O
professor, em um curso de mestrado, propôs aos alunos:
Se vocês
fossem morar numa ilha deserta e pudessem levar apenas um livro, qual deles
escolheriam?
As
respostas foram variadas, segundo os interesses, concepções e predileções de
cada um.
Os
Miseráveis, de Victor Hugo. O Emilio, de Rousseau. O Capital, de Carl Marx. A
origem das espécies, de Darwin.
Depois de
todos terem se manifestado, o professor sorriu e comentou:
Numa
situação dessas não seria mais proveitoso um manual de sobrevivência?
O
professor foi verdadeiramente prático.
Afinal,
todos os livros citados eram preciosos.
Contudo,
eram inúteis em relação ao essencial: como sobreviver numa ilha deserta.
Também na
Terra, na condição de espíritos reencarnados, em trajetória de progresso,
necessitamos de um manual de sobrevivência.
Não
exatamente para as questões físicas, pois estas serão bem cuidadas graças ao
instinto de conservação.
Mas um
manual de sobrevivência espiritual, isto é, um manual que nos garanta a
integridade dos projetos que fizemos antes de renascer.
Projetos
que elaboramos com cuidado como a nossa harmonização com desafetos de outras
épocas; a consolidação dos laços afetivos; a reforma íntima.
Um manual
que nos estabeleça normas e diretrizes para a nossa colaboração com o criador
na obra da criação.
Um
abençoado manual de sobrevivência, um roteiro seguro para o cumprimento dos
sagrados objetivos que nos trouxeram à vida física e nos garanta existência
feliz e produtiva.
Este
manual a divindade plantou em nossa intimidade. Podemos abrir um dos capítulos
e ler a respeito da fé.
Fé que
nos alerte da certeza de que estamos na terra guardados pelo amor de Deus, que
jamais desampara os seus filhos.
Fé que
nos informe, todos os dias, que tudo tem uma razão de ser, mesmo a dor mais
profunda e o problema mais crucial.
Mesmo
que, agora, não tenhamos condições de perceber tais razões.
Podemos
passar adiante e ler o capítulo da esperança.
Então nos
sentiremos fortes para os embates, quaisquer que sejam, pois a esperança nos dirá
que fomos criados para a vitória, jamais para a derrota.
A
esperança nos recordará das tempestades que varrem a terra, parecendo
destruí-la e dos dias seguintes em que o sol beija a pradaria, aquece os
jardins e acaricia as flores para que elas espalhem seu inebriante perfume.
A
esperança nos falará dos invernos que parecem infindáveis, das noites que se
fazem intermináveis, acenando-nos com a lembrança das primaveras e dos verões
ensolarados, dos dias reluzentes de muita alegria.
***
Bem falou
Jesus: o reino dos céus está dentro de vós.
O que nos
cabe é ler nas páginas da nossa consciência as mensagens do amor que Deus,
nosso Criador, colocou em cada um de nós.
Assim,
logo mais, teremos banido da terra a dor, a violência e a tristeza, porque lendo
os capítulos deste bendito manual, descobriremos que tudo é passageiro na terra
e que nossa passagem por ela tem um objetivo maior: o progresso.
E
progredir é perseguir a perfeição. Ser perfeito é ter encontrado a felicidade
plena.
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