quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

MOMENTO DE REFLEXÃO



O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO 2
MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

A vida futura
A realeza de Jesus
O ponto de vista

1. Tornou a entrar Pilatos no palácio, e chamou a Jesus, e disse:
Tu és o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, certo que os meus ministros haveriam de pelejar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas por agora o meu reino não é daqui. Disse então Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu o dizes. Eu sou rei. Eu não nasci nem vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade; todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. (João, 18:33, 36 e 37)

A VIDA FUTURA

2. Jesus diz claramente, por estas palavras, que a vida futura, à qual em muitas circunstâncias se referiu, é a meta a que se destina a Humanidade, devendo ser o objeto das principais preocupações do homem na Terra. Em todos os seus ensinamentos ressalta este grande princípio. Sem a vida futura, de fato, a maioria de seus ensinamentos morais não teriam nenhuma razão de ser. É por isso que aqueles que não acreditam na vida futura, imaginando que Jesus só falava da vida presente, não os entendem, ou os acham ingênuos.
Este dogma* pode, portanto, ser considerado como o principal ponto do ensinamento do Cristo. Por isso foi colocado como um dos primeiros, no início desta obra, pois deve ser o objetivo de todos os homens; apenas ele pode justificar as anormalidades da vida terrena e ajustar-se de conformidade com a justiça de Deus.
* N. E. - Dogma: Esta palavra adquiriu de forma genérica o significado de um princípio de doutrina infalível e indiscutível; porém, o seu verdadeiro sentido não é esse. A Doutrina Espírita não é dogmática, no sentido que se conhece em alguns credos religiosos que adotam o princípio filosófico (Fideísmo), em que a fé se sobrepõe à razão, para acomodar e justificar posições de crença. A palavra está, aqui, com o seguinte significado: a união de um fundamento, isto é, um princípio divino, com a experiência humana. É com este sentido que Allan Kardec a emprega e que a Doutrina Espírita a entende e a trata nesta obra e nos demais livros da Codificação Espírita. (Veja O Livro dos Espíritos, Caps. 4 e 5.)

3. Os judeus tinham ideias muito incertas em relação à vida futura.
Acreditavam nos anjos como os seres privilegiados da Criação, mas não sabiam que, um dia, os homens pudessem tornar-se anjos e partilhar da felicidade deles. Pensavam que o cumprimento das leis de Deus era recompensado pelos bens da Terra, pela supremacia de sua nação; pelas vitórias sobre seus inimigos, enquanto as calamidades coletivas e as derrotas eram o castigo da sua desobediência àquelas leis. Moisés não poderia dizer mais a um povo pastor, inculto, que devia estar interessado, antes de tudo, nas coisas deste mundo. Mais tarde, Jesus veio lhes revelar que há um outro mundo onde a Justiça de Deus segue seu curso, e é este mundo que promete aos que respeitam os mandamentos de Deus e onde os bons acharão sua recompensa. Esse mundo é o seu reino; é lá que Jesus está em toda a sua glória e para onde retornou ao deixar a Terra.
No entanto, Jesus, ajustando seu ensinamento ao estado dos homens de sua época, julgou conveniente não lhes dar uma luz completa, que os ofuscaria ao invés de esclarecê-los, pois não O teriam entendido. Limitou-se a colocar, de algum modo, a vida futura como um princípio, como uma lei da Natureza à qual ninguém pode escapar. Aquele que crê acredita de algum modo numa vida futura, mas a ideia que muitos fazem disso é pouco clara, incompleta, e por isso mesmo em muitos pontos falsa. Para uma grande maioria, é apenas uma crença sem certeza absoluta; daí as dúvidas e, até mesmo, a incredulidade.
O Espiritismo veio completar nesse ponto, como em muitos outros, o ensinamento do Cristo, quando os homens já estavam maduros para compreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura não é mais um simples artigo de fé, uma incerteza: é uma realidade material demonstrada pelos fatos. São as testemunhas oculares que vêm descrevê-la em todas as suas fases e em todos os seus detalhes, de tal modo que não há mais possibilidade de dúvidas, e a mais simples das inteligências pode compreendê-la sob seu aspecto verdadeiro, tal como imaginamos um país do qual lemos apenas uma descrição detalhada. Assim é que essa descrição da vida futura é de tal maneira mostrada, são tão racionais as condições de existência feliz ou infeliz dos que lá se encontram que reconhecemos não poder ser de outra forma e que, afinal, aí reside a verdadeira Justiça de Deus.

A REALEZA DE JESUS

4. O reino de Jesus não é deste mundo, é o que todos entendem.
Mas, na Terra, não terá Jesus uma realeza? O título de rei nem sempre implica o exercício do poder provisório. Ele é dado por meio de uma concordância de todos aos que, por sua genialidade, colocam-se em
Continua amanhã

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