segunda-feira, 15 de agosto de 2016

MOMENTO DE REFLEXÃO



O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO  23
MORAL ESTRANHA
Quem não odiar seu pai e sua mãe.
Abandonar pai, mãe e filhos.
Deixai os mortos enterrar seus mortos.
Não vim trazer a paz, mas a divisão.

ABANDONAR PAI, MÃE E FILHOS

4. Todo aquele que por amor ao meu nome deixar sua casa, seus irmãos, irmãs, pai e mãe, mulher, filhos e suas terras, receberá o cêntuplo e terá como herança a vida eterna. (Mateus, 19:29)
5. Então Pedro Lhe disse: Quanto a nós, vede que deixamos tudo e vos seguimos. Jesus lhes disse: Eu vos digo, em verdade, que não há ninguém, que tenha deixado pelo reino de Deus sua casa, pai e mãe, irmãos, mulher e seus filhos, que não receba deste mundo muito mais, e, no século futuro, a vida eterna. (Lucas, 18:28 a 30)
6. Um outro Lhe disse: Senhor, eu a vós seguirei, mas permiti-me ir primeiro dispor do que tenho em minha casa. Jesus lhe respondeu: Todo aquele que, tendo a mão no arado, olhar para trás, não é digno do reino de Deus. (Lucas, 9:61 e 62)
Sem discutir as palavras, é preciso procurar aqui o pensamento, que era evidentemente este: Os interesses da vida futura estão acima de todos os interesses e de todas as considerações humanas, porque está de acordo com a essência da doutrina de Jesus, enquanto a idéia de renúncia à família seria sua negação.
Não temos, aliás, sob nossos olhos a aplicação destes ensinamentos no sacrifício dos interesses e das afeições da família pela Pátria? Condena-se um filho por deixar seu pai, mãe, irmãos, mulher e seus filhos para marchar em defesa de seu país? Não lhe é dado, ao contrário, um grande mérito por deixar as doçuras do lar, o calor das amizades, para cumprir um dever? Há, pois, deveres que se sobrepõem a outros. A lei não diz da obrigação da filha deixar seus pais e seguir seu esposo? O mundo está repleto de casos em que as separações mais dolorosas são necessárias; mas as afeições nem por isso se rompem; o afastamento não diminui nem o respeito, nem a dedicação que se deve aos pais, nem a ternura para com os filhos. Vê-se, portanto, que, até mesmo tomadas ao pé da letra, salvo a palavra odiar, aquelas expressões não seriam a negação do mandamento que determina honrar pai e mãe, nem do sentimento de ternura fraternal e, com mais forte razão ainda, se as analisarmos quanto ao seu espírito.
Elas tinham por objetivo mostrar, de forma propositadamente exagerada, o quanto era importante para o homem o dever de ocupar-se da vida futura, considerando que elas deviam ser menos chocantes para um povo e uma época em que, por força das circunstâncias, os laços de família tinham menos força do que numa civilização moralmente mais avançada. Esses laços, muito fracos nos povos primitivos, se fortificam com o desenvolvimento da sensibilidade e do senso moral.
As separações são necessárias ao progresso, tanto nas famílias quanto nas raças, pois elas se degeneram se não há cruzamentos, se não se mesclam umas com as outras. É uma lei da Natureza, que tanto interessa ao progresso moral quanto ao progresso físico.
As coisas estão encaradas aqui somente sob o ponto de vista terreno. O Espiritismo faz com que as vejamos de maneira mais elevada, ao nos mostrar que os verdadeiros laços de afeição são os do Espírito e não os do corpo; que esses laços não se rompem nem com a separação, nem mesmo com a morte do corpo; que eles se fortificam na vida espiritual pela purificação do Espírito, verdade consoladora que nos dá uma grande força para suportar as contrariedades da vida. (Veja nesta obra Caps. 4:18; e 14:8.)
(1) Non odit em latim, Kaï ou miseï em grego, não quer dizer odiar, mas amar menos. O que o verbo grego miseï exprime, o verbo hebreu, que Jesus deve ter empregado, o exprime melhor; ele não significa simplesmente odiar, mas amar menos, não amar tanto quanto, não amar igual a outro. No dialeto siríaco, que dizem ter sido o mais usado por Jesus, essa significação é ainda mais acentuada.
Foi nesse sentido que foi empregado na Gênese (Cap. 29:30 e 31): “E Jacó amou Raquel mais do que a Lia, e Jeová, vendo que Lia era “odiada...” É evidente que o verdadeiro sentido é menos amada; e é assim que se deve traduzir. Em muitas outras passagens hebraicas e, principalmente, siríacas (idioma aramaico), o mesmo verbo é empregado no sentido de não amar tanto quanto a um outro, e seria um contra senso traduzi-la por odiar, que tem um outro significado bem determinado. O texto do evangelista Mateus resolve, aliás, toda a dificuldade. (Nota de M. Pezzani.)
CONTINUA AMANHA

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