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ESCAMAS
“E logo lhe caíram dos olhos
como que umas escamas, e recuperou a vista.” - (Atos, 9:18.)
A visita de Ananias a Paulo de
Tarso, na aflitiva situação de Damasco, sugere elevadas considerações.
Que temos sido nas sombras do
pretérito senão criaturas recobertas de escamas pesadas sob todos os pontos de
vista? Não somente os olhos se cobriram de semelhantes excrescências. Todas as
possibilidades confiadas a nós outros hão sido eclipsadas pela nossa incúria,
através dos séculos. Mãos, pés, língua, ouvidos, todos os poderes da criatura,
desde milênios permanecem sob o venenoso revestimento da preguiça, do egoísmo,
do orgulho, da idolatria e da insensatez.
O socorro concedido a Paulo de
Tarso oferece, porém, ensinamento profundo. Antes de recebê-lo, o
ex-perseguidor rende-se incondicionalmente ao Cristo; penetra a cidade, em
obediência à recomendação divina, derrotado e sozinho, revelando extrema
renúncia, onde fora aplaudido triunfador. Acolhido em hospedaria singela,
abandonado de todos os companheiros, confiou em Jesus e recebeu-lhe a sublime
cooperação.
É importante notar, contudo, que o
Senhor, utilizando a instrumentalidade de Ananias, não lhe cura senão os olhos,
restituindo-lhe o dom de ver. Paulo sente que lhe caem escamas dos órgãos
visuais e, desde então, oferecendo-se ao trabalho do Cristo, entra no caminho
do sacrifício, a fim de extrair, por si mesmo, as demais escamas que lhe obscureciam
as outras zonas do ser.
Quanto lutou e sofreu Paulo, a fim
de purificar os pés, as mãos, a mente e o coração?
Trata-se de pergunta digna de ser
meditada em todos os tempos. Não te esqueças, pois, de que na luta diária
poderás encontrar os Ananias da fraternidade, em nome do Mestre;
aproximar-se-ão, compassivos, de tuas necessidades, mas não olvides que o
Senhor apenas permite que te devolvam os olhos, a fim de que, vendo claramente,
retifiques a vida por ti mesmo.
CONTINUA AMANHÃ
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