145
Guardai-vos dos cães
“Guardai-vos dos cães.” – Paulo. (Filipenses, 3:2.)
Somos imensa caravana de seres, na estrada evolutiva, a
movimentar-se, sob o olhar do Divino Pastor, em demanda de esferas mais altas.
Em verdade, se prosseguimos caminho afora, magnetizados pelo
devotamento do Condutor Divino, inegavelmente somos também assediados pelos
cães da ignorância, da perversidade, da má-fé.
Referindo-se a cães, Paulo de Tarso não mentalizava o animal
amigo, símbolo de ternura e fidelidade, após a domesticação. Reportava-se aos
cães selvagens, impulsivos e ferozes. No rebanho humano, encontraremos sempre
criaturas que os personificam. São os adversários sistemáticos do bem.
Assaltam reputações dignas.
Estimam a maledicência.
Exercitam a crueldade.
Sentem prazer com a imposição tirânica que lhes é própria.
Desfazem a conceituação elevada e santificante da vida.
Desarticulam o serviço dos corações bem-intencionados.
Atiram-se, desvairadamente, à substância das obras
construtivas, procurando consumi-las ou pervertê-las.
Vomitam impropérios e calúnias.
Gritam, levianos, que o mal permanece vitorioso, que a sombra
venceu, que a miséria consolidou o seu domínio na Terra, perturbando a paz dos
servos operosos e fiéis.
E, quando o micróbio do ódio ou da cólera lhes excita a
desesperação, ai daqueles que se aproximam, generosos e confiantes!
É para esse gênero de irmãos que Paulo solicita de nós outros
a conjugação do verbo guardar.
Para eles, pobres prisioneiros da incompreensão e da
ignorância, resta somente o processo educativo, no qual podemos cooperar com
amor, competindo-nos reconhecer, contudo, que esse recurso de domesticação
procede originariamente de Deus.
146
Saibamos cooperar
“Porque sem mim nada podeis fazer.” – Jesus, (João, 15:5.)
O divino poder do Cristo, como representante de Deus,
permanece latente em todas as criaturas. Todos os homens receberam dele
sagrados dons, ainda que muitos se mantenham afastados do campo religioso.
Referimo-nos aqui, porém, aos cultivadores da fé, que iniciam
o esforço laborioso e longo da descoberta dos valores sublimes que vibram em si
mesmos.
Grande parte suspira por espetaculares demonstrações de Jesus
em seus caminhos e companheiros incontáveis acreditam que apenas cooperam com o
Senhor os que se encontram no ministério da palavra, no altar ou na tribuna de
variadas confissões religiosas.
Urge, entretanto, retificar esse erro interpretativo.
O Senhor está conosco em todas as posições da vida. Nada
poderíamos realizar sem o influxo de sua vontade soberana.
Diz-nos o Mestre com clareza: – “Eu sou a videira, vós as
varas.” Como produzir alguma coisa sem a seiva essencial?
Efetivamente, os aprendizes arguciosos poderão objetar que,
nesse critério, também encontraremos os que praticam o mal, alicerçados nas
mesmas bases. Respondendo, consideraremos somente que semelhantes infelizes
enxertam cactos infernais na Videira Divina, por conta própria, pagando elevado
preço, perante o Governo do Universo.
Reportamo-nos aos companheiros tímidos e vacilantes, embora
bem-intencionados, para concluir que, em todas as tarefas humanas, podemos
sentir a presença do Senhor, santificando o trabalho que nos foi cometido. Por
isso, não podemos olvidar a lição evangélica de que seria abençoado qualquer
esforço no bem, ainda que fosse apenas o de ministrar um copo de água pura em
seu nome.
O Mestre não se encontra tão-somente no serviço daqueles que
ensinam a Revelação Divina, através da palavra acadêmica, instrutiva ou
consoladora. Acompanha os que administram os bens do mundo e os que obedecem às
ordenanças do caminho, concorrendo na edificação do futuro melhor, nas
organizações materiais e espirituais. Permanece ao lado dos que revolvem o chão
do Planeta, cooperando na estruturação da Terra Aperfeiçoada, como inspira os
missionários da inteligência na evolução dos direitos humanos.
Saibamos cooperar, desse modo, nos círculos de serviço a que
fomos chamados para o concurso cristão.
Faze, tão bem quanto esteja em tuas possibilidades, a obra
parcial confiada às tuas mãos.
Por hoje, talvez te enganes, supondo servir às autoridades
terrestres, no entanto, chegará o minuto revelador no qual reconhecerás que
permaneces a serviço do Senhor. Une-te, pois, ao Divino Artífice, em espírito e
verdade, porque o problema fundamental de nossa paz é justamente o de saber se
vivemos nele tanto quanto ele vive em nós.
CONTINUA AMANHÃ
Nenhum comentário:
Postar um comentário