O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO 17
SEDE
PERFEITOS
Características da perfeição
O homem de bem • Os bons espíritas • Parábola do semeador
Instruções dos
Espíritos: O dever • A
virtude
Os superiores e os inferiores • O homem no mundo
Cuidar do corpo e do Espírito
INSTRUÇÕES
DOS ESPÍRITOS
O DEVER
Lázaro - Paris, 1863
7. O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo
e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida: encontra-se desde
os menores detalhes, assim como nos mais elevados atos. Refiro-me apenas ao
dever moral e não ao dever que as profissões impõem.
Na ordem dos sentimentos o dever é muito difícil de ser
cumprido, pois se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do
coração. Suas vitórias não têm testemunhos e suas derrotas não estão sujeitas à
repressão. O dever íntimo do homem é governado pelo seu livre-arbítrio•, este
aguilhão* da consciência, guardião da integridade interior, o adverte e o
sustenta, mas permanece, muitas vezes, impotente perante os enganos da paixão.
O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem, mas, como este dever
pode ser determinado? Onde ele começa? Onde termina? O dever começa
precisamente no ponto onde ameaçais a felicidade ou a tranquilidade de vosso próximo, e termina no
limite em que não desejaríeis vê-lo
transposto em relação a vós mesmos.
Deus criou todos os homens iguais perante a dor; pequenos
ou grandes, incultos ou esclarecidos, sofrem todos pelas mesmas causas, a fim
de que cada um avalie com sensatez o mal que pôde fazer. O critério para o bem,
infinitamente mais variado em suas expressões, não é o mesmo. A igualdade perante a dor é uma sublime
providência de Deus, que quer
que seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal, alegando a ignorância de
seus efeitos.
O dever reflete, na prática, todas as virtudes morais; é
uma fortaleza da alma que enfrenta as angústias da luta; é severo e dócil; pronto
para dobrar-se às diversas complicações, mas permanece inflexível perante suas
tentações. O homem que cumpre seu
dever ama mais a Deus do que às
criaturas, e às criaturas mais do que a si mesmo. É, ao mesmo tempo, juiz e escravo em sua própria causa.
O dever é o mais belo laurel* da razão; provém dela, como
um filho nasce de sua mãe. O homem deve amar o dever, não porque o preserve dos
males da vida, aos quais a Humanidade não pode subtrair- se, mas sim por dar à
alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.
O dever cresce e se irradia, sob forma mais elevada, em
cada uma das etapas superiores da Humanidade; a obrigação moral da criatura
para com Deus nunca cessa; ela deve refletir as virtudes do Eterno, que não
aceita um esboço imperfeito, pois quer que a beleza de sua obra resplandeça
perante Ele.
* N. E. - Aguilhão: estimulante, incitador, provocador.
CONTINUA
AMANHA
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