BENEFICÊNCIA E JUSTIÇA
“E como vós quereis que os homens vos façam, da maneira lhes
fazei vós também.”
Jesus (Lucas, 6: 31)
“Começai vós por dar o exemplo: sede caridosos para com todos, indistintamente; esforçai-vos por não atentar-nos que vos olham com desdém e
deixai a Deus a encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias,
separa, no reino, o joio do trigo.”
(Cap. X1, Item 12)
Examinando a beneficência,
reflitamos na Justiça que a vida nos preceitua ao senso de relações.
Sem ela, é possível que os melhores
empreendimentos sofram a nódoa de velhas mentiras crônicas em nome da
gentileza.
Atravessas escabrosas necessidades
materiais e, claro, te alegras ante o auxílio conveniente, mas se a cooperação
chega marcada pelo manifesto desprezo dos que te ajudam com displicência, como
se desfizessem de um peso morto, estarias mais contente se te deixassem a sós.
Caíste moralmente ansiando levantar
e rejubilaste diante do apoio que te surge ao reerguimento, entretanto, se esse
concurso aparece tisnado de violências, qual se representasses um fardo de
vergonha para os que te supõem reabilitar, sentirias reconhecimento maior se te
desconhecessem a luta.
Choras, nas crises de provação que
te fustigam a existência, e regozijaste, quando os amigos se dispõe a ouvir-te o
coração faminto de solidariedade, mas se pretendem consolar-te, repetindo
apontamentos forçados, como se fosses para eles um problema que são
constrangidos a suportar, por questões de etiqueta, mostrarias mais ampla
gratidão se te entregassem ao silêncio da própria dor.
A justiça faz-nos sentir que o
supérfluo de nossa casa é o necessário que falta ao vizinho; que o irmão
ignorante, tombado em erro, é alguém que nos pede os braços e que a aflição
alheia amanhã poderá ser nossa.
Beneficência, por isso, assume o
caráter de dever puro e simples.
Recomenda-nos a regra Áurea: “fazei
aos outros o que desejas te seja feito”.
A sentença quer dizer que todos
precisamos de apoio à luz da compreensão de remédio que se acompanhe de
enfermagem e de conselho em bases de simpatia.
Em suma, todos necessitamos de
caridade uns para com os outros, nesse ou naquele ângulo do caminho, mas é
forçoso observar que se a beneficência nos traga a obrigação de ajudar, ensina-nos
a justiça como se deve fazer.
CONTINUA AMANHÃ
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