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A exemplo do Cristo
“Ele bem sabia o que havia no homem.” – (João, 2:25.)
Sim, Jesus não ignorava o que existia no homem, mas nunca se
deixou impressionar negativamente.
Sabia que a usura morava com Zaqueu, contudo, trouxe-o da
sovinice para a benemerência.
Não desconhecia que Madalena era possuída pelos gênios do
mal, entretanto, renovou-a para o amor puro.
Reconheceu a vaidade intelectual de Nicodemos, mas deu-lhe
novas concepções da grandeza e da excelsitude da vida.
Identificou a fraqueza de Simão Pedro, todavia, pouco a pouco
instala no coração do discípulo a fortaleza espiritual que faria dele o sustentáculo
do Cristianismo nascente. Vê as dúvidas de Tomé, sem desampará-lo.
Conhece a sombra que habita em Judas, sem negar-lhe o culto
da afeição.
Jesus preocupou-se, acima de tudo, em proporcionar a cada
alma uma visão mais ampla da vida e em quinhoar cada espírito com eficientes
recursos de renovação para o bem.
Não condenes, pois, o próximo porque nele observes a inferioridade
e a imperfeição.
A exemplo do Cristo, ajuda quanto possas.
O Amigo Divino sabe o que existe em nós... Ele não desconhece
a nossa pesada e escura bagagem do pretérito, nas dificuldades do nosso
presente, recheado de hesitações e de erros, mas nem por isso deixa de
estender-nos amorosamente as mãos.
110
Vigiemos e oremos
“Vigiai e orai, para não cairdes em tentação.” – Jesus.
(Mateus, 26:41.)
As mais terríveis tentações decorrem do fundo sombrio de
nossa individualidade, assim como o lodo mais intenso, capaz de tisnar o lago,
procede do seu próprio seio.
Renascemos na Terra com as forças desequilibradas do nosso
pretérito para as tarefas do reajuste.
Nas raízes de nossas tendências, encontramos as mais vivas
sugestões de inferioridade.
Nas íntimas relações com os nossos parentes, somos
surpreendidos pelos mais fortes motivos de discórdia e luta.
Em nós mesmos podemos exercitar o bom ânimo e a paciência, a
fé e a humildade. Em contacto com os afetos mais próximos, temos copioso
material de aprendizado para fixar em nossa vida os valores da boa vontade e do
perdão, da fraternidade pura e do bem incessante.
Não te proponhas, desse modo, atravessar o mundo, sem
tentações. Elas nascem contigo, assomam de ti mesmo e alimentam-se de ti,
quando não as combates, dedicadamente, qual o lavrador sempre disposto a cooperar
com a terra da qual precisa extrair as boas sementes.
Caminhar do berço ao túmulo, sob as marteladas da tentação, é
natural. Afrontar obstáculos, sofrer provações, tolerar antipatias gratuitas e
atravessar tormentas de lágrimas são vicissitudes lógicas da experiência
humana.
Entretanto, lembremo-nos do ensinamento do Mestre, vigiando e
orando, para não sucumbirmos às tentações, de vez que mais vale chorar sob os
aguilhões da resistência que sorrir sob os narcóticos da queda.
CONTINUA AMANHÃ
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