VERBO NOSSO
“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar
contra seu Irmão será réu de juízo”
Jesus (Mateus, 5:22)
“O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que
não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao
Espírito.”
(Cap. 1O, Item 1O)
Ainda as palavras.
Velho tema, dirás.
E sempre novo, repetiremos.
A que existem palavras e palavras.
Conhecemos aquelas que a filologia
reúne, as que a gramática disciplina, as que a praxe entretece e as que a
imprensa enfileira...
Referir-nos-emos, contudo, ao verbo
arroja de nós, temperado na boca com os ingredientes da emoção, junto ao
paladar daqueles que nos rodeiam. Verbo que nos transporta o calor do sangue e
a vibração dos nervos, o açúcar do entendimento e o sal do raciocínio.
Indispensável articulá-lo, em moldes de firmeza e compreensão, a fim de não
resvale fora do objetivo.
No trabalho cotidiano, seja ele
natural quanto o pão simples no serviço da mesa; no intercâmbio afetivo, usemo-lo
à feição de água pura; nos instantes graves,
Façamo-lo igual ao bisturi do cirurgião
que se limita, prudente, à incisão na zona enfermiça, sem golpes
desnecessários; nos dias tristes, tomemo-lo por remédio eficiente sem fugir à
dosagem.
Palavras são agentes na construção
de todos os edifícios da vida.
Lancemo-las na direção dos outros,
com o equilíbrio e a tolerância com que desejamos venham elas até nós.
Sobretudo, evitemos a ironia.
Todo sarcasmo é tiro a esmo.
E sempre que irritação nos visite,
guardemo-nos em silêncio, de vez que a cólera é tempestade magnética, no mundo da
alma, e qualquer palavra que arremessamos no momento da cólera, é semelhante ao
raio fulminante que ninguém sabe onde vai cair.
CONTINUA AMANHÃ
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