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Busquemos o melhor
“Por que reparas o argueiro no olho de teu irmão?” –
Jesus. (Mateus, 7:3.)
A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.
Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz
igualmente consigo os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na virtude,
ele revela as mãos calejadas no trabalho e tem o coração ferido por mil golpes
da ignorância e da inexperiência.
É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a fim
de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria.
Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo
das grandes realizações.
Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por
nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores
de leves defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento
em serviço poderia sanar ou dissipar.
Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos
trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na
produção da semente nobre.
Aproveitemos o irmão de boa vontade, na plantação do bem,
olvidando as insignificâncias que lhe cercam a vida.
Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as
defecções de cada dia?
E se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a
benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?
Consagremo-nos à tarefa que o Senhor nos reservou na
edificação do bem e da luz e estejamos convictos de que, assim agindo, o
argueiro que incomoda o olho do vizinho, tanto quanto a trave que nos obscurece
o olhar, se desfarão espontaneamente, restituindo-nos a felicidade e o
equilíbrio, através da incessante renovação.
114
Embainha tua espada
“Embainha tua espada...” – Jesus. (João, 18:11.)
A guerra foi sempre o terror das nações.
Furacão de inconsciência, abre a porta a todos os monstros da
iniqüidade por onde se manifesta. O que a civilização ergue, ao preço dos
séculos laboriosos de suor, destrói com a fúria de poucos dias.
Diante dela, surgem o morticínio e o arrasamento, que
compelem o povo à crueldade e à barbaria, através das quais aparecem dias
amargos de sofrimento e regeneração para as coletividades que lhe aceitaram os
desvarios.
Ocorre o mesmo, dentro de nós, quando abrimos luta contra os
semelhantes...
Sustentando a contenda com o próximo, destruidora tempestade
de sentimentos nos desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes
longamente acariciados por nosso espírito, construções do presente para o
futuro e plantações de luz e amor, no terreno de nossas almas, sofrem
desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio e a violência nos fazem
tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos relegado à retaguarda
da evolução.
Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas
existências de expiação para corrigir as brechas que nos aviltam o barco do
destino, em breves momentos de insânia...
Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor:
– “Embainha tua espada...”
Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas
exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as
sombras que ainda nos perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado
da luz.
De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos.
A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina
voltada para baixo.
Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada
simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da
paz, com felicidade e renovação.
CONTINUA AMANHÃ
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