COMPANHEIROS MUDOS
“Deixai vir a mim os pequeninos”
Jesus (Marcos, 1O: 14)
“O Espírito, pois, enverga, temporariamente, a túnica da
inocência e, assim, Jesus está com a verdade, quando, sem embargo da anterior
idade da alma, toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.”
(Cap. VIII, Item 4)
Com excelentes razões, mobilizas os
talentos da palavra, a cada instante, permutando impressões com os outros.
Selecionas os melhores conceitos
para os ouvidos de assembleias atentas.
Aconselhas o bem, plasmando
terminologia adequada para a exaltação da virtude.
Estudas filologia e gramática, no culto
à linguagem nobre.
Encontras a frase exata, no momento
certo, em que externas determinado ponto de vista.
Sabes manejar o apontamento
edificante, em família.
Lecionas disciplinas diversas.
Debates problemas sociais.
Analisas os sucessos diários.
Questionas serviços públicos.
Indiscutivelmente, o verbo é luz da
vida, de que o próprio Jesus se valeu para legar-nos o Evangelho Renovador.
Entretanto, nesta, nota simples,
vimos rogar-te apoio e consolação para aqueles companheiros a quem a nossa
destreza vocabular consegue servir em sentido direto.
Comparecem, às centenas; aqui e
ali...
Jazem famintos e não comentam a
carência de pão.
Amargam dolorosa nudez e não
reclamam contra o frio.
Experimentam agoniadas depressões
morais, sem pedirem qualquer reconforto à ideia religiosa.
Sofrem prolongados suplícios orgânicos,
incapazes de recorrer voluntariamente ao amparo da medicina.
Pensa, neles e, de coração
enternecido, quanto puderes, oferece-lhes algo de teu amor, através da peça de
roupa ou da xícara de leite, do poço medicamentoso ou do minuto de atenção e
carinho, porque esses companheiros mudos e expectantes e padecentes que não
podem falar.
CONTINUA AMANHÃ
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