Eles antes
“Quando deres um festim, não convides
teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus vizinhos ricos, para que não
suceda que também eles te tornem a convidar e te seja isso recompensado.”
Jesus (Lucas, 14: 12)
“Por festins deveis entender, não os
repastos propriamente ditos, mas a participação na abundância de que
desfrutais.”
(cap. 13, Item 8)
“Quando derdes um festim, disse
Jesus, não convideis para ele os vossos amigos,
mas os pobres e os estropiados”.
Decerto
que o Divino Orientador não estabelecia “Quando derdes um festim, disse Jesus,
não a desistência das relações fraternais, nem o abandono do culto às
afinidades do coração”. Considerando, porém, a Humanidade por família única,
induzia-nos a observar os irmãos menos felizes na categoria de credores
principais de nossa atenção, à maneira de enfermos queridos, que esperam no lar
a prioridade de assistência por parte daqueles que lhes comungam o mesmo
sangue.
Nas
celebrações da alegria, é inútil convocar os entes amados, de vez que todos
eles se encontram automaticamente dentro delas. Recorda os que jornadeiam no
mundo, sob as algemas de austeras privações e partilha com eles as vantagens
que te felicitam a vida.
Se
exerces autoridade, é natural te disponhas à sustentação dos companheiros
honestos que te apoiam a luta. Antes deles, no entanto, pensa no amparo que
deves a todos os que padecem aflição e injustiça.
Obtiveste
merecimentos sociais elevados pelos títulos de competência que granjeaste a
prego de trabalho e de estudo, e, com semelhantes valores, é razoável te empenhes
no reconforto, a benefício dos que viajam no carro de tuas facilidades
terrestres. Antes deles, contudo, atende à cooperação em favor dos que jazem
cansados nas provas sem remédio.
Desfrutas
extensa possibilidade econômica, na qual é compreensível te devotes a obsequiar
os amigos do teu nível doméstico. Antes deles, toda via, socorre os que
esmorecem de fadiga e penúria, para quem, muitas vezes, a felicidade reside num
sorriso amistoso ou num prato de pão.
Amealhaste
conhecimento e, nos tesouros culturais que adquiriste, é justo te aprazas nos
torneios verbais de salão, enriquecendo o cérebro dos ouvintes que te respiram
as normas superiores. Antes deles, porém, divide a luz que te clareia o mundo
mental com os irmãos do caminho, que se debatem ainda, na noite da ignorância.
Jesus não te pede a deserção dos círculos afetivos.
Ele
próprio, certa feita, asseverou aos companheiros de apostolado: “Já não vos
chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o meu senhor; chamo-vos amigos,
porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu. Pai” .
Com
os amigos, entretanto, consagrou-se primeiramente a aliviar a carga de todos os
sofredores, corno a dizer-nos que todos podem cultivar afeições preciosas que
nos alentem as energias, mas à frente dos que choram, nos transes de dolorosas
necessidades, é preciso, adotar a legenda “eles antes”.
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