UMA PALAVRA AOS SOFREDORES
Concluindo
a segunda edição do nosso volume, dedicadas às orfãzinhas, meu filho desejaria
que eu dirigisse uma palavra aos sofredores.
Mas
não posso dizer-lhes mais do que já lhes disse no conjunto de minhas páginas
despretensiosas e humildes. Contei a todos os que sofrem, com palavras simples,
as minhas impressões de Além Túmulo, tentando dirigir-me, em particular, a
todos os sofredores, para os quais o vento do infortúnio é mais frio.
Muitos
espíritos passaram, despreocupadamente, os olhos pelas páginas em que procurei
gravar as emoções de Minh’ alma, não obstante as dificuldades insuperáveis para
me fazer compreendida. Outros lamentaram a ausência de característicos
científicos em meus comunicados, ansiosos do rigorismo das críticas minuciosas.
Estas
cartas, todavia, não foram grafadas para as teorias científicas que florescem no
século, à beira da estrada do Espiritismo evangélico.
Consagrando
o meu respeito e a minha veneração aos estudos dos sábios terrenos, eu não
saberia corresponder aos seus desejos de conhecimento superior, dentro da minha
insipiência individual.
Escrevi-a
pensando nas mães sofredoras, cujo coração dilacerado não tem outra luz, no
caminho escuro da Terra, que as esperanças e súplicas postas no Céu; vejo-lhes,
daqui, as amargas dificuldades e os acerbos desgostos e situo-lhes, comovida, a
tortura dos aflitos, clamando pela misericórdia infinita de Jesus. Grafei-as
ponderando as expectativas ansiosas
dos
homens desolados que as dores cercam e humilham, nos carreiros aspérrimos do
dever e das obrigações mais penosas.
Sim!...
A falange onde me encontro para executar as mais santas determinações
espirituais, sabe de muitas misérias ocultas e de muitas lágrimas
desconhecidas... Nem sempre os grandes infortúnios se circunscrevem às casas
públicas do sofrimento. Sob as sedas faustosas e sob o som de músicas festivas,
buscamos cicatrizar as úlceras cancerosas e paralisar os soluços em muitos
corações que se purificam na Terra.
Não
desdenhemos as atividades preciosas dos espíritos insatisfeitos que alargam
atualmente os horizontes científicos do século, com o concurso do Além Túmulo.
Mas consideramos a expansão evangélica e moralizadora do Espiritismo como seu
objetivo primordial.
A
Europa, desde os fins do século passado, não se encontra repleta de fenômenos
supra normais, servida pelas constituições medianímicas mais poderosas? Grandes
mestres não têm oferecido ao continente inteiro o fruto de seus exames e de
pesquisas, no caminho largo das ciências terrestres?
Entretanto,
há muitos anos sucessivos, a confusão ali se estabeleceu nas almas, envenenando
as fontes culturais do Velho Mundo.
Nos
terríveis enganos políticos da Igreja católica romana, a Europa inteira se
prepara, aguardando inquieta, a guerra cruel dos extremismos.
Entre
a ciência humana e a sabedoria espiritual sempre existiu considerável
distância. A primeira é filha do labor inquieto e transitório dos homens. A
segunda é filha das grandes e abençoadas revelações das almas.
Na
primeira sobram as dúvidas amargosas e as hipóteses falíveis. Na segunda vibram
as grandes e eternas esperanças do coração do iluminado
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