Moeda e trabalho
“Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da
terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens.”
Jesus (Mateus, 25:14)
“Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu grado
não sendo o homem senão o usufrutuário o administrador mais ou menos integro e
inteligente desses bens.”
(Cap. 16; Item 10)
Se muitos corações jazem
petrificados na Terra, em azinhavre de sovinice, fujamos de atribuir ao
dinheiro semelhantes calamidades.
Condenar a fortuna pelos desastres
da avareza seria o mesmo que espancar o automóvel pelos abusos do motorista.
O fogo é companheiro do homem,
desde a aurora da razão, e por que surjam, de vez em vez, incêndios
arrasadores, ninguém reclamará do mundo o disparate de suprimi-lo.
Os anestésicos são preciosos
auxiliares de socorro à saúde humana, mas se existem criaturas que fazem deles
instrumentos do vicio, ninguém rogará da ciência essa ou aquela medida que lhes
objetive a destruição.
A moeda, em qualquer forma é agente
neutro de trabalho, pedindo instrução que a dirija.
Dirás provavelmente que o dinheiro
levantou os precipícios dourados da vida moderna, onde algumas inteligências se
tresmalharam na loucura ou no crime, comprando inércia e arrependimento a peso
de ouro, contudo é preciso lembrar as fábricas e instituições beneméritas que
ele garante, ofertando salário digno a milhões de pessoas.
É possível acredites seja ele o
responsável por alguns homens e mulheres de bolsa opulenta que espantam o
próprio tédio, de país em país, à feição de doentes ilustres, exibindo
extravagâncias na imprensa internacional, entretanto é forçoso reconhecer os
milhões de cientistas e professores, industriais e obreiros do progresso que a
riqueza nobremente administrada sustenta em todas as direções.
A Divina Providência suscita amor
ao coração do homem e o homem substancializa a caridade, metamorfoseando o
dinheiro em pão que extingue a fome.
A Eterna Sabedoria inspira educação
ao cérebro do homem e o homem ergue a escola, transfigurando o dinheiro em
clarão espiritual que varre as trevas.
Não censures a moeda que será
sempre alimento da evolução.
Reflete nos benefícios que ela pode
trazer.
Ainda assim, para que lhe apreendas
todo o valor, se queres fazer o bem, não exijas, para isso, o dinheiro que
permanece na contabilidade moral dos outros.
Mobiliza os recursos que a Infinita
Bondade te situa retamente nas mãos e ainda hoje, nalgum recanto de viela
perdida, ao ofertares um caldo reconfortante às mães infortunadas que o mundo
esqueceu, perceberás que o dinheiro, convertido em cântico fraterno, te fará te
ouvir palavra de luz da própria em prece jubilosa.
“Deus te ampare e abençoe.”
CONTINUA AMANHÃ
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