O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO 13
QUE VOSSA
MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ VOSSA MÃO DIREITA
Fazer
o bem sem ostentação
Os
infortúnios ocultos • O óbolo* da viúva
Convidar
os pobres e os estropiados
Ajudar
sem esperar recompensa
Instruções dos Espíritos:
A
caridade material e a caridade moral
A
beneficência • A piedade • Os órfãos
Benefícios
pagos com a ingratidão • Beneficência exclusiva.
FAZER O BEM
SEM OSTENTAÇÃO
3. Fazer o bem sem se exibir, sem ostentação, é um grande
mérito.
Esconder a
mão que dá é ainda mais louvável. É o sinal indiscutível de uma grande superioridade
moral, porque, para compreender além da vulgaridade comum as coisas do mundo, é
preciso elevar-se acima da vida presente e se identificar com a vida futura. É
preciso, em fação que o aplauso dos homens proporciona e pensar na aprovação de Deus.
Aquele que estima mais a aprovação dos homens do que a de
Deus prova
que tem mais fé nos homens do que em Deus e que a vida presente vale mais do
que a vida futura. Se disser o contrário, age como se não acreditasse no que
diz. Quantos ajudam apenas na esperança de que essa ajuda tenha grande
repercussão; que, em público, dão uma grande soma e que ocultamente não dariam
nem um centavo! Eis porque Jesus disse: Aqueles
que fazem o bem com ostentação já receberam sua recompensa. De fato, aquele que procura sua glorificação na Terra
pelo bem que faz já se pagou a si mesmo. Deus não lhe deve mais nada. Resta-lhe
apenas receber a punição do seu orgulho.
Que a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita é um
ensinamento que caracteriza admiravelmente a beneficência modesta.
Mas, se
existe a modéstia real, há também a fingida, isto é: a simulação da modéstia.
Há pessoas que escondem a mão que dá, tendo o cuidado de deixar à mostra uma
parte da sua ação, para que alguém observe o que fazem. Ridícula comédia dos ensinamentos
do Cristo!
Se os
benfeitores orgulhosos são desconsiderados entre os homens, muito mais o serão
diante de Deus! Estes também já receberam sua recompensa na Terra. Foram
vistos; ficaram satisfeitos por terem sido vistos: é tudo o que terão.
Qual será,
portanto, a recompensa daquele que faz pesar seus benefícios sobre o
beneficiado, que lhe obriga, de alguma maneira, os testemunhos de
reconhecimento, que lhe faz sentir sua posição realçando as dificuldades e os
sacrifícios a que se impôs por ele? Para este, nem mesmo existe a recompensa
terrena, pois ele é privado da doce satisfação de ouvir abençoar seu nome. E aí
está o primeiro castigo de seu orgulho. As lágrimas que ele seca em benefício
de sua vaidade, ao invés de subirem ao Céu, recaem sobre o coração do aflito e
o ferem. O bem que ele faz não lhe traz o menor proveito, pois, ele o lamenta,
e todo benefício lamentado é moeda falsa e sem valor.
A
beneficência sem exibicionismo tem um duplo mérito: além de ser caridade
material é caridade moral. Ela respeita os sentimentos do beneficiado. Faz com
que, em aceitando o benefício, seu amor próprio não seja atingido, protegendo
assim sua dignidade de homem, pois este poderá aceitar um serviço, mas não uma
esmola. Acontece que converter um serviço em esmola, conforme a maneira como é proposto
que se faça, é humilhar aquele que o recebe e sempre há orgulho e maldade em
humilhar alguém. A verdadeira caridade, pelo contrário, é delicada, habilidosa
e sutil em disfarçar o benefício, em evitar até as menores aparências que
ferem, pois toda contrariedade moral aumenta o sofrimento do necessitado. Ela
sabe encontrar palavras doces e afáveis que colocam o beneficiado à vontade em
face do benfeitor, enquanto a caridade orgulhosa o humilha. O sublime da verdadeira
generosidade é quando o benfeitor, invertendo os papéis, encontra um meio de
parecer ser ele próprio o beneficiado frente àquele a quem presta um favor. Eis
o que querem dizer estas palavras: Que
a mão esquerda não saiba o que
faz a mão direita.
CONTINUA
AMANHA
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