O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO 5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
CONTINUAÇÃO
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
PERDA DAS PESSOAS AMADAS.
MORTES PREMATURAS
Sansão, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris - Paris,
1863.
A VERDADEIRA INFELICIDADE
Delphine de Girardin - Paris, 1861
fronte descoberta e o coração partido, na angústia da
traição, na miséria do orgulhoso que gostaria de se vestir de ouro e que
esconde com dificuldade sua nudez sob os farrapos da vaidade. Tudo isso e ainda
a muitas outras coisas dá-se o nome de infelicidade na linguagem humana. Sim, é
a infelicidade para aqueles que apenas veem o presente; mas a verdadeira
infelicidade está mais nas conseqüências de um fato do que nele próprio. Dizei-me
se o acontecimento mais feliz para o momento, mas que depois resulta em consequências
desastrosas, não é na realidade mais infeliz do que aquele que à primeira vista
causa uma viva contrariedade, mas acaba produzindo o bem?
Dizei-me se a tempestade que quebra as árvores, mas que
saneia o ar ao eliminar os vírus insalubres que causam a morte, não é antes felicidade
do que uma infelicidade?
Para julgar algo é preciso ver-lhe as conseqüências. É
assim que, para apreciar o que é realmente feliz ou infeliz para o homem, é
preciso se transportar além desta vida, pois é lá que as conseqüências se fazem
sentir. Portanto, tudo o que ele chama de infelicidade, segundo sua curta
visão, cessa com a vida corporal e encontra sua compensação na vida futura.
Vou revelar-vos a infelicidade sob uma nova face, sob a
forma bela e florida que acolheis e desejais, com todas as forças de vossas almas
iludidas. A infelicidade é essa alegria falsa, esse prazer egoísta, a fama
enganadora, a agitação fútil, a louca satisfação da vaidade que faz calar a
consciência, que perturba a ação do pensamento, que confunde o homem quanto ao
seu futuro. A infelicidade é o ópio do esquecimento que buscais
incessantemente.
Esperai, vós que chorais! Acautelai-vos, vós que rides,
pois vosso corpo está satisfeito! Ninguém transgride, impunemente, as leis de Deus;
ninguém foge das responsabilidades de seus atos. As provações, essas credoras
impiedosas e cruéis, com a sequência de desgraças que nos atinge na miséria,
observam o vosso repouso enganador, para vos mergulhar, de repente, na agonia
da verdadeira infelicidade, aquela que surpreende a alma enfraquecida pela
indiferença e pelo egoísmo.
Que o Espiritismo vos esclareça e recoloque no seu
verdadeiro lugar a verdade e o erro, tão estranhamente desfigurados pela vossa cegueira!
Então, agireis como bravos soldados que, ao invés de fugir do perigo, preferem
as lutas em combates arriscados à paz que não lhes pode dar nem glória, nem
promoções. O que importa ao soldado perder durante a ação suas armas, seus
equipamentos e suas roupas, contanto que saia vencedor e com glória? O que importa
àquele que tem fé no futuro deixar no campo de batalha da vida sua fortuna e
sua veste carnal, contanto que sua alma entre gloriosa no reino celeste?
CONTINUA AMANHÃ
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