CAMPEONATOS
“Buscai
e achareis”
Jesus
(Mateus, 7:7)
“Se Deus houvesse isentado o homem do
trabalho do corpo, seus membros se teriam atrofiado;
se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria
permanecido na infância, no estado de instinto animal.”
(Cap.
25, Item 3)
Costumamos
admirar as personalidades que se galardoam na Terra.
Tribunos
vencem inibição e gaguez, em adestramento laborioso, aprimorando adição.
Poetas
torturam versos, durante anos, transfigurando-se em estetas perfeitos,
ajustando a emoção aos rigores da forma.
Pintores
reconstituem os próprios traços, centenas de vezes, fixando, por fim, os
coloridos da natureza.
Atletas
despendem tempo indeterminado, manejando bolas e raquetes ou submetendo-se a
severos regimes, em matérias de alimentação e disciplina, para nos
garantirem a opulência da evidência.
Todos eles
são dignos de apreço, pelas técnicas obtidas, à custa de longo esforço, e
todos, conquanto sem intenção, traçam o caminho que se nos indica às vitórias
da alma, porquanto existem campeonatos ocultos, sem qualquer aplauso no mundo,
embora atenciosamente seguidos da Esfera Espiritual.
Se
aspirarmos à libertação da impulsividade que nos arrasta aos flagelos da cólera
e da incontinência, é forçoso nos afeiçoemos aos regulamentos interiores.
Tribunos,
poetas, pintores e atletas terão lido e ouvido treinadores eméritos, mas, sem a
consagração deles mesmos aos exercícios que lhes atribuíram eficiência, não
passariam de aspirantes aos títulos que apresentam.
Assim
também, no campo do espírito.
Não
adquiriremos equilíbrio e entendimento, abnegação e fé, unicamente desejando
semelhantes aquisições.
Não
ignoramos que, em certos episódios da vida, não remediaremos a dificuldade com
atitudes meigas e que surgem lances, na estrada, nos quais o silêncio não é a
diretriz ideal; não desconhecermos que, em determinadas circunstâncias, a
caridade não deve ser vasada em moldes de frouxidão e que o sentimento não é
feito de pedra para resistir, intocável, a todos os aguilhões do desejo...
Entretanto,
se aplicarmos em nós as regras em eu a eficácia acreditamos, sofrendo impulsos
inferiores, cinco, duzentas, oitocentas, duas mil, dez mil ou cinquenta mil
vezes, praticando humildade e paciência, pela obtenção dos pequeninos triunfos
do mundo íntimo, que somente nós próprios conseguimos avaliar, conquistaremos o
burilamento do espírito, encontrando a palavra certa e a conduta exata, nas
mais diversas situais variados problemas.
Tudo é
questão de início e o êxito depende da lealdade à consciência, porquanto
exclusivamente aqueles que cultivam fidelidade à própria consciência é que se dispõe
a prosseguir e perseverar.
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