sábado, 6 de abril de 2013

SOMBRAS DO PASSADO - LIVRO DE H. FREITAS

CONTINUAÇÃO


a espera da mãe e ela não chegara. No principio da tarde o Policial mandou que saísse de lá ou ele a levaria para a Delegacia. Desde então estava andando pelas ruas sem ter para onde ir. O mendigo lhe deu um pedaço de pão, um pouco de leite, um cobertor e mandou que deitasse ao seu lado que não seria incomodada e pela manhã resolveria o problema dela. Dissera que morava na rua há mais de dez anos e todos o respeitavam que se chamava João, mas era conhecido como o Velho da Rua, como todos o chamavam.
     Embora, aquele senhor não lhe expirasse confiança, aceitou o seu oferecimento, pois, além de estar com fome, frio e cansada, não tinha alternativa.
     O João, ou melhor, o Velho da Rua, portou-se muito bem, naquela e nas outras noites. A única exigência era ela pedir esmolas durante o dia. Aliás, tarefa não muito difícil devido a sua aparência, jovem, gravida e educada. No final do dia a renda era sempre proveitosa.
     D. Beatriz passou o dia ansiosa e na esperança da Carol telefonar. A tarde foi para o Centro e contou para o Sr. Mário e para os médiuns da equipe, a fuga da neta. Todos procuravam tranquiliza-la. Patrícia falou sobre a psicografia e a necessidade do trabalho de desobsessão à distância, que deveria ser iniciado imediatamente.
     Os médiuns foram escolhidos pela Entidade que incorporava em Patrícia e, depois de tomarem conhecimento do que se tratava, comprometeram-se a trabalhar durante os trinta dias estabelecidos, como também, caso necessário, por mais dias. Até porque, tratava-se da família de D. Beatriz, que ajudava a todos que a procuravam e, agora que necessitava de ajuda, era dever e obrigação de todos ajudá-la.
     Logo após a realização dos trabalhos rotineiros do Centro, os médiuns pré-escolhidos, mais D. Beatriz, Patrícia e o Sr. Mário iniciaram o trabalho de desobsessão à distância, que tinha como finalidade a desobsessão de Ronaldo, Cida e Carol, filho, nora e neta de D. Beatriz.
     Como fora planejado, a D. Beatriz, que serviria de elo entre os obsessores e obsedados, ficaria sentada em uma cadeira e em volta ficariam os sete médiuns, com os respectivos doutrinadores ao lado. A Patrícia e o Sr. Mário coordenariam o trabalho.
     Após o Pai Nosso e as preces iniciais, oradas por todos os presentes, o Sr. Mário, incorporado por sua Entidade, pediu para os obsessores do dos irmãos Ronaldo, Cida e Carol se apresentassem, através dos médiuns ali presentes, afim de que, através do diálogo e do amor do Pai Celestial, aquelas divergências passadas pudessem ser esclarecidas e sanadas para que, tanto os irmãos encarnados como os desencarnados, seguissem os seus caminhos com trabalho, paz e amor, paras elevação de seus espíritos...
     O Sr. Mário foi, bruscamente, interrompido pela avalanche de obsessores que incorporaram nos médiuns, todos querendo falar na mesma hora. Patrícia interveio com calma, porém com firmeza, dizendo: “Meus irmãos nos estamos em uma casa de DEUS, de orações, reunidos em nome de JESUS, nosso Mestre Maior, para recebê-los e ajudá-los e, não em uma feira livre”. “Portanto, peço a vocês que tenham calma e respeito a nós a esta casa, que também é de vocês, até porque, quem gostaria de ter a sua casa invadida e desrespeitada”?
     Um dos obsessores, através da irmã Ivete, se pronunciou.
     - Nós fomos trazidos para esta casa, portanto, não invadimos casa alguma. Aliás, a maioria nem queria vir.
     - Muito bem irmão, realmente, vocês foram convidados, o que não lhes dá o direito de entrarem dessa maneira, até porque, sabemos que vocês são pessoas boas e ordeiras.
     - Oh mocinha deixe de bajulamento, que com palavras bonitas você não vai mudar o nosso objetivo, que é acabar com essa família de fingidos e pseudo puritanos. Nós fomos contratados, e muito bem pagos, para esta missão e, digo mais, vocês queira ou não, nós vamos até o fim, ou seja, fazer esses canalhas pagarem o mal que fizeram para os nossos patrões.
     - Então vocês têm patrões e estão fazendo justiça de acordo com a vontade de outrem?
     - Olhe moça, já falei demais, os seus compassas estão perturbando os meus amigos. Vocês já sabem que eles vão ter que pagar tudo que fizeram. Agora nós vamos embora, mas antes vamos fazer uma visitinha para a menininha prenha, para ver como foi o seu dia de mendiga. Será que ela conseguiu bastante dinheiro para satisfazer o seu protetor de araque? Vamos companheiros, juntos e unidos jamais seremos vencidos.
     Patrícia tentou continuar a conversa com o irmão obsessor, mas ele desincorporou, juntamente com os outros e foram embora.
     Enquanto Patrícia conversava com o irmão que se intitulava chefe do grupo, os doutrinadores procuravam orientar os outros obsessores, no total de seis. Um dos doutrinadores, o Manoel, teve maior diálogo com um deles e ficou sabendo que se chamava Antônio e o chefe era Baltazar. O irmão Antônio contou, também, que foram contratados por um casal de ciganos que se chamavam Diogo e Madalena, que a Cida, que se chamava Aurora, fora esposa de Diogo e que fugira com o Ronaldo, que se chamava Belizário, que era marido de Madalena. A Carol, que se chamava Ana, fora filha de Madalena com outro cigano e quando Belizário fugiu com a Aurora levou a filha Ana, que era recém-nascida e ele pensava que era sua filha. No inicio os dois tratavam bem de Ana, mas quando Belizário descobriu, através da Aurora, que ela não era sua filha, passaram a trata-la mal.
CONTINÚA AMANHA

Nenhum comentário: