103
Esperar e alcançar
“E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.”
– Paulo. (Hebreus, 6:15.)
A esperança de atingir a paz divina, com felicidade
inalterável, vibra em todas as criaturas.
O anseio dos patriarcas da antiguidade é análogo ao dos
homens modernos.
O lar coroado de bênçãos.
O dever bem cumprido.
A consciência edificada.
O ideal superior convenientemente atendido.
O trabalho vitorioso.
A colheita feliz.
As aspirações da alma são sempre as mesmas em toda parte.
Contudo, esperar significa persistir sem cansaço, e alcançar
significa triunfar definitivamente.
Entre o objetivo e a meta, faz-se imperativo o esforço
constante e inadiável.
Esperança não é inação.
E paciência traduz obstinação pacífica na obra que nos
propomos realizar.
Se pretendes materializar os teus propósitos com o Cristo,
guarda a fórmula da paciência como a única porta aberta para a vitória.
Há sofrimento em teus sonhos torturados? incompreensão de
muitos em derredor de teus desejos? a ingratidão e a dor te visitam o espírito?
Não chores perdendo os minutos, nem maldigas a dificuldade.
Aguarda as surpresas do tempo, agindo sem precipitação.
Se cada noite é nova sombra, cada dia é nova luz.
Lembra-te de que nem todas as águas se acham no mesmo nível e
nem todas as árvores são iguais no tamanho, no crescimento ou na espécie.
Recorda as palavras do apóstolo dos gentios. Esperando com
paciência, alcançaremos a promessa.
Não te esqueças de que o êxito seguro não é de quem o
assalta, mas sim daquele que sabe agir, perseverar e esperar por ele.
104
Diante da multidão
“E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte...” –
(Mateus, 5:1.)
O procedimento dos homens cultos para com o povo
experimentará elevação crescente à medida que o Evangelho se estenda nos
corações.
Infelizmente, até agora, raramente a multidão tem encontrado,
por parte das grandes personalidades humanas, o tratamento a que faz jus.
Muitos sobem ao monte da autoridade e da fortuna, da
inteligência e do poder, mas simplesmente para humilhá-la ou esquecê-la depois.
Sacerdotes inúmeros enriquecem-se de saber e buscam subjugá-la
a seu talante.
Políticos astuciosos exploram-lhe as paixões em proveito
próprio.
Tiranos disfarçados em condutores envenenam-lhe a alma e
arrojam-na ao despenhadeiro da destruição, à maneira dos algozes de rebanho que
apartam as reses para o matadouro.
Juízes menos preparados para a dignidade das funções que
exercem, confundem-lhe o raciocínio.
Administradores menos escrupulosos arregimentam-lhe as
expressões numéricas para a criação de efeitos contrários ao progresso.
Em todos os tempos, vemos o trabalho dos legítimos
missionários do bem prejudicado pela ignorância que estabelece perturbações e
espantalhos para a massa popular.
Entretanto, para a comunidade dos aprendizes do Evangelho, em
qualquer clima da fé, o padrão de Jesus brilha soberano.
Vendo a multidão, o Mestre sobe a um monte e começa a ensinar...
É imprescindível empenhar as nossas energias, a serviço da
educação.
Ajudemos o povo a pensar, a crescer e a aprimorar-se.
Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem,
tanto quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui
para nós a felicidade real e indiscutível.
Ao leste e ao oeste, ao norte e ao sul da nossa
individualidade, movimentam-se milhares de criaturas, em posição inferior à nossa.
Estendamos os braços, alonguemos o coração e irradiemos
entendimento, fraternidade e simpatia, ajudando-as sem condições.
Quando o cristão pronuncia as sagradas palavras “Pai Nosso”,
está reconhecendo não somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por
sua família a Humanidade inteira.
CONTINUA AMANHÃ
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