terça-feira, 8 de setembro de 2015

MOMENTO DE REFLEXÃO



UMA PALAVRA AOS SOFREDORES


Concluindo a segunda edição do nosso volume, dedicadas às orfãzinhas, meu filho desejaria que eu dirigisse uma palavra aos sofredores.
Mas não posso dizer-lhes mais do que já lhes disse no conjunto de minhas páginas despretensiosas e humildes. Contei a todos os que sofrem, com palavras simples, as minhas impressões de Além Túmulo, tentando dirigir-me, em particular, a todos os sofredores, para os quais o vento do infortúnio é mais frio.
Muitos espíritos passaram, despreocupadamente, os olhos pelas páginas em que procurei gravar as emoções de Minh’ alma, não obstante as dificuldades insuperáveis para me fazer compreendida. Outros lamentaram a ausência de característicos científicos em meus comunicados, ansiosos do rigorismo das críticas minuciosas.
Estas cartas, todavia, não foram grafadas para as teorias científicas que florescem no século, à beira da estrada do Espiritismo evangélico.
Consagrando o meu respeito e a minha veneração aos estudos dos sábios terrenos, eu não saberia corresponder aos seus desejos de conhecimento superior, dentro da minha insipiência individual.
Escrevi-a pensando nas mães sofredoras, cujo coração dilacerado não tem outra luz, no caminho escuro da Terra, que as esperanças e súplicas postas no Céu; vejo-lhes, daqui, as amargas dificuldades e os acerbos desgostos e situo-lhes, comovida, a tortura dos aflitos, clamando pela misericórdia infinita de Jesus. Grafei-as ponderando as expectativas ansiosas
dos homens desolados que as dores cercam e humilham, nos carreiros aspérrimos do dever e das obrigações mais penosas.
Sim!... A falange onde me encontro para executar as mais santas determinações espirituais, sabe de muitas misérias ocultas e de muitas lágrimas desconhecidas... Nem sempre os grandes infortúnios se circunscrevem às casas públicas do sofrimento. Sob as sedas faustosas e sob o som de músicas festivas, buscamos cicatrizar as úlceras cancerosas e paralisar os soluços em muitos corações que se purificam na Terra.
Não desdenhemos as atividades preciosas dos espíritos insatisfeitos que alargam atualmente os horizontes científicos do século, com o concurso do Além Túmulo. Mas consideramos a expansão evangélica e moralizadora do Espiritismo como seu objetivo primordial.
A Europa, desde os fins do século passado, não se encontra repleta de fenômenos supra normais, servida pelas constituições medianímicas mais poderosas? Grandes mestres não têm oferecido ao continente inteiro o fruto de seus exames e de pesquisas, no caminho largo das ciências terrestres?
Entretanto, há muitos anos sucessivos, a confusão ali se estabeleceu nas almas, envenenando as fontes culturais do Velho Mundo.
Nos terríveis enganos políticos da Igreja católica romana, a Europa inteira se prepara, aguardando inquieta, a guerra cruel dos extremismos.
Entre a ciência humana e a sabedoria espiritual sempre existiu considerável distância. A primeira é filha do labor inquieto e transitório dos homens. A segunda é filha das grandes e abençoadas revelações das almas.
Na primeira sobram as dúvidas amargosas e as hipóteses falíveis. Na segunda vibram as grandes e eternas esperanças do coração do iluminado

 CARTAS DE UMA MORTA - LIVRO DE CHICO XAVIER -

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