153
Ouçamos
“E logo os chamou.” – (Marcos, 1:20.)
Em alguns círculos do cristianismo, semelhante passagem,
alusiva ao encontro do Senhor com os discípulos, interpretada simplesmente como
sendo um apelo do Cristo ao ministério religioso.
Todavia, podemos imprimir-lhe significado mais amplo.
Em cada situação do caminho, é possível registrar o
chamamento celeste.
No templo familiar, onde surgem problemas difíceis...
Ante o companheiro desconhecido, que pede cooperação...
À frente do adversário, que espera entendimento e tolerância...
Ao pé do enfermo, que aguarda assistência e carinho...
À face do ignorante, que reclama socorro e ensinamento...
Junto à criança, que roga bondade e compreensão...
Por onde formos, Jesus, Mestre Silencioso, nos chama ao
testemunho da lição que aprendemos.
Nas menores experiências, no trabalho ou no lazer, no lar ou
na via pública, eis que nos convida ao exercício incessante do bem.
Nesse sentido, o discípulo do Evangelho encontra no mundo o
santuário de sua fé e na Humanidade a sua própria família.
Assinalando, pois, a norma cristã, como inspiração para todas
as lides cotidianas, ouçamos a palavra do Senhor em todos os ângulos do caminho,
procurando segui-lo com invariável fidelidade, hoje e sempre.
154
Ninguém vive para si
“Porque nenhum de nós vive para si.” – Paulo. (Romanos,
14:7.)
A árvore que plantas produzirá não somente para a tua fome,
mas para socorrer as necessidades de muitos.
A luz que acendes clareará o caminho não apenas para os teus
pés, mas igualmente para os viajantes que seguem ao teu lado.
Assim como o fio d’água influencia a terra por onde passa, as
tuas decisões inspiram as decisões alheias.
Milhares de olhos observam-te os passos, milhares de ouvidos
escutam-te a voz e milhares de corações recebem-te os estímulos para o bem ou
para o mal.
“Ninguém vive para si...” – assevera-nos a Divina Mensagem.
Queiramos ou não, é da Lei que nossa existência pertença às
existências que nos rodeiam.
Vivemos para nossos familiares, nossos amigos, nossos ideais.
Ainda mesmo o usuário exclusivista, que se julga sem
ninguém, está vivendo para o ouro ou para as utilidades que restituirá a outras
vidas superiores ou inferiores para as quais a morte lhe arrebatará o tesouro.
Compreendendo semelhante realidade, observa o teu próprio
caminho.
Sentindo, pensas.
Pensando, realizas.
E tudo aquilo que constitui tuas obras, através das
intenções, das palavras e dos atos, representará influência de tua alma, auxiliando-te
a libertação para a glória da luz ou agravando-te o cativeiro para o sofrimento
nas sombras.
Vigia, pois, o teu mundo íntimo e faz o bem que puderes,
ainda hoje, porquanto, segundo a sábia conceituação do Apóstolo Paulo, “ninguém
vive para si”.
CONTINUA AMANHÃ
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