O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO 5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
CONTINUAÇÃO
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
DEVE-SE PÔR UM FIM ÀS PROVAS DO PRÓXIMO?
Bernardin, Espírito Protetor - Bordeaux, 1863.
consequência de vossas existências anteriores, é o peso e
obrigação da dívida que tendes a pagar. Mas este pensamento provoca reflexões
em algumas pessoas, ideias as quais é necessário combater, pois poderiam ter consequências desastrosas.
Alguns pensam que, a partir do momento em que se está na Terra
para expiar, é preciso que as provas sigam seu curso. Existem mesmo os que até acreditam
que não somente é preciso não fazer nada para atenuá-las, mas que, ao contrário,
é preciso contribuir para torná-las mais proveitosas, agravando-as. É um grande
erro.
Sim, vossas provas devem seguir o curso que Deus lhes
traçou, mas conheceis esse curso? Sabeis até que ponto elas devem ir, ou se vosso
Pai Misericordioso não disse ao sofrimento deste ou daquele de vossos irmãos:
“Não irás mais além?” Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como um
instrumento de suplício para agravar os sofrimentos do culpado, mas como o
alívio de consolação que deve cicatrizar as chagas que Sua justiça tinha
aberto? Quando virdes, pois, um de vossos irmãos ferido, não deveis dizer: “É a
justiça de Deus, é preciso que ela siga seu curso”; mas dizei, ao contrário:
“Vejamos que meios nosso Pai Misericordioso colocou em meu poder para suavizar
o sofrimento de meu irmão. Vejamos se minhas consolações morais, meu apoio
material, meus conselhos não poderão ajudá-lo a transpor esta prova com ânimo,
paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não colocou em minhas mãos os
meios de fazer parar esse sofrimento; se não me foi dado também como prova, ou
expiação, deter o mal e substituí-lo pela paz”.
Ajudai-vos uns aos outros, sempre, em vossas provas. Nunca
vos torneis instrumento de tortura para ninguém. Este pensamento deve revoltar
todo homem de bom coração, principalmente os espíritas, pois estes devem
entender o alcance infinito da bondade de Deus.
O espírita deve pensar que toda a sua vida tem de ser um
ato de amor e de dedicação, e que qualquer coisa que faça não contrariará, não causará
embaraços às decisões do Senhor, não alterará o curso da Justiça Divina. Pode,
sem receio, usar todos os seus esforços para suavizar a amargura da expiação do
seu próximo, mas somente Deus pode detê-la ou prolongá-la, segundo julgue
necessário.
Não haveria um extremo orgulho por parte do homem ao se acreditar
no direito de remexer, por assim dizer, a lâmina na ferida?
De aumentar à dose de amargura no peito daquele que sofre,
sob o pretexto de que isso é sua expiação? Olhai-vos sempre como um instrumento
escolhido para fazê-la parar. Resumamos desse modo: Estais todos na Terra para
expiar•; mas todos, sem exceção, deveis empregar todos os vossos esforços para
suavizar a expiação de vossos irmãos, segundo a lei de amor e de caridade.
CONTINUA AMANHÃ
Nenhum comentário:
Postar um comentário