavam à altura das ideias cristãs, mas havia um clima
mais favorável para assimilá-las, porque já se começava a sentir o vazio que as
crenças vulgares deixavam na alma.
Sócrates e Platão haviam aberto o caminho e preparado os
Espíritos.
(Veja nesta obra, Introdução, parágrafo 4, Sócrates e Platão, precursores da ideia
cristã e do Espiritismo.)
15 Infelizmente os adeptos da nova doutrina não se entenderam
quanto à interpretação das palavras do Mestre, a maior parte dissimulada por
alegorias e figuras de linguagem. Daí nasceu de imediato, numerosas seitas• que
pretendiam ter, com exclusividade, a verdade, e por séculos não puderam entrar
em acordo. Esquecendo-se do mais importante dos ensinamentos divinos, aquele
sobre o qual Jesus havia feito a pedra angular do seu edifício e a condição
expressa da salvação: a caridade, a fraternidade e o amor ao próximo, essas
seitas se amaldiçoaram mutuamente e arremeteram-se umas contra as outras, as
mais fortes esmagando as mais fracas, afogando-as no sangue, nas torturas e na
chama das fogueiras. Os cristãos, vencedores do paganismo, de perseguidos
passaram a perseguidores; foi a ferro e fogo que plantaram a cruz do Cordeiro sem
mácula nos dois mundos. É um fato comprovado que as guerras religiosas foram
mais cruéis e fizeram mais vítimas do que as guerras políticas; nelas
cometeram-se mais atrocidades e barbarismo do que em qualquer outra.
Estaria o erro na doutrina do Cristo? Não, certamente,
pois ela condena formalmente toda violência. Disse Ele alguma vez, aos seus discípulos:
Ide matar, massacrar, queimar aqueles que não acreditarem como vós? Não. Ele
lhes disse exatamente o contrário: Todos os homens são irmãos, e Deus é
soberanamente misericordioso; amai vosso
próximo; amai vossos inimigos; fazei
o bem àqueles que vos perseguem. Ele ainda lhes disse mais: Quem matar pela
espada perecerá pela espada. A responsabilidade não está, portanto, na doutrina
de Jesus, mas naqueles que a interpretaram falsamente e dela fizeram um
instrumento para servir às suas paixões, ignorando estas palavras: Meu reino não é deste mundo.
CONTINUA
AMANHA
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