O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO 10
BEM-AVENTURADOS
OS QUE SÃO MISERICORDIOSOS
Perdoai para
que Deus vos perdoe
Reconciliar-se com seus adversários
O sacrifício mais agradável a Deus • O argueiro• e a trave• no
olho
Não julgueis para não serdes julgados
Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra
Instruções dos
Espíritos: O perdão das
ofensas
A indulgência • É permitido repreender os outros?
Observar as suas imperfeições? Divulgar o mal alheio?
INSTRUÇÕES DOS
ESPÍRITOS
O PERDÃO
DAS OFENSAS
Simeão - Bordeaux, 1862
15. Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo. Perdoar
aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade. Perdoar as ofensas é mostrar que se
tornou melhor do que se era antes. Perdoai, portanto, meus amigos, a fim de que
Deus vos perdoe, pois, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se fordes rigorosos
mesmo por uma pequena ofensa, como quereis que Deus esqueça que a cada dia
tendes mais necessidade de perdão? Infeliz daquele que diz: “Nunca perdoarei”, pois
pronuncia a sua própria condenação. Será que, em vos autoanalisando, não fostes
vós o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por uma simples bagatela e
termina por uma ruptura, não provocastes a primeira desavença? Se uma palavra
ofensiva não escapou de vós? Se usastes de toda moderação necessária? Sem
dúvida, vosso adversário errou em se mostrar tão melindroso, mas isto é uma
razão a mais para serdes indulgentes e de não fazer por merecer a censura que
vos foi endereçada. Admitamos que fostes realmente o ofendido numa certa
situação. Quem garante que não envenenastes a situação por vinganças e que não
transformastes em disputa séria o que poderia ter caído facilmente no
esquecimento? Se depender de vós impedir as consequências e não o fizerdes,
sereis sem dúvida culpado. Admitamos, enfim, que não tendes absolutamente
nenhuma censura a vos fazer. Neste caso, quanto mais clementes fordes, maior
será o vosso mérito.
Mas há duas maneiras bem diferentes de se perdoar: o
perdão dos lábios e o do coração. Muitas pessoas dizem a respeito de seus
adversários: “Eu lhe perdoo”, enquanto interiormente experimentam um secreto
prazer pelo mal que lhes acontece, dizendo a si mesmos que eles bem o merecem.
Quantos dizem: “Eu perdoo”, e acrescentam:
“Mas nunca me reconciliarei. Não quero vê-lo pelo resto de
minha vida”.
Esse é o perdão segundo o Evangelho? Não! O verdadeiro
perdão, o perdão daquele que crê, lança um véu sobre o passado. É o único que
vos será cobrado, pois Deus não se satisfaz com a aparência: sonda o fundo dos
corações e os mais secretos pensamentos, não aceitando apenas palavras e
simples fingimentos. O esquecimento total e completo das ofensas é próprio das
grandes almas. O rancor é sempre um sinal de baixeza e de inferioridade. Não vos
esqueçais de que o verdadeiro perdão se reconhece mais pelos atos do que pelas
palavras.
A INDULGÊNCIA
Joseph, Espírito Protetor - Bordeaux, 1863.
16. Espíritas, gostaríamos hoje de vos falar sobre a
indulgência*, esse sentimento tão doce, tão fraternal que todo homem deveria
ter para com seus irmãos, mas que poucos praticam.
A indulgência jamais vê os defeitos alheios, ou, se os
veem, evita falar deles e divulgá-los. Pelo contrário, ela os esconde, a fim de
que não sejam conhecidos e, se a malevolência os descobre, sempre tem uma
desculpa pronta para amenizá-los, ou seja, uma desculpa aceitável, séria, e não
daquelas que, parecendo atenuar a falta, a destacam de um modo maldoso.
* N. E. - Indulgência: clemência, misericórdia, tolerância.
CONTINUA AMANHÃ
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