terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

MOMENTO DE REFLEXÃO



O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO 4.
CONTINUAÇÃO

crença fosse um erro, Jesus não teria deixado de combatê-la, como combateu tantas outras. Longe disso, Jesus a confirmou com toda a sua autoridade e colocou-a como ensinamento e como uma condição necessária quando disse: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. E insistiu, acrescentando: Não vos espanteis se vos digo que é preciso que nasçais de novo.

7. Estas palavras: “Se um homem não renascer da água e do Espírito”, foram interpretadas no sentido da regeneração pela água do batismo. Porém o texto primitivo trazia simplesmente: Não renascer da água e do Espírito, enquanto, em algumas traduções, a expressão do Espírito foi substituída por do Espírito Santo, o que não corresponde mais ao mesmo pensamento. Esse ponto capital sobressai dos
primeiros comentários feitos sobre os Evangelhos, assim como isso será um dia constatado sem equívoco possível.(1)*

8. Para compreender o verdadeiro sentido dessas palavras, é preciso igualmente entender o significado da palavra água, que foi empregado ali com um sentido diferente do que lhe é próprio.
Os conhecimentos dos antigos sobre as ciências físicas eram muito imperfeitos. Acreditavam que a Terra tinha saído das águas, e por isso julgavam a água como elemento gerador absoluto. É assim que na Gênese* está escrito: O Espírito de Deus era levado sobre as águas; flutuava sobre a superfície das águas. Que o firmamento seja feito no meio das águas. Que as águas que estão sob o céu se reúnam em um único lugar e que o elemento árido apareça. Que as águas produzam animais vivos que nadem na água, e pássaros que voem sobre a terra e sob o firmamento.
Conforme essa crença, a água tinha se tornado o símbolo da natureza material, como o Espírito era o da natureza inteligente. Estas palavras: Se o homem não renascer da água e do Espírito, ou em água e em Espírito, significam então: “Se o homem não renascer com seu corpo e sua alma”. É neste sentido que foram entendidas naqueles tempos.
A mesma interpretação, aliás, é confirmada por estas outras palavras de Jesus: O que nasceu da carne é carne e o que nasceu do Espírito é Espírito, as quais dão a exata diferença entre o Espírito e o corpo. O que nasceu da carne é carne indica claramente que só o corpo procede do corpo e que o Espírito é independente dele.
(1) Dentre as traduções dos Evangelhos para o francês, a de Osterwald está conforme o texto primitivo. Ela traz: se não renascer da água e do Espírito. Na de Sacy diz: do Espírito Santo. A de Lamentais: do Espírito Santo. (Nota de Allan Kardec).
* N.E. - As modernas traduções no Brasil, de João Ferreira de Almeida, trazem: quem não nascer da água e do Espírito, e na de Humberto Rohden temos: quem não nascer de novo pela água e pelo espírito.
* N.E. - Gênese: primeiro livro do Velho Testamento, escrito por Moisés.

9. O Espírito sopra onde quer; escutais sua voz, mas não sabeis nem de onde vem, nem para onde vai, pode-se entender como a alma do homem ou o Espírito de Deus que dá a vida a quem Ele quer. “Não sabeis de onde vem, nem para onde vai” significa que não se conhece o que foi, nem o que será o Espírito. Se o Espírito, ou alma, fosse criado ao mesmo tempo em que o corpo, se saberia de onde veio, uma vez que se conheceria seu começo. De todos os modos, esta passagem é a confirmação do princípio da preexistência da alma e, por conseguinte, da pluralidade das existências.

10. Acontece que, desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos Céus é tomado pela violência, e são os violentos que o arrebatam; pois todos os profetas, e também a lei, assim profetizaram. E se quereis entender o que vos digo, ele mesmo é o Elias que há de vir.
Ouça aquele que tem ouvidos para ouvir. (Mateus, 11:12 a 15)

11. Se o princípio da reencarnação expresso no Evangelho do apóstolo João podia, a rigor, ser interpretado num sentido puramente místico, não acontece o mesmo nesta passagem do apóstolo Mateus, que não deixa nenhuma dúvida quando diz: ele mesmo é o Elias que há de vir. Aqui, não há nem sentido figurado, nem símbolos: é uma afirmação positiva. Desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos Céus é tomado pela violência.
Que significam estas palavras, uma vez que João Batista ainda vivia naquela época? Jesus as explica dizendo: Se quereis entender o que digo, ele mesmo é o Elias que há de vir. Portanto, João não sendo outro senão Elias, Jesus se refere ao tempo em que João vivia sob o nome de Elias. Até o presente, o reino dos Céus é tomado pela violência é outra referência à violência da lei mosaica que determinava o extermínio dos infiéis para ganhar a Terra da Promissão, paraíso dos hebreus, enquanto, pelo ensinamento da lei de Jesus, ganha-se o Céu pela caridade e doçura.
Depois acrescenta: Ouça aquele que tem ouvidos para ouvir. Estas palavras, muitas vezes repetidas por Jesus, confirmam claramente que nem todos estavam em condições de compreender certas verdades.

12. Aqueles que do vosso povo morreram, viverão novamente; os que estavam mortos ao redor de mim ressuscitarão. Despertai de vosso sono e cantai os louvores a Deus, vós que habitais no pó; pois o orvalho que cai sobre vós é um orvalho de luz, e arruinareis a terra e o reino dos gigantes. (Isaías, 26:19)

13. Essa passagem de Isaías é também muito clara sobre a sobrevivência da alma após a morte. Se após a morte os Espíritos ficassem em algum lugar e lá permanecessem para sempre, teria dito: ainda vivem.
Porém, ao dizer que viverão novamente, entende-se que devem voltar a viver, e isto só pode ser numa nova reencarnação. Entendida
CONTINUA AMANHÃ

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